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Um cordel para você se apaixonar

Espetáculo Cordel do amor sem fim

Espetáculo Cordel do amor sem fim

Cordel do amor sem fim está em cartaz na sede do grupo O Poste, na Rua da Aurora. A temporada estreou ontem, com duas substituições. No lugar do ator Thomas Aquino – que está no Rio de Janeiro trabalhando em duas produções João Falcão (Gonzagão – A lenda e Ópera do Malandro, com ótimas atuações) entrou o ator, bailarino e cantor Madson de Paula. E o papel de Teresa – da atriz Eliz Galvão, que está em maternidade – é desempenhado pela cantora lírica e atriz Suelayne Ramos. “Hoje, a peça, por conta das suas vozes, está com outra pegada mais musical”, conta o diretor Samuel Santos.

Samuel Santos, diretor d'O Poste Soluções Luminosas

Samuel Santos, diretor d’O Poste Soluções Luminosas

Dá pra fazer uma avaliação dessa experiência do cordel? O que você destacaria?
O amadurecimento das relações e da poética do Grupo O Poste. Quando montei há seis anos atrás tinha uma ideia da encenação, da construção das interpretações em conjunto com os atores, mas não tinha a real dimensão dessa potência do espetáculo e como o público local e até mesmo a crítica iria reagir. O que propomos com Cordel do amor sem fim é transcender os paradigmas do popular /regional (sem negá-los) e colocá-los na perspectiva de vivenciar outras possibilidades: a da universalidade. Para isso fomos em busca de uma linguagem híbrida contemporânea do fazer teatral, influências que perpassam pela religião de matriz africana, coco, capoeira chegando ao expressionismo. Juntar tudo isso para a gente era um desafio e uma possibilidade conceitual que precisava ser praticada. O que foi fundamental para a consolidação da peça foi a continuidade. Passamos cinco anos fazendo pequenas e médias temporadas, participando dos principais festivais do País e circulando por 20 cidades banhadas pelo rio são Francisco. Fizemos em comunidades onde pessoas nunca tinham ido a um teatro ou visto uma peça teatral. Talvez não aponte apenas um destaque. Hoje mesmo continuo mais apaixonado pela peça e pelas novas conquistas dessa nova temporada.

Há quanto tempo a peça não é apresentada?
Só não apresentamos em 2014 por conta do que já foi exposto acima. Tivemos nesse mesmo ano vários convites, mas não dava realmente para fazer. Substituir atores no Cordel também não é uma coisa simples. Não era só decorar o papel e entrar em cena. Os atores teriam que passar por uma intensa preparação.

Esse foi o primeiro espetáculo de projeção do grupo. Você atribui a que fatores o sucesso da peça?
A temática abordada no texto de Claudia Barral com alta dose poética, a forma como essa temática foi posta no palco, o trabalho dos atores e o espírito de grupo, de comunhão de coletividade. Não tem o diretor Samuel Santos ou as atrizes Naná Sodré e Agrinez Melo ou ator. Tem o GRUPO O POSTE SOLUÇÕS LUMINOSAS.

SERVIÇO
Cordel do amor sem fim
Quando: De 11 de julho a 27 de setembro; sábados, às 20h e domingos, às 19h.
Onde: Espaço O Poste (Rua da Aurora, 529, loja 1, Boa Vista)
Quanto: R$ 20 e R$ 10 (meia).
Informações: 98484-8421.

 

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Cordel do amor sem fim no aconchego de sua sede

Naná Sodré em Cordel do amor sem fim. Foto: Paulo Cruz

Naná Sodré em Cordel do amor sem fim. Foto: Paulo Cruz

A peça Cordel do amor sem fim, do grupo O Poste Soluções Luminosas, inicia hoje uma nova temporada, desta vez na sede do grupo, na Rua da Aurora. O espetáculo, um dos sucessos da trupe, já circulou pelo Brasil a levar essa história de desencontros amorosos. Três irmãs moram em Carinhanha, nas margens do Rio São Francisco: a misteriosa Madalena, a dissimulada Carminha e a jovem sonhadora Teresa, por quem José é apaixonado. Mas aparece um forasteiro, Antônio, que desvia a rota do desejo de Teresa.

A encenação do diretor Samuel Santos rejeita o naturalismo e explora outras teatralidades. Na composição da cena, os passos e gestuais do coco e cavalo-marinho se fundem com Tai Chi Chuan, candomblé, capoeira, nuances do Expressionismo, da arte oriental do Butoh no corpo e nas máscaras faciais, com influência também do mamulengo.

Agrinez Melo interpreta uma das irmãs, Carminha. Foto: Aryella Lira

Agrinez Melo interpreta uma das irmãs, Carminha. Foto: Aryella Lira

O elenco é composto pelos atores, Suelayne Sue (Tereza), Naná Sodré (Madalena ), Agrinez Melo (Carminha) e Madson De Paula, (José ), além do músico Diogo Lopes.

A montagem está carregada da sensualidade manifesta no corpo de Teresa, que arde por um sujeito estrangeiro, que não virá. Esse corpo se modifica com a ausência. Endurece. Teresa talvez fosse a redenção de suas irmãs. Madalena que se fechou em luto. E Carminha que sofre com o segredo de amar o homem prometido a Teresa, José. O amor desmedido de Teresa desafia o amor desmedido de José.

O Nordeste se apresenta no texto da escritora baiana Cláudia Barral, nas cores fortes, nos sons e texturas dessa montagem.

Entre batuques, marcações sincopadas de tamancos, sonoplastia ao vivo, os corpos “extracotidianos” dos intérpretes, Cordel do amor sem fim conclama a ancestralidade, tão cara na pesquisa do grupo.

SERVIÇO
Cordel do amor sem fim
Quando: De 11 de julho a 27 de setembro; sábados, às 20h e domingos, às 19h.
Onde: Espaço O Poste (Rua da Aurora, 529, loja 1, Boa Vista)
Quanto: R$ 20 e R$ 10 (meia).
Informações: 98484-8421.

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Paixão vai do clássico ao contemporâneo

Thiago Soares, primeiro bailarino do Royal Ballet de Londres. Foto: Andrej Uspensky

Thiago Soares, primeiro bailarino do Royal Ballet de Londres. Foto: Andrej Uspensky


Para comemorar os 15 anos de carreira internacional, o brasileiro Thiago Soares, primeiro bailarino do Royal Ballet (Londres), produziu o espetáculo Paixão, a ser apresentado no domingo, às 20h, no Teatro RioMar, com ingressos que vão de R$ 25 a 120. A montagem, erguida especialmente para os palcos do Brasil, já passou pelo Rio de Janeiro e segue para São Paulo.

Paixão tem duração de 80 minutos, conta com participações especiais e é composto por quatro coreografias. O solo La Bala foi criada pelo sul-africano Arthur Pitta especialmente para Thiago. Caresse Du Temps, marca a estreia como coreógrafo do italiano Alessio Carbone, primeiro bailarino do Balé da Ópera de Paris. Nessa peça, os 14 Prelúdios de Chopin serão apresentados ao vivo pelo pianista mineiro Silas Barbosa.

O terceiro ato de O Lago dos Cisnes terá a presença das bailarinas do Royal Ballet, a argentina Marianela Núñes (com quem é casado) e Lauren Cuthbertson, além do corpo de baile da Companhia Brasileira de Ballet – Ourinhos. E Paixão, assinada por Deborah Colker, que também participa da dança.

O bailarino, que está com 34 anos, e desenvolve esse trabalho nas suas férias, volta para Londres em agosto.

SOBRE AS COREOGRAFIAS
O Lago dos Cisnes, 3º ato
À noite, no salão de festas, convidados das mais variadas realezas comparecem à festa de aniversário; entre eles as princesas e seus dotes — escolhidas com antecedência pela Rainha Mãe como esposas elegíveis para seu filho, o príncipe Siegfried. A Rainha ordena que o entretenimento comece e convida as princesas a dançar. O Príncipe dança com cada uma delas. Sua mãe o intima então a decidir-se. Só que, com a imagem de Odette fortemente presente em sua mente, ele recusa todas, para desgosto da mãe. É quando a fanfarra anuncia a chegada de um convidado inesperado: é Rothbart, disfarçado, que entra com sua filha Odile vestida de negro e com aparência idêntica à de Odette. Siegfried fica enfeitiçado pela beleza e sensualidade de Odile. Odette é a mais doce das criaturas, mas apesar da inquietude e caprichos de Odile, Siegfried é seduzido por sua semelhança com Odette. Declara então seu amor e fidelidade a ela.

Thiago Soares dança com Deborah Colker

Thiago Soares dança com Deborah Colker


PaixãoBaseado em Vulcão, enfoca o sublime e o patético de um corpo em pleno transe amoroso. Aquele momento único em que todos os limites são abolidos. Frequência cardíaca fora de controle. Temperatura alta e impulsividade absoluta no ar, podendo ocorrer deslocamentos violentos, com eventuais instantes de ternura. Ao som de uma colagem frenética de megahits românticos, uma ciranda de dezesseis pas-de-deux golpeia a cena. Em filigranas de movimentos programadas em computador, a tarde cai, lenta e inapelavelmente sobre o palco.

Caresse Du Temps
Um prelúdio é, por definição, o que se passa antes da ação. Em música é o momento antes do espetáculo em que o músico verifica se seu instrumento está bem afinado. Tradicionalmente um tipo de aquecimento improvisado, o prelúdio foi sublimado por Chopin, que fez dele uma obra de arte integral. Da mesma forma que a obra musical que o inspira, Caresse du Temps é um encadeamento de princípios de histórias. Breves instantes que se passam antes da ação. Momentos imprevisíveis que flutuam, escapam, reencontram-se, recuam, desaparecem… A ideia é a de ser acariciado pelo tempo, ao invés de ser por ele tomado, com o movimento do bailarino livre, fluido, instintivo, vivo. Conjuntamente, os bailarinos vão ao encontro dos Prelúdios de Chopin para criar uma sequência de quadros intimistas e abstratos, onde cada um pode imaginar sua história.

La Bala
“A semente da peça é seguramente a canção Cu-Cu-Ru-Cu-Cu Paloma. Sempre tive um forte afeto por esta canção, já que era a favorita de meu pai, e tenho recordações dele cantando-a comigo. Quando Thiago me pediu para criar um solo para ele, pareceu-me ser a oportunidade perfeita para usar a canção em suas diferentes formas. Eu poderia ver um mundo para Thiago habitar e ser por ele absorvido em termos da narrativa e da poesia da canção. A bela presença cênica de Thiago e sua habilidade técnica inspiraram-me a encontrar o caráter do cowboy, e colaborando com Yann Seabra em suas fantásticas ideias de design, chegamos a La Bala.” (Arthur Pita)

SERVIÇO
Espetáculo Paixão
Quando: No domingo (12), às 20h,
Onde: Teatro RioMar (Shopping RioMar).
Ingressos: De R$ 50 a R$ 120.

FICHA TÉCNICA
O Lago dos Cisnes (O Cisne Negro) – 3º ato
Coreografia original: Marius Petipa
Direção, remontagem e adaptação: Jorge Texeira
Música: Piotr Ilyich Tchaikovsky
Ensaiadores: Jorge Texeira e Tadheo de Carvalho
Figurinos: Tânia Agra
Cenário: Pará Produções e Eventos
Companhia Brasileira de Ballet – Ourinhos
Odile – Lauren Cuthbertson
Príncipe Siegfried – Thiago Soares
Rainha Mãe – Teresa Augusta
Von Rothbart – Domenico Salvatore ou Saulo Finelon
Mestre de Cerimônia – Victor Almeida
Bufão (Bobo da Corte) – Breno Lucena
Cortejo do Bufão: Alicia Pitangueiras, Ana Flávia Alvim, Isa Mattos, Paula Borcosky, Rebeca Romano, e Renata Barcellos
Noivas – Alícia Saul, Amanda Pereira, Cecília Valadares, Gabryelle Juvêncio, Isabela Barbosa, Lis Sayão e Luciana Davi
Dança Espanhola: Jonathas Felipe (ou Raffael Lima), Michelle Augusto e Ramon Andrade
Dança Napolitana:  Raffael Lima (ou Alyson Trindade) e Yasmin Lomondo
Mazurka – Alicia Pitangueiras, Isa Mattos (ou Rebeca Romano ), Paula Borcosky, Renata Barcellos, Emanoel Marques, Ghabriel Gomes, Michael Willian e Thales Gea (ou Diovani Cabral)

Caresse Du Temps
Nova criação de Alessio Carbone sobre os 14 Prelúdios de Chopin
Figurinos: Tânia Agra
Participação de Silas Barbosa (piano)
Thiago Soares
Companhia Brasileira de Ballet – Ourinhos
Bailarinos: Alícia Pitangueiras (ou Isa Mattos, Alícia Saul, Renata Barcellos), Ana Flávia Alvim, Cecília Valadares, Lis Sayão, Luciana Davi, Yasmin Lomondo e Alyson Trindade, Breno Lucena, Raffael Lima, Diovani Cabral, Thales Gea, Ramon Andrade (ou Ghabriel Gomes, ou Michael Willian).

Paixão
Coreografia: Deborah Colker
Direção musical: Berna Ceppas e Sérgio Mekler
Iluminação: Jorginho de Carvalho
Figurino: Yamê Reis
Ensaiador: José Ramos
Bailarinos: Deborah Colker e Thiago Soares

La Bala
Nova criação de Arthur Pita para Thiago Soares
Coreografia e Direção artística: Arthur Pita
Designer e Assistente de direção artística: Yann Seabra
Direção musical: Frank Moon
Bailarino: Thiago Soares

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Cântico para uma arte “efêmera”

Espetáculo de Moacir Chaves, 2.500 por hora, está em cartaz no Rio. 2-500-por-hora-foto: Guga Melgar

Peça 2.500 por hora, em cartaz no Rio, tem trilha sonora de dois pernambucanos. Fotos: Guga Melgar

Hino, ode, celebração ao mundo do teatro. É a proposta do encenador Moacir Chaves no espetáculo 2.500 por hora, que está em cartaz no Teatro Oi Futuro Flamengo, do Rio de Janeiro, até 30 de agosto. Os pernambucanos Miguel Mendes e Tomás Correia assinam a direção musical e executam a trilha sonora ao vivo. A parceira da dupla com Chaves começou com a montagem recifense Duas Mulheres em Preto,(com Paula de Renor, Sandra Possani), trabalho anterior ao clássico de William Shakespeare, Rei Lear (com Paula de Renor, Sandra Possani e Bruna Castiel no elenco), que estreou no ano passado. O jogo cênico de 2.500 por hora também é ressignificado pelo alcance sonoro da obra.

Criadores como Artaud, Pirandello, Tcheckov, Molière, Feydeau, Eurípides, Shakespeare, Brecht, Beckett e Goethe ganham voz na peça. O bom humor para contar essa história também é reforçado por menções a diretores, movimentos teatrais, atores, grupos, pesquisadores, críticos e dramaturgos de várias épocas.

O texto foi escrito pelo francês Jacques Livchine, diretor do Théâtre de l’Unité, grupo fundado em 1968 e sediado em Audincourt, França. Na montagem brasileira Chaves inclui figuras da cena nacional desde Martins Penna, passando por João Caetano e Nelson Rodrigues (explorando trechos das 17 peças do autor de Vestido de Noiva em 3 minutos).

Com um espetáculo fragmentado, a proposta de 2.500 por hora é que os atores entrem e saiam dos personagens com agilidade e bom-humor, para cumprir com a hercúlea jornada de 25 séculos. O elenco é formado por Claudio Gabriel, Henrique Juliano, Júlia Marini, Joelson Medeiros e Monica Biel, que assina a tradução. O figurino é de Inês Salgado, o cenário de Sérgio Marimba e a iluminação de Aurélio de Simoni, outro cúmplice de longa data.

Encenador Moacir Chaves

Encenador Moacir Chaves

Moacir Chaves utiliza nas suas montagens uma estética particular de desconstrução, com valorização das ferramentas visuais e sonoras e da voz do ator como eixo central da interpretação. Mas a cada nova encenação ele provoca o desequilíbrio no olhar do espectador. Chaves leva para cena elementos áridos e desafia o público na receptação dos seus espetáculos.

Ele esteve entre nós de Pernambuco recentemente com A Negra Felicidade, de sua autoria, sobre o processo de libertação de uma escrava, e com O controlador de tráfego aéreo, um resgate da trajetória de um profissional que dá título à peça, que virou morador de rua e sua guinada de vida nos palcos.

Esse carioca, de 50 anos, ostenta em sua trajetória encenações como Bugiaria, com roteiro dele; Inutilezas, com poemas de Manoel de Barros; A Lua Vem da Ásia, de Campos de Carvalho; Sermão da Quarta-feira de Cinza, do Padre Antônio Vieira; Por Mares Nunca Dantes, de Geraldo Carneiro; Utopia, de Thomas More; Por Um Fio, de Drauzio Varela; Ovo Frito, de Fernando Bonassi e entre muitos outros.

Ficha Técnica
Autor:
Jacques Livchine e Hervée de Lafond
Tradução e Adaptação: Monica Biel
Direção: Moacir Chaves
Elenco: Claudio Gabriel, Henrique Juliano, Júlia Marini, Joelson Medeiros e Monica Biel
Músicos: Miguel Mendes e Tomás Correia
Figurinos: Inês Salgado
Cenário: Sergio Marimba
Direção Musical: Miguel Mendes e Tomás Correia
Iluminação: Aurélio de Simoni
Boneco: Marcio Newlands
Fotos: Guga Melgar
Programação Visual: Sandro Melo
Produção Executiva: Jaqueline Roversi
Direção de Produção: Monica Biel
Assessoria de Imprensa: Ney Motta
Realização: BB Produções Artísticas Ltda

Serviço
2.500 Por Hora
Quando*: 2 de julho até 30 de agosto, de 5ª a domingo, as 20h
Onde: Teatro Oi Futuro Flamengo – Rua Dois de Dezembro 63, Flamengo
Ingressos: R$ 20,00 (inteira)
Classificação indicativa: 12 anos
Mais informações: (21) 3131-3060
*Não haverá espetáculo nos dias 30 de julho e 20 de agosto. Em substituição, o espetáculo acontecerá nos dias 05 e 12 de agosto (quarta-feira), às 20h.

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Angu chama para dia festivo com Copi

Coletivo Angu de Teatro promove o Bazar Copi Pop da Madame Garbo. Arte de Bruno Parmer

Grupo cênico realiza o Bazar Copi Pop da Madame Garbo. Arte de Bruno Parmer

O Coletivo Angu de Teatro promove a primeira ação para arrecadar recursos para a nova montagem do grupo, O Homossexual ou a dificuldade de expressar-se, do dramaturgo, performer e artista gráfico franco-argentino Raul Damonte Botana, mais conhecido como Copi (1939-1987). Trata-se do Bazar Copi Pop da Madame Garbo, na Casa da Encruzilhada, no próximo sábado, das 10 às 20h. Vai ser um encontro festivo do povo de teatro do Recife e admiradores do trabalho da trupe, com a comercialização de roupas, sapatos, acessórios, livros, CDs e DVDs. A feira cênica será regada a comidinhas, bebidinhas, música e performances.

Copi  (pronuncia-se Copí),  é da mesma turma de Fernando Arrabal Terán – escritor, dramaturgo e cineasta espanhol, que vive na França desde 1955, e autor dentro outras, das peças Fando et Lis , O cemitério de automóveis e O Arquiteto e o Imperador da Assíria – e do dramaturgo e cineasta chileno Alejandro Jodorowsky -, que escreveu As três velhas, montada no Brasil por Maria Alice Vergueiro. Eles são legatários do Teatro do Absurdo e nos anos 1960 fundaram em Paris o Grupo Pânico.

Copi por Léon Herschtritt / Reprodução da internet

Copi por Léon Herschtritt / Reprodução da internet

O multicriador transgride em sua obra os limites de rotulações de identidades e seus textos escancaram o preconceito contra transexuais. Copi esquadrinha a figura do travesti, que nesse caso abarca as complexas relações de gênero. Seus personagens exploram o não-lugar dos transexuais. Expulsos em ditaduras políticas e políticas comportamentais que vigiam e punem seus corpos insatisfeitos, esses personagens provocam e abalam qualquer posição fundamentalista.

Em O homossexual ou a dificuldade de se expressar, a mudança de sexo é crime punido com o exílio. Duas mulheres foram enviadas para a Sibéria, e estão sob a ameaça do regime ditatorial, rodeadas por lobos e ameaçadas por um vírus não identificado e pelo frio que chega a 40ºC negativos.

A bizarra história da jovem Irina (numa alusão à peça As três irmãs, de Tchekhov) e da Senhora Simpson se passa num fim de mundo, onde homens se transformam em mulheres e procriam. A garota faz o curso de piano com a Madame Garbo.  Mas ela não frequenta as aulas há seis meses. Irina confessa para a Senhora Simpsom que tem passado as tardes fora de casa envolvida em aventuras sexuais com estranhos. Está grávida e não sabe quem é o pai.

A peça também evoca as situações desumanas dos campos de concentração, os Gulags, onde mais de 50 mil homossexuais (considerados criminosos pela lei soviética), presos políticos do regime comunista russo, foram mortos entre 1934 a 1980.

O dramaturgo explorou temáticas difíceis como solidão, violência, sexo e morte de forma visionária, e seus textos se assemelham a um granada contra o discurso conservador.  As questões polêmicas foram enfrentados com humor e originalidade por Copi, que teve sua obra proibida durante muitos anos na Argentina e que ganha fôlego com recentes montagens no Brasil.

Até semana passada, o Espaço Sesc Copacabana abrigava a Ocupação Copi, com dois espetáculos além debates e oficinas. A montagem O Homossexual ou a Dificuldade de se Expressar foi apresentada pelo Teatro de Extremos, dirigido diretor e ator Fabiano de Freitas. E A Geladeira, encenada pelo francês Thomas Quillardet, mostra o conflito do protagonista que decide se suicidar dentro do eletrodoméstico, por não suportar sucessivos ataques e espoliações de figuras que atravessaram seu caminho.

Escritora Renata Pimentel

Escritora Renata Pimentel

A montagem de O Homossexual ou a Dificuldade de se Expressar, do Coletivo Angu de Teatro vai contar com a tradução da poeta e professora Renata Pimentel. Ela é autora do livro Copi – Transgressão e Escrita Transformista (2011) e também traduziu para o português três peças do dramaturgo: As Quatro GêmeasUma Visita Inoportuna e O Homossexual ou A Dificuldade de se Expressar. Renata desenvolve consultoria dramatúrgica do espetáculo.

Bazar Copi Pop da Madame Garbo
Quando: 11 de julho (sábado), das 10h às 20h
Onde: Casa da Encruzilhada (Rua Dr. José de Sá Carneiro, 60, Encruzilhada. Rua da concessionária Renaut Regence)
Entrada gratuita

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