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Avante, Magiluth!

Magiluth estreou Viúva, porém honesta no Rio de Janeiro. Foto: Zé Britto

No último fim de semana, o Magiluth estreou mais um espetáculo: a sua versão para o texto Viúva, porém honesta, de Nelson Rodrigues. Como não conseguimos acompanhar as duas apresentações, que foram no Rio, no festival que está levando à cena todos os textos teatrais de Nelson, pedimos que o ator e dramaturgo do grupo, Giordano Castro, nos contasse como foi. Um relato especial para o Satisfeita, Yolanda?

Por Giordano Castro

Em todos os momentos da vida do Magiluth temos sempre uma música que marca alguns períodos. Às vezes é no processo de montagem que ela chega, às vezes é por acaso numa viagem, ou é simplesmente uma música que é usada como aquecimento e que acaba ficando… Nesse caso, a nossa música do momento é Bravura e brilho, de Siba, que está no CD novo dele, o Avante.

Esse ano esta sendo bem recheado de coisas boas pra gente e uma delas foi o prêmio para montagem de Viúva, porém honesta. A proposta dessa peça foi lançada por Pedro Vilela – ele conhecia o texto e acreditava que era a peça de Nelson que mais tinha a nossa cara. E também o prêmio vinha como uma oportunidade de sair do vermelho que ameaçava o grupo. Sempre tínhamos muito cautela ao pensar em montar um “textão” sabe? Às vezes questionavam a gente perguntando: “e aí quando vão montar um clássico?” ou “queria ver vocês fazendo o Shakespeare…” mas talvez isso não tenha sido um tesão nosso ainda… quem sabe um dia a gente faça, quem sabe não… mas a vez do Nelson chegou!

Quando ficamos sabendo da noticia de que passamos no edital estávamos em Santos montando O Canto de Gregório e ficamos muitos felizes, pulamos, rimos e etc… mas minutos depois olhamos um para cara do outro e dissemos: “Agora Fu…!”.  Não sabíamos o que fazer com esse Nelson, não tínhamos pensando anteriormente ou passado por um processo de estudo, coisa que sempre fazemos antes das nossas montagens. Em resumo, tínhamos apenas três meses pra colocar essa peça de pé. Na outra semana, já estávamos com os textos nas mãos, fazendo leitura para nos familiarizar com o Viúva. Aproveitamos também e demos umas lidas em outras obras e nas crônicas para entender as suas construções e não tem como negar, Nelson é Fo… Se você pega um texto e lê duas linhas que seja, você já olha e diz: isso é de Nelson! E não tem como negar quando você ouve um texto sendo dito, você já sabe, esse texto é de Nelson! Então concluímos, no texto dele a gente não vai mexer, mas como ele vai pra cena? Ah, aí é outra história.
Estando em São Paulo ocupando o espaço da Funarte por dois meses com os nossos outros trabalhos, tivemos que organizar e dividir o nosso tempo entre as ações que estávamos executando (temporada, oficinas, leitura, debates) e os ensaios para Viúva, identificamos também que era necessário um preparo para os atores, especialmente na voz. Para isso chamamos Mônica Montenegro, uma profissional que trabalhou com grandes nomes do teatro Paulista.  Já tínhamos ouvido falar dela por diversas pessoas e já que estávamos lá, não íamos perder essa oportunidade. Aproveitamos também a passagem do nosso amigo Ricardo Martins, ator da Cia. Armazém de Teatro, e pedimos a ele que trabalhasse conosco algo voltado para a construção de personagens, um trabalho fundamental para a modelagem das figuras que fazemos na peça.

Trabalhávamos em dois turnos e a noite todos os nossos papos eram: “ei… vamos fazer isso naquela cena?”, “olha, tive uma ideia…”, “Pedro, eu vi isso aqui, olha, será que serve pra gente?”. Foi um período de imersão total para a montagem, não tínhamos tempo para muitos questionamentos, tínhamos que fazer e, por isso, de certa forma, o tempo corrido foi um aliado para os resultados.

Com um mês de ensaio já tínhamos a metade da peça resolvida. Pra gente era tudo muito divertido, mas o x da questão era: e público será que eles vão se divertir também? Aproveitamos a passagem de amigos por São Paulo e convidamos eles para assistirem a alguns ensaios abertos. O Francis Wilker, do Teatro do Concreto (DF),  foi um dos convidados; as meninas da Cia. Brasileira (PR) – Nadja Naira e Giovana Soar, e também amigos que fizemos por lá… Biagio Picorelli performer e amigo nosso que mora hoje em São Paulo… Todos os que podiam contribuir de alguma forma eram muito bem vindos. Depois desses ensaios, percebemos que precisaríamos de alguém pra dá uma ordem ao caos (caos que adoramos) e pra isso, chamamos Simone Mina.

Simone Mina é uma artista que há muito tempo acompanhávamos. Ela trabalha com a Cia. Livre e também fez outros trabalhos da Cibele Forjaz. Muitos trabalhos que a gente admira tem a mão dela envolvida. Queríamos que a peça não perdesse muito da cara que tinha nos ensaios. Gostávamos do tom de precariedade e de ressignificação que dávamos aos elementos e ela soube respeitar isso e potencializar outros aspectos.

Partimos para o último mês e a corda começava a apertar o pescoço… correndo contra o tempo e ainda tendo que dar conta das outras atividades dos grupos. Mas era tão bom ensaiar o Viúva que esse resto de tempo que parecia ser desesperador, na verdade, foi ainda mais  divertido. Agora era só esperar a estreia no Rio…

No Rio, continuávamos ensaiando e em todas as pausas que tínhamos e saíamos do teatro para dar uma respirada, víamos a movimentação na bilheteria. Logo mais a produtora do teatro avisa a gente que os ingressos de sábado já estavam esgotados – frio na barriga – é bom lembrar que os ingressos estavam a preço super populares e todas as apresentações do festival A gosto de Nelson estão tendo a casa lotada.

Chegou a hora da estreia. E apresentação foi para nós muito boa. Apesar de ser um estreia (geralmente há pontos que ainda precisam ser ajustados na estreia), a apresentação foi no tom. E, o que é melhor, o público mostrou ter gostado bastante. No domingo conseguimos ajustar os últimos detalhes e novamente ficamos felizes com o resultado final. Ah… é importante agradecer ao grupo Armazém 88, que quebrou um galho pra gente emprestando 20 cadeiras que usamos na peça.

E agora voltamos para o Recife… extremamente ansiosos para a nossa estreia aqui e para saber como o público vai receber essa Viúva!

Ah… e o que a música tem a ver com essa história? Nada! Mas ela é tão bonitinha! hehehehehehehehe
O dia acaba de amanhecer
O meu herói vem me despertar…

A peça Viúva, porém honesta, abre o Festival A Letra e A Voz. A coletiva de imprensa foi hoje pela manhã. A apresentação será no dia 19 de agosto, às 17h. É a primeira vez que o Magiluth se apresenta no Santa Isabel.

Grupo abre o Festival A letra e a voz, no Teatro de Santa Isabel, dia 19 de agosto

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Luz do Magiluth no Festival de Curitiba

Aquilo que meu olhar guardou para você. Foto: Ivana Moura

Assisti à montagem Aquilo que meu olhar guardou para você duas vezes. No Teatro Hermilo Borba Filho, durante o festival Janeiro de Grandes Espetáculos e durante a curta temporada no Teatro Joaquim Cardozo, ambas no Recife. Gostaria de conferir a performance dos rapazes em Curitiba, mas um engarrafamento qualquer (de vontades, de quedas de reserva, de avião, de agilidade) não permitiu. Voilà

Gosto do espetáculo. Aquela inquietação de cada um deles, aquelas micro histórias que se confundem (e nos confundem), a estrutura fragmentada, as pulsações libertárias em cada gesto pequeno quase imperceptível do cotidiano. E o humor… Um humor inteligente, às vezes sarcástico, com um olhar crítico sobre minúsculas mazelas. De coisas que tocam. Tocaram a mim. Com muitas flutuações de assuntos.

Gosto da “sujeira” pop das marcas.

Lucas Torres

Achei muito divertida a crítica (meio sarro com humana pontinha de despeito) aos prêmios. Quando Pedro Vilela morre em cena e Giordano diz  que não é justo porque ele não ganhou nem um prêmio da Apacepe (Associação dos produtores de Pernambuco).

Isso me fez lembrar como é engraçada e complexa a relação que as pessoas têm com os prêmios, como se fossem um certificado incontestável de competência. Tô falando do geral e não só da abordagem da peça. E não é por aí. Tudo é muito mais complexo e depende das forças que atuam naquele momento, dos gostos e muitos coisinhas miúdas, etc…

Voltando à peça. Os pequenos episódios cotidianos, que ganham uma proporção enorme na vida das pessoas, são explorados de forma corajosa, correndo riscos.

A cidade, o Recife, muitas vezes aparece pouco de forma macro. Mas está ali em pequenas proporções, quase como a memória que carregamos e se mistura com outras lembranças que produzem um jeito de corpo, uma expressão.

Ator Pedro Wagner

Aquilo que meu olhar guardou para você explora as contradições, de sentimentos, de atitudes, de parcerias. E cria uma interação bem particular com a plateia. Mas é algo vivo e pode seguir contornos bem específicos em cada apresentação. Como já disse o diritor Luis Fernando Marqueso, o elenco – formado por Giordano Castro, Pedro Vilela, Pedro Wagner, Erivaldo Oliveira e Lucas Torres – tem “uma displicência poética, uma liberdade de amarras”.  Isso está na forma, no conteúdo, no jeito de explorar.

Mas também diz muito desse ser contemporâneo, que pode estar em cidades periféricas e com grande vocação para o desenvolvimento como o Recife. Ou na capital do poder político, como Brasília.

O espetáculo foi concebido a partir de uma investigação da urbanização das cidades, em projeto patrocinado pelo Itaú Cultural. De início a peça chamava-se Do Concreto Ao Mangue: Aquilo Que Meu Olhar Guardou Para Você, baseado na troca de conteúdos entre os dois grupos.

Dos 46 fragmentos contabilizados por eles, os atores desconstroem a quarta parede desde o  início do espetáculo e, no final, o público se torna personagem decisivo.

Erivaldo Oliveira e Giordano Castro

A cena, o sentimento da cena, do personagem se volatiza rapidamente para encaixar em outras cenas. O elenco expõe esperanças e ambições de seus personagens para em seguida desconstruir essas ilusões. É um quebra-cabeças afetivo, marcado por escolhas que poderiam ser feitas no dia a dia, por qualquer um.

Enquanto o pulso, pulsa e a poesia brota dos pequenos gestos, os atores esbanjam humor. Um humor característico do lugar. Outras trupes já tiveram a sua gréia. A do Magiluth tem um pouco mais de leveza, para dizer que estamos todos perdidos e o fim do fim para os humanos não muda tanto assim.  Mas enquanto não chega a morte, ou coisa parecida (ai Belchior dos bons tempos!)  seus personagens estão repletos de luz, intensos, correndo atrás, mas que podem acabar a qualquer hora.  São encontros e despedidas, o tempo inteiro, em que eles depositam todo o ser.

Fotos: Ivana Moura

Boa sorte e sucesso, zebrinhas.

Serviço:

Aquilo que meu olhar guardou para você

Teatro Contemporâneo | Recife-PE |

Onde: Teatro Paiol (em Curitiba)

Quando: 5 e 6 de abril às 21h

Quanto: R$ 25 e R$ 50


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Muitos olhares

Aquilo que meu olhar guardou para você, do Grupo Magiluth
Imagens: Ivana Moura

Quando: quintas e sextas-feiras, às 20h, até 23 de março
Onde: Teatro Joaquim Cardozo (Centro Cultural Benfica – Rua Benfica, 157, Madalena)
Quanto:R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada)
Informações:(81) 3226-0423

Ficha técnica
Texto: Giordano Castro
Direção: Luís Fernando Marques e Grupo Magiluth
Direção de arte: Guilherme Luigi e Thaysa Zooby
Iluminação: Pedro Vilela
Sonoplastia: Grupo Magiluth
Elenco: Erivaldo Oliveira, Giordano Castro, Lucas Torres, Pedro Wagner e Pedro Vilela

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Fragmentos particulares

Aquilo que meu olhar guardou para você, do grupo Magiluth, hoje, às 19h. Foto: Thaysa Zooby

Displicência poética, liberdade de amarras, frescor. É assim que o diretor Luís Fernando Marques, do grupo paulista XIX, enxergou o trabalho do grupo Magiluth depois que eles começaram a conviver por conta do Rumos Itaú Cultural. Lubi tinha sido uma proposta do Teatro do Concreto, que estava fazendo um intercâmbio com o Magiluth. “O país é tão grande e a dificuldade de circular que a pergunta é: como eu não conhecia esse grupo antes?”, diz Luís Fernando. “A proximidade entre o Magiluth e o XIX não é só estética, mas no modo de produção. As relações não-hierarquizadas, o teatro como ação. Esse é o dia a dia de varios grupos no país inteiro e poder juntar isso é muito bom”, complementa.

O resultado dessa salada geográfica – Recife, Brasília, São Paulo – estará no palcos em Aquilo que meu olhar guardou para você, que faz única sessão hoje, ás 19h, no Teatro Hermilo Borba Filho. Todos os Magiluthianos estarão no palco. “Até eu!”, brinca Pedro Vilela. E eles explicam que o espetáculo funciona como se você passasse uma tarde inteira na pracinha do Diario e pudesse ouvir trechinhos da história de cada um ali. No total, são 46 fragmentos de história compondo o espetáculo.

Pergunto se não é mais fácil trabalhar com a construção ds personagens dessa forma; se o desafio como ator não é menor. “Essa realidade fragmentada é da nossa geração. E cada microparte olhamos como uma peça tradicional, lançamos mão de técnicas que são tradicionais”, explica Vilela.

A peça propõe um espectador disposto a atar e desatar nós; a compor o espetáculo de acordo com as suas próprias referências. Sim, eles respondem, há interação. “Mas não é aquela coisa forçada. Quando você vê, já está jogando conosco. Isso acontece de maneira muito orgânica”, avalia Giordano Castro.

Ah….a peça ainda não tem temporada prevista no Recife, mas já tem apresentações marcadas em São Paulo, um convite do XIX, e no Festival de Curitiba, numa mostra organizada pela Companhia Brasileira.

Aquilo que meu olhar guardou para você
Quando: hoje, às 19h, no Teatro Hermilo Borba Filho
Quanto: R$ 10 (preço único)
Informações: (81) 3355-3321

Ficha técnica:
Texto: Giordano Castro
Direção: Luís Fernando Marques e grupo Magiluth
Direção de arte: Guilherme Luigi e Thaysa Zooby
Iluminação: Pedro Vilela
Sonoplastia: Grupo Magiluth
Elenco: Erivaldo Oliveira, Giordano Castro, Lucas Torres, Pedro Wagner e Pedro Vilela

O melhor da foto é a mulher olhando os dois!

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Retrô 2011

Os artistas aguardaram: apoio, resultados dos editais atrasados, pagamento de fomentos. Como – ainda bem-diz a música de Marcelo Camelo (Casa pré-fabricada), “nessa espera, o mundo gira em linhas tortas”. Os caminhos não serem retos não é, definitivamente, ruim para a arte. Se o atraso no resultado do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura) prejudicou a cena teatral pernambucana em 2011, serviu também ao propósito de mostrar que o teatro continua sendo uma arte de resistência; e que é possível sim levar ao palco produções de qualidade, a duras penas, mesmo sem incentivos oficiais. Para 2012, se as promessas e os prazos de editais forem realmente cumpridos, é bem provável que tenhamos um panorama de peças mais amplo, pelo menos em quantidade. Qualidade não foi o problema.

No Janeiro de Grandes Espetáculos, que começa na próxima quarta-feira, teremos pelo menos três estreias: Aquilo que meu olhar guardou para você, do grupo Magiluth, Caxuxa, da Duas Companhias, e O pássaro de papel, com direção de Moncho Rodriguez e produção de Pedro Portugal e Paulo de Castro. Para o Magiluth, que tem sete anos de atividades, 2011 foi um ano de aprimoramento e, mais ainda, de alargar as possibilidades criativas. Estrearam a peça O canto de Gregório, sem apoio estadual ou municipal, “o que não é um mérito, é porque fazer teatro é mais forte do que a gente, mas é muito difícil”, conta Pedro Wagner, que interpreta Gregório. Ainda participaram do projeto Rumos Itaú Cultural, que possibilitou, através de edital, intercâmbios entre grupos.

Magiluth vai estrear Aquilo que meu olhar guardou para você. Foto: Thaysa Zooby

O Magiluth trabalhou com o Teatro do Concreto, de Brasília. E daí surgiu o novo espetáculo, que tem direção de Luis Fernando Marques, do grupo paulista XIX de Teatro. O grupo passa por um momento limite. “Eles já não são um grupo ‘de novos’. E precisam se manter. Espero que eles consigam esse equilíbrio de produção. Além de ser artista, tem que ter estrutura de produção, gestão”, complementa o professor Luís Reis.
Caxuxa, outra estreia, é uma remontagem, uma adaptação do texto de João Falcão. “Foi uma ideia de Claudio Ferrario. Fizemos essa peça, um musical, há 20 anos”, conta Lívia Falcão, que fez parte do elenco de Divinas, ao lado de Fabiana Pirro e Odília Nunes, que estreou ano passado.

Luiza Fontes, Regina Medeiros e Sofia Abreu estão no elenco de O pássaro de papel. Foto: Pedro Portugal

Ao longo de 2012, outras produções estão previstas. Jorge de Paula, Thay Lopes e Kleber Lourenço devem trabalhar a partir de um texto de Luiz Felipe Botelho, com direção de Tiche Vianna, do Barracão Teatro, de Campinas. Rodrigo Dourado está na direção de Olivier e Lili – Uma história de amor em 900 frases, que tem no elenco Fátima Pontes e Leidson Ferraz. A Cênicas Companhia de Repertório, que fez o infantil Plutf – O fantasminha, está em fase de pré-produção do espetáculo baseado na formação de clowns, e deve montar outro infantil.

Cinema é uma coprodução entre a Cia Clara e o Espaço Muda. Foto: Nilton Leal

Jorge Féo, do Espaço Muda, está trabalhando em parceria com Anderson Aníbal, da Cia Clara, no projeto Cinema, com estreia prevista para abril. A Fiandeiros deve abrir o seu espaço, na Boa Vista, para a realização de temporadas, planeja fazer o infantil Vento forte para água e sabão, e ainda vai lançar o Núcleo de Teatro Novelo, com alunos saídos dos cursos ministrados pela companhia. Breno Fittipaldi e Ana Dulce Pacheco devem estrear, em maio, Encontro Tchekhov, também sem incentivos.

– Colaborou Tatiana Meira

Alguns registros:

Carla Denise fez documentário sobre Hermilo Borba Filho

Leda Alves, viúva de Hermilo Borba Filho, acalenta o projeto de lançar um livro sobre a obra de Hermilo e o Teatro Popular do Nordeste (TPN). “Seria uma obra envolvendo vários pesquisadores”, conta. No último mês de dezembro, a dramaturga e jornalista Carla Denise lançou o DVD Coleção Teatro – Volume 3 – Hermilo Borba Filho, que além de entrevistas com atores, diretores, pessoas que conviveram com Hermilo, traz ainda uma entrevista antiga com o próprio diretor.

O livro TAP – Sua cena & sua sombra: O Teatro de Amadores de Pernambuco (1941-1991), de Antonio Edson Cadengue, foi lançado em novembro. Esse regaste, fundamental para entender a trajetória do teatro em Pernambuco, está disponível em edição rica em detalhes e fotos. Outra publicação importante foi o livro Transgressão em 3 atos: Nos abismos do Vivencial, escrito por Alexandre Figueirôa, Stella Maris Saldanha e Cláudio Bezerra.

O Teatro Experimental de Arte de Caruaru comemora 50 anos em 2012 com muitos motivos para comemorar. Se neste ano o Festival de Teatro do Agreste (Feteag) não ocorreu por falta de apoio e recursos, a Câmara Municipal de Caruaru já aprovou, no mês de novembro, uma verba de R$ 100 mil para que a mostra seja realizada. O grupo deve ainda estrear O pagador de promessas e lançar um livro. Neste ano, pela primeira vez, o TEA participou do Festival de Curitiba.

A publicitária Lina Rosa Vieira está com a agenda lotada para 2012. Em junho, o Festival Internacional de Teatro de Objetos (Fito) será realizado em Belo Horizonte e deve passar por Florianópolis e Curitiba. Está quase certo que o Fito, que foi sucesso de público no Marco Zero, seja realizado aqui, em setembro, trazendo o espetáculo francês Transports Exceptionnels. Já está confirmado é que o Sesi Bonecos do Mundo virá a Pernambuco em novembro.

Lina Rosa Vieira deve trazer o Sesi Bonecos do Mundo e o Fito novamente ao Recife


Pé na estrada

O compromisso com o teatro de grupo está levando as produções pernambucanas para outras cercanias. Não são peças organizadas apenas para cumprir uma temporada, mas fruto da pesquisa, da investigação de uma linguagem e estéticas próprias de cada coletivo. O amor de Clotilde por um certo Leandro Dantas, que estreou em 2010, da Trupe Ensaia Aqui e Acolá, rodou vários festivais do país e deve circular em 2012.

O grupo já está em fase de pesquisa para o novo projeto, que encerra a trilogia em homenagem ao diretor e professor Marco Camarotti. “Crescemos esteticamente. Começamos como um coletivo, mas não tínhamos organização de grupo, gestão. E conseguimos perceber o quanto isso é importante. Nós nos mobilizamos e conseguimos levar o público ao teatro”, conta o diretor Jorge de Paula.

Já o grupo O Poste Soluções Luminosas está comemorando a aprovação nos editais do Myriam Muniz e Procultura, que vão possibilitar que o espetáculo Cordel do amor sem fim, que estreou também em 2010 e passou por vários festivais, faça circulação por lugares cortados pelo Rio São Francisco. Nessas cidades, o grupo também fará formação e já deve começar a pesquisar sobre os jogos e brincadeiras das crianças do Nordeste e as africanas.

Circuito

Valmir Santos, curador deste ano do Festival Recife do Teatro Nacional, fez uma mostra ousada. Em vez de trazer grupos renomados, que de alguma forma sempre fazem parte do festival, como o Galpão e a Armazém Companhia de Teatro, optou por trazer peças que dificilmente viriam ao Recife, por conta da falta de apoio e das distâncias, e que compõem o repertório de alguns grupos com propostas e trabalhos estéticos interessantes. Vimos por aqui, por exemplo, duas montagens que depois foram premiadas pela Associação Paulista de Críticos de Arte: Luis Antonio – Gabriela, da Cia Munguzá, e O jardim (Cia Hiato).

O Jardim, da Cia Hiato, de São Paulo, emocionou o público. Foto: Ivana Moura

Ainda assim, os grupos tradicionais não deixaram de vir ao Recife. A Armazém trouxe o novo trabalho Antes da coisa toda começar; bem antes disso, Marieta Severo e Andrea Beltrão apresentaram, finalmente, a peça de Newton Moreno, com direção de Aderbal Freire-Filho, As centenárias; Marco Nanini trouxe sua premiada Pterodátilos; e Júlia Lemmertz, Paulo Betti e Débora Evelyn vieram ao Recife com Deus da carnificina.

Para 2012, a produtora Denise Moraes já promete novas produções. Velha é a mãe, com Louise Cardoso e Ana Baird, e direção de João Fonseca, deve ser apresentada no Recife de 9 a 11 de março, no Teatro de Santa Isabel. Já de 11 a 13 de março, Denise Fraga encena Sem pensar, direção de Luiz Villaça.

Muitos planos, pouco tempo

Muitas promessas e projetos, mas um prazo apertado. Afinal, este ano é de eleição municipal. Só no último mês de agosto, o diretor de teatro Roberto Lúcio assumiu oficialmente a Gerência Operacional de Artes Cênicas da Fundação de Cultura da Cidade do Recife, e agora a correria é grande para que os projetos possam sair do plano das ideias. No fim de novembro, a gerência fez uma reunião com a classe (João da Costa nem de longe tem a aprovação dos artistas, como ficou claro nesse encontro). Maria Clara Camarotti, gerente de serviço de teatro, apresentou um plano que contempla, entre muitas ações, um seminário de políticas públicas para as artes cênicas, o lançamento de edital específico para ensaios dos grupos nos equipamentos da prefeitura, a elaboração de uma proposta de criação de uma escola técnica (que será apresentado ao governo do estado), a realização do Mascate: Mercado das Artes Cênicas, ações formativas em gestão, produção e elaboração de projetos, e a realização do Fórum dos Teatros.

Perdemos

José Renato Pécora
Faleceu em maio, aos 85 anos. Fundador do Teatro de Arena de São Paulo e responsável pela peça Eles não usam black-tie, que marcou os anos 1950. Morreu após sessão de 12 homens e uma sentença, dirigida por Eduardo Tolentino.

No mês de agosto, perdemos Ítalo Rossi


Ítalo Rossi

Mais de 400 montagens e 50 anos de carreira estão no legado de Ítalo Rossi, que morreu aos 80 anos, em agosto. Nascido em Botucatu, em São Paulo, seu último personagem foi no humorístico Toma lá dá cá, da Globo.

Enéas Alvarez
Jornalista, crítico de teatro, ator do Teatro de Amadores de Pernambuco (TAP), advogado, padre da Igreja Siriana Ortodoxa de Olinda, Enéas Alvarez morreu aos 64 anos, em 21 de novembro. Há 20 anos, sofria com problemas de saúde agravados pela obesidade.

Sérgio Britto
Considerado um mestre do teatro brasileiro, o ator e diretor Sérgio Britto faleceu no dia 17 de dezembro, de problemas cardiorrespiratórios. Tinha 88 anos e 60 anos de carreira. Atuou e dirigiu mais de 130 peças e apresentava na TV o programa Arte com Sérgio Britto.

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