A tradição desencantada
Crítica: Paixão de Cristo do Recife

Primeira noite da Paixão de Cristo do Recife, no Marco Zero. Foto:: TFN

Jesus, mulheres e crianças. Foto: TFN

Paixão de Cristo do Recife é apresentada ao ar livre, na Praça do Marco Zero. Foto: TFN

Desde que comecei a acompanhar a Paixão de Cristo do Recife, exibida primeiramente no Estádio do Arruda e, nos últimos anos, na Praça do Marco Zero, no centro do Recife, sempre me tocou a valentia desse conjunto de artistas pernambucanos em realizar essa montagem, enfrentando desafios financeiros, estruturais e de toda ordem. É uma persistência coletiva que mantém o espetáculo vivo.

Quando soube que a montagem de 2025 traria aspectos mais contemporâneos tanto no conceito quanto na encenação, minha curiosidade foi aguçada. Fui à estreia na sexta-feira (18). Ao final da sessão, senti uma espécie de pesar e perplexidade, como se a experiência provocasse um lamento pelo resultado alcançado, evidenciando a dificuldade em discernir, de imediato, o sentido das inovações propostas.

Antes do início da apresentação, o produtor Paulo de Castro deu seu recado, destacando que o espetáculo reaviva o lema “Paixão do Povo”. Castro agradeceu ao apoio de patrocinadores, dos recursos da Lei Rouanet e de diversas instituições, como a Prefeitura do Recife, a Secretaria de Cultura, a Fundação de Cultura Cidade do Recife, o Complexo Industrial Portuário Governador Eraldo Gueiros – Suape e a Companhia Pernambucana de Gás (Copergás).

A 27ª edição da Paixão de Cristo do Recife vai até segunda-feira, 21 de abril, sempre às 18h, no Marco Zero. Apresentada pela Roda Cultural e com direção e roteiro de Carlos Carvalho, a encenação reúne um elenco composto por 50 atores e 60 figurantes. Entre os protagonistas estão Asaías Rodrigues (Zaza), no papel de Jesus, e Brenda Ligia, interpretando Maria. Além deles, Carlos Lira encarna Pilatos; Albemar Araújo, Herodes; Clau Barros, Madalena; Gil Paz, João Batista; Ivo Barreto, Judas; e Paula de Tássia, o Diabo.

A cena da Santa Ceia. Foto: TFN

Milhares de pessoas acompanham a Paixão de Cristo do Recife, um espetáculo ao ar livre, em uma praça às margens do rio Capibaribe. A produção utiliza vozes pré-gravadas, com os atores dublando a si próprios ou a outros — como no caso do personagem Judas, interpretado por Ivo Barreto, mas com a voz de Júnior Aguiar.

Nesse tipo de encenação, a abundância de teatralidade visual almeja conectar o público aos valores do cristianismo, ao sofrimento e posterior triunfo de Cristo. É necessário envolver o espectador numa experiência coletiva marcante, criar um ambiente que transporte a plateia para a história que está sendo contada. 

Nesta edição da Paixão de Cristo do Recife o encanto que esses elementos da encenação poderiam ter despertado na plateia não aconteceu. Os recursos técnicos mostraram-se insuficientes para engendrar a energia e a magnitude esperada para uma produção de tamanha relevância. A iluminação teve falhas técnicas que se mostraram evidentes ao público, como momentos de sombras que prejudicaram algumas cenas, enquanto a cenografia, mesmo sendo indicativa, se restringiu a uma apresentação simplória, sem realçar adequadamente os momentos dramáticos.

O que realmente se destacava era o descompasso entre a rica tradição histórica da narrativa e a tentativa de tradução contemporânea, marcada por uma execução aquém do ideal.

Um dos primeiros aspectos que chamam a atenção é o figurino, assinado por Álcio Lins, que mistura referências históricas com elementos contemporâneos. Na maior parte da montagem, os personagens vestem roupas comuns, como calças jeans e camisetas coloridas, numa tentativa de aproximá-los do público atual — incluindo Asaías Rodrigues (Zaza), intérprete de Jesus. Em contraponto, alguns integrantes da corte de Herodes e sacerdotes do Sinédrio utilizam vestimentas que rememoram, ainda que de forma muito distante, a indumentária da época de Jesus, criando um hibridismo visual que causa estranheza ao espectador.

Embora a proposta de desconstrução — trazer a narrativa para o presente — seja conceitualmente interessante ao sugerir que Cristo enfrentaria a crucificação mesmo nos dias de hoje, essa opção acabou comprometendo a força poética do espetáculo.

Esse cenário revela a complexidade e o desafio de manter vivas e relevantes as tradições, equilibrando respeito à narrativa histórica e experimentação contemporânea — sempre com o objetivo de tocar o público profundamente, tanto no âmbito espiritual quanto artístico.

Participação do Bacnaré é um dos melhores momentos do espetáculo. Foto: TFN

Na encenação, o diabo é uma personagem feminina. Foto: TFN

A encenação oscila entre momentos de lampejos e outros de completa falta de energia. Por exemplo, as cenas dos carrascos que condenaram Jesus inicialmente ganhavam força, mas logo perdiam o ritmo, resultando em ações desequilibradas, mesmo contando com um elenco de atores experientes.

A cena do bacanal, protagonizada pelo grupo Bacnaré de dança e música, conseguiu criar um ambiente dinâmico e cativante em sua participação. No entanto, não havia unidade, nem ao menos estética na cena: ao mesmo tempo em que o Bacnaré brilhava no centro do palco, o lado direito do palco, sugeria um cabaré popular precário. Um espectador chegou a gritar: “Tira essa galega daí”, alegando desconforto com as roupas transparentes de uma figurante em razão da presença de crianças.

Outra questão diz respeito à proposta de transformar o diabo em uma personagem feminina, interpretada por Paula de Tássia. Embora existam encenações que adotam essa estratégia, a abordagem utilizada em “A Paixão do Recife” provocou em mim reflexões. Sob uma suposta perspectiva feminista, a escolha parecia visar romper paradigmas e oferecer novas leituras sobre poder e a subversão dos papéis tradicionais. Contudo, por que, novamente, atribuir à mulher o papel de tentação, mantendo uma lógica maniqueísta entre o bem e o mal, enfatizando a figura do mal e, ainda, aludindo ao arquétipo da pombagira — não como exaltação do feminino, mas como demonstração da demonização da mulher? Em cena, vemos um Filho de Deus que se sacrifica pela humanidade, enquanto o diabo assume uma forma feminina. Embora a cena seja bem conduzida e a performance de Paula de Tássia seja desenvolta e convincente, questiono as camadas desta narrativa, que parecem reafirmar uma posição patriarcal.

A dramaturgia buscou um caminho direto para dialogar com as sequelas atuais. Em determinadas falas, como as de Maria, procurou relacionar o sofrimento das mães com o peso da violência policial, aproximando a figura da Mãe de Deus do sofrimento dos oprimidos contemporâneos. Contudo, essa estratégia se apresentou como uma solução fácil — um discurso social que não explora a profundidade que esses temas exigem.

Figurinos de época e estilo casual são utilizados no espetáculo. Foto: TFN

Quase um aparte, ou desvio, ou…

No quadro atual, considero cada vez mais problemático analisar os trabalhos das artes cênicas de Pernambuco, visivelmente pressionados pela falta de apoio, de editais, de políticas robustas e de espaços para o desenvolvimento das ideias, desde o processo até o resultado final com dignidade. A precarização está presente em praticamente todos os âmbitos da feitura das artes cênicas pernambucanas. Mas o que fazer diante disso? Ser sempre conivente na análise por conta dessa situação? Ou cobrar para que se chegue a resultados que apresentem mais qualidade, independente do estilo do trabalho?

Esse é um assunto complexo, que merece ser discutido com mais fôlego. No entanto, na maior parte do tempo atribuo essa carência aos limites impostos pelo capitalismo e à falta de recursos, à precarização progressiva das artes cênicas. Mas será que essa é a única explicação? Penso nas montagens das décadas de 1980 e 1990 dirigidas em Caruaru, no Agreste de Pernambuco, por Vital Santos e outros artistas, que, embora marcadas pela carência de recursos, transbordavam inquietação e uma estética inovadora. Mas era outro contexto, dirão alguns. Sempre é outro contexto.

A verdade é que o teatro pernambucano precisa ser respeitado e, para isso, deve contar com investimentos, editais e condições para se realizar plenamente. Não adianta ser “meia-boca”, sabe? Não basta só o Funcultura, que patrocina dois projetos por ano para montagens novas, uma ou outra para manutenção e poucas outras coisas.

O fato é que o teatro pernambucano está em condições extremamente precárias. As casas de espetáculos estão caindo aos pedaços; as que estão em boas condições — como o Santa Isabel e o Parque, casas maiores — são ocupadas com a circulação do teatro nacional, que também é importante. Os artistas do Recife reclamam, mas parece que os órgãos públicos não respondem. Enquanto milhões são investidos em turismo, o teatro fica diante de uma carência crônica. Pode parecer que estou desviando o assunto, mas tudo está entrelaçado. E são questões complexas, é verdade, mas profundamente conectadas.

Cena de Pilatos. Foto: TFN

Reconheço a importância e a experiência do diretor e encenador Carlos Carvalho, que tem uma trajetória respeitável. No entanto, como colaboração honesta, é preciso apontar as fragilidades da montagem, como a falta de coesão do conjunto cênico.

Essa 27ª edição da Paixão de Cristo do Recife se caracteriza por ser um espetáculo morno. Conta com muitos atores e atrizes talentosos e dedicados. Porém, um espetáculo dessa envergadura ganha pontos e convence o público pela composição cênica, pelo ritmo, pela harmonia da visualidade em combinação com a sonorização, a perfeita dublagem e os gestos largos.

A atuação de Asaías, que faz de Jesus uma figura próxima do povo, é admirável, mas o personagem de Cristo demanda que o elenco funcione como guindaste simbólico para sua liderança e apoio. A presença das atrizes é marcante para além dos papéis de Maria, de Lígia, e Madalena, de Clau, mesmo que pontuais.

Judas, interpretado por Ivo Barreto, suscita uma reação da plateia e existe uma boa solução para o seu enforcamento. Albemar cria um Herodes carregado de ironia. Além disso, outros atores, como Carlos Lira, que interpreta um Pilatos consistente, entram no redemoinho de cenas que perdem força, mesmo com a participação de um time experiente.

O que me parece, inclusive pela reação ao final da sessão, é que a Paixão de Cristo do Recife não conseguiu envolver o público como noutras edições de sua própria trajetória. Uma produção que falha em criar conexões mais intensas ou que não apresenta elementos visuais inovadores, surpreendentes ou emocionalmente marcantes pode ter dificuldades para manter a plateia engajada. Nesse contexto, são a apatia e o desencanto que surgem, como consequência direta ao espetáculo.

 

O Satisfeita, Yolanda? faz parte do projeto arquipélago de fomento à crítica,  apoiado pela produtora Corpo Rastreado, junto às seguintes casas : CENA ABERTA, Guia OFF, Farofa Crítica, Horizonte da Cena, Ruína Acesa e Tudo menos uma crítica

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Haja Paixão
Pernambuco encena a trajetória de Cristo

Paixão de Cristo de Nova Jerusalém, com José Loreto no papel principal. Foto: Divulgação

Paixão de Cristo do Recife, em imagem da encenação de 2024. Foto: Hans von-Manteuffel / Divulgação

Se existe uma devoção que pulsa intensamente no coração e na cultura de Pernambuco, é a arte de encenar a Paixão de Cristo. Mais que tradição, o fenômeno se tornou um verdadeiro encantamento coletivo, uma energia que a cada ano renova cidades inteiras, transforma ruas, praças e palcos em territórios sagrados onde o drama de Jesus é vivido entre lágrimas, aplausos, emoção, filmagens com smartphone e muita self. O fervor pernambucano ultrapassa o rito: é devoção que se faz teatro, identidade que se constrói na partilha e na coletividade. Da monumental Nova Jerusalém, reconhecida como o maior teatro ao ar livre do mundo, às montagens de bairros, igrejas e povoados, milhões de espectadores participam dessa experiência única, que mistura fé, espetáculo, arte popular e memória afetiva. Não importa o tamanho ou formato: cada montagem é um mergulho intenso da comunidade em sua história, suas esperanças e seus sonhos. Em Pernambuco, a encenação da Paixão é tanto um ato de religiosidade quanto um gesto de afirmação cultural, revelando a impressionante capacidade criativa de produtores, artistas, comunidades, e do povo de reinventar, ano após ano, a maior história de amor e redenção do mundo cristão.

Leopoldo Pacheco vive Pilatos em Nova Jerusalém. Foto: Divulgação

O mais tradicional espetáculo da Semana Santa em Pernambuco ocorre nos cenários monumentais de Nova Jerusalém, no distrito de Fazenda Nova, Brejo da Madre de Deus. A temporada 2025 da Paixão de Cristo vai até 20 de abril, trazendo como grande novidade o encerramento no domingo de Páscoa — algo inédito desde 1998, planejado especialmente para aproveitar o feriado do dia 21 de abril e atrair ainda mais visitantes. Com mais de 100 mil metros quadrados de extensão e imponentes muralhas de quatro metros de altura, o teatro a céu aberto replica ambientes emblemáticos da Jerusalém dos tempos de Jesus, transportando o público por lagos, jardins, palácios, o Templo e os arruados da antiga cidade sagrada. O projeto da cidade-teatro foi inaugurado em 1968 e é considerado um dos maiores do mundo em seu gênero, atraindo anualmente dezenas de milhares de espectadores de todo o Brasil.

Neste ano, o elenco principal ostenta nomes de grande expressão nacional e novos rostos no papel de figuras bíblicas marcantes. José Loreto assume o papel de Jesus, Letícia Sabatella interpreta Maria, Leopoldo Pacheco vive Pilatos, enquanto Werner Schünemann dá vida a Herodes. Além deles, Luana Cavalcante interpreta Herodíades, prometendo mais dramaticidade às cenas do palácio. Uma novidade para 2025 é o retorno da personagem Verônica, ausente desde 1993 — quando Letícia Sabatella a encarnou pela última vez e que agora é vivida pela atriz pernambucana Angélica Zenith.

O espetáculo também investe em inovações técnicas e visuais para impactar ainda mais quem assiste. A edição deste ano conta com novos efeitos especiais em cenas icônicas como o Sermão da Montanha e a Tentação de Jesus no Horto, buscando desperta mais emoção das passagens bíblicas. 

A Paixão de Cristo de Nova Jerusalém segue em grandiosidade, elenco estrelado e enorme participação do público, que marca presença em todas as edições. Só na noite de estreia deste ano (12/04), mais de 10 mil pessoas compareceram, superando as expectativas da organização e os números do ano anterior — reafirmando o status do evento como uma das maiores manifestações culturais e religiosas do país.

O espetáculo dialoga de forma surpreendente com temas da atualidade, como se viu quando, durante uma sessão, na clássica cena em que Pilatos indaga a multidão sobre libertar Barrabás ou Jesus, alguém na plateia gritou: “Solta os dois e prende Bolsonaro”, mostrando como, mesmo recriando uma história milenar, a Paixão de Nova Jerusalém permanece próxima dos debates e sentimentos do presente.

Os ingressos para a temporada 2025 variam de R$ 80 (meia) a R$ 220 (inteira), conforme o dia do espetáculo. 

Asaías Rodrigues – Zaza (Jesus) e Carlos Lira (Pilatos) na Paixão de Cristo do Recife. Foto: Hans von-Manteuffel

Em sua 27ª edição, a Paixão de Cristo do Recife vem em 2025 com uma proposta ainda mais  próxima do público. Realizado pela Associação dos Produtores de Artes Cênicas de Pernambuco (Apacepe), o espetáculo se destaca este ano por estender sua temporada: são quatro sessões gratuitas e a céu aberto, na Praça do Marco Zero, entre os dias 18 e 21 de abril, sempre às 18h, aproveitando tanto o feriado de Tiradentes quanto o contexto da Semana Santa. A encenação, que reafirma no próprio nome o compromisso popular ao se apresentar como Paixão do Povo, aproveita uma nova configuração de palco com passarela e praticáveis móveis, permitindo que cenas como a entrada de Jesus no templo e a Via Crúcis se aproximem ainda mais da plateia, na perspectiva de tornar a experiência mais dinâmica e envolvente.

O elenco conta com Asaías Rodrigues (Zaza) interpretando Jesus e Brenda Ligia no papel de Maria, além de Jr. Aguiar (Judas), Carlos Lira (Pilatos), Albemar Araújo (Herodes), Clau Barros (Madalena), Gil Paz (João Batista) e Paula de Tássia (Diabo), totalizando 50 atores e 60 figurantes. A direção e o texto são assinados por Carlos Carvalho, que traz para a cena uma leitura atenta dos discursos político e religioso de Jesus e Maria. Os temas da montagem — amor, solidariedade e liberdade — são tratados como valores sagrados, essenciais à humanidade e ao futuro, e discutem questões contemporâneas, como racismo e violência urbana, sob a luz dos ensinamentos amorosos de Cristo. Os figurinos criados por Álcio Lins dialogam com diferentes épocas e contextos, misturando tecidos e referências históricas a modelagens atuais.

A trilha sonora harmoniza o tradicional com o contemporâneo, incluindo composições de Milton Nascimento e de Erasmo e Roberto Carlos. Destaque para a participação do grupo musical e de dança Bacnaré (Balé da Cultura Negra do Recife), recentemente reconhecido como Patrimônio Vivo do Recife. 

Paixão de Cristo em Triunfo. Foto: Divulgação

No Sertão do Pajeú, a Paixão de Cristo de Triunfo chega à sua 50ª edição como uma das mais antigas encenações do gênero em Pernambuco e celebra este marco com novidades no roteiro e na produção. A apresentação deste ano, encenada pelo Grupo de Teatro Nós em Cena no Parque Iaiá Medeiros Gastão — conhecido como Via Verde, o primeiro teatro ao ar livre do Sertão — ganha novos contornos com a inclusão de personagens e cenas inéditas, como Adão e Eva no paraíso, a profecia de Abraão, a trajetória de Maria Madalena antes do encontro com Jesus e a ressurreição de Lázaro, além de outros milagres marcantes da vida de Cristo. O elenco ampliado, com 90 integrantes entre atores e figurantes, promete uma experiência ainda mais envolvente nas apresentações gratuitas marcadas para os dias 17 e 18 de abril, às 19h, confirmando o evento como referência de fé, arte e memória cultural do povo sertanejo.

Lucas e Maria Oliveira no elenco da Paixão de Cristo dos Bonecos. Foto: Divulgação

Entre as alternativas diferentes está a Paixão de Cristo dos Bonecos, apresentada pela Associação Pernambucana de Teatro de Bonecos (APTB). Este espetáculo acontece em 17 e 18 de abril, às 16h30, no Teatro Apolo, bairro do Recife, com entrada gratuita (retirada antecipada de ingressos na bilheteria).

A peça, adaptada por Jorge Costa e dirigida por Izabel Concessa, utiliza bonecos de vara e títeres, com irreverência e humor. Segue a cronologia tradicional (da entrada em Jerusalém à ressurreição), mas inserindo personagens como anjos, a Morte e os Reis Magos, reinterpretando episódios marcantes e derramando leveza mesmo no drama. O elenco é formado por Fábio Caio, Antero Assis, Álcio Lins, Lu Jordani, Jurubeba, Sílvia Mariz, Lucas e Maria Oliveira, Ana Rocha, Leila Gibson, Lello Vasques e Pompeia Cavalcante, além de alunos de Artes Cênicas da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Conta com Libras e audiodescrição).

Paixão de Cristo de Camaragibe, em foto da montagem de 2022. Reprodução do Facebook

A Paixão de Cristo de Camaragibe, a Paixão dos Camarás, transforma a Praça de Eventos da Vila da Fábrica, em Camaragibe, Região Metropolitana do Recife, em grande palco nos dias 18, 19 e 20 de abril. Dirigido por Anderson Henry e apresentado por elencos da Companhia de Teatro Popular de Camaragibe, Grupo Teatral Risadinha e outros, a montagem tem Gustavo Veiga (Jesus), Patrícia Assunção (Maria) e Mano Casado (Herodes) nos papéis principais. Com coreografia de Micael Júlio, a peça contra com tradução em Libras. O evento é gratuito, inclusivo e referência cultural do município.

PAIXÃO DE GAIBU

A Praia de Gaibu é cenário, no dia 18 de abril , às 19h, da 12ª edição da tradicional Paixão de Gaibu. O espetáculo conta com mais de 100 atores e figurantes, encenando 13 cenas inspiradas em pontos turísticos do Cabo de Santo Agostinho sob as estrelas e ao som das ondas. Com entrada gratuita, a peça valoriza a cultura local, transforma Gaibu em um grande palco, misturando fé, arte e emoção, e representa um dos momentos mais aguardados da Páscoa para moradores e visitantes.

PAIXÃO DE LAGOA GRANDE (NA REGIÃO DE PETROLINA)

Em Lagoa Grande, Sertão de Pernambuco, o grupo JUNAC apresenta o drama sacro Paixão de Cristo, o Nazareno” nos dias 18 e 20 de abril, sempre às 18h30, no estacionamento da Enoteca Francesco Luigi Pérsico, distrito de Vermelhos. O espetáculo, gratuito, reúne jovens católicos e amigos de toda a região, mobilizando mais de 60 pessoas numa narrativa emocionante que retrata personagens centrais da literatura cristã. Um ônibus especial transporta a comunidade e moradores de Izacolândia, saindo da Igreja Matriz, às 17h30, facilitando o acesso do público local.

Paixão de Cristo de Serra Talhada. Foto: Divulgação

O espetáculo Jesus Sertanejo – A Paixão de Cristo ocorre nos dias 17 e 18 de abril, no Sítio Passagem das Pedras, em Serra Talhada, Pernambuco. A montagem conta com texto e direção de Anildomá Wilians e produção da Fundação Cabras de Lampião. Mais de 30 atores e atrizes participam da apresentação, com a caatinga como cenário. A peça reforça elementos da cultura sertaneja e busca transmitir a mensagem central da história de Jesus Cristo, destacando a fé, a esperança e o amor, a partir de referências do sertão. O papel de Maria é interpretado por Laisa Magalhães e Jesus será vivido por Karl Marx. Esse projeto foi selecionado pelo 16º Pernambuco de Todas as Paixões e conta com o patrocínio da Secretaria de Cultura de Pernambuco.

 

SERVIÇO

🎭 Paixão de Cristo do Recife: A Paixão do Povo
📍 Local: Marco Zero – Recife Antigo
📅 Datas: 18, 19, 20 e 21 de abril de 2025
⏰ Horário: 18h
🎟️ Entrada: Gratuita

🎭Paixão de Cristo de Nova Jerusalém
📍 Local: Fazenda Nova, Brejo da Madre de Deus
📅 Datas: 12 a 20 de abril de 2025
⏰ Horário: 18h
🎟️ Ingressos: De R$ 80 (meia) a R$ 220 (inteira) – conforme o dia
🔗 Oficial: www.novajerusalem.com.br

🎭 Paixão de Cristo dos Bonecos
📍 Local: Teatro Apolo, Recife
📅 Datas: 17 e 18 de abril de 2025
⏰ Horário: 16h30
🎟️ Entrada: Gratuita (retirada de ingressos na bilheteria)

🎉 Paixão de Cristo de Camaragibe
📍 Local: Praça de Eventos Vila da Fábrica, Camaragibe
📅 Datas: 18 a 20 de abril de 2025
⏰ Horário: 19h30
🎟️ Entrada: Gratuita

🌊 Paixão de Cristo de Gaibu
📍 Local: Praia de Gaibu, Cabo de Santo Agostinho
📅 Data: 18 de abril de 2025
⏰ Horário: 19h
🎟️ Entrada: Gratuita
ℹ️ Detalhe: 12ª edição, mais de 100 atores em 13 cenas à beira-mar

🍇 Paixão de Cristo de Lagoa Grande (região de Petrolina)
📍 Local: Enoteca Francesco Luigi Pérsico, distrito de Vermelhos, Lagoa Grande
📅 Datas: 18 e 20 de abril de 2025
⏰ Horário: 18h30
🎟️ Entrada: Gratuita
🚌 Transporte: Ônibus gratuito saindo da Igreja Matriz às 17h30
ℹ️ Grupo: JUNAC

🏠 Paixão de Cristo de Casa Amarela
📍 Local: Concha Acústica do Sítio Trindade, Recife
📅 Datas: 17 a 19 de abril de 2025
⏰ Horário: 20h
🎟️ Entrada: Gratuita

⛰️ Paixão dos Guararapes
📍 Local: Monte dos Guararapes, Jaboatão dos Guararapes
📅 Datas: 17 a 19 de abril de 2025
⏰ Horário: 19h30
🎟️ Entrada: Gratuita

🎭 Paixão de Cristo de Triunfo – 50 anos!
📍 Local: Parque Iaiá Medeiros Gastão (Via Verde), Triunfo
📅 Datas: 17 e 18 de abril de 2025
⏰ Horário: 19h
🎟️ Entrada: Gratuita
🎭 Grupo: Grupo de Teatro Nós em Cena

Paixão de Cristo do Paulista
📍 Local: Jardim Paulista Baixo, Paulista
📅 Datas: 18 a 20 de abril de 2025
⏰ Horário: 20h
🎟️ Entrada: Gratuita

🍋 Paixão de Cristo de Limoeiro
📍 Local: Centro Cultural de Limoeiro
📅 Datas: 16 a 19 de abril de 2025
⏰ Horário: 20h
🎟️ Entrada: Gratuita

⛰️ Paixão de Cristo do Monte da Fé (Paudalho)
📍 Local: Vila Asa Branca, Paudalho
📅 Datas: 16 a 18 de abril de 2025
⏰ Horário: 19h30
🎟️ Entrada: Gratuita

🌄 Paixão pela Serra (Bezerros)
📍 Local: Circuito das Estações, Bezerros
📅 Datas: 18 a 20 de abril de 2025
⏰ Horário: 19h
🎟️ Entrada: Gratuita

🏛️ Paixão de Cristo de Igarassu
📍 Local: Sítio Histórico de Igarassu
📅 Datas: 19 e 20 de abril de 2025
⏰ Horário: 19h
🎟️ Entrada: Gratuita

✝️ Jesus Sertanejo – A Paixão de Cristo
📍 Local: Sítio Passagem das Pedras – Serra Talhada/PE
📅 Datas: 17 e 18 de abril de 2025 (Quinta e Sexta-feira da Semana Santa)
⏰ Horário: 20h
🎟️ Entrada: Gratuita

 

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Dois portos: reflexões sobre diversidade, disparidade e deslocamentos*

Projeto Conexões Norte Sul reuniu espetáculos e ações de Porto Velho e Porto Alegre. Na foto, Trivial – Um espetáculo de B-boys, de Porto Alegre.  Foto: Nando Espinosa

A Cabeça de Tereza foi criado no âmbito da Universidade Federal de Rondônia. Foto: Agência Ophélia

Quando se trabalha com arte no Brasil e, especificamente, com as artes da cena, partindo de lugares que não aqueles considerados “eixo”, ou seja, São Paulo e Rio de Janeiro, no Sudeste do país, o que se há de fazer é não se deixar enquadrar. Mover-se por dentro e por fora para instaurar as nossas próprias realidades. O Brasil é muito grande para caber num eixo só. Imaginar – e percorrer – os caminhos que podem ser traçados se mostra uma tarefa de liberdade e de resistência. E essa não é uma afirmação romântica ou que idealiza desigualdades e precariedades. Falo de uma operação cotidiana, repetitiva, trabalhosa, por vezes exaustiva, mas imprescindível quando lidamos não só com sobrevivência, mas com o que nos move. A vista nem alcança os caminhos reais e simbólicos que podem ser forjados, quais mapas desenhamos quando as miradas são ampliadas. 

Fazendo perguntas que promovem esses deslocamentos de imaginários, o projeto Conexões Norte Sul, idealizado pelo Itaú Cultural em parceria com o Sesc Rio Grande do Sul, e curadoria de Jane Schoninger, coordenadora de Artes Cênicas, Visuais e Arte Educação da instituição (Porto Alegre/RS), e Andressa Batista (Porto Velho/RO), artista, gestora e produtora cultural, partilhou espetáculos, conversas com espectadores e debates entre 6 e 16 de março. Quais conexões entre dois Portos, um no Norte e outro no Sul do país, podemos alinhavar? Porto Velho, em Rondônia, estado criado oficialmente em 1982, e Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, estado devastado por enchentes que mataram 183 pessoas e deixaram 27 desaparecidos no primeiro semestre do ano passado? A distância entre as duas cidades, localizadas cada uma num extremo, reforça o quanto o Brasil é enorme e as dificuldades implicadas nessa obviedade. 

Se a arte precisa circular, alcançar públicos diversos, ser colocada em fricção a partir do encontro com outras realidades, gerar relações, isso fica muito mais difícil quando levamos em consideração, por exemplo, o custo amazônico, que são as despesas relacionadas à transporte e logística na região. Quando os investimentos já anunciados e provisionados por meio de políticas públicas atrasam meses ou mesmo nem chegam. Quando os orçamentos para a cultura no país são cortados pela inaptidão política em reconhecer a economia criativa como um motor de desenvolvimento para as diversas regiões do país. Quando produtores e artistas não encontram parceiros na iniciativa privada interessados em deslocar os seus investimentos do “eixo” que supostamente gera visibilidade. São muitos os “quandos”. Questões como essas foram abordadas na mesa “Modos de produção e seus operários”, com a participação das produtoras Luka Ibarra e Cynthia Margareth, a primeira de Porto Alegre e a segunda de Limeira (SP), residente em São Paulo, e do ator Chicão Santos, de Porto Velho, com mediação do crítico Kil Abreu, de Belém do Pará, residente em São Paulo. 

Na segunda mesa do evento, a discussão teve como tema “Curadorias, circulações”, com as curadoras Galiana Brasil, recifense que reside em São Paulo, e Jane Schoninger, de Porto Alegre, e Kil Abreu. A conversa propôs questionamentos que perpassam o poder que as curadorias exercem num país desigual e diverso como o Brasil. Quem são as pessoas que possuem o poder de decidir quais artistas, grupos e trabalhos vão circular? Por quais lugares do país esses curadores se movem e estabelecem relações? E, mesmo que sejam curadores de lugares fora do “eixo”, quando levam trabalhos aos seus territórios, quais as referências? Qual o lugar do pensamento e da crítica na construção de uma cena que possa, de fato, ser chamada de brasileira? Quais as repercussões dos festivais e das circulações para os artistas de uma cidade? Até que ponto as curadorias desenhadas no país, seja por curadores de instituições públicas ou privadas e por curadores independentes, podem ser consideradas instrumentos que questionam uma estrutura colonialista de pensamento e ação?

Participantes da mesa Modos de produção e seus operários. Foto: Pollyanna Diniz

Jane Schoninger, Galiana Brasil e Kil Abreu compartilharam suas experiências na mesa Curadorias, circulações. Foto: Agência Ophélia

Artistas, curadores e críticos participaram da mesa Curadoria, circulações. Foto: Agência Ophélia

Espetáculos como metáforas

São, de fato, muitas perguntas. Parece que giramos em círculos quando falamos, por exemplo, sobre política cultural no Brasil. Nessa espiral, o que me interessa é imaginar outras possibilidades, tanto de questionamentos quanto de respostas. E os espetáculos que perpassam essa conexão Porto Velho – Porto Alegre são meios de estabelecer diálogo, dissenso, provocação, encantamento. De modo diverso, enxergo que cada um deles carrega metáforas que podem ser relacionadas às discussões que o projeto Conexões Norte Sul propõe.

Novos Velhos Corpos 50+ traz veteranos da dança em Porto Alegre. Foto: Adriana Marchiori

No espetáculo Novos Velhos Corpos 50+, de Porto Alegre, estão em cena artistas da dança com trajetórias relevantes, todos com mais de 50, 60, 70 anos: Eduardo Severino, Eva Schul, Robson Lima Duarte, Monica Dantas e Suzi Weber. Essa última assina a direção geral do espetáculo. Os bailarinos estão acompanhados por músicos que fazem a trilha sonora ao vivo: Dora Avila, Flavio Flu, Marcelo Fornazier e Vasco Piva. 

A mais direta das metáforas entre o espetáculo e o Conexões Norte Sul diz respeito a permanecer criando arte ao longo do tempo, das décadas que se sucedem, a despeito das circunstâncias que possam se interpor nesse caminho. Continuidade, persistência, resistência. Na dança ocidental, os bailarinos carregavam em seus corpos, seus instrumentos de trabalho, um prazo de validade. De algum tempo para cá, brechas estão sendo abertas nesse cenário. Por que não permanecer em cena? Por que ser destituída do direito de criar com o próprio corpo? E aqui falo no feminino porque, como mulher, entendo que essa discussão, quando cruza o gênero, adquire contornos muito cruéis. E se agregarmos classe, a questão fica ainda mais complexa, porque somos matéria-prima moída por uma indústria. São as mulheres aquelas cobradas a se enquadrarem em padrões estéticos irreais e que mudam o tempo inteiro no mundo capitalista do consumo. Somos nós, mulheres, que há pouco tempo perdíamos espaço radicalmente por conta da idade: desde o teatro e as produções audiovisuais, nas quais as mulheres mais velhas tinham papéis socialmente muito determinados, até o mercado de trabalho tradicional. 

Meu Amigo Inglês traz ao palco um artista que lida com as consequências do mal de Parkinson. Foto: Eliane Viana

O corpo velho também está em cena em Meu amigo inglês, espetáculo de Rondônia, com Chicão Santos e Flávia Diniz, texto e direção de Mário Zumba. Neste caso, o corpo de um homem, que lida com as consequências do mal de Parkinson. A temática é aderente por conta da sua amplitude e da sua humanidade, dos impactos sociais que a doença acarreta, no âmbito pessoal e na família.

A dramaturgia e a encenação esbarram, no entanto, na armadilha da reprodução do machismo, do sexismo e de violências simbólicas na relação que se estabelece entre os personagens, marido e mulher, ela muito mais nova do que ele. Num país tão plural como o Brasil, mas desigual, violento e misógino, as problematizações da nossa realidade e as revoluções de pensamento e atitude precisam acontecer desde o espaço da criação e da fruição artística, em cada canto do Brasil. 

O espaço universitário pode ser propulsor dessas revoluções. É o que nos lembra A cabeça de Tereza, também de Rondônia, que tem dramaturgia e atuação de Jam Soares e direção do professor Luiz Lerro, e foi concebido no âmbito do curso de Licenciatura em Teatro da Universidade Federal de Rondônia, instituição criada em 1982. A universidade tem papel fundamental no questionamento de conceitos e na elaboração e imaginação de novos saberes. Perguntas “antigas” precisam de respostas contínuas: como definimos, por exemplo, o que é centro e o que é periferia quando olhamos para o Brasil? Como determinamos o que é arte regional e o que é arte nacional? Como imaginar projetos que contemplem os nossos lugares de partida e os nossos desejos? Jam Soares, mulher jovem afro amazônida, criou um espetáculo que é um manifesto pela memória de mulheres invisibilizadas na nossa história a partir da personagem ficcional Tereza Sankofa, uma homenagem a Tereza de Benguela que, por cerca de 20 anos, foi líder do maior quilombo no território que hoje é o Mato Grosso. 

Ensaio geral faz homenagem a Selma Bustamante. Foto: Agência Ophélia

Ensaio geral, espetáculo de teatro de rua de Klindson Cruz, manauara residente em Porto Velho, também é uma homenagem a uma mulher. Protagonizado pelo palhaço Pingo, o trabalho celebra a vida e a trajetória de Selma Bustamante, atriz do grupo Ventoforte, em São Paulo, falecida em 2019, que morou por bastante tempo no Amazonas. Embora artifícios dramatúrgicos e de encenação se desgastem ao longo das cenas, como a procura repetitiva por objetos em malas, e o artista perca possibilidades interessantes a partir da interação com os espectadores, o palhaço meio mal-humorado captura a atenção e a curiosidade do público. E o mote é tão importante para o espetáculo quanto para o projeto Conexões Norte Sul: o processo artístico, o ensaio, a transmissão de saberes entre os artistas, a celebração aos que vieram antes de nós.

O espetáculo Teatro dos seres imaginários, da Cia Seres Imaginários, de Porto Alegre, que também foi apresentado na rua, mas com uma estrutura bastante específica, provoca encantamento no espectador, nos lembrando que teatro é exercício político de imaginação e criatividade. O Livro dos Seres Imaginários, de Jorge Luís Borges e Margarita Guerrero, é a inspiração para um espetáculo com bonecos que saem da cabeça do autor – um boneco – para dividir o espaço cênico com as cabeças dos espectadores, fazendo as pessoas se moverem em volta de si mesmas na busca por acompanhar aquelas criaturas intrigantes, assustadoras, curiosas. O público, de apenas 18 pessoas, coloca as cabeças numa espécie de caixa de tecido suspensa a 1,5 metro do chão, e o espetáculo de bonecos, que tem direção de arte e música primorosas, se desenrola dentro daquele espaço. A manipulação é feita pelos artistas Cacá Sena, Charles Kray, Elaine Regina e Silvia Regina Ferrare e a música é de Sérgio Olive.

De volta ao palco, Trivial – Um Espetáculo de B-boys, com direção e coreografia de Driko Oliveira, de Porto Alegre, traz a cultura break como motor para um espetáculo que tem na dança sua força física e na palavra a exposição da vulnerabilidade que pode ser transformadora. Estão em cena os Bboys Daniel Carvalheiro, T2, Deaf, Julinho RC e César RC e a B-girl Naju. Com os seus corpos, eles nos mostram o quanto a arte no Brasil é diversa e não aceita caixinhas. O break é da rua, é do palco, é do esporte, é de qualquer lugar. Mas quando expõem por meio de relatos pessoais demandas de suas realidades, como a disparidade entre homens e mulheres no mercado de trabalho, a invisibilidade de jovens negros, as violências a que são submetidos, o espetáculo toma fôlego de mudança, de ruptura. 

É esse fôlego, de artistas que se colocam em suas inteirezas e fragilidades, que precisamos tomar para continuar lidando com o cotidiano de diversidades e disparidades, aqui especificamente nas artes da cena no Brasil. E para lembrar que não lutamos somente por nós, seja qual for a nossa circunstância. As reflexões e provocações do projeto Conexões Norte Sul nos levam ao entendimento de que a briga precisa ser coletiva e deve abarcar todas as realidades: desde os artistas que têm fome, aqueles que andam de metrô ou de avião, os que estão começando, estão na universidade, que possuem trajetórias consolidadas, que já conseguem circular pelo país por meios próprios, que sonham em ver o que criaram extrapolar  limites. Artistas que, independentemente de suas situações específicas, se inquietam e desejam colocar na roda possibilidades coletivas de construir novas realidades. 

*Texto escrito como uma das ações do Projeto Conexões Norte Sul, a convite do Itaú Cultural e Sesc RS. Além de Pollyanna Diniz, do Satisfeita, Yolanda?, participaram do acompanhamento crítico do evento Valmir Santos, do Teatrojornal, e Kil Abreu, do Cena Aberta.

Teatro dos Seres Imaginários se inspira em livro de Jorge Luís Borges e Margarita Guerrero. Foto: Rique Barbo

 

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MITsp 2025: Dez edições de resistência e desafios

Antonio Nóbrega, homenageado nesta edição da MITsp, apresenta junto com sua companheira Rosane de Almeida, o espetáculo Mestiço Florilégio. Foto: Fabio Alcover / Divulgação

VAGABUNDUS abre programação da Mostra. Foto: Mariano Silva / Divulgação

Desde 2014, a Mostra Internacional de Teatro de São Paulo (MITsp) oxigena a ideia de teatro contemporâneo a partir de um tripé: espetáculos de excelência de vários países – e, a partir de 2019, uma mostra de espetáculos nacionais -, reflexão crítica e ações pedagógicas. No agora longínquo 2014, a mostra foi considerada uma renovação no modo de pensar e executar um festival no Brasil. Nós, do Satisfeita, Yolanda?, que tivemos a sorte de acompanhar aquela edição disruptiva – e todas as outras desde então – costumamos brincar ao dizer que houve, ali, uma pós-graduação nas artes da cena em duas semanas.

Neste 2025, a MITsp celebra sua 10ª edição, consolidando-se como um dos eventos mais significativos das artes cênicas no Brasil e na América Latina. De 13 a 23 de março, em diversos espaços e teatros da metrópole paulistana, a programação inclui uma abertura de processo, quatro espetáculos internacionais, uma estreia nacional, nove obras na MITbr – Plataforma Brasil, dois grupos convidados e um leque de oficinas, debates e conversas ao longo desses onze dias.

Talvez pela primeira vez em dez anos, o evento se aproxime de modo mais efetivo da arte popular, propondo conexões com a arte contemporânea, homenageando o multiartista brasileiro Antonio Nóbrega, pernambucano que exibe na mostra o espetáculo Mestiço Florilégio, junto com sua companheira de arte e vida, a atriz e bailarina Rosane Almeida, e Brincando com Nóbrega – A cultura popular e a educação, que integra a programação de Ações Pedagógicas e traz várias outras ações relacionadas à cultura popular.

A curadoria dos espetáculos internacionais é de Antonio Araújo, que assina a direção e idealização artística do festival. Este ano, a curadoria da MITbr – Plataforma Brasil, que reúne os  espetáculos nacionais, é de Ave Terrena, Kenia Dias e Jay Pather. A curadoria de Olhares Críticos, que congrega ações de pensamento crítico a partir da programação da Mostra, é assinada por Helena Viera, e a de Ações Pedagógicas por Alexandra G. Dumas. A direção institucional é assinada pelo gestor cultural Rafael Steinhauser. A idealização geral e de produção fica por conta de Guilherme Marques.

Apesar de robusta quando observamos o conjunto das obras e discussões programadas, esta edição comemorativa da MITsp enfrenta desafios significativos, com uma redução de aproximadamente 60% na programação internacional e 50% na nacional. Na edição 2024, na Mostra de Espetáculos, que reúne os trabalhos internacionais e, eventualmente, nacionais, havia nove espetáculos estrangeiros. Este ano, são quatro.

Essa contração reflete diretamente o desmonte cultural do governo anterior bolsonarista, cujo reflexo ainda é sentido, mas revela ainda a fragilidade das políticas culturais e a instabilidade econômica que afeta o setor cultural brasileiro, em governos de direta, mas também nos de esquerda. 

“Na programação internacional, 60% do projeto original caiu, mas alguns elementos continuam a orientar a Mostra, desde a edição passada, como privilegiar o diálogo com o Sul Global. Temos dois espetáculos africanos, um argentino, e um espetáculo europeu, francês. E tem uma coisa que acho importante: desses quatro internacionais, nenhum é monólogo. Acho que é importante a gente ter teatro com muita gente e poder valorizar isso. São quatro trabalhos, mas são quatro trabalhos onde há um coletivo de artistas presente em cena. É conseguir furar a lógica do monólogo, do mais barato, do mais viável, e poder também apresentar outras possibilidades cênicas”, diz Antonio Araújo, diretor artístico da MITsp.

Para Guilherme Marques, diretor geral de produção, “além de recuos de patrocínios e do fato da MITsp não ter sido aprovada em nenhum dos editais públicos, temos ainda a fragilidade de nossa moeda com a variação do câmbio”, afirmou. “Além disso, a carga tributária que se paga em espetáculos internacionais hoje incide em 37,13%”, complementa.

Marques citou como exemplo bem-sucedido de festival internacional o festival Santiago a Mil, em Santiago, no Chile, que possui apoio público e privado com contratos de médio prazo, permitindo que o festival tenha segurança financeira para programar suas ações e, portanto, continuidade. “Acreditamos que, idealmente, as instituições das esferas públicas e privadas pudessem ao término de cada edição contar com o valor de referência para o ano seguinte, já que a MITsp é anual. É justamente porque entendemos que uma mostra internacional de teatro não é apenas entretenimento, mas também reflexão, crítica, educação, sensibilização, transformação, que tememos pela continuidade do projeto”, afirmou.

Este ano, uma das ações mais significativas da MITsp, a Prática da Crítica, que trazia críticos de vários lugares do país para acompanhar e escrever a partir dos espetáculos da programação, não vai acontecer. Na coletiva de imprensa da Mostra, realizada no Itaú Cultural, no dia 12 de fevereiro, Antonio Araújo disse que gostaria de salvar a ação. “A Prática da Crítica é uma das coisas que a gente está querendo salvar. A gente falou só dos espetáculos, mas acho que tanto nas Ações Pedagógicas quanto nos Olhares Críticos, houve uma redução enorme. O projeto original da Helena (Helena Viera, curadora de Olhares Críticos) e da Alexandra (Alexandra G. Dumas, curadora de Ações Pedagógicas) é emocionante e foi cortado. A Prática da Crítica é uma atividade cara, infelizmente tivemos que suspender”, diz Araújo.

A MITsp captou R$ 3,1 milhões, mas precisaria de mais R$ 2,5 milhões para realizar toda a programação planejada originalmente.

Para Araújo e Marques, a viabilidade desta edição só foi possível pela permanência de parceiros e apoiadores contínuos desde a primeira edição, como o Itaú Cultural, Sesc SP, Sesi e Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo. Em nove edições, a MITsp apresentou 179 espetáculos de 46 países, totalizando 449 sessões que alcançaram um público estimado em mais de 200 mil pessoas.

Em 2025, a MITsp tem apresentação do Ministério da Cultura e Redecard, copatrocínio do IBT – Instituto Brasileiro de Teatro e apoio cultural de La Serenissima e FUNARTE. A mostra tem correalização do Consulado Geral da França em São Paulo, Instituto Francês e Instituto Goethe. A realização do evento é da Olhares Instituto Cultural, ECUM Central de Produção, Itaú Cultural, Sesc SP, Sesi SP, Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo e Ministério da Cultura – Governo Federal. O projeto é incentivado pela Lei Federal de Incentivo à Cultura – Lei Rouanet.

OS ESPETÁCULOS INTERNACIONAIS

Assuntos urgentes e complexos da contemporaneidade, como envelhecimento, migrações forçadas, violência sistêmica e formas de resistência, são problematizados nas obras internacionais programadas para a Mostra, promovendo um diálogo interessante entre arte e sociedade.

O espetáculo Vagabundus, do moçambicano Idio Chichava – inspirado no ritual de dança do povo Makonde, que habita Moçambique e países vizinhos – faz a abertura da MITsp neste 13 de março, no Teatro do Sesi – SP, local que ainda não havia abrigado uma abertura do festival e tem uma capacidade reduzida de público, se compararmos com o Auditório Ibirapuera ou o Teatro Paulo Autran, no Sesc Pinheiros, espaços que normalmente recebiam aberturas da Mostra.

Vagabundus promete uma experiência imersiva, onde treze performers dançam e cantam, mesclando tradição e contemporaneidade, explorando temas como identidade cultural e processos migratórios.

A Vida Secreta dos Velhos. Foto: Yohanne Lamoulère-Tendance Floue / Divulgação

Gaivota, do diretor argentino Guillermo Cacace. Foto: Francisco Castro Pizzo / Divulgação

A Vida Secreta dos Velhos, do diretor francês Mohamed El Khatib, e Gaivota, do argentino Guilhermo Cacace, exploram respectivamente o desejo na velhice e as nuances dos amores não correspondidos.

Mohamed El Khatib retorna à MITsp pela 3ª vez com uma obra que leva à cena oito idosos, não-atores, a maioria octogenários e nonagenários, residentes em casas de repouso. Fruto de uma extensa pesquisa realizada pelo diretor nesses espaços, a peça desafia corajosamente os estereótipos e tabus associados à terceira idade. A Vida Secreta dos Velhos convida o público a repensar suas percepções sobre a longevidade, a intimidade e os prazeres da vida em idade avançada. 

Gaivota, do diretor argentino Guillermo Cacace, é uma releitura da obra-prima de Anton Tchekhov, adaptada pelo dramaturgo Juan Ignacio Fernández. Cacace reinventa o clássico russo com uma abordagem minimalista. Cinco atrizes ocupam o palco, dispostas ao redor de uma mesa, criando uma atmosfera de intimidade. Neste cenário despojado, elas exploram o amor não correspondido, a frustração de sonhos realizados e o acúmulo de dores existenciais.

MITbr – Plataforma Brasil e outros eixos

Língua, uma das atrações da MITbr. Foto: Renato Mangolin

A MITbr – Plataforma Brasil inclui nove trabalhos selecionados: Repertório nº 3 de Davi Pontes e Wallace Ferreira (RJ), Baculejo do Coletivo Riddims (CE), Quadra 16 de Cris Moreira (MG), Parto Pavilhão de Aysha Nascimento, Jhonny Salaberg e Naruna Costa, Graça do grupo Girandança (RN), Desmonte do Grupo Girino (MG), Língua de Vinicius Arneiro (RJ), A Última Ceia do Grupo Mexa, e Eu tenho uma história que se parece com a minha de Tetembua Dandara. O homenageado Antonio Nóbrega exibe Mestiço Florilégio, criado em parceria com Rosane de Almeida.

A programação se expande com a Mostra Periférica, com tReta, uma invasão performática do Original Bomber Crew (PI) e Reset Brasil do Estopô Balaio (SP), além da performance convidada Cosmopercepções da Floresta, um encontro intercultural de povos indígenas.

Outro destaque da edição é a estreia de Réquiem SP, uma colaboração inédita do coreógrafo Alejandro Ahmed com o Balé da Cidade de São Paulo e outros corpos estáveis do Theatro Municipal. 

O eixo Ações Pedagógicas, sob a curadoria de Alexandra G. Dumas, professora e pesquisadora em Teatro, oferece um programa de atividades gratuitas, que incluem oficinas práticas, rodas de conversa e sessões de troca de experiências. Este segmento visa fomentar um diálogo entre artistas e espectadores.

O eixo Olhares Críticos, curado pela pesquisadora, transfeminista e escritora Helena Vieira, propõe uma programação que explora as possibilidades e desafios do teatro contemporâneo e sua relação com as questões prementes de nossa época e sobre o papel do teatro na sociedade atual e suas direções futuras.

Por fim, o projeto Cartografias, editado pelo professor e pesquisador da ECA-USP Ferdinando Martins, apresenta sua nova edição, consolidando-se como uma referência para a documentação e análise da cena teatral contemporânea. O catálogo, com aproximadamente 300 páginas, reúne ensaios, entrevistas e artigos de pensadores, artistas e acadêmicos.

Mostra de Espetáculos – Internacionais

Dambudzo. Foto: Nurith-Wagner Strauss / Divulgação

Dambudzo

Nora Chipaumire
105min
12 anos
Sesc Pompeia (Galpão)
14 e 15/3 sexta e sábado 19h
16/3 domingo 18h
18 e 19/3 terça e quarta 19h

Nesta instalação performática, a artista do Zimbábue Nora Chipaumire explora o potencial revolucionário da arte, confrontando legados coloniais. Inspirada na palavra “dambudzo” (problema em xona, uma língua bantu), a obra recria a atmosfera dos shebeens, bares clandestinos de Zimbábue, convidando o público a refletir sobre resistência e insurreição através de uma experiência multissensorial.

Gaivota

Guillermo Cacace
90 min
16 anos
Cúpula do Theatro Municipal
15 e 16/3 sábado e domingo 17h
17 e 18/3 segunda e terça 19h

Nesta reinterpretação intimista de A Gaivota do dramaturgo russo Anton Tchekhov (1860-1904), cinco atrizes, sentadas ao redor de uma mesa, dão vida aos personagens principais: Arkadina, Kostia, Nina, Trigorin e Masha. O diretor argentino Guillermo Cacace destila a essência trágica da obra, explorando amores não correspondidos e sonhos frustrados, através do olhar perspicaz da figura de Masha.

A Vida Secreta dos Velhos

Mohamed El Khatib
70 min
16 anos
Sesc Vila Mariana
21 e 22/3 sexta e sábado 20h
23/3 domingo 18h

O encenador Mohamed El Khatib busca desafiar estereótipos sobre a sexualidade na terceira idade neste espetáculo documental. Oito idosos compartilham intimidades e reflexões sobre amor e desejo, revelando uma perspectiva lúcida e plural sobre a reinvenção da sexualidade na velhice.

Vagabundus

Idio Chichava
70 min
10 anos
Teatro do SESI-SP
13/3 quinta [abertura para convidados], 19h30
14 e 15/3 sexta e sábado 20h

O coreógrafo moçambicano Idio Chichava explora os processos migratórios através do corpo e do movimento. Inspirado pelo ritual de dança Makonde, treze performers dançam e cantam músicas tradicionais e contemporâneas de seu país, além de canções gospel e motivos barrocos, criando uma expressão da jornada migratória como experiência emocional, espiritual e coletiva.

Abertura de processo internacional

acontinua – um obituário, um manual para uma vida vivida perseguindo a VIDA

Nora Chipaumire
60 min
Livre
Sesc Pompeia (Galpão)
21 e 22/3 sexta e sábado 19h
23/3 domingo 17h

Neste work in progress, Nora Chipaumire apresenta uma criação inédita que celebra o “agora” e o “vivo”. Recusando retrospectivas, a artista zimbabuana explora como experiências se transformam em movimento corporal e conhecimento compartilhado. “acontinua” homenageia figuras inspiradoras como ensaísta e curador André Lepecki,o líder revolucionário moçambicano Eduardo Mondlane (1920-1969), além de movimentos revolucionários e mulheres anônimas, tecendo uma reflexão poética sobre a persistência da vida e da arte.

Eixo MITbr – Plataforma Brasil

Baculejo. Foto: Nicolás Leiva / Divulgação

Baculejo

Coletivo Riddims
Encante Território Criativo
Fortaleza (CE)
60 min
14 anos
Mezanino do SESI-SP
22 e 23/3 sábado e domingo 15h e 19h

O Coletivo Riddims funde festa e poética periférica, explorando ancestralidade e resistência. Através de dança e cânticos, a obra conecta práticas afro-indígenas com movimentos urbanos, subvertendo a lógica colonial para manter vivo o ato de sonhar.

Desmonte

Grupo Girino
Belo Horizonte (MG)
50 min
16 anos
Teatro Cacilda Becker,
18 e 19/3, terça e quarta, às 18h

Inspirado nos desastres de Brumadinho e Mariana, o Grupo Girino expõe narrativas das vítimas silenciadas da mineração. A montagem multidisciplinar mescla teatro visual, miniaturas e live cinema para retratar o maior crime ambiental do Brasil.

Eu tenho uma história que se parece com a minha

Tetembua Dandara
São Paulo (SP)
120 min
Livre (crianças são bem-vindas ou de 0 a 96 anos)
Centro Cultural São Paulo,
21 e 22/3, sexta e sábado, 19h

Tetembua Dandara cria uma instalação imersiva que atravessa gerações familiares. O público é convidado a explorar um espaço reminiscente de uma sala de avó, onde narrativas são tecidas através de vozes, sabores e olhares, inspiradas no livro fotográfico homônimo da artista.

Trabalho do grupo Giradança, de Natal (RN), Foto de Brunno Martins / Divulgação

Graça

Giradança
Natal (RN)
50 min
18 anos
Centro Cultural São Paulo – CCSP
19 e 20/3 quarta e quinta 19h

Nesta colaboração entre a companhia Giradança e a coreógrafa Elisabete Finger, três performers exploram arquétipos de beleza, fertilidade e êxtase. A peça circular escava camadas de erotismo, operando entre continuidade e dissolução de padrões corporais.

Língua

Vinicius Arneiro
Rio de Janeiro (RJ)
75 min
14 anos
Itaú Cultural,
22/3, sábado, 21H, 23/3, domingo, 19H

Criada em português e Libras, a peça retrata uma festa surpresa para um taxista surdo. Vinicius Arneiro investiga os paradoxos entre cultura surda e sociedade ouvinte, refletindo sobre acessibilidade e os desafios da comunicação.

Parto Pavilhão

Aysha Nascimento, Jhonny Salaberg e Naruna Costa
São Paulo (SP)
60 min
14 anos
Itaú Cultural
19 e 20/3 quarta e quinta 21h

O monólogo foca no encarceramento de mulheres negras e mães no Brasil. Com elementos de realismo fantástico, o trabalho, com atuação de Aysha Nascimento, direção de Naruna Costa e dramaturgia de Jhonny Salaberg, é livremente inspirado na fuga de um grupo de presas, com seus bebês no colo, do Centro de Progressão Penitenciária do Butantã, em 2009.

Quadra 16

Cris Moreira
Belo Horizonte (MG)
70 min
14 anos
Biblioteca Mário de Andrade
20 e 21/3 quinta e sexta 17h
22/3 sábado 16h

Nesta palestra-performance, Cris Moreira revisita seu luto pessoal para discutir a invisibilização da perda materna. Utilizando elementos documentais e audiovisuais, a obra amplia o debate sobre maternidade e luto parental.

Repertório N. 3

Davi Pontes e Wallace Ferreira
Rio de Janeiro (RJ)
45 min
18 anos
Centro Cultural São Paulo – CCSP
19 e 20 quarta e quinta 20h

Concluindo uma trilogia coreográfica, Davi Pontes e Wallace Ferreira exploram a dança como autodefesa. Através de mimese e pose, a obra cria resistências singulares para corpos dissidentes, partir de estudos pós-coloniais de gênero e raça.

A Última Ceia

Grupo MEXA
São Paulo (SP)
90 min
Livre
Centro Cultural São Paulo,
dia 22/3, Sábado, 20h;
23/3, domingo, 19h

Inspirada na obra de Da Vinci, esta peça-jantar do Grupo MEXA reinterpreta conceitos de morte e ressurreição. Performers compartilham uma última refeição, explorando a persistência da imagem e memória além da existência do grupo.

Mestiço Florilégio (Artista homenageado)

Antonio Nóbrega e Rosane Almeida
70 min
Livre
Teatro B32
17 e 18/3 segunda e terça 21h – A sessão do dia 17/3 conta com Libras e audiodescrição.

Uma celebração multidisciplinar de 40 anos de arte popular brasileira. Nóbrega e Almeida juntam música, teatro e dança, propondo um diálogo entre cultura popular e contemporânea.

Réquiem SP (estreia)

Alejandro Ahmed
60 min
18 anos Theatro Municipal de São Paulo
20/3 terça 20h
23/3 domingo 17h

Ahmed orquestra um diálogo provocativo entre balé, jumpstyle e danças urbanas, explorando a singular dinâmica de São Paulo. Com participação da Orquestra Sinfônica Municipal e Coral Paulistano, a obra junta composições de Ligeti e Venetian Snares.

Reset Brasil, peça do Coletivo Estopô Balaio. Foto: Cassandra Mello

Reset Brasil (Mostra Periférica)

Coletivo Estopô Balaio
São Paulo (SP)
240 min
10 anos
Estação Brás do Metrô
22 e 23/3 sábado e domingo 15h

Uma jornada imersiva pela história e resistência de São Miguel Paulista. O público embarca em um trem rumo a um Brasil reimaginado, onde ancestralidades indígenas e africanas convergem para sonhar um novo mundo.

tReta, uma invasão performática (Mostra Periférica)

Original Bomber Crew
Teresina (PI)
60 min
16 anos
Centro Cultural São Paulo – CCSP
19 e 20/3 quarta e quinta 19h

Uma explosão urbana de hip hop e arte contemporânea. O Original Bomber Crew transforma conflitos cotidianos em “dança-quebrada”, criando uma performance imersiva que desafia percepções sobre juventude periférica.

Cosmopercepções da Floresta (performance convidada)

João Paulo Lima Barreto, Sandra Nanayna, Larissa Ye’padiho Mota Duarte (Tukano), Anita Ekman e Renata Tupinambá em colaboração com Sunna Nousuniemi
50 min
Livre Centro Cultural São Paulo – CCSP
21/3 sexta 20h

Uma imersão sonora e performática que entrelaça cosmologias indígenas da Amazônia, Mata Atlântica e Finlândia. Através de música e palavra, as artistas criam uma ponte entre florestas distantes, convidando à reflexão sobre mundos matriarcais e cuidado mútuo.

AÇÕES PEDAGÓGICAS
Curadoria: Alexandra G. Dumas

OFICINA

Ensaios de Confrontos

Com Wallace Ferreira/Patfudyda
16 de março, domingo, 15h-18h
Mezanino do SESI-SP
Gratuito, com inscrição prévia

Explora a cultura ballroom e corpos dissidentes, elaborando resistências e táticas de ocupação espacial através de gestos e poses.

RODAS DE CONVERSA

Percursos cênicos de poéticas negras

Com Jéssica Nascimento Olaegbé, Lucelia Sergio.
Mediação: Mônica Santana
21 de março, sexta, 18h-19h30
Itaú Cultural
Gratuito

Debate sobre a força das poéticas negras no teatro brasileiro, explorando percepções, tensões e criações.

Interseções Cênicas

Com Cris Moreira e Mônica Santana.
Mediação: Jhonny Salaberg
22 de março, sábado, 10h-12h
Biblioteca Mário de Andrade
Gratuito

Diálogo entre artistas sobre obras que abordam o luto parental, explorando aproximações e distanciamentos criativos.

Culturas cênicas e culturas (ditas) populares

Com Alexandra G. Dumas e Mestre Aguinaldo Silva.
Mediação: Rafael Galante
20 de março, quinta, 14h-15h30
Centro de Referência da Dança
Gratuito

Reflexão sobre as interações entre artes cênicas e culturas populares, abordando resistência, invisibilização e apropriações.

OFICINAS

Oficina de Cavalo Marinho

Com Mestre Aguinaldo Silva
20 de março, quinta, 16h-19h
Centro de Referência da Dança
Gratuito

Introdução ao Cavalo Marinho, explorando figuras, figurinos, musicalidade e movimentações desta manifestação afro-brasileira.

Brincando com Nóbrega – A cultura popular e a educação

Com Antonio Nóbrega
19 de março, quarta, 15h-16h30
Centro Cultural São Paulo – CCSP
Gratuito

O multiartista demonstra como as representações simbólicas populares brasileiras podem desenvolver habilidades cognitivas através do lúdico.

OLHARES CRÍTICOS
Curadoria: Helena Vieira

REFLEXÕES ESTÉTICO-POLÍTICAS

A Arte Como Lugar de Encontro

Com Amara Moira, Edgar Kanaykõ Xakriabá e Erica Malunguinho
14 de março, sexta, 18h-19h30
Itaú Cultural
Gratuito

Debate sobre práticas artísticas que criam espaços de encontro entre diferentes corpos, territórios e estéticas.

Poéticas da Ruptura na Cena Contemporânea

Com Ave Terrena, Grace Passô, Maria Carolina Casati e Verónica Valenttino
17 de março, segunda, 15h-16h30
Goethe-Institut
Gratuito
Diálogo sobre práticas cênicas que desafiam paradigmas estéticos e políticos.

PENSAMENTO-EM-PROCESSO

Corpo e Movimento: Expressões de Identidade e Resistência

Com Noá Bonoba, Idio Chichava e Jéssica Teixeira
14 de março, sexta, pós-apresentação de Vagabundus
Teatro do SESI-SP

Envelhecimento, Desejo e Arte

Com João Silvério Trevisan e Mohamed El Khatib
22 de março, sábado, pós-apresentação de A Vida Secreta dos Velhos
Sesc Vila Mariana

ESPECIAL

MITsp – História e Perspectivas

Com Antonio Araujo, Guilherme Marques e Maria Fernanda Vomero
18 de março, terça, 15h-16h30
Itaú Cultural
Gratuito

Reflexão sobre os 10 anos da MITsp, suas conquistas e desafios futuros.

PRÁTICA DA CRÍTICA

A Crítica em Tensão – Desafios no Contemporâneo

Com Silvana Garcia, Dione Carlos e Daniele Avila Small
19 de março, quarta, 18h-19h30
Centro Cultural São Paulo
Gratuito

Debate sobre os desafios da crítica teatral em tempos de polarização e transformações sociais.

Aula-magMa com Denise Ferreira da Silva

15 de março, sábado, 15h-17h
Teatro do Sesi
Gratuito

A filósofa e artista apresenta uma aula sobre as interseções entre raça, poder e ética.

ENCONTROS ARTISTA EM FOCO

A luta continua na contínua luta

Com André Lepecki
17 de março, segunda, 18h-20h
Goethe-Institut
Gratuito

Reflexão sobre o “não-tempo da luta” na dança e arte de Nora Chipaumire.

Diálogos Indisciplinares

Com Nora Chipaumire, Denise Ferreira da Silva e André Lepecki
16 de março, domingo, pós-apresentação de Dambudzo
Sesc Pompeia

Interlocuções sobre o trabalho de Nora Chipaumire, artista em foco da 10ª MITsp.

Processo em Movimento

Com Nora Chipaumire e Jay Pather
23 de março, domingo, pós-apresentação de acontinua
Sesc Pompeia

Bate-papo sobre o novo trabalho e processo criativo de Nora Chipaumire.

Serviço:

MITsp – Mostra Internacional de Teatro de São Paulo – 10ª Edição
13 a 23 de março de 2025
Ingressos: https://mitsp.org/2025/ingressos-2025/
Outras informações: MITsp 2025

 

 

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Festival Reside Amaro
Uma experiência artística inovadora no Recife

Vizinhos no bairro de Santo Amaro participam de ações artísticas. Foto: Rogério Alves

O Festival Reside Amaro, que ocorre nestes dias 7, 8 e 9 de fevereiro de 2025, é mais que um evento no calendário cultural do Recife; é um manifesto vivo, uma declaração ousada sobre o potencial transformador da arte quando esta pulsa organicamente com o tecido social de uma comunidade.

Paula de Renor, uma produtora cultural com uma visão ousada, sempre sonhou em realizar um festival teatral inovador, diferente dos modelos tradicionais. A inspiração que faltava surgiu quando ela conheceu o trabalho do Teatro Bombón e o conceito de “teatro vecinal” (teatro de vizinhança) da artista argentina Monina Bonelli. Com essa nova perspectiva, Paula uniu forças com Bonelli e o curador Celso Curi para dar vida ao Reside Amaro, um projeto que leva o teatro para o coração do bairro de Santo Amaro, no Recife. Essa proposta única transforma a comunidade no centro pulsante da experiência teatral, promovendo uma colaboração íntima entre artistas e moradores locais para criar performances autênticas e envolventes.

A escolha de Santo Amaro como palco para esta experiência não foi aleatória. O bairro, com sua rica vivência histórica e cultural, serve como um microcosmo perfeito do Recife e, por extensão, do Brasil urbano contemporâneo.

“Santo Amaro é um paradoxo vivo,” aponta Roger de Renor, produtor e ativista cultural e vizinho inspirador. Neste território, casarões coloniais expõem a luta pelo espaço urbano com prédios altíssimos. Comunidades de pescadores, cujas tradições remontam a séculos, convivem lado a lado com startups de tecnologia de ponta.

Esta complexidade sociocultural de Santo Amaro serve como um terreno fértil para o tipo de narrativas plurais que o Reside Amaro busca explorar.

Monina Bonelli_Paula de Renor_Celso Curi._Foto Rogério Alves

O Reside Amaro destaca-se por sua natureza site-specific, onde cada apresentação é cuidadosamente elaborada para se integrar e dialogar com o ambiente específico em que ocorre. Esta técnica transforma espaços cotidianos – desde casas particulares até bares locais – em cenários teatrais singulares, criando uma experiência imersiva tanto para os artistas quanto para o público.

O aspecto comunitário do festival é igualmente central. Ao envolver ativamente os moradores de Santo Amaro no processo criativo, o Reside Amaro opera essa via de mão dupla: traz o teatro para a comunidade, mas também traz a comunidade para o teatro. Esta abordagem resulta em performances que são autênticas reflexões das histórias, culturas e experiências locais.

A maioria das performances é criação original, desenvolvida especificamente para o festival. Outra característica marcante do Reside Amaro é seu caráter processual. Muitas das ações e performances começaram a ser desenvolvidas apenas nas últimas semanas antes do festival. Este curto período de gestação confere às apresentações um frescor e uma espontaneidade raramente vistos em produções teatrais tradicionais. 

“É fascinante ver como as técnicas de teatro comunitário desenvolvidas em Buenos Aires se adaptam e ganham novos significados no contexto de Recife”, observa Monina Bonelli. “Há um diálogo intercultural acontecendo aqui que é verdadeiramente enriquecedor”.

Espetáculos internacionais Rainha, com Maiamar Abrodos e Da Melhor Maneira com Federico Liss e David Rubinstein. Foto: Divulgação

O festival apresenta duas peças argentinas em espanhol com legendas em português. Rainha (Reina en el Gondo), dirigida e escrita por Natalia Villamil e estrelada por Maiamar Abrodos, retrata a vida de uma mulher transgênero idosa no Gondolín, um hotel-refúgio em Buenos Aires, explorando suas memórias e reflexões sobre identidade. Já Da Melhor Maneira (De la mejor manera) é uma obra de Jorge Eiro, Federico Liss e David Rubinstein, dirigida por Eiro e atuada por Liss e Rubinstein. Esta peça acompanha dois irmãos que retornam ao bar da família durante o velório do pai, enfrentando o vazio deixado por sua perda e o desafio de seguir em frente diante de um “abismo silencioso”.

Além das performances, o Reside Amaro tem um forte componente educacional. Alunos do Curso de Interpretação para Teatro do Sesc Santo Amaro estão ativamente envolvidos em todas as etapas do festival, desde a concepção até a execução. Esta iniciativa aprimora o aprendizado dos estudantes, contribuindo para a formação de uma nova geração de artistas.

Com mais de 70 apresentações distribuídas ao longo de três dias, o festival oferece uma programação diversificada e acessível. Todas as apresentações são gratuitas, com ingressos distribuídos uma hora antes de cada sessão. O evento também prioriza a acessibilidade, oferecendo tradução em Libras para várias performances e garantindo que os espaços sejam acessíveis para pessoas com deficiência.

PROGRAMAÇÃO

CASA 1 (Rua Capitão Lima) CENTRAL DE INFORMAÇÕES

Casa 2 Rua (Rua Capitão Lima) LENE CONVIDA
Performance participativa onde Lene estreia um programa de entrevistas intimista. Recebe personalidades para conversas sinceras e inspiradoras sobre Pernambuco.
Dramaturgia/Direção: Giordano Castro, Mateus Condé.
Atuação: Lene Maria.
07/02: 19h30-22h, 08-09/02: 18h30-21h30. Fluxo contínuo.

Casa 3 (Rua Capitão Lima) COMUNHÃO MUSICAL
Espetáculo musical que une diferentes gerações e histórias de vida. Performances de um padre, uma cozinheira e um cantor profissional.
Direção musical: Douglas Duan.
Vozes: Padre Caetano, Alê Maria, Carlinhos Monteverde.
07/02: 19h, 08-09/02: 18h.

Casa 4 (Rua da Piedade) ÁLBUM DOS VIZINHOS
Projeção de retratos que capturam a essência dos moradores da vila. Transformação de memórias em arte, reforçando laços comunitários.
Fotos: Rogério Alves. Coordenação: Ingredy Barbosa.
07/02: 19h30-22h, 08-09/02: 18h30-21h. Fluxo contínuo.

Casa 5 (Rua Capitão Lima) SOM NA RURAL
Festa itinerante que transforma as ruas em palco de celebração. Picadeiro sonoro que constrói novas histórias e memórias.
comunicação: Roger de Renor. DJ: Dj Vibra.
07/02: 22h-23h.

Casa 6 (Travessa do Ferreira) HEY, HEY, HEY! ROBERTO É O NOSSO REI!
Karaokê em homenagem a Roberto Carlos, realizando o sonho de João Paulo. Inclui mural no Beco do Roberto, multiplicando a presença do Rei.
Artista vizinho: João Paulo Silva. Artista ativador: Douglas Duan.
07/02: 20h-22h, 08-09/02: 19h-21h30. Fluxo contínuo.

Casa 7 (Rua da Piedade) ALTA VIGILÂNCIA
Instalação dramatúrgica que explora a cultura da fofoca em Pernambuco. Narradoras compartilham histórias bisbilhotadas na rua Piedade.
Dramaturgia: Newton Moreno. Narradoras: Amanda Menelau, Márcia Luz.
07/02: 20h-22h, 08-09/02: 19h-21h30.

Casa 8 (Rua da Piedade) CASINHA DE ROGÊ
Instalação/performance que convida à intimidade da casa de Roger de Renor. Reflexões sobre cidades horizontais, utopias e memória. Performance: Roger de Renor.
Duração: 30min.
Capacidade: 20 pessoas/sessão.
07/02: 20h e 21h, 08-09/02: 19h e 20h.

Casa 9 (Rua da Piedade) INDO PARA LÁ
Performance documental sobre uma travessia imaginária de barco. Explora conversas, histórias e imagens que permanecem na memória. Direção: Quiercles Santana. Atuação: Clau Barros, Dorgival Fraga. Duração: 30min. Capacidade: 20 pessoas/sessão. 07/02: 20h e 21h, 08-09/02: 19h e 20h.

Casa 10 (Rua da Piedade) PRONTA PRA GUERRA; PULANDO FOGUEIRAS E DECORANDO O TEXTO COM FUXICOS
Performance inspirada na vida de Joana d’Arc e Ivete Alves de Mesquita. Explora a luta pela existência através de costura, fuxicos e memórias.
Dramaturgia/Encenação: Anderson Leite.
Atuação: Augusta Ferraz.
Duração: 30min.
Capacidade: 20 pessoas/sessão. 07/02: 20h30 e 21h30, 08-09/02: 19h30 e 20h30.

Casa 11 (Rua da Piedade) NO FRIGIR DOS OVOS TUDO TEM SOM
Performance documental que explora os sons e aromas da cozinha. Inspirada na vida de Geraldo Maximiano de Lima, o Rei do Omelete.
Direção: Quiercles Santana. Atuação: Djalma Albuquerque, Anne Andrade, Lua Alves.
Duração: 30min.
Capacidade: 20 pessoas/sessão.
07/02: 20h30 e 21h30, 08-09/02: 19h30 e 20h30.

Casa 12 (Rua Capitão Lima) SABOR DO DESTINO
Audioguia e experiência sensorial baseada na vida de Detinha. Percurso sonoro guiado pelos sabores, com participantes de olhos vendados.
Dramaturgia/Direção: Júnior Sampaio.
Narração: Fabiana Pirro.
Duração: 30min.
Capacidade: 20 pessoas/sessão.
07/02: 20h e 21h, 08-09/02: 19h e 20h.

Casa 13 ((Rua Capitão Lima) RITO DE PASSAGEM
Performance em movimento conduzida por HBlynda até a casa de Reina. Compartilha desafios enfrentados na jornada de reafirmação de identidade.
Criação/Performance: HBlynda Morais.
Duração: 30min.
Capacidade: 30 pessoas/sessão.
08-09/02: 19h.

Casa 14 (Rua Capitão Lima) AMARO
Exibição do curta-metragem desenvolvido durante a residência do festival. Retrata um dia na vida de Amaro, homem emocionalmente contido.
Roteiro/Direção: Diogo Cabral.
09/02: 19h-21h. Fluxo contínuo.

Casa 15 (Rua Capitão Lima) RECEITA PARA CONTAR HISTÓRIAS
Performance documental sobre histórias familiares e receitas. Mistura memórias do Maranhão a Pernambuco através do doce de banana.
Dramaturgia/Direção: João Pedro Pinheiro, Larissa Pinheiro. Com: Lannje Falcão, Aurian Falcão.
Duração: 30min.
Capacidade: 20 pessoas/sessão.
07/02: 20h30 e 21h30, 08-09/02: 19h30 e 20h30.

Casa 16 (Rua Capitão Lima, 410) UMA DOR MENOR
Teatro documental sobre impasses de um enterro familiar. Explora o conflito entre luto pessoal e cerimônia pública de um político.
Dramaturgia/Atuação: Ivana Moura.
Direção: Luiz Felipe Botelho.
Duração: 30min.
Capacidade: 20 pessoas/sessão.
07/02: 20h30 e 21h30, 08-09/02: 19h e 20h30.

Casa 17 (Rua Capitão Lima, 408) RAINHA
Peça argentina sobre a vida de uma mulher transgênero idosa. Explora memórias e reflexões sobre identidade no hotel Gondolín.
Dramaturgia/Direção: Natalia Villamil. Atuação: Maiamar Abrodos.
Duração: 60min.
Capacidade: 30 pessoas/sessão.
08-09/02: 19h30.

Casa 18 (Rua Capitão Lima – auditório da TV Jornal) NOS BASTIDORES DOS PROGRAMAS DE AUDITÓRIO: CONHEÇA A HISTÓRIA DA TV JORNAL
Vídeo que relembra 65 anos da TV Jornal pernambucana. Destaca programas de auditório e participações importantes.
Criação/Produção: TV Jornal.
Duração: 5min. Capacidade: 20 pessoas/sessão.
07/02: 19h, 19h15, 19h30 e 19h45.

Casa 19 (Rua Capitão Lima) CASAR, PARA QUE?
Quadrilha que desafia superstições sobre casamento. Celebra o casamento de dona Neta e Luiz com pompa e circunstância.
Direção/Coreografia: Mônica Lira. Casal: Erivonete Barbosa, Luiz Elias.
08/02: 21h30-23h.

Casa 20 (Rua Capitão Lima – na rua) BOI MARINHO
Cortejo que mistura tradições populares, com destaque para o Cavalo Marinho. Ativação com alunos da Escola Sylvio Rabello e vizinhos.
Mestre/Direção: Helder Vasconcelos. Contra mestra: Laura Tamiana.
09/02: 18h-18h40.

Casa 21 (Rua Capitão Lima – Restaurante Casa Capitão) DA MELHOR MANEIRA
Peça argentina sobre dois irmãos lidando com a perda do pai. Explora o luto e o desafio de seguir em frente após uma perda.
Dramaturgia: Jorge Eiro, Federico Liss, David Rubinstein. Direção: Jorge Eiro.
Duração: 60min.
Capacidade: 30 pessoas/sessão.
08-09/02: 20h.

FICHA TÉCNICA

Idealização
Monina Bonelli

Criação
Monina Bonelli e Celso Curi

Artista criador convidado
Quiercles Santana

Curadores
Paula de Renor e Celso Curi

Vizinho inspirador
Roger de Renor

Vizinha embaixadora
Ingredy Barbosa

Assistente de criação
Márcio Allan

Artistas convidados
Álefe Passarin, Amanda Menelau, Anderson Leite, Augusta Ferraz, Bailarinos da Quadrilha Evolução (Damas – Giovanna Seabra Paiva Carneiro, ⁠Hellen Cavalcante, Perollah Hair, Rayssa Gomes de Vasconcelos, Thadgya Dos Santos Silva e Thais Maely Sidronio. Cavalheiros – Adones Vasconcelos, Aleson Willam Souza, Anthony Matheus de Aquino, Lourival Rodrigues, Rodrigo de Oliveira e ⁠Wladiel Queiroz), Boris Trindade Júnior (palhaço Tapioca), Carlinhos Lua, Carlinhos Monteverde, Carlos Santos, Clau Barros, David Rubinstein, Dj Vibra, Douglas Duan, Fabiana Pirro, Federico Liss, Giordano Castro, HBlynda Morais, Helder Vasconcelos e o Boi Marinho, Ivana Moura, Jeison Wallace, Jerlane Silva (palhaça Bilack), João Pedro Pinheiro, Jorge Eiro, Júlio Brito, Júnior Sampaio, Jurema Fox, Kleber Santana, Larissa Pinheiro, Luiz Felipe Botelho, Maiamar Abrodos, Mônica Lira, Natalia Villamil, Newton Moreno, Pinho Fidelis, Rafael Chamié e Roger de Renor.

Vizinhos artistas
Alê Maria, Alice Barbosa, Aurian Falcão, Dorgival Fraga (Paizinho), Erivonete Barbosa (dona Neta), Everton de Holanda Júnior, Geraldo Maximiano de Lima (Rei do Omelete), Ivete Alves de Mesquita, Joana d’Arc Dantas Mesquita, João Paulo Silva, Lannje Falcão, Lene Maria, Ligia Vieira, Luiz Elias, Maria José (dona Detinha), Maria Laura (Laurinha), Padre Caetano e Thiago Santos.

Artistas Residentes
Alunos do CIT / Sesc Santo Amaro – Anne Andrade, Bibi Santos, Caví Baso, Diogo Cabral, Djalma Albuquerque, Fanny França, Lua Alves, Márcio Allan e Mateus Condé.

Beco do Roberto
Produção: Arte da Imagem Produções
Apoio: Gabinete de Inovação Urbana

Fotos álbum dos vizinhos
Rogério Alves

Fotos registro
Gianny Melo

Fotos e vídeos making of
Ivo Barreto e Wesley Kawaai

Comunicação comunitária
Djalma Albuquerque

Designer
Clara Negreiros

Assessoria de imprensa
Márcio Bastos

Gestão de redes sociais
Cognos Comunicação – Luiza Maia e Tiago Barbosa

WebDesigner / Front-End
Sandro Araújo (SandroWeb)

Acessibilidade comunicacional
CENTRAE

Coordenador de produção
Ivo Barreto

Produção
Remo Produções Artísticas
Paula de Renor e Wesley Kawaai

Assistente de produção
Elias Vilar

Coordenador técnico
Eron Villar

Assistente técnico
Caví Baso

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