Arquivo da categoria: Críticas

Bote a mão na consciência desde criança
Crítica de “O Estado do Mundo…”
7ª edição MIRADA

O ator Edi Gaspar manipula pequenos objetos com projeção na tela. Foto: Divulgação

O Estado do Mundo (Quando Acordas), uma produção do grupo português Formiga Atômica, flerta com  a tradição do teatro engajado, utilizando a arte como meio de conscientização social. Focada principalmente no público infantojuvenil, a encenação aborda a urgente crise climática, mostrando-se ousada, oportuna e necessária no contexto atual. A obra dialoga em algum grau com o movimento projetado por Greta Thunberg, reconhecendo o poder dos jovens na luta contra as mudanças climáticas.

O espetáculo propõe uma análise sobre a situação do mundo em seus diversos aspectos: natural, político, geográfico, social, histórico, econômico e humano. O ator Edi Gaspar desenvolve um monólogo progressivamente envolvente, situado em uma esfera gigante que representa um meteorito ou um planeta, concebida pelo cenógrafo Eric da Costa. Ao lado, uma tela de projeção circular permite ao público visualizar em detalhes – através de uma câmera operada por Edi – todas as miniaturas que ilustram grandes catástrofes ambientais: o desmatamento da Amazônia, o mar de plástico na Malásia, a poluição atmosférica na China, entre outras. 

O texto de Inês Barahona e Miguel Fragata mescla o cotidiano com o fantástico. A jornada de Edi, o protagonista de 8 anos, serve como dispositivo narrativo para abordar conceitos complexos de forma acessível.

O Estado do Mundo (Quando Acordas) explora a responsabilidade ambiental e o impacto global dede ações cotidianas. O espetáculo joga com a relação entre pequena e grande escala, entre o individual e o coletivo, lembrando do papel de objetos comuns em potenciais catástrofes naturais. A encenação investiga questões cruciais, como a extensão da influência de itens do dia a dia em desastres ambientais de larga escala e como nossas ações locais repercutem em regiões distantes do planeta. 

O T-Rex surge como símbolo de resistência, convocando as crianças para uma guerrilha simbólica. O meteorito, com aberturas articuladas, revela diferentes geografias protagonizadas por outras crianças ao redor do mundo.

A peça colocar em cena relações de causa-efeito entre gestos aparentemente insignificantes e suas amplas consequências. Foto: Divulgação

Embora a peça apresente uma abordagem criativa e eficaz para simplificar questões socioambientais complexas, é importante reconhecer que esta simplificação pode resultar em uma visão excessivamente otimista da realidade. A ideia de responsabilidade compartilhada entre indivíduos, empresas e Estados merece um escrutínio mais aprofundado, considerando as intricâncias do sistema capitalista global e os interesses econômicos enraizados. Essa perspectiva subestima o poder de grupos de interesse, lobbies corporativos e dinâmicas geopolíticas que frequentemente se sobrepõem aos desejos da população em geral.

Mesmo que Brasil e Portugal compartilhem a mesma língua oficial, as variações linguísticas entre o português brasileiro e o português europeu podem ser substanciais. Essas diferenças não se limitam ao vocabulário, mas incluem pronúncia, entonação, ritmo e até construções gramaticais. Isso pode resultar em barreiras de compreensão, especialmente em contextos onde a clareza e a imediaticidade da comunicação são cruciais, como no teatro.

Isso aconteceu apresentação do espetáculo do Grupo Formiga Atômica. A quantidade de texto, a velocidade da fala do ator e seus acentos lusitanos criaram dificuldades de entendimento para as plateias brasileiras. Qual seria a solução para uma situação dessas? Utilizar legendas projetadas em português brasileiro durante a apresentação? Não tenho respostas, mas perguntas. O que aconteceu foi uma dispersão do público infantil nos momentos mais textuais.

Montagem do grupo português Formiga Atômica. Foto: Divulgação

As ações e, principalmente, as execuções dos jogos com as miniaturas filmadas mostrando as catástrofes magnetizaram a plateia. A incorporação de projeções de vídeo e filmagem ao vivo, procedimento utilizado em algumas encenações contemporâneas, enriquece visualmente a montagem e ressalta a velocidade digital em que vivemos. Esse recurso reflete um mundo onde eventos globais são transmitidos em tempo real, funcionando de maneira eficaz no contexto desta montagem.

O Estado do Mundo (Quando Acordas) demonstra como o teatro infantil pode abordar temas complexos de forma acessível e envolvente. Apesar dos desafios linguísticos e de alguma simplificação, a peça consegue plantar sementes importantes para a conscientização ambiental, estimulando o pensamento crítico e o engajamento do público infantojuvenil.

 

FICHA TÉCNICA
Encenação: Miguel Fragata
Texto: Inês Barahona e Miguel Fragata
Interpretação: Edi Gaspar
Cenografia: Eric da Costa
Figurinos: José António Tenente
Música original: Fernando Mota
Desenho de luz: José Álvaro Correia
Vídeo: João Gambino
Adereços: Eric da Costa, José Pedro Sousa, Mariana Fonseca e Rita Vieira (design gráfico)
Maker: Guilherme Martins
Construção de cenografia: Gate7
Direção técnica: Renato Marinho
Consultoria: Henrique Frazão
Produção executiva: Luna Rebelo e Ana Lobato
Produção: Formiga Atómica
Produção no Brasil: Sendero Cultural | Adryela Rodrigues
Assistente de produção no Brasil: Robson Emílio
Assessoria jurídica no Brasil: Carnide, Rodrigues e Souza Sociedade de Advogados
Coprodução: LU.CA – Teatro Luís de Camões, Comédias do Minho, Materiais Diversos e Théâtre de la Ville  

A Formiga Atómica é uma estrutura apoiada pelo Ministério da Cultura | Direção-Geral das Artes  

www.formiga-atomica.com | @formiga.atomica.ac

 

A jornalista Ivana Moura viaja a convite do Sesc São Paulo

 

O Satisfeita, Yolanda? faz parte do projeto arquipélago de fomento à crítica,  apoiado pela produtora Corpo Rastreado, junto às seguintes casas : CENA ABERTA, Guia OFF, Farofa Crítica, Horizonte da Cena, Ruína Acesa e Tudo menos uma crítica

 

Postado com as tags: , , , , , , , , , ,

Ilusões perdidas
Crítica do espetáculo “Esperanza”
7ª edição MIRADA

A visualidade da cena é sombria, soturna. Foto: Paola Vera / Divulgação

Esperanza, uma colaboração entre a diretora Marisol Palacios e o dramaturgo Aldo Miyashiro, propõe-se a ser um retrato crítico da sociedade peruana dos anos 1980, focalizando uma família de classe média em Lima. Fico a pensar de qual ou de quais esperanças eles estão se referindo desde o título. Da a ideia da “esperança concreta”, uma força motriz para a mudança social e política inspirada em Ernst Bloch? Uma chama que ilumina a escuridão, uma energia que sustenta a luta pela justiça e pela liberdade, poetizada por Pablo Neruda? Ou a crítica de Nietzsche, que considera a esperança uma ilusão que prolonga o sofrimento? Ou mesmo numa interpretação livre do termo, uma expectativa matemática, que pode ser referida como “valor esperado” ou “esperança matemática”, da Teoria das Probabilidades, de William Feller? Ou nos voltamos para as articulações de Paulo Freire, que faz uma distinção entre “esperança” (passiva) e “esperançar” (ativa)? Para Freire, a esperança passiva é uma espera por algo que pode ou não acontecer, enquanto “esperançar” é uma ação ativa, uma prática que envolve luta e transformação social.

O núcleo da trama gira em torno da visita iminente de um candidato a prefeito, evento que o patriarca vê como sua chance de salvação. Essa personagem encarna a busca por uma saída individualizada diante de uma situação que atinge a população de seu país – de violência e miséria econômica. . Sua obsessão em oferecer um banquete, quando a família mal tem o que comer no dia a dia, exemplifica como a busca por “salvar a pele” pode cegar alguém para as necessidades reais e imediatas.

O espetáculo teatral se desenrola no interior dessa casa de classe média em Lima, Peru, ao longo de um único dia. No cenário vemos mesa e cadeiras, ao fundo a cozinha, uma televisão de tubo, sofá, telefone, uma escada que leva ao primeiro andar, uma porta. A motiv-ação, a força que faz o dia caminhar e esse almoço organizado pelo pai da família para um político aguardado em vão. O pai, empolgado com a perspectiva ilusória de ascensão social, não percebe o caos que consome e deteriora as relações familiares.

O clima tenso dentro de casa reflete um período histórico específico marcado por expectativas de dias melhores, às voltas com a carestia e uma crescente violência no país. Os gestos largos do pai são confrontados com os gestos pequenos da mãe e dos filhos. Enquanto o pai se perde em seus delírios de grandeza, forçando sua esposa a situações humilhantes para conseguir ingredientes fiado nos armazéns da vizinhança, um drama silencioso permeia o lar: o filho caçula está desaparecido. 

A esposa projeta cenas românticas que vê na televisão. Foto: Divulgação

Esperanza, uma peça que prometia mergulhar nos complexos tecidos sociais e familiares do Peru dos anos 80, mas não chega como uma análise penetrante das suas dinâmicas. Apesar de momentos de insight e ambições louváveis, a peça frequentemente se mostra esticada, como se tivesse vocação para um conto e foi apresentada como romance.

Mesmo com um elenco talentoso e afiado, formado por Lucho Cáceres, Julia Thays, Diego Pérez e Brigitte Jouannet, o jogo teatral não aparece pleno. Enquanto as atuações são competentes, os personagens muitas vezes se sentem unidimensionais, limitados por um roteiro que não lhes permite desenvolver plenamente.

O patriarca é retratado de maneira quase caricatural, servindo como uma demonstração exagerada de masculinidade tóxica. Esta escolha, embora possa visar a crítica social, acaba por reforçar as normas de gênero prejudiciais, sem oferecer uma reflexão crítica ou alternativas.

A luta da esposa pela sobrevivência da família seria um ponto de partida promissor para discutir a resistência feminina. No entanto, a peça relega essa personagem a um papel secundário, negligenciando a profundidade de sua experiência e a complexidade de sua resistência. A esposa projeta cenas românticas que vê na televisão, mas sua história não é explorada em profundidade.

As personagens da peça parecem presas numa espera passiva por mudanças, mesmo que haja tentativas frustradas de ação, como os esforços da família para lidar com o desaparecimento do caçula, ou nas investidas anuladas do filho ou da filha de ir embora. O desaparecimento do filho mais novo, um evento potencialmente catalisador para uma crítica social profunda, é minimizado pela obsessão do pai com a visita do político. 

Embora Esperanza capture efetivamente a estética dos anos 80, essa escolha parece inclinar-se para uma nostalgia restaurativa, que busca reconstruir o passado perdido sem questionar na cena suas convulsões sociais e políticas. A direção de Marisol Palacios enfrenta o desafio de tecer juntos os diversos fios temáticos e narrativos de Esperanza. Em alguns momentos, a peça brilha, oferecendo vislumbres do poder que poderia ter se esses elementos fossem mais habilmente entrelaçados.

No entanto, a coesão geral sofre devido a uma abordagem que, em alguns pontos, parece hesitante ou inconsistente. Esperanza é uma obra que, apesar de suas boas intenções e momentos de clareza temática, luta para realizar plenamente seu potencial. A peça se encontra em uma encruzilhada entre a ambição de abordar questões de grande peso social e político e a capacidade de fazê-lo de maneira que ressoe verdadeiramente e com pontes com o presente também sombrio.

FICHA TÉCNICA
Dramaturgia: Marisol Palacios e Aldo Miyashiro
Direção: Marisol Palacios
Elenco: Lucho Cáceres, Julia Thays, Diego Pérez e Brigitte Jouannet
Direção de arte: Micaela Cajahuaringa
Música e design de som: Manolo Barrios e Wicho García
Coordenação de comunicação: Gabriela Zenteno
Coordenação técnica: Juan Escudero
Coordenadora de teatro: Melissa Ramos
Produção geral: Centro Cultural PUCP
Produção executiva: Mariana Baumann
Fotografia cênica: Paola Vera
Operação de luz e som: Christopher Choton e Ari Gume Escobar
Técnica: Richard Sermeño e Baldemiro Negreros
Design gráfico: Shessira Villalobos
Coordenação técnica no Brasil: Melissa Guimarães
Equipe técnica no Brasil: Elaine Batista Silva, Maria Rosa Cangelle Lopes e Sibila Gomes dos Santos
Cenotecnia: Divadlo Produções | Julio Dojcsar
Produção Executiva no Brasil: Jennifer Souza e Jéssica Turbiani   
Direção de Produção no Brasil: SIM! Cultura | Daniele Sampaio 

 

A jornalista Ivana Moura viaja a convite do Sesc São Paulo

 

O Satisfeita, Yolanda? faz parte do projeto arquipélago de fomento à crítica,  apoiado pela produtora Corpo Rastreado, junto às seguintes casas : CENA ABERTA, Guia OFF, Farofa Crítica, Horizonte da Cena, Ruína Acesa e Tudo menos uma crítica

Postado com as tags: , , , , , , , , , , , ,

Um Espetáculo de Energia e Tradição
Crítica de “El Teatro es un Sueño”

El teatro es un sueno, do grupo peruano Yuyachkani. Foto: Adauto Perin / Divulgação

A jornalista Ivana Moura viaja a convite do Sesc São Paulo

 

El Teatro es un Sueño, do grupo peruano Yuyachkani, é uma celebração crítica do teatro, que utiliza elementos culturais e históricos para criar uma experiência de reflexão e comemoração coletiva. Na abertura do MIRADA – Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas, em Santos, na quinta-feira (05/09), a peça eletrizou o público, que participou ativamente com os chamados das personagens mascaradas, dançando e cantando junto, ouvindo e aplaudindo as referências à liberdade e à democracia.

O impacto das figuras com máscaras maximiza-se na entrada com a execução de um frevo rasgado, aquele ritmo pernambucano que aciona mecanismos de alegria no corpo. Em seguida, outras sonoridades igualmente contagiantes da região andina, como a cumbia e outras danças e músicas, tomam conta do ambiente. O Yuyachkani explora os espaços limiares dos rituais e das festas populares, trazendo para o centro da cena elementos da genealogia da história recente do Peru. A peça é composta de fragmentos, de retalhos de outras encenações, o que pode tanto ampliar a experiência quanto causar uma sensação de desconexão para alguns espectadores.

A interação com a plateia em El Teatro es un Sueño é central para a proposta de Yuyachkani, que vê o teatro como um espaço de encontro e jogo coletivo. O público é ativamente convidado a participar, refletir e celebrar, criando uma experiência compartilhada.

As sessões no Mirada contaram, além dos peruanos, com artistas brasileiros que participaram da oficina-montagem no Brasil. A colaboração entre atrizes e atores peruanos e brasileiros valorizou a dimensão intercultural da proposta de encontro e confraternização coletiva do Yuyachkani.

Dois intérpretes, uma atriz e um ator brasileiros, fazem traduções pontuais do que está sendo dito em espanhol, facilitando a compreensão para o público local. Momentos especiais incluem as músicas cantadas pelas estrelas da companhia, com forte conotação política de que estamos sempre em luta.

Inicialmente planejado para ocorrer na praça em frente ao SESC Santos, a apresentação foi transferida para uma área de convivência da entidade devido à ameaça de chuva. Isso se repetiu no dia seguinte pelo mesmo motivo, com o tempo chuvoso. A mudança de espaço trouxe dificuldades como a acústica e o eco, as barreiras de concreto para a evolução dos movimentos e a acomodação das pessoas, que precisaram se deslocar algumas vezes para a passagem dos atores ou dos cenários, como carroças, etc.

A mudança de local afetou a qualidade da apresentação, e a acústica prejudicou a clareza das falas e músicas. Além disso, a estrutura fragmentada da peça pode ter causado uma sensação de desconexão para alguns espectadores, dificultando a compreensão da narrativa como um todo. Mas mesmo com tudo isso, o tom festivo prevaleceu. 

A terceira sessão do espetáculo, no sábado, ocorreu no Emissário Submarino, um parque na divisa de Santos com São Vicente. Nesse local, o espetáculo pôde realizar de forma mais plena suas evoluções das personagens aristocráticas decadentes e anacrônicas, a intervenção dos diabos e dos anjos, o coro de papagaios e as escolhas estéticas do confronto entre os mundos mítico e onírico com as ações cotidianas e corriqueiras. Esse ambiente permitiu uma fruição mais completa da peça, destacando a homenagem ao teatro.

O Yuyachkani é um dos grupos teatrais mais longevos da América Latina.

Ao longo de seus 53 anos de trajetória, o grupo cultural Yuyachkani tem recriado uma genealogia da história recente do Peru, utilizando o teatro como uma ferramenta poderosa para a crítica social e a exaltação cultural. Influenciado por figuras como Augusto Boal, criador do Teatro do Oprimido, pelo teatro de Bertolt Brecht e pela própria investigação estética do seu território, o grupo desenvolveu uma experiência artística marcada por uma vocação popular e um compromisso ccom os avanços  sociais e políticos do campo democrático. 

Dentre suas montagens mais significativas estão: La madre (1974), de Brecht; Allpa Rayku, Por la tierra (1978), uma criação coletiva que reflete sobre as lutas pela terra em um contexto de democracia e reforma agrária, enriquecida por uma profunda conexão com elementos culturais andinos; Los músicos ambulantes (1983), um sucesso duradouro que apresenta uma versão livre de Os músicos de Bremen, dos Irmãos Grimm, e de Os saltimbancos, de Chico Buarque; Pishtaco (1988), que marcou a inauguração de sua sala em Magdalena del Mar; Hasta cuándo corazón (1994), uma revisão das estratégias políticas e culturais diante do discurso neoliberal e do terror; Antígona (2000), um monólogo com texto de José Watanabe. As obras Hecho en el Peru: Vitrinas para un museo de la memoria (2001) e Sin título, técnica mixta (2004), exploram a instalação como uma forma de compreender a presença e interagir com a complexa realidade peruana.

A trajetória do Yuyachkani é um testemunho da determinação artística e da capacidade de adaptação do grupo frente às adversidades. Suas produções inspiram uma reflexão crítica sobre a sociedade contemporânea do país, com suas contradições. El Teatro es un Sueño,  faz uma celebração da arte teatral como um espaço de resistência, encontro e apostas na utopia de mudanças sociais. 

Ficha Técnica

Roteiro e Direção: Miguel Rubio Zapata
Assistente de Direção:  Milagros F. Obando
Produção:  Milagros Quintana, Socorro Naveda
Coordenação Técnica: Alejandro Siles
Assistência Técnica: Jorge Rodríguez Chipana, Teófilo Sánchez, Abraham Silva
Direção Plástica: Segundo Rojas
Apoio Musical:  La Bendita
Direção Musical: Coro Martín Choy
Direção:  Marco Iriarte
Elenco: Rebeca Ralli, Teresa Ralli, Débora Correa, Ana Correa, Julián Vargas, Augusto Casafranca, Miguel Rubio, Milagros F. Obando, Daniel Cano, Ricardo Delgado, Gabriella Paredes, Silvia Tomotaki, Raúl Durand, Miriam Sernaqué, Igor Moreno, Augusto Montero, Segundo Rojas, Vinatea Reynoso Comparsa, Coro Marco Iriarte, La Bendita (Alejandro Siles Vallejos, Daniel Cano, Eduardo Navarro, Julián Vargas, Martín Choy, Milagros F. Obando, Rafael Ávalos Saco)
Artistas Brasileiros: Ana Célia Martins, Alê Fernandes, Allegra Ceccarelli, Arielle Barbosa, Bruno Fracchia, Carlos Becker, Carolina Angrisani, Carolina Rainho, Carolina Braga, Caroline Pessoa, Douglas Souza, Eleonora Artysenk, Elly Gomes, Fellipe Tavares, Gabriel Carrasco, Gustavo Curado, Henrique Nascimento, Julia Prudêncio, Júlia Ohana, Ketty Tassa, Lucas Sellera, Maikon Marinho, Patricia Garibaldi, Pauli Karlovic, Pérola Henríquez, Rafael Petito, Raquel Nascimento, Renata Pa, Rodrigo Alves, Rodrigo Konda, Sabrina Andrade, Sandra Bonomini, Thais Miranda
Banda Convidada: Quizumba Latina
Direção Musical no Brasil: Ugo Castro Alves
Produção Executiva no Brasil: Gustavo Valezi (Cult_B)
Produção no Brasil: Alice Mogadouro, Giovanna Zottis
Assistência Cênica e Produção Local: Criis Almeida, Mariana Procopio
Adaptação de Figurino e Adereços no Brasil: Zizi Lúcio, Norma Lúcio da Rocha
Coordenação Técnica no Brasil: Eduardo Albergaria
Técnicos no Brasil: Pedro Romão, Henrique Manchuria
Administrativo e Financeiro no Brasil: Giselle Bastos
Representação e Direção de Produção no Brasil: AFLORAR CULTURA – Cynthia Margareth

 

O Satisfeita, Yolanda? faz parte do projeto arquipélago de fomento à crítica,  apoiado pela produtora Corpo Rastreado, junto às seguintes casas : CENA ABERTA, Guia OFF, Farofa Crítica, Horizonte da Cena, Ruína Acesa e Tudo menos uma crítica

 

Postado com as tags: , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , ,

Jornada de resistência e busca por liberdade
Crítica da peça Alguém pra fugir comigo

Espetáculo recifense Alguém para fugir comigo. Foto: Ivana Moura

Alguém pra fugir comigo é um espetáculo de estrutura fragmentada e não linear, do Resta 1 Coletivo de Teatro, do Recife, que expõe diversas formas de opressão e de resistência em diferentes tempos – desde o “período escravocrata” até os dias atuais. A peça tem apelos de humanidades perdidas; ou clamor desesperado de que seja possível encontrar algum fio que leve ao coração das trevas.

Como se configuram os dispositivos da montagem, a peça parece abraçar as ideias de Chimamanda Ngozi Adichie sobre a importância de contar histórias e de evitar o perigo da história única.

Seus personagens, figuras ou flashes humanos são pobres e oprimidos, e a opção da montagem é a partir do olhar de luta delas e deles. Com isso, oferece ao público uma tapeçaria complexa de experiências de pessoas subalternizadas pelo sistema de ontem e de hoje. Pois como diz Adichie, “histórias importam”.

Montado em 2016, o que resultou na formação do Resta 1 Coletivo de Teatro, Alguém pra fugir comigo atravessou o pós-golpe de Dilma Rousseff, sobreviveu à pandemia, e respirou aliviado depois de quase sumir com ações diretas e indiretas do pior presente do Brasil. Isso está encarnado no corpo dos atores, nos fluxos de tensões e distensões da encenação. Nos quadros que se articulam entre si há encaixes perfeitos e outros que não se acomodam, gritam isoladamente.

A encenação de Analice Croccia e Quiercles Santana, corajosa e pulsante, desafia ao seu jeito, as convenções teatrais, mesclando diferentes estilos e abordagens narrativas. É uma trama que perpassa diferentes tempos e tipos, rasgando temas como desigualdade, resistência, injustiças e afetos. A origem conceitual e os disparadores vêm de textos políticos, líricos, filosóficos; relatos de fatos verídicos e imaginários.

Nessa estrutura estilhaçada se enroscam diferentes épocas e perspectivas. Desde a fuga de Liberdade, uma escravizada que busca escapar dos abusos da casa-grande, até reflexões sobre nossa cidadania vez por outra ameaçada, a peça mexe um caldo de experiências.

Há imagens extremamente potentes, poéticas, comoventes. Existe uma entrega na atuação do elenco, composto por Analice Croccia, Ane Lima, Caíque Ferraz, Clau Barros, Pollyanna Cabral, Raphael Bernardo e Wilamys Rosendo. Eles “abraçam” tipos cotidianos em situações extremas e performance mais autoral. Mas há quebras, uns hiatos, umas ruínas expostas que se apresentam febris, mas podem cair em fragilidades.

A direção musical e o desenho de som de Kleber Santana, combinados com a iluminação de Luciana Raposo e o figurino simples em tons pastéis, criam uma atmosfera envolvente. Os trechos musicados e coreografados são carregados de poética onírica.

Personagens questionam como conquistar a liberdade. Foto: Ivana Moura

A peça provoca uma gama de emoções no público, desde risos frouxos com o vocabulário escatológico de algum personagem até momentos de profunda reflexão e comoção. Minha amiga Inocência Galvão foi às lágrimas na sessão de 15 de agosto, no Teatro Apolo.

O grupo vai abrindo caminho em busca de uma linguagem própria. Mas soa como uma provocação/cilada o aviso do elenco de que “não há nada de novo ali” e que o público não deve esperar “isso” e “aquilo”. Pareceu-me um jogo de palavras para trazer o niilismo do quadro difícil que o teatro pernambucano enfrenta há anos e que só piorou. Cria um sentido dúbio sobre a obra. E não sei se devolve o efeito esperado pelos criadores/criadoras da cena.

Até porque, o espetáculo propõe uma escuta cúmplice, empática, de quem está à beira do abismo, de quem não suporta mais tanta pressão, dos momentos em que o mundo espreme tanto que quase não sobra fôlego para viver. E como alimentar a coragem, eles vão perguntando e vendo a resposta adiada.

Alguém pra fugir comigo evita oferecer respostas simplistas ou conforto imediato. Mas mesmo assim, relembra que é fundamental o exercício do afeto, da empatia e da solidariedade, especialmente em tempos de turbulência e incerteza. Talvez por a cena ser dura, com episódios cruéis, sinalize para esse caminho de humanidade.

A direção Analice Croccia e Quiercles Santana. Foto: Ivana Moura

O conceito de fuga é central na encenação, servindo como metáfora para a busca por liberdade e autodescoberta. A peça questiona: “Quando fuga virou sinônimo de liberdade? Justiça é sinônimo de liberdade? Estar livre é o mesmo que estar liberto?” Estas perguntas provocativas convidam o público a refletir sobre o verdadeiro significado de liberdade em diferentes contextos históricos e pessoais.

Através de personagens como Liberdade, a peça explora questões de identidade e pertencimento. A pergunta “Essas são nossas terras e origens?” ressoa profundamente, especialmente no contexto da história brasileira e sua herança colonial.

A direção de Analice Croccia e Quiercles Santana cria um jogo teatral dinâmico, mas com andamentos diferentes, da agilidade à lentidão. O uso de elementos simbólicos, como as malas carregadas pelos atores, funciona como metáfora para as bagagens emocionais e históricas que todos carregamos.

Como a própria peça sugere, qualquer dia desses você pode estar mais frágil e precisar de uma mão, de um braço, de um colo, de um abraço, de um empurrão. Talvez seja bom não esquecer disso.

FICHA TÉCNICA
Atuantes:
@analicecroccia
@ane_clima
@claubarros__
@pedrocaiqueferraz
@pollycabral
@rapha_berna
@wilamysrosendo

Operação de luz de @lucianaraposoluz
Pesquisa musical e execução de @klebersantana_bill
Direção de movimento de @patricia.costabailarina
Preparação de canto de @katarinamenezescanto
Texto de Ana Paula Sá e Quiercles Santana
Encenação de Analice Croccia e @quiercles

Postado com as tags: , , , , , , , , , , , ,

Epifania coletiva
Algumas reflexões sobre o espetáculo
Fernanda Montenegro lê Simone de Beauvoir

Fernanda Montenegro do Ibirapuera. Foto: Reprodução

Sim, foi uma noite memorável. Este domingo, 18 de agosto de [ano], entrou para a história do teatro brasileiro com a performance de Fernanda Montenegro lendo Simone de Beauvoir no Auditório Ibirapuera – Oscar Niemeyer. A apresentação foi simultaneamente transmitida na parede traseira do prédio para 15 mil espectadores no parque. O contraste entre a intimidade da leitura e a grandiosidade do espaço aberto criou uma atmosfera única e inesquecível. Quase um show de rock, sem rock in roll, mas com filosofia, literatura, teatro, afetos e outras coisinhas, um espetáculo eletrizante, liberdade na veia.

Confesso que o que me inquietava com Fernanda Montenegro lê Simone de Beauvoir para uma multidão no Parque Ibirapuera era que a ação do marketing do banco Itaú  dissipasse a essência teatral, a artesania, o impacto emocional nos espectadores. Enfim, pasteurizasse o ritual.

Por 75 minutos a arte vibrou plena em primeiro plano, que até ingenuamente esqueci da natureza do capital. Com o patrocínio do Itaú, (que sabe que a cultura é um bom negócio), a arte imperou lindamente. Por ser Fernandona imensa, por tudo que ela representa para este país e para a cultura, a política, a cidadania. Por sua postura coerente, por ela estar no imaginário do povo brasileiro como Zulmira (A Falecida, 1965), Romana (Eles Não Usam Black-Tie, 1981), Madame Carlota (A Hora da Estrela, 1985), Dona Margarida (O Que É Isso, Companheiro?, 1997), Dora (Central do Brasil, 1998, papel pelo qual foi indicada ao Oscar), Nossa Senhora (O Auto da Compadecida, 2000), Leocádia Prestes (Olga, 2004), Tránsito Arriza (O Amor nos Tempos do Cólera, 2007), Bibiana Terra Cambará (O Tempo e o Vento, 2013), Dona Matilde (O Beijo no Asfalto, 2018), Eurídice Gusmão (A Vida Invisível, 2019),  Carminha (Piedade, 2021), Eunice Paiva (Ainda Estou Aqui, 2024), para citar alguns filmes.          

Ou das novelas / séries Júlia Albuquerque Soares Camargo (Sangue do Meu Sangue, 1969), Sílvia Toledo (Baila Comigo, 1981), Francisca Newman (Brilhante, 1981), | Charlotte de Alcântara Pereira Barreto- Charlo (Guerra dos Sexos, 1983), Leonarda Furtado Machado-Naná (Cambalacho, 1986), Salomé Szimanski (Rainha da Sucata, 1990), Olga Portela (O Dono do Mundo, 1991),  Jacutinga (Renascer, 1993), Maria Izabel de Souza- Dona Picucha (Doce de Mãe, 2012), Drª. Teresa Petrucceli (Babilônia, 2015), Gilda (Gilda, Lucia e o Bode, 2020) entre muitas outras atuações na telinha.

Ou no palco: Fedra, Dona Doida, The Flash and Crash Days, Dias Felizes, Viver Sem Tempos Mortos, Nelson Rodrigues por Ele Mesmo. Esses são os espetáculos que assisti, da trajetória intensa do teatro da Fernandona. Cada um revestido de seu tempo encarnado de humanidades.

A atriz assina a dramaturgia, baseada no livro A Cerimônia do Adeus de Simone de Beauvoir. Foto: Reprodução

Quando Dona Fernanda começou a ler sua versão de A Cerimônia do Adeus de Simone de Beauvoir tudo se iluminou numa mágica complexa para traduzir. A velha dama do teatro, de cabelos brancos, senhora absoluta da técnica de interpretar magnetizava as plateias do auditório e do parque. A multidão entrou em sintonia profunda com aquelas ideias relevantes da filósofa francesa. O silêncio era atravessado por muitas emoções densas, genuínas, choros, risos, lembranças individuais e coletivas.

Eu fiquei entre as 800 pessoas do auditório; minha amiga Gracinha Melo estava junto às 15 mil pessoas do gramado. A experiência dela foi mais ritual, pelo que ela (e outras pessoas contam) e absolutamente deslumbrante. O domingo foi ensolarado, com um final de tarde com temperaturas amenas e uma lua imensa parecia abençoar a atriz e seu público naquele encontro.

Marcado para começar às 19h, o evento iniciou por volta das 19h30, com a participação de Fernanda Torres, filha de Montenegro, que se dirigiu à multidão no parque (com transmissão para a plateia do auditório) para discorrer sobre a relação da mãe com a literatura de Beauvoir. “Essa obra fala, acima de tudo, da liberdade e de sua importância em nossas vidas, não importa a idade ou a origem de cada um”. Fernandinha mencionou que, apesar das vidas diferentes, a liberdade também guiou o percurso de Fernandona. Em seguida, contou que sua mãe foi impactada por O Segundo Sexo quando tinha 20 anos e que, quando ela, a filha, completou 17 anos, a mãe fez questão de lhe dar uma edição de presente.

Ao se aproximar dos 80 anos, Fernanda Montenegro levou a obra de Beauvoir para o palco. Com base no livro A Cerimônia do Adeus e trechos de outras obras foi encenado Viver Sem Tempos Mortos. A atriz enfrentava o luto pela perda de seu marido, o ator Fernando Torres, e de vários companheiros de sua geração artística, e no palco fazia uma poderosa reflexão sobre o passar do tempo, e a finitude.

Fernanda Torres e Fernanda Montenegro. Foto: Ivana Moura

O espetáculo Fernanda Montenegro lê Simone de Beauvoir teve uma origem intimista, como relatou Fernanda Torres. Inicialmente concebido para ser apresentado no auditório da Academia Brasileira de Letras, onde Fernanda Montenegro ocupa uma cadeira como imortal, o projeto rapidamente ganhou vida própria.

Após as primeiras apresentações em um pequeno teatro no Rio de Janeiro, o espetáculo conquistou o público de forma surpreendente. O sucesso crescente demandou espaços cada vez maiores para acomodar a audiência entusiasmada. Esta trajetória ascendente culminou na grandiosa apresentação no Parque Ibirapuera, em São Paulo.

Esta evolução do espetáculo – de um ambiente íntimo da ABL para um dos maiores parques urbanos do Brasil – reflete a popularidade de Fernanda Montenegro e o interesse duradouro nas ideias de Simone de Beauvoir. Demonstra, ainda, como uma performance aparentemente simples – uma atriz lendo os escritos de uma filósofa – pode ressoar profundamente com um público diverso e numeroso.

Junto com Fernanda, o público atravessa a infância, adolescência e juventude de Simone de Beauvoir, suas descobertas, aventuras e vida sexual. A narrativa passa pelo horror da Segunda Guerra Mundial e pela juventude contestatória do Maio de 1968, que sacudiu a França e mudou o mundo. Com o filósofo Jean-Paul Sartre sempre presente, Simone vive uma vida intensa até se aproximar da finitude do companheiro intelectual e de seu próprio fim, repleto de novas redescobertas.

Com seu registro único, a atriz magnetizou as paleias. Foto: Reprodução de tela

A apresentação de Fernanda Montenegro extrapolou o espetáculo cultural para se configurar como um poderoso ato político e social. O historiador Eric Hobsbawm, em suas obras, argumentava que a cultura é tanto um reflexo quanto um agente das condições sociais e políticas de seu tempo. Escutar as palavras da filósofa feminista reflete as discussões contemporâneas sobre igualdade de gênero e direitos das mulheres, temas que estão no centro do debate político atual.

Ao refletirmos sobre os avanços e recuos no campo comportamental e as tensões do século 21, é fascinante revisitar o pensamento de Beauvoir sobre o amor. Fernanda Montenegro apresentou a visão ampla e complexa de Beauvoir sobre o amor, começando pelo amor próprio – uma jornada de autodescoberta como mulher e ser pensante. O amor carnal, ou amor sexual, tema recorrente na obra da filósofa, foi abordado com nuances surpreendentes. Com destaque para a relação de Beauvoir com Jean-Paul Sartre, descrita como um amor livre e intelectualmente estimulante. 

Fernanda Montenegro completa 95 anos em outubro; o público cantou parabéns para você. 

O evento no Ibirapuera, com sua produção de alto nível, criou uma atmosfera especial. A qualidade do som permitiu uma boa recepção, enquanto a iluminação gerou intimidade apesar da vastidão do espaço. Momentos de humor provocaram risos coletivos, criando uma sensação de comunhão, enquanto as passagens introspectivas foram recebidas com um silêncio reverente.

Foi inspirador observar a reação do público no gramado. Jovens, possivelmente sem contato prévio com Beauvoir, ouviam atentos. A menção ao livro O Segundo Sexo foi recebida com aplausos entusiasmados, por quem reconhece a importância da obra.

O clímax emocional veio no final, quando as cortinas se abriram revelando a multidão. Nos últimos dez minutos, Fernanda se dirigiu diretamente ao público. Suas palavras sobre o poder do teatro na era digital ressoaram profundamente: “O teatro é uma arte arcaica, primitiva, um ser humano diante de outro trazendo a presença de uma terceira dimensão. Isso está acontecendo em uma era eletrônica.”

As últimas frases do monólogo ganharam relevo, traçando um paralelo entre a trajetória da atriz e os motivos para revisitar Beauvoir: “Não sou escrava do meu passado. O que sempre quis foi comunicar da maneira mais direta o sabor da minha vida. Eu acredito que consegui fazê-lo. Não desejo nada mais do que viver sem tempos mortos.”

“O acaso existe e tem sempre a última palavra”, frase dita nos primeiros minutos do espetáculo, apontam para outras possibilidades e torço que inspire os jovens presentes a fazerem a diferença no mundo, abraçando a liberdade tão celebrada no palco.

Um momento particularmente tocante ocorreu os agradecimentos, quando o público de praticamente 16 mil pessoas espontaneamente cantou “Parabéns para Você” para Fernanda. Emocionada, a atriz declarou que esse era um grande presente, sua grande festa de aniversário, demonstrando sua profunda conexão com o público e sua gratidão pela vida e carreira extraordinárias que tem vivido.

 

 

Este texto integra o projeto arquipélago de fomento à crítica, com apoio da Corpo Rastreado.

 

 

Postado com as tags: , , , , ,