Arquivo mensais:dezembro 2011

Quebra-nozes no Dona Lindu

O quebra-nozes. Foto de Teresa Maia

É hoje, 18h, no Teatro Luiz Mendonça (Parque Dona Lindu, Boa Viagem), a apresentação da versão pernambucana do balé de repertório O quebra-nozes. O palco estará aberto para a esplanada. A direção geral do espetáculo é de Fátima Freitas, que selecionou 43 bailarinos, inclusive 12 crianças em audição. No elenco tem artistas do Ballet da Cidade do Recife e do corpo de baile da escola Fátima Freitas, além de integrantes do Stúdio de Danças, Ballet Cláudia São Bento, Carol Lemos, Aria Social.

Nos papéis principais, Luana Gondim (Clara), que dança no Bolshoi de Joinville (SC); Alexander Kaden (Quebra-Nozes); Juliana Siqueira e o cubano Luís Ruben Gonzalez. A trilha sonora será executada ao vivo, pela Orquestra Sinfônica do Recife, sob a regência do maestro Osman Gioia.

A realização é da Prefeitura do Recife, através da Secretaria de Cultura do Recife.

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Sérgio Britto deixa órfão o teatro brasileiro

O beijo no asfalto, em 1971, Sérgio Britto com Fernanda Montenegro

Impressionavam a beleza, o charme. Mas acima de tudo o talento e a coragem de entrega do diretor e ator Sérgio Britto. Ele dizia que cada um precisa ter uma paixão especial, para se sustentar até o fim. A dele ficou marcada em 106 espetáculos, sendo 96 deles como ator e 386 peças na televisão, na época dos teleteatros.

O ator e diretor Sérgio Britto sempre foi um homem apaixonante. Aos 87 anos publicou sua segunda autobiografia O teatro & eu (Tinta Negra) –, complemento da autobiografia Fábrica de ilusão (Funarte/Salamandra), publicada em 1996. No livro, ele faz um passeio afetivo pela história do teatro brasileiro, em que ele foi um dos protagonistas.

Depois de Ato sem palavras I e A última gravação de Krapp, de Samuel Beckett, projeto duplo, dirigido por Isabel Cavalcanti, pretendia voltar aos palcos com um Tchekhov, O canto do cisne, também sob a direção de Isabel Cavalcanti. Não deu tempo.

Sérgio Britto morreu esta manhã, no Rio, de insuficiência respiratória aguda. Estava com 88 anos, 66 dedicados à arte de representar, ao teatro, à televisão e um pouco de cinema.

Sérgio Britto largou a medicina para se dedicar ao teatro

Da Agência Brasil
Rio de Janeiro – O dramaturgo Sérgio Pedro Corrêa de Britto abandonou o 6º ano do curso de medicina, em 1945, aos 22 anos, para dedicar-se exclusivamente ao teatro amador. Não chegou a buscar o diploma, mas costumava dizer que a experiência da época em que praticou a medicina, em hospitais e emergências, serviu de laboratório para a carreira de ator.

Em 1965, dirigiu a primeira novela da TV Globo, Ilusões Perdidas, e A Muralha, de Ivany Ribeiro, em 1968, além de atuar em dezenas de outros folhetins televisivos. Mas o teatro foi sua grande paixão e onde seu talento e genialidade afloraram. Dirigiu ou atuou em mais de 100 peças.

Britto foi um dos fundadores do Teatro dos Sete, em 1959, ao lado de Fernanda Montenegro, Ítalo Rossi e Gianni Ratto, grupo que lançou obras consagradas e polêmicas como O Mambembe, de Artur Azevedo, e O Beijo no Asfalto, de Nelson Rodrigues.

Em 1978, construiu o Teatro dos Quatro, na Gávea, zona sul do Rio, cuja primeira peça foi Os Veranistas de Górki, dirigida por ele, com cenário de Hélio Eichbauer e atuação de Ítalo Rossi, Luís de Lima, Renata Sorrah, entre outros consagrados artistas da época. Lá, montou e apresentou dezenas de peças antes de vendê-lo em 2007. Hoje, o local continua sendo um dos maiores centros de produção teatral do país.

O dramaturgo chegou a dirigir algumas óperas como a La Traviata e O Guarani e, aos 80 anos, atuou em musicais como Ai, Ai, Brasil e produziu e interpretou o monólogo Sérgio 80, em que falava de suas experiências no universo teatral brasileiro. No ano passado, o dramaturgo lançou o livro O Teatro e Eu, com um balanço de seus 65 anos de carreira.

Na TV Brasil, há 12 anos, o ator apresentava o programa semanal Arte com Sérgio Britto, em que o artista abordava temas sobre teatro, cinema e literatura, fazia críticas sobre peças e filmes que estão em cartaz e entrevistava personalidades do meio teatral e cinematográfico brasileiro.

Aos 88 anos, Britto enfrentava problemas de saúde e, há cerca de um mês, foi internado em um hospital da zona sul do Rio, devido a complicações cardiorrespiratórias.

Considerado um dos criadores do teatro brasileiro, o crítico de arte, autor, diretor, roteirista, cinéfilo Sérgio Britto não teve filhos, mas deixou na manhã deste sábado (17) órfãos de diferentes gerações do teatro brasileiro.

Cronologia da carreira
1923
Nasce Sérgio Pedro Corrêa de Britto, no Rio de Janeiro, no dia 29 de junho

1948
Forma-se em medicina, mas não exerce a profissão. Durante a faculdade faz suas primeiras atuações no teatro universitário

1949
Profissionaliza-se como ator, fundando o Teatro dos Doze ao lado de Sergio Cardoso

1952
Realiza sua primeira experiência de direção, montando, em parceria com Carla Civelli, O Homem, A Besta e A Virtude, de Luigi Pirandello.

1953
Participa do primeiro elenco profissional do Teatro de Arena, atuando em Esta Noite é Nossa, de Stafford Dickens, com direção de José Renato

1956
Transfere-se para o Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), onde participa de importantes montagens.

1959
Junto a Gianni Ratto, Fernanda Montenegro, Fernando Torres e Ítalo Rossi, dissidentes da companhia paulista, funda o Teatro dos Sete, que tem estreia de grande sucesso com Mambembe

1963
Dirige na TV Rio A morta sem espelho de Nelson Rodrigues. Nos anos 60 atua em diversas peças e dirige uma série de novelas para a televisão.

1971
Ao lado de Fernanda Montenegro, atua na peça O Marido Vai à Caça, de Georges Feydeau, dirigido por Amir Haddad. Trabalhará com a atriz e com o diretor outras vezes na década.

1978
Funda o Teatro dos 4, no Rio de Janeiro

1985
Atua em Quatro Vezes Beckett” que marca o início da trajetória do diretor Gerald Thomas no Brasil

1989
Assume a direção artística do Centro Cultural do Banco do Brasil – CCBB

1996
Lança sua autobiografia Fábrica de Ilusão: 50 Anos de Teatro(Funarte/Salamandra, 1996)

2003
espetáculo Sérgio 80, dirigido por Domingos de Oliveira

2009
Com as peças A última gravação de Krapp e Ato sem palavras I, de Samuel Beckett, ganha o Prêmio Shell de melhor ator.

2010
Lança a autobiografia, O teatro & eu (Tinta Negra, 2010)
Protagoniza, juntamente com Suely Franco, a peça Recordar é Viver, com direção de Eduardo Tolentino de Araújo.

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Divas’s inspired

Com vocês, uma super dançarina: Aurhelia. Foto: Rodrigo Moreira

Não era setlist da Tribuna FM ou coletânea de CD’s de grande sucesso. O repertório das divas da música foi escolhido pelas palhaças da banda As levianas para o espetáculo As levianas em Cabaré Vaudeville, que encerrou no último sábado a V Mostra Capiba de Teatro. No espetáculo, Mary En (Enne Marx), Baju (Juliana de Almeida), Aurhelia (Nara Menezes) e Tan Tan (Tâmara Floriano) fazem uma audição, mas todas são reprovadas. Ainda assim, não desistem da missão de também se tornarem divas. O espetáculo conta ainda com a participação da musicista Rosemary Oliveira.

A dramaturgia serve como guia – e agrega as músicas que cada uma canta – para levar ao palco, na realidade, a personalidade de cada palhaça. Lembro que conversando com a atriz Adelvane Neia, que inclusive ministrou este ano uma formação de palhaça, uma parceria entre a Cia. Animé, das meninas da banda As levianas, e a Duas Companhias, de Lívia Falcão e Fabiana Pirro, ela me disse o quanto a palhaça precisava nascer naturalmente, a partir das características da sua intérprete, ressaltadas por uma espécie de lente de aumento.

Em As levianas em Cabaré Vaudeville isso fica muito claro ao público. Mary En consegue uma empatia extraordinária com o público que se diverte com a sua bebedeira no palco; Baju é dramática, se entope de remédios e é capaz de nem perceber que a banda toda já parou de tocar aquela música e ela continua lá, na vibe. Assim acontece também com Aurhelia, palhaça de coreografias muito elaboradas, e a maluquinha Tan Tan.

A dramática Baju

A direção de arte é de Marcondes Lima. E aí percebemos, uma marca de Marcondes, o cuidado em todos os detalhes. Cada figurino, maquiagem, é reflexo da identidade daquela palhaça. Complementam a projeção, que traz o old style do cinema mudo, e a iluminação de Luciana Raposo.

Como bem disse Rodrigo Dourado, é um espetáculo que tem tudo para virar moda na cidade, assim como aconteceu com O amor de Clotilde por um certo Leandro Dantas. Porque tem qualidade, mas ainda alia comédia, música e trata o público, mesmo diverso, de maneira igual. Não é um espetáculo só para “os iniciados no teatro”. Pelo contrário, cumpre a lacuna e a função da formação de plateia, já que encanta, surpreende e deixa todo mundo feliz quando as luzes se acendem.

Ah…e não poderia deixar de registrar que quero muito ouvir a música Donde estas, Yolanda? que faz parte do repertório da banda! 😉

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Como formalizar o caos?

Amaranta, espetáculo da Trup Errante, apresentado na V Mostra Capiba. Foto: Rodrigo Moreira

Existo onde me desconheço
aguardando pelo meu passado
ansiando a esperança do futuro

No mundo que combato morro
no mundo por que luto nasço

(Identidade, de Mia Couto)

O desejo era o autoconhecimento. Era encontrar pontos de confluência, mas também convergências, que pudessem revelar mais deles mesmos. Afinal, decidiram entregar as suas vidas à arte, ao teatro, como fazem questão de dizer no espetáculo. Então nada melhor do que se debruçar sobre a história desse ofício não só para resgatar o passado, mas para conseguir se livrar de quaisquer amarras, preconceitos, e seguir adiante. Era pretensioso o projeto da Trup Errante, formada em Petrolina, no Sertão pernambucano: trazer à cena a história de 2.500 anos de teatro. Como era mesmo muito amplo, decidiram ao menos se concentrar um pouco mais no olhar feminino sobre essa arte. E assim surgiu Amaranta, espetáculo apresentado no último fim de semana da V Mostra Capiba de Teatro. É também o projeto de conclusão de curso do diretor Thom Galiano, sob a orientação de Érico José.

A execução da proposta do grupo ainda é um desafio a ser construído. Se logo no início a musicalidade, a participação lúdica do público – com estrelas brilhando que ganham nomes de atrizes – , a revelação da personagem Amaranta, prendem a atenção do espectador, isso vai se perdendo aos poucos. Para um grupo que leva ao palco uma organização caótica, a quebra da cena para que os próprios atores possam se colocar, deixa vários espaços para a improvisação, e encena até uma briga entre os próprios atores, é contraditório que, em muitos momentos, a opção seja pelo didatismo – e olhe que uma das próprias personagens brinca com isso. “Isso não vai dar certo, está muito didático”. Talvez o grupo tenha mesmo que aceitar que a identidade do espetáculo está na formalização do “caos”.

Se não dá mesmo para apresentar a história do teatro, como o próprio grupo percebe, há que existir uma apropriação maior e mais natural dessa história, para que o público possa compreendê-la, mas de forma mais fluida. Mesmo caótica, como se propõe a encenação de Thom Galiano, a dramaturgia (e para isso ela não precisa perder os pontos de fuga para a improvisação) precisa ser melhor costurada, repensada. Ao mesmo tempo em que é bom ver as atrizes refletindo em cena sobre o seu papel, assumindo os seus nomes e não o de personagens, não dá para que o espetáculo vire uma terapia de grupo. Isso até é possível, mas se a proposta for mesmo esquecer o público ou ao menos não se importar com a recepção do espetáculo.

Ainda assim, apesar das falhas na sua execução, Amaranta reflete a coragem de um grupo jovem, mas com muito talento. Nesse espetáculo, estão em cena Brisa Rodrigues, Joedson Silva e Raphaela de Paula. Dá para perceber o quanto há empenho e superação das dificuldades, seja na iluminação, nos elementos de cena, no próprio trabalho do ator. A musicalidade é um elemento que acrescenta e a participação do público, se eles conseguirem surpreendê-lo assim como no início da montagem, pode ser bastante efetiva. É um trabalho que tem tudo para amadurecer.

Três atores estão em cena no espetáculo

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Os melhores do ano, pelo olhar paulista

Daniela Thomas ganhou o grande prêmio da crítica

A Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) escolheu ontem os melhores de 2011 nas categorias: Arquitetura, Artes Visuais, Cinema, Dança, Literatura, Música Popular, Música Erudita, Rádio, Teatro, Teatro Infantil e Televisão. A entrega dos prêmios será no dia 13 de março de 2012, às 20h, no Teatro Sesc
Pinheiros, em São Paulo.

Confira os vencedores nas categorias Teatro, Teatro infantil e Dança:

Teatro
Grande Prêmio da Crítica: Daniela Thomas, pelo conjunto da obra nas áreas de direção de arte, cenografia e figurino
Espetáculo: Luis Antonio – Gabriela (Cia. Mungunzá)
Diretor: Leonardo Moreira (por O Jardim)
Autor: Rudifran Pompeu (por Marulho: o Caminho do Rio)
Ator: Joca Andreazza (por A Bilha Quebrada e A Ilusão Cômica)
Atriz: Lavínia Pannunzio (por A Bilha Quebrada, A Ilusão Cômica e A Serpente no Jardim)
Prêmio Especial: Dez anos de história do Programa Municipal de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo, referência de políticas públicas para a cultura no Brasil
Votaram: Afonso Gentil, Evaristo Martins de Azevedo, Jefferson del Rios, Luiz Fernando Ramos, Mauro Fernando, Maria Lúcia Candeias, Michel Fernandes, Vinício Angelici, Valmir Santos e Edgar Olímpio de Souza

Luis Antonio – Gabriela, da Cia Munguzá, ganhou melhor espetáculo. Espetáculo foi visto mês passado no Recife. Foto: Ivana Moura

Teatro Infantil
Espetáculo: Histórias por Telefone, da Cia. Delas
Direção: Carla Candiotto, por Histórias por Telefone, Sem Concerto e A Volta ao Mundo em 80 Dias
Texto Adaptado: Pedro Brício, por O Menino Que Vendia Palavras
Cenografia: José de Anchieta, por Biliri e O Pote Vazio
Figurino: Chris Aizner, por A História do Soldado
Ator: Bruno Rudolf, por A Volta ao Mundo em 80 Dias
Atriz: Gabriella Argento, por A História do Soldado
Votaram: Dib Carneiro Neto, Mônica Rodrigues da Costa, Gabriela Romeu e Gabriella Mancini

DANÇA
Concepção em Dança: Adriana Banana, por Desenquadrando Euclides e Necessário a Posteriori
Intérprete criador em Dança: Eliana de Santana, por …e das outras doçuras de deus
Ação política em Dança: Sandro Borelli
Percurso em Dança: Angel Vianna
Formação, Difusão, Produção e Criação em Dança: Núcleo do Dirceu
Grande Prêmio da Crítica: Ballet Stagium – 40 anos
Votaram: Ana Teixeira, Christine Greiner, Helena Katz e Renata Xavier

Leonardo Moreira ganhou prêmio de melhor diretor por O jardim, apresentada no Festival Recife do Teatro Nacional. Foto: Ivana Moura

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