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Força e resistência
de Lady Tempestade
no palco recifense
Crítica do espetáculo por Ivana Moura

Andréa Beltão em Lady Tempestade. Foto: Marcos Pastich / PCR

Madeira do Rosarinho (Madeira que cupim não rói) traduz o ethos pernambucano: força, garra, determinação e orgulho, tudo junto e misturado. Nascida como resposta a uma injustiça – quando o bloco perdeu um concurso em 1963 para o Batutas de São José, numa decisão considerada parcial – a canção foi além do seu contexto original.

O verso “Queiram ou não queiram os juízes, o nosso bloco é de fato campeão” ecoou para além do carnaval, consolidando-se como hino de afirmação coletiva, força diante da opressão. Integrada à trilha sonora de Lady Tempestade, é executada no meio da peça e foi ouvida em silêncio reverente na estreia do 24º Festival Recife do Teatro Nacional – demonstração de respeito e comunhão com a luta retratada.

Criação Artística de Alta Voltagem – Lady Tempestade é um monólogo teatral que não reproduz biograficamente a vida de Mércia Albuquerque, mas surge como criação artística potente inspirada nos diários pessoais da advogada pernambucana. Uma ficção dramatúrgica de Sílvia Gomez que honra a memória de quem defendeu mais de 500 presos políticos durante a ditadura militar.

A dramaturgia revela maturidade impressionante – uma jovem com sabedoria cênica invejável, capaz de criar jogos teatrais, desconcertar com dribles narrativos e demonstrar a força transformadora da palavra.

Essas coisas aconteceram acontecem acontecerão, articula a protagonista, lembrando a todos nós que o jogo não está ganho. Vemos no palco uma luta angustiante de uma mulher contra uma máquina de triturar brasileiros pensantes que defendiam justiça social. Ela, que avança exausta contra os gafanhotos que estão em toda parte.

A mão de Yara de Novaes na direção permite que a história de Mércia respire e sangre no palco. Sílvia Gomez, sua sobrinha, já trabalhou com a diretora em outras montagens – existe uma intimidade artística entre elas que se traduz em colaboração criativa fluida e orgânica.

Juntas, constroem um espetáculo que preserva a dignidade da memória de Mércia através de uma abordagem que doseia densidade histórica com momentos de respiração e umas faíscas de humor. A direção de Novaes é dinâmica e envolvente: vai costurando estados mentais, subverte tempos, conecta e desconecta personagens numa dança cênica precisa. É método nos vários postos. 

A trama se inicia quando a intérprete (Andréa Beltrão) recebe de forma inesperada os manuscritos dos diários de Mércia. Esse encontro fortuito desencadeia um mergulho reflexivo entre passado e presente, estabelecendo ligações com capítulos silenciados da história brasileira.

A cenografia utiliza simbologias poéticas: uma caixa de papelão dos correios e xícaras ofertadas que apontam para madrugadas insones de Mércia. Há surpresas do “subsolo” que surpreendem ao final. 

Em cena com seu filho Chico, que faz a sonoplastia

20 de novembro de 2025, Teatro de Santa Isabel, Recife. Momento extraordinário – aquilo que só o teatro, arte da presença na presença, pode proporcionar. Andréa Beltrão no palco, Yara de Novaes (direção), Sílvia Gomez (dramaturgia), Verônica Prates e Valencia Losada (produção) nos bastidores. Casa lotada, público extasiado, choros baixinhos ecoando durante a apresentação.

A atriz, dona de técnica invejável, traz as forças da natureza para sua interpretação – raios, trovões, relâmpagos, a raiva da senhora tempestade. Trabalha voz, fisicalidade, intenções, transitando entre as personagens Mércia e A. (com suas alusões aos gafanhotos).

Uma questão sensível merece destaque: frequentemente causa incômodo quando artistas sudestinos interpretam personagens nordestinas, geralmente pela artificialidade do sotaque construído. Nesta montagem, contudo, o sotaque que Andréa Beltrão carrega em determinados momentos e ganha dimensão de propriedade e consciência. Não é imitação ou caricatura, mas apropriação respeitosa que nasce da verdade da figura retratada e da entrega integral da intérprete. A prosódia nordestina emerge organicamente, sem forçar, sem soar postiça – resultado de um trabalho de pesquisa e sensibilidade que honra tanto Mércia quanto o território que ela representa.

Durante a apresentação, um celular tocou na plateia. Beltrão segurou o tempo, atrasou propositalmente a partitura, se ajeitou, e num movimento de cabeça fez os óculos voarem até nossos pés – demonstração de presença cênica e domínio do palco. Precisa ser atriz extraordinária para dançar aquela sofrência e transformar o ridículo da situação em versos que viram protesto.

A trilha sonora, executada ao vivo por Chico Beltrão (seu filho), cria um elo poderoso com todas as mães que tentam proteger seus filhos, especialmente aquelas que os perderam para a barbárie – metáfora maternal que atravessa gerações.

Santa Isabel lotado, o público da luta e do luto. Foto: Foto: Marcos Pastich / PCR

Uma das aberturas mais impactantes da história do Festival Recife do Teatro Nacional. A prefeitura atendeu cerca de 540 pessoas – um público que misturava frequentadores habituais de teatro com jovens engajados politicamente e pessoas que nunca haviam entrado num teatro, motivadas pelo componente histórico-político.

Exemplo tocante: uma filha de preso político que descobriu a verdadeira história do pai somente este ano. Cresceu acreditando que ele era bandido, descobriu que era um resistente, e assistiu teatro pela primeira vez.

Conexões: Mércia e Soledad – A história de Mércia se entrelaça com outras trajetórias da resistência. A advogada foi responsável pelo reconhecimento dos corpos de seis integrantes da VPR (Vanguarda Popular Revolucionária) no IML, incluindo Soledad Barrett Viedma.

Em Soledad, espetáculo com a atriz Hilda Torres, direção de Malú Bazán, há uma cena onde a artista algema Soledad (representada por uma boneca) narrando: “A advogada Mércia Albuquerque foi ao IML e encontrou o corpo de Soledad” – momento que conecta as duas lutas, as duas memórias, as duas resistências.

Interpretação técnica e encantadora

Humanidade Sempre em Risco – Há múltiplas entradas para este espetáculo – políticas, estéticas, sociais – todas fascinantes. A peça emociona pela humanidade das personagens, uma humanidade sempre em risco, e faz imaginar a dor inexorável de quem perdeu entes queridos, de quem viu transformada em pó sua própria humanidade.

Lady Tempestade estabelece pontes entre passado autoritário e desafios democráticos contemporâneos, questionando como as violências estatais se perpetuam. “Essas coisas aconteceram acontecem acontecerão”. Nossa humanidade permanece em perigo, nossa jovem democracia sempre em risco.

Uma montagem de envergadura. Essa criação dá motivos para múltiplas análises e considerações que atravessam questões de memória, resistência, técnica teatral e urgências contemporâneas.

A recepção tem sido eloquente: indicações a prêmio demonstram o reconhecimento técnico. Mais revelador ainda é o impacto junto ao público – casas lotadas, lágrimas durante as apresentações, e o fenômeno de atrair espectadores que nunca haviam pisado em um teatro, mobilizados pela força política da narrativa.

Desde a estreia no Rio de Janeiro, em janeiro de 2024, o espetáculo tem percorrido o país gerando discussões necessárias. Lady Tempestade consegue o que poucos espetáculos alcançam – ser simultaneamente rigoroso artisticamente e acessível politicamente. A peça opera numa zona de risco controlado: evoca fantasmas, denuncia, emociona. É teatro que nos fazer pensar e sentir, simultaneamente, sobre quem fomos, quem somos e quem podemos ser. E há muito por dizer.

Ficha Técnica

Lady Tempestade com Andrea Beltrão

Direção: Yara de Novaes
Dramaturgia: Silvia Gomez
Cenografia: Dina Salem Levy
Desenho de luz: Ricardo Vívian e Sarah Salgado
Criação e operação de trilha sonora: Chico Beltrão
Desenho de som: Arthur Ferreira
Figurinos: Marie Salles
Assistente de direção: Murillo Basso
Assistente de cenografia: Alice Cruz
Operador de luz: Sarah Salgado e Luana Della Crist
Direção de Palco e Pintura de Arte: Antônio Lima
Contrarregra: Nivaldo Vieira e Márcio Rodrigues
Fotografia: Nana Moraes
Fotografia de Cena: Nana Moraes e Felipe Ovelha
Vídeos: Gil Tuchtenhagen
Projeto Gráfico: Fabio Arruda e Rodrigo Bleque | Cubículo
Assessoria de Comunicação: Vanessa Cardoso | Factoria Comunicação
Assessoria de Imprensa: Daniella Cavalcanti
Administração do Perfil Andrea Beltrão (Instagram): Rosa Beltrão
Gestão de Performance: Lead Performance
Produção: Quintal Produções
Diretora Geral: Verônica Prates
Coordenadora de Projetos: Valencia Losada
Produtora Executiva: Camila Camuso
Realização: Sesc São Paulo

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Ela enfrentou a ditadura
Lady Tempestade abre
24º Festival Recife do Teatro Nacional

Andrea Beltrão estrela monólogo sobre defensora de presos políticos em Pernambuco, abrindo festival que celebra vozes femininas nas artes cênicas.  Foto: Nana Moraes / Divulgação

Embarque na história de uma mulher que dedicou sua vida a defender aqueles que o Estado considerava inimigos. Mércia Albuquerque foi uma advogada corajosa que, durante os anos mais sombrios da ditadura militar, enfrentou tribunais, burocracias e ameaças para garantir direitos básicos a centenas de presos políticos em Pernambuco. Sua trajetória está no palco através de Lady Tempestade, com Andrea Beltrão, espetáculo que inaugura o 24º Festival Recife do Teatro Nacional, com sessões entre 20 e 22 de novembro no Teatro de Santa Isabel.

Mércia Albuquerque era uma ponte entre famílias desesperadas e um sistema jurídico militarizado. Durante os 21 anos da ditadura civil-militar (1964-1985), ela esteve na linha de frente da defesa dos direitos humanos, documentando violações, organizando defesas e mantendo viva a esperança de inúmeras famílias pernambucanas.

Com texto de Silvia Gomez e direção de Yara de Novaes, a obra baseia-se nos diários pessoais e registros profissionais deixados pela própria Mércia. Trata-se de um trabalho de arqueologia da memória que revela os bastidores da resistência jurídica durante um dos períodos mais sombrios da história brasileira.

Lady Tempestade” oferece uma aula de história viva, demonstrando como funcionava na prática a máquina repressora e, principalmente, como pessoas comuns encontraram formas de resistir dentro da própria lei. Mércia enfrentava verdadeiras tempestades burocráticas e políticas para fazer valer os direitos de seus defendidos.

Andrea Beltrão, uma trajetória de escolhas inteligentes. Foto: Gil Tuchternhagen / Divulgação

Com mais de 40 anos de carreira, Andrea Beltrão conquistou reconhecimento tanto na televisão quanto no teatro, sempre priorizando projetos de relevância artística e social. Na TV, destacou-se em produções como Armação Ilimitada, A Grande Família e Um Lugar ao Sol, enquanto no cinema brilhou em Hebe, A Estrela do Brasil.

No teatro, a atriz emocionou plateias em montagens como “A Prova” e As Centenárias“, demonstrando versatilidade para transitar entre drama e comédia com igual maestria. Essa trajetória sólida reflete uma carreira pautada pela inteligência na escolha dos trabalhos.

Em Lady Tempestade, Beltrão enfrenta um de seus papéis mais desafiadores: interpretar uma mulher real, com responsabilidades históricas e familiares que ainda guardam a memória de Mércia Albuquerque. O monólogo demanda técnica refinada e resistência emocional, já que a intérprete permanece em cena por aproximadamente 90 minutos, conduzindo uma narrativa densa sobre um período traumático da história nacional.

No cenário atual, Lady Tempestade oferece algo raro, que são fatos documentados apresentados através de uma perspectiva humana e acessível. A montagem ganha relevância especial por mostrar o papel crucial da advocacia em momentos de crise democrática. 

Para plateias mais jovens, o espetáculo atua como janela para um período histórico frequentemente reduzido a dados estatísticos nos livros didáticos. Dessa forma, através do relato pessoal de Mércia, eventos históricos ganham rostos, nomes e consequências humanas concretas.

Expectativa de alta procura

A organização do festival prevê alta demanda para as três sessões de Lady Tempestade. A produção acumula histórico de salas lotadas em temporadas anteriores, enquanto a combinação do nome de Andrea Beltrão com a relevância do tema tem atraído atenção em várias temporadas.

Há relatos de caravanas organizadas em estados vizinhos interessadas em acompanhar a abertura do festival. Tal expectativa se justifica: além da importância histórica do material, a montagem oferece a rara oportunidade de ver uma das maiores atrizes brasileiras em ação no palco, em um espaço histórico como o Teatro de Santa Isabel.

Festival celebra protagonismo feminino

Tudo que Eu Queria te Dizer, solo de Ana Beatriz Nogueira. Foto: Divulgação

O 24º Festival Recife do Teatro Nacional consolida-se como um dos principais eventos teatrais do país, apresentando 24 espetáculos em onze dias de atividades, sendo 16 deles inéditos na capital pernambucana. Com o tema “Vozes Femininas – Histórias que ressoam”, a edição deste ano celebra as criadoras e criativas do teatro brasileiro, entre dramaturgas, atrizes, diretoras e pesquisadoras.

Entre as principais atrações nacionais, além de “ady Tempestade, está Tudo que Eu Queria te Dizer, solo de Ana Beatriz Nogueira inspirado no best-seller de Martha Medeiros, onde a atriz se desdobra na pele de cinco mulheres distintas para falar sobre amor, rejeição e desejo. A apresentação acontece nos dias 22 e 23, no Teatro do Parque.

Também inédita na capital pernambucana é Mary Stuart, protagonizada por Virginia Cavendish, trazendo um olhar contemporâneo sobre as últimas 24 horas de vida da rainha escocesa, numa trama sobre conspiração e jogos de poder. A montagem paulista estreia no Recife nos dias 28 e 29, também no Teatro do Parque.

116 Gramas: Peça para Emagrecer, solo da paulista Letícia Rodrigues, explora a jornada de uma mulher em busca do emagrecimento, questionando pressões sociais sobre a imagem corporal. A protagonista tenta, a cada apresentação, perder exatamente 116 gramas, utilizando o espetáculo como uma aula de academia performativa. As sessões acontecem nos dias 22 e 23, no Teatro Apolo.

A Cia do Tijolo, companhia paulista reconhecida nacionalmente, traz duas produções inéditas na cidade: Corteja Paulo Freire, celebração poética e musical no Parque Dona Lindu, e Restinga de Canudos, que reconstrói a vida em Canudos a partir da visão feminina de duas professoras do povoado, que eram professoras em tempos de paz e enfermeiras em tempos de guerra. A montagem apresenta uma perspectiva inédita sobre a comunidade, destacando o cotidiano, as resistências e as histórias que ficaram submersas na narrativa oficial sobre o conflito. A apresentação acontece no dia 23, no Teatro Luiz Mendonça.

Homenagens

Augusta Ferraz. Foto Rogério Alves / Divulgação

Auricéia Fraga. Foto: Divulgação

A edição presta tributo a duas grandes atrizes pernambucanas: Auricéia Fraga e Augusta Ferraz, com 50 anos de trajetória cada uma, cujas vidas em cena contam a história do teatro local.

Augusta Ferraz apresenta Sobre os Ombros de Bárbara, mergulho na vida de Bárbara Alencar, heroína da Revolução Pernambucana e considerada a primeira presa política do Brasil. A montagem acontece nos dias 29 e 30, no Teatro de Santa Isabel.

Auricéia Fraga convida o público para  abertura de processo de Não se Conta o Tempo da Paixão, onde narra sua longa relação com o teatro. A abertura de processo acontece no dia 21, no Teatro Hermilo Borba Filho.

Diversidade de propostas e territórios

Das que Ousaram Desobedecer, do Ceará. Foto de Pattie Silva / Divulgação

O festival distribui sua programação estrategicamente por teatros municipais, parques e espaços públicos da cidade. Além dos tradicionais palcos do Santa Isabel, Teatro do Parque, Apolo e Hermilo Borba Filho, a programação alcança o Marco Camarotti, Luiz Mendonça, Espaço Cênicas e Casa de Alzira, chegando também aos parques da Macaxeira e da Tamarineira.

Shá da Meia Noite, com Sharlene Esse. Foto: Divulgação 

Entre as produções locais inéditas, sobressai Helô em Busca do Baobá Sagrado, espetáculo infantil que narra a história de uma menina em missão para encontrar o fruto sagrado e curar seu povo da “doença da tristeza”. As apresentações acontecem nos dias 22 e 23, no Teatro Hermilo.

Outras montagens nacionais inéditas incluem Das que Ousaram Desobedecer (CE), que relembra a luta de mulheres cearenses contra a ditadura; Zona Lésbica (RJ), que enfrenta estereótipos de gênero para reivindicar o direito ao amor; A Mulher Bala (SP), com a palhaça Funúncia tentando se tornar uma bala humana; e Ella (AM), solo de palhaçaria que aborda violência de gênero.

A Mostra OFFRec amplia o alcance do festival com produções locais e nacionais  contemporâneas, incluindo Mi Madre, solo autobiográfico de dança de Jhanaina Gomes; HBLynda em Trânsito, sobre as vivências de uma pessoa gorda, preta e não binária; e Shá da Meia Noite, celebrando os 40 anos da artista que participou do irreverente Grupo Vivencial.

O festival mantém sua vocação pedagógica através de quatro oficinas gratuitas sobre temas como teatro e sagrado feminino, dramaturgia feminista e criação de solos teatrais. As atividades acontecem entre os dias 20 e 27, em diversos equipamentos.

Toda a programação é gratuita, com distribuição de ingressos nas bilheterias dos teatros uma hora antes de cada espetáculo, mediante entrega de um quilo de alimento não perecível. Serão 37 sessões ao longo dos onze dias, convidando a cidade inteira a celebrar o teatro brasileiro.

📅 SERVIÇO 

LADY TEMPESTADE
🎭 Com: Andrea Beltrão
✍️ Texto: Silvia Gomez
🎬 Direção: Yara de Novaes
📅 Datas: 20, 21 e 22 de novembro
⏰ Horários: 20h (todas as sessões)
📍 Local: Teatro de Santa Isabel – Praça da República, Santo Antônio, Recife/PE
🪑 Capacidade: 570 lugares
🎟️ Ingressos: Gratuitos com 1kg de alimento não perecível
♿ Acessibilidade: Libras (todas as sessões) + Audiodescrição (dia 22)

24º FESTIVAL RECIFE DO TEATRO NACIONAL
🎨 Tema: “Vozes Femininas – Histórias que ressoam”
📅 Período: 20 a 30 de novembro de 2024
🎭 Programação: 24 espetáculos (16 inéditos na cidade) + 37 sessões
🎟️ Acesso: Gratuito com 1kg de alimento não perecível
🏛️ Equipamentos: 9 teatros e 2 parques da cidade
📱 Informações: @culturadorecife (Instagram) | Canais oficiais da Prefeitura do Recife

OUTROS DESTAQUES DA PROGRAMAÇÃO:

 Abertura de processo de Não se Conta o Tempo da Paixão (Auricéia Fraga) – dia 21, no Teatro Hermilo Borba Filho.
Tudo que Eu Queria te Dizer (Ana Beatriz Nogueira) – 22 e 23/11, Teatro do Parque
Mary Stuart (Virginia Cavendish e elenco) – 28 e 29/11, Teatro do Parque
116 Gramas: Peça para Emagrecer (Letícia Rodrigues) – 22 e 23/11, Teatro Apolo
Restinga de Canudos (Cia do Tijolo) – 23/11, Teatro Luiz Mendonça
Sobre os Ombros de Bárbara (Augusta Ferraz) – 29 e 30/11, Teatro de Santa Isabel

OFICINAS GRATUITAS:
Teatro, Dança e Sagrado Feminino (20-21/11)
Dramaturgia para Infâncias (21-23/11)
Criação de Solos Teatrais (24-27/11)
Dramaturgias Feministas (26/11)

⚠️ INFORMAÇÕES IMPORTANTES:

Chegada com 1h de antecedência recomendada
Programação sujeita a alterações – acompanhar canais oficiais
Espetáculos com classificação indicativa variada
Sessões com recursos de acessibilidade sinalizadas na programação

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Teatro em movimento
Rolês Teatrais no Recife
em meados de novembro

O Açougueiro, com Alexandre Guimarães. Foto: Elimar Caranguejo / Divulgação (FIG 24072017)

Eu, Romeu, solo de Marcos Camelo. Foto: Silvia Patricia /_Divulgação

Enquanto o Recife aguarda a 24ª edição do Festival Recife do Teatro Nacional, que acontece entre 20 e 30 de novembro abrindo com  cidade oferece uma programação teatral com montagens que transitam entre tradições afrobrasileiras, clássicos adaptados, monólogos premiados e experimentos cênicos contemporâneos.

Depois de dez anos percorrendo palcos nacionais e acumulando diversos prêmios, O Açougueiro retorna mais uma vez às terras pernambucanas. O monólogo com texto e direção de Samuel Santos e atuação de Alexandre Guimarães mergulha na história de Antônio, homem de origem humilde que conquistou o sonho de abrir o próprio açougue, e sua esposa Nicinha, ex-prostituta de um vilarejo sertanejo.

A narrativa, baseada no Teatro Físico e Antropológico, busca combater os estereótipos nordestinos para falar de amor, preconceito, intolerância e feminicídio. Guimarães se desdobra em nove personagens diferentes, entrelaçando diálogos com manifestações da cultura popular como aboios, toadas de vaqueiro e cantigas de reisados. A montagem já conquistou mais de 7 mil espectadores em 15 cidades brasileiras.

Shakespeare Encontra a Periferia – Da zona norte carioca, mais especificamente de Rocha Miranda, surge uma releitura ousada do clássico shakespeariano. Eu, Romeu traz Marcos Camelo em solo que celebra “a insistência petulante dos improváveis”, questionando sistemas que impõem limites por ascendência, cor de pele e CEP.

A Adorável Companhia constrói uma ponte entre a tragédia renascentista e a realidade suburbana contemporânea. Camelo, ator que “provavelmente não teria chance” de interpretar personagens shakespearianos em montagens tradicionais, se apropria do clássico misturando música, teatro e circo. O resultado é descrito pelo próprio intérprete como “Shakespeare do hip hop ao samba”, uma experiência de extrema intimidade com a plateia onde cada espectador pode se reconhecer no “Eu” do título.

Espetáculos Afrobrasileiros em Circulação

Eu conto, tu contas nós contamos – Ubuntu, uma linda aventura na floresta Afrobrasilândia, da São Gens

A ancestralidade ganha voz através de múltiplas linguagens teatrais na Sambada da Mestra Lusitânia, que acontece gratuitamente até 22 de novembro no Ilê Axé Oxum Ipondá, em Olinda. O Grupo São Gens apresenta uma fábula que questiona representatividade através de duas flores pretas intrigadas pela ausência de suas cores no arco-íris. Em Eu conto, tu contas nós contamos – Ubuntu, uma linda aventura na floresta Afrobrasilândia, (14/11, às 19h), as protagonistas embarcam numa jornada mágica conduzidas pela energia do Ubuntu e pela força dos Orixás, explorando identidade, diversidade e pertencimento através de músicas, danças e narrativas que celebram a cultura afrobrasileira. O espetáculo também circula gratuitamente por escolas públicas do interior pernambucano.

Paralelamente, outros trabalhos exploram memórias e identidades dentro da mesma programação do terreiro. Raquel Franco propõe o intimismo do Teatro lambe-lambe Igbá Itan (15/11, às 17h), formato onde poucos espectadores por vez vivenciam pequenas encenações em estruturas portáteis. Já Agrinez Melo tece recordações pessoais em Histórias Bordadas em Mim (15/11, às 19h), conectando experiência individual com coletividade na formação identitária.

Compondo este panorama de diversidade, HBLynda em TRANSito (16/11, às 19h) apresenta vivências interseccionais de uma pessoa gorda, preta, candomblecista e não binária, oferecendo múltiplas perspectivas sobre os trânsitos pelos diferentes espaços sociais contemporâneos.

Dança Musical e Tradições Populares

A linguagem coreográfica ganha destaque com duas propostas distintas. No Teatro do Parque, a Fênice Dance – Cia Guilherme Queirós adapta o conto clássico em A Bela e a Fera (16/11, 17h), prometendo “um show de dança, emoção e magia” que conta a história de amor através do movimento.

Já o 1º Festival de Cultura Popular do Sítio da Trindade, o universo da cultura popular brasileira se materializa em Chama de Griô (16/11, a partir das 15h). Este teatro musical gratuito conduz crianças e adultos pela aventura de um menino curioso que mergulha no mundo encantado das manifestações culturais, explorando danças, brincadeiras e ritmos tradicionais que compõem o mosaico da identidade brasileira.

Memórias, Identidades e Novas Dramaturgias

Tempo de Vagalume. Foto: Divulgação

Entre as propostas mais experimentais, destaca-se a sensibilidade de Tempo de Vagalume no Teatro Arraial Ariano Suassuna, em Garanhuns (14-15 de novembro, às 19h, com entrada gratuita), onde Joesile Cordeiro utiliza o brilho dos vagalumes como metáfora para reconectar com memórias de infância. O monólogo autobiográfico explora questões LGBTQIAP+ através de discursos dançantes onde memórias, movimentos e mutações se entrelaçam.

Samuel Santos e Grupo O Postinho que faz leitura de Maria Preta

A literatura periférica também encontra espaço cênico através de Samuel Santos, que transforma seu livro infantil em manifesto de representatividade negra com leituras dramatizadas gratuitas do Núcleo O Postinho. Maria Preta narra a fantástica jornada de uma menina de sete anos que, durante parada cardíaca, realiza o desejo de conhecer o próprio corpo por dentro. As apresentações acontecem no Quilombo do Catucá, em Camaragibe (15/11, às 18h) e na Escola Pernambucana de Circo, na Macaxeira (18/11, às 15h), ambas com interpretação em Libras.

FLIPORTO até 16 de Novembro

A 20ª Festa Literária Internacional de Pernambuco celebra duas décadas até 16 de novembro no Parque Dona Lindu, em Boa Viagem com o tema Literatura, tecnologia, sustentabilidade, interfaces e diálogos. Entre os destaques, o espetáculo Carlos Pena Filho e Miró da Muribeca cantam o Recife une poesia, música e performance sob idealização e direção de Ronaldo Correia de Brito no Teatro Luiz Mendonça.

Este trabalho homenageia dois poetas de gerações distintas que compartilham vínculos afetivos e líricos com o Recife, transformando a palavra poética em experiência cênica que celebra a cidade através de diferentes vozes e temporalidades.

VEM AÍ: Debates Urgentes e Vozes Femininas

Para Meu Amigo Branco discute o racismo estrutural.

A partir de 20 de novembro, a CAIXA Cultural Recife (Av. Alfredo Lisboa, 505, Bairro do Recife) recebe Para Meu Amigo Branco, montagem que expõe o racismo estrutural através de situação escolar concreta. A trama acompanha pai que confronta a escola após sua filha de 8 anos sofrer injúria racial, descobrindo que a instituição prefere tratar a questão como mero bullying. A tensão dramática se intensifica quando um pai branco, inicialmente solidário, muda de postura ao descobrir que seu filho é o agressor. Reinaldo Junior e Fernão Lacerda interpretam os protagonistas sob direção de Rodrigo França.

Lady Tempestade, com Andréa Beltrão

Ana Beatriz Nogueira em Tudo que Eu Queria te Dizer

Helô em Busca do Baobá Sagrado. Foto: Dudu Silva

116 Gramas: Peça para Emagrecer questiona padrões corporais a partir da experiência de Letícia Rodrigues

Uma das homenageadas do festival do Recife, Auricéia Fraga compartilha suas memórias em Não se conta o tempo da Paixão

Corteja Paulo Freire, celebração poética e musical itinerante que homenageia o educador pernambucano

Restinga de Canudos a partir da perspectiva de duas professoras. Fotos: Alecio Cesar

O aguardado 24º Festival Recife do Teatro Nacional ocorre de 20 a 30 de novembro, com programação gratuita em diversos teatros da cidade, com o tema Vozes Femininas – Histórias que Ressoam, com realização da Prefeitura do Recife, através da Secretaria de Cultura do Recife e Fundação Cidade do Recife. A programação reúne 24 espetáculos em 37 sessões, celebrando perspectivas, criatividades e forças de grandes mulheres das artes cênicas.

Andréa Beltrão protagoniza Lady Tempestade no Teatro de Santa Isabel (20, 21 e 22/11), reconstruindo a trajetória de Mércia de Albuquerque, advogada que defendeu mais de 500 presos políticos durante a ditadura militar. Ana Beatriz Nogueira apresenta Tudo que Eu Queria te Dizer no Teatro do Parque (22/11 às 20h e 23/11 às 19h), interpretando seis mulheres através de cartas sobre amor, rejeição e desejo baseadas no livro de Martha Medeiros.

Entre as estreias locais, destaca-se Helô em Busca do Baobá Sagrado no Teatro Hermilo Borba Filho (22 e 23/11, às 16h), narrando a jornada de menina que deve encontrar o fruto sagrado para curar seu povo da “doença da tristeza”. Do lado, 116 Gramas: Peça para Emagrecer acontece no Teatro Apolo (22/11 às 18h e 23/11 às 18h), questionando padrões corporais através da experiência de Letícia Rodrigues com um corpo considerado “fora do padrão”.

Uma das homenageadas do festival, Auricéia Fraga compartilha memórias de mais de 50 anos dedicados às artes cênicas em Não se Conta o Tempo da Paixão (21/11, às 19h, Teatro Hermilo Borba Filho), uma abertura de processo dirigida por Rodrigo Dourado que cria espaço de intimidade entre a veterana atriz e o público.

Como parte do Ano cultural Brasil-França, On Veut / A Gente Quer (22 e 23/11, às 16h30, Bairro do Recife) materializa a colaboração da companhia francesa ktha com artistas locais selecionados para criar versão que dialogue com particularidades pernambucanas.

Ainda na programação do primeiro fim de semana, a Cia do Tijolo traz duas montagens que dialogam: Corteja Paulo Freire (22/11, às 16h30, Teatro Luiz Mendonça), celebração poética e musical itinerante que homenageia o educador pernambucano, e Restinga de Canudos (23/11, às 18h, Teatro Luiz Mendonça), que propõe inversão radical sobre o episódio histórico, mostrando Canudos como vitória através da perspectiva de duas professoras que educavam em tempos de paz e se tornaram enfermeiras e combatentes em tempos de guerra.

SERVIÇO

14 de novembro

O Açougueiro
Teatro Capiba, Sesc Casa Amarela | 20h | Gratuito (retirada 1h antes)

Eu, Romeu
Espaço O Poste, Boa Vista | 19h | R$ 20 (2 ingressos)

Eu conto, tu contas nós contamos – Ubuntu
Ilê Axé Oxum Ipondá, Olinda | 19h | Gratuito

14-15 de novembro

Tempo de Vagalume
Teatro Arraial Ariano Suassuna, Garanhuns | 19h | Gratuito

15 de novembro

Teatro lambe-lambe Igbá Itan
Ilê Axé Oxum Ipondá, Olinda | 17h | Gratuito

Histórias Bordadas em Mim
Ilê Axé Oxum Ipondá, Olinda | 19h | Gratuito

Maria Preta – Leitura Dramatizada
Quilombo do Catucá, Camaragibe | 18h | Gratuito

16 de novembro

A Bela e a Fera
Teatro do Parque | Ingressos: @fenicedance ou (81) 99968-0633

HBLynda em TRANSito
Ilê Axé Oxum Ipondá, Olinda | 19h | Gratuito

Chama de Griô – 1º Festival de Cultura Popular
Sítio da Trindade | 15h | Gratuito

FLIPORTOCarlos Pena Filho e Miró da Muribeca cantam o Recife
Parque Dona Lindu, Boa Viagem | sympla.com.br/evento/fliporto-festa-literaria-internacional-de-pernambuco/3196529

18 de novembro

Maria Preta – Leitura Dramatizada
Escola Pernambucana de Circo, Macaxeira | 15h | Gratuito

VEM AÍ

20-29 de novembro

Para Meu Amigo Branco 
CAIXA Cultural Recife | 20/11 às 18h; demais dias às 20h | R$ 30 e R$15 (meia)

24º Festival Recife do Teatro Nacional (20-30 de novembro)
Toda programação gratuita (1kg de alimento)

20/11 (quinta)

Lady Tempestade | Teatro de Santa Isabel | 20h | Com Libras

21/11 (sexta)

Não se Conta o Tempo da Paixão | Teatro Hermilo Borba Filho | 19h | Com Libras
Lady Tempestade | Teatro de Santa Isabel | 20h | Com Libras

22/11 (sábado)

Helô em Busca do Baobá Sagrado | Teatro Hermilo Borba Filho | 16h
On Veut / A Gente Quer | Bairro do Recife | 16h30 | Com Libras
Corteja Paulo Freire | Teatro Luiz Mendonça | 16h30
116 Gramas: Peça para Emagrecer | Teatro Apolo | 18h | Com Libras
Tudo que Eu Queria te Dizer | Teatro do Parque | 20h | Com Libras
Lady Tempestade | Teatro de Santa Isabel | 20h | Com Libras e Audiodescrição

23/11 (domingo)

Helô em Busca do Baobá Sagrado | Teatro Hermilo Borba Filho | 16h
On Veut / A Gente Quer | Bairro do Recife | 16h30 | Com Libras
Restinga de Canudos | Teatro Luiz Mendonça | 18h
116 Gramas: Peça para Emagrecer | Teatro Apolo | 18h | Com Libras e Audiodescrição
Tudo que Eu Queria te Dizer | Teatro do Parque | 19h | Com Libras e Audiodescrição

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24º Festival Recife do Teatro Nacional
celebra vozes femininas
que ecoam através da história

Alguns espetáculos da programação do festival

Entre os próximos dias 20 e 30 de novembro, o 24º Festival Recife do Teatro Nacional transforma palcos e outros espaços da capital pernambucana em território de celebração das vozes femininas que há décadas protagonizam movimentos de produção e insurreição cultural. Sob o tema Vozes Femininas – Histórias que Ressoam, o festival reverbera perspectivas, criatividades, forças e esperanças de grandes mulheres das artes cênicas pernambucanas e brasileiras, numa elaboração delicada e potente de lutas e lutos sociais.

Como já antecipamos aqui no Satisfeita Yolanda?, o festival abre com Lady Tempestade, protagonizada por Andréa Beltrão, montagem que tem causado furor por onde passa e despertou interesse impressionante do público recifense. O espetáculo tem três sessões nos dias 20, 21 e 22 de novembro, no Teatro de Santa Isabel, buscando acomodar o maior número possível de espectadores, já que toda a programação é gratuita, trocada por um quilo de alimento no dia da apresentação.  

Em onze dias de atividades oferecidas pela Prefeitura do Recife, através da Secretaria de Cultura e da Fundação de Cultura Cidade do Recife, serão apresentados 24 espetáculos – 16 deles inéditos na capital pernambucana – distribuídos em 37 sessões que convidam o Recife a aplaudir e celebrar o teatro feito no Brasil. Além das produções locais, o festival inclui debates, performances e oficinas gratuitas que fortalecem a vocação pedagógica do evento.

Entre os destaques nacionais inéditos na cidade estão Tudo que Eu Queria te Dizer com Ana Beatriz Nogueira, Mary Stuart dirigida por Nelson Baskerville, com Virginia Cavendish e Ana Cecília Costa e elenco, 116 Gramas: Peça para Emagrecer, as duas montagens da Cia do Tijolo (Restinga de Canudos e Corteja Paulo Freire), Zona Lésbica e Tem Bastante Espaço Aqui, do Rio de Janeiro, Das que Ousaram Desobedecer do Ceará, A Menina dos Olhos D’Água do Rio Grande do Sul,A Mulher Bala, de São Paulo e Ella do Amazonas. Das peças locais inéditas temos o infantil Helô em Busca do Baobá Sagrado, além dos trabalhos das homenageadas Não se Conta o Tempo da Paixão e Sobre os Ombros de Bárbara, abertura de processo de Auricéia Fraga e estreia de Augusta Ferraz, respectivamente. O único espetáculo internacional desta edição estabelece ponte franco-brasileira: On Veut / A Gente Quer apresenta roteiro francês interpretado por elenco recifense selecionado especialmente para o projeto.

Andréa Beltrão abre a programação do FRTN na quinta-feira, 20/11. Foto: Nana Moraes

Em diálogo com o tema do festival, Lady Tempestade reconstrói uma história fundamental da resistência brasileira através da trajetória de Mércia de Albuquerque, advogada que defendeu mais de 500 presos políticos durante a ditadura militar. Ao testemunhar a tortura de Gregório Bezerra nas ruas do Recife em 1964, sua vida foi transformada em missão de defesa dos direitos humanos.

Com texto de Sílvia Gomez e direção de Yara de Novaes, o monólogo parte dos diários que Mércia escreveu durante os anos mais duros da repressão. Andréa Beltrão interpreta A., mulher que recebe misteriosamente os escritos e gradualmente se envolve com aquelas histórias, numa estrutura narrativa que embaralha temporalidades através de um “diário dentro do diário”. A escolha dramatúrgica amplifica o impacto emocional ao criar camadas de identificação entre diferentes gerações de mulheres.

Homenageadas do ano

Augusta Ferraz e Auricéia Fraga as homenageadas desta edição

Auricéia Fraga e Augusta Ferraz são as homenageadas desta versão, duas artistas dedicadas conseguem atravessar décadas mantendo relevância criativa. Juntas, essas trajetórias mostram como a continuidade de uma tradição teatral se constrói através do trabalho persistente de seus intérpretes mais experientes, influenciando gerações e garantindo a renovação constante da cena local.

Augusta Ferraz é uma das figuras mais emblemáticas do teatro pernambucano, com carreira que ultrapassa cinco décadas e mais de 70 produções. Sua jornada artística, iniciada nos anos 1970, construiu-se através da versatilidade e compromisso inabalável com a arte cênica. Nos anos 1980, pela companhia Ilusionistas, encenou clássicos infantis que marcaram gerações; na década seguinte, tornou-se pioneira em espetáculos solo no estado, dirigindo e atuando em monólogos como Malassombro (2001) e Sexo, a arte de ser censurada (2014).

O reconhecimento de sua importância culminou em 2015, quando foi homenageada no 21º Janeiro de Grandes Espetáculos com a mostra Augusta Ferraz: 40 Anos de Resistência, apresentando quatro trabalhos em sequência. Atualmente, mantém engajamento ativo nas lutas pela cultura pernambucana e expandiu seu talento para a televisão, estreando na novela Guerreiros do Sol como Dona Berenice.

Nesta 24ª edição do FRTN, Augusta Ferraz defende a personagem Bárbara de Alencar (1760-1832), primeira presa política brasileira e protagonista da Revolução Pernambucana de 1817 em Sobre os Ombros de Bárbara, nos dias 29 e 30 de novembro. Com dramaturgia criada pela própria Augusta em parceria com Brisa Rodrigues e direção de José Manoel Sobrinho, o espetáculo explora a luta de uma mulher republicana durante a monarquia, apresentando um corpo violentado e uma resistência ao arbítrio que estabelece conexões diretas entre passado e presente.

Auricéia Fraga, por sua vez, representa a memória viva do teatro recifense. Ela acumula mais de cinco décadas de carreira com mais de 40 montagens teatrais. Iniciada em 1972 na Escola de Belas Artes da UFPE, conquistou prêmios de melhor atriz e colaborou com diretores de prestígio como Antônio Cadengue, Milton Bacarelli e Marco Camarotti, transitando também pelo cinema em filmes como Tatuagem e Árido Movie.

Não se Conta o Tempo da Paixão oferece à homenageada Auricéia Fraga a oportunidade de compartilhar memórias e reflexões sobre mais de 50 anos dedicadas às artes cênicas. O trabalho, dirigido por Rodrigo Dourado, funciona como abertura de processo que narra sua relação profunda com o teatro, criando espaço de intimidade entre a veterana atriz e o público.

Dupla Perspectiva de Resistência e Educação

Restinga de Canudos. Foto: Alecio Cesar

Corteja Paulo Freire, da Cia do Tijolo. Foto: Alecio Cesar

A presença da Cia do Tijolo no festival traz duas montagens complementares que dialogam com a pedagogia freireana e a memória histórica brasileira, demonstrando como uma companhia pode abordar temas correlatos através de linguagens distintas.

Restinga de Canudos propõe uma inversão de perspectiva radical sobre um dos episódios mais controversos da história nacional. Sob direção de Dinho Lima Flor, ao invés de partir do massacre documentado por Euclides da Cunha, a montagem escolhe iluminar a vida pulsante que existia antes da guerra, mostrando Canudos como vitória, não como derrota.

A dramaturgia reconstrói o cotidiano de uma comunidade que inventou formas próprias de existência no sertão baiano, revelando a complexidade social de Belo Monte muito além da figura de Antônio Conselheiro. O olhar parte de duas professoras – Odília Nunes e Karen Menatti – que em tempos de paz educavam e em tempos de guerra transformaram-se em enfermeiras e combatentes. Esta escolha narrativa reafirma, inspirada na ética freireana, o papel fundamental dos educadores na formação de consciência crítica.

Complementarmente, Corteja Paulo Freire chega como celebração poética, musical e itinerante que flexiona o conceito de cortejo no feminino. A montagem homenageia o educador pernambucano através de uma proposta que se movimenta pelos espaços, criando experiência imersiva que dialoga diretamente com a pedagogia freireana, falando sobre coletividade, respeito e caminhada como processos de construção coletiva de conhecimento.

Poder, Conspiração e Espelhos Contemporâneos

Mary Stuart, direção de Nelson Baskerville com Virginia Cavendish e Ana Cecília Costa. Foto: Priscila Prade

Transitando dos movimentos sociais para os jogos palacianos, Mary Stuart estabelece pontes temporais entre disputas do século XVI e embates políticos atuais. Nelson Baskerville transporta as tensões entre duas monarcas para uma linguagem que espelha questões contemporâneas, aproveitando o potencial da adaptação de Robert Icke que Virginia Cavendish descobriu em Londres.

Virginia Cavendish e Ana Cecília Costa interpretam as rainhas que historicamente nunca se encontraram, mas que no palco representam mulheres que pagaram caro por viver segundo suas convicções. A direção planeja recursos cenográficos que conectem passado e presente: um cronômetro permanentemente projetado marcará os últimos momentos de Mary Stuart, aprisionada há 18 anos.

A montagem dialoga com questões urgentes como o estímulo à misoginia, guerras religiosas que ressurgem periodicamente e mecanismos de enfraquecimento daqueles que não compactuam com estruturas de dominação. Esses temas ecoam tanto no impeachment de Dilma Rousseff quanto na crescente exploração da religião como ferramenta de manipulação política, demonstrando como clássicos teatrais podem iluminar conjunturas atuais.

Ana Beatriz Nogueira em Tudo que Eu Queria Te Dizer

Tudo que Eu Queria Te Dizer traz Ana Beatriz Nogueira revisitando textos baseados no livro de Martha Medeiros, sob direção de Victor Garcia Peralta. O solo apresenta cartas femininas sobre amor, rejeição, saudade, ética e desejo, com a atriz se desdobrando na pele de seis mulheres de universos distintos, todas vivendo momentos-limite de desabafo. A montagem, despojada cenograficamente, aposta inteiramente na força interpretativa.

Questionando Padrões Corporais e Sociais

116 Gramas: Peça para Emagrecer com Letícia Rodrigues

Ella, com Ana Oliveira da Cia Cacos, reflete sobre violência simbólica. Foto Heldemar Castro

Duas montagens se dedicam especificamente a questionar padrões impostos socialmente, pensando corpo e identidade através de perspectivas complementares mas distintas.

116 Gramas: Peça para Emagrecer apresenta Letícia Rodrigues em solo que mergulha na experiência de um corpo considerado “fora do padrão”. O título, que se refere ao peso específico que separava a personagem de um objetivo aparentemente simples, revela-se ponto de partida para investigação mais ampla sobre as pressões que a sociedade exerce sobre determinados corpos. A dramaturgia vai além da questão estética, problematizando os rituais obsessivos da busca por adequação social.

Ella, produção de Manaus com Ana Oliveira da Cia Cacos, utiliza a linguagem do clown para mirar a violência simbólica de gênero. A personagem, obcecada pela busca do amor romântico, combina humor e crítica, provocando questionamentos sobre autocuidado, padrões de beleza e os limites invisíveis da violência que perpassa o cotidiano feminino. A escolha pela palhaçaria como linguagem permite abordar temas delicados através do riso, criando pontes de identificação com o público.

A Menina dos Olhos D’Água (RS) mistura teatro de formas animadas com teatro documentário para crianças

Helô em Busca do Baobá Sagrado é montagem recifense que estreia no festival 

O festival apresenta para o público infantil montagens que tocam em temas complexos através de linguagem acessível, conectando, por exemplo, tradições ancestrais com questões contemporâneas.

Helô em Busca do Baobá Sagrado representa a produção local através do trabalho de Agrinez Melo, Cecília Chá, Ester Soares, Fábio Henrique e Talles Ribeiro. A montagem narra a jornada de uma menina que deve encontrar o fruto sagrado do Baobá para curar seu povo da “doença da tristeza”, conectando tradições africanas com questões sobre saúde mental coletiva e cuidado comunitário.

A Menina dos Olhos D’Água, com Liane Venturella do Rio Grande do Sul, vem com proposta que mistura teatro de formas animadas com teatro documentário para crianças. A montagem mistura temas como exílio, pertencimento, perda e superação, demonstrando como linguagens híbridas podem tornar questões complexas acessíveis às infâncias.

A Mulher Bala adiciona a perspectiva da palhaçaria feminina através do trabalho da paulista Funúncia (Priscila Senegalho e Renato Paio), que tenta se tornar uma bala humana usando canhão confeccionado por ela mesma. A proposta aposta no humor circense para questionar padrões de feminilidade, oferecendo às crianças referências de empoderamento feminino através do riso.

Fechando este núcleo, Tem Bastante Espaço Aqui chega do Rio de Janeiro com Carolina Godinho, Juliane Cruz e Monique Vaillé, propondo investigações intimistas sobre família, convivência e afeto. As histórias transitam entre humor e emoção, a partir dos jogos e dinâmicas familiares contemporâneas e suas narrativas que dialogam .

Laboratórios Internacionais e Memórias Regionais

Das que Ousaram Desobedecer, que resgata lutas de mulheres cearenses contra a ditadura militar entre 1960 e 1979. Foto: Pattie Silva

Montagem carioca Zona lésbica reivindica direitos afetivos 

A companhia francesa ktha veio ao Recife para desenvolver a peça On Veut / A Gente Quer com artistas locais, como parte da programação do Ano Cultural Brasil-França 2025. Após analisar mais de 100 cartas de intenção, a companhia selecionou artistas locais para construir versão específica que dialogue com particularidades pernambucanas. A metodologia da ktha funciona através de dramaturgia aberta – uma extensa lista de desejos e reivindicações que ganha forma específica através do trabalho com performers locais, criando rituais coletivos de partilha de anseios urbanos. Participam do trabalho Guaraci Rios, Rodrigo Herminio, Anna Batista, Maria Pepe, Ana Carolina dos Santos, Lucas Vinicius Silva de Lima.

A programação também valoriza memórias regionais através de Das que Ousaram Desobedecer, que chega do Ceará com Liliana Brizeno, Marina Brito e Marina Brizeno. A montagem resgata lutas de mulheres cearenses contra a ditadura militar entre 1960 e 1979, iluminando histórias de resistência que frequentemente permaneceram na sombra dos relatos oficiais, reconstruindo trajetórias de mulheres que enfrentaram a repressão através de diferentes formas de insurgência.

Ainda na programação principal, Zona Lésbica enfrenta estereótipos de gênero e reivindica direitos afetivos através do trabalho de Carolina Godinho, Dandara Azevedo, Dani Nega, Jessica Lamana, Monique Vaillé, Nely Coelho e Simone Beghinni. A montagem carioca propõe discussões necessárias sobre diversidade sexual e afetiva, uma afirmação direta sobre direitos fundamentais.

OFFRec: Ampliando Vozes Emergentes

Mi Madre, com Jhanaina Gomes. Foto: Morgana Narjara

Ensaio do Agora. Foto: Rogério Alves

HBLynda Morais apresenta vivências interseccionais. Foto: Rafael Quirino

Shá da Meia Noite, com Sharlene Esse, primeira dama trans do teatro pernambucano

A vocação pedagógica do festival segue sua trilha com a mostra OFFRec, que apresenta produções locais escolhidas pela curadoria para formar o panorama da cena contemporânea. Esta programação paralela funciona como vitrine para artistas emergentes e propostas experimentais que buscam visibilidade.

Mi Madre, solo autobiográfico de dança criado por Jhanaina Gomes, honra ancestralidade através do movimento corporal. HBLynda Morais apresenta vivências interseccionais de uma pessoa gorda, preta, candomblecista e não binária, oferecendo perspectivas múltiplas sobre identidade contemporânea.

Ensaio do Agora constrói narrativas sobre memória através do trabalho conjunto de Analice Croccia, Domingos Júnior e Natali Assunção, contando histórias de nove mulheres. Avós permite que Olga Ferrario celebre ancestralidade feminina através de trabalho poético sobre as mulheres que a antecederam, criando pontes geracionais através da arte.

Àwọn Irúgbin confirma protagonismos afro-indígenas através do trabalho de Cecilia Chá, Larissa Lira, Sthe Vieira e Thallis Ítalo, demonstrando como jovens artistas conseguem articular identidades étnicas com propostas cênicas contemporâneas.

As intervenções Silêncio, de Célia Regina, ocorre na Casa de Alzira na mesma ocasião que Shá da Meia Noite, de Sharlene Esse, que celebra os 40 anos do Grupo Vivencial. As ações conectam a história do teatro alternativo pernambucano com propostas atuais de experimentação cênica.

Formação

Quatro oficinas gratuitas fazem parte deste festival. Teatro, Dança e o Sagrado Feminino com Sandra Rino explora conexões entre espiritualidade e criação cênica. Corpo e Escrita de Si com Paula Lice investiga relações entre experiência corporal e criação dramatúrgica.

Da Ideia à Cena oferece com Malú Bazán território de experimentação para criação de solos teatrais, enquanto Dramaturgias Feministas permite que Luciana Lyra aprofunde discussões sobre o papel das mulheres na criação teatral contemporânea.

Paralelamente, o Ciclo de Dramaturgia Feminista inclui leituras cênicas e debates que fortalecem a vocação pedagógica do festival, criando espaços de reflexão sobre os avanços e desafios da representação feminina nas artes cênicas.

PROGRAMAÇÃO

24º FESTIVAL RECIFE DO TEATRO NACIONAL
De 20 a 30 de novembro

DIA 20 (QUINTA-FEIRA)

20h – Abertura + “Lady Tempestade”, com Andréa Beltrão (RJ)
No Teatro de Santa Isabel
Com Libras

DIA 21 (SEXTA-FEIRA)

19h – Abertura de processo “Não se Conta o Tempo da Paixão”, com Auricéia Fraga (PE)
No Teatro Hermilo Borba Filho
Com Libras

20h – “Lady Tempestade”, com Andréa Beltrão (RJ)
No Teatro de Santa Isabel
Com Libras

DIA 22 (SÁBADO)

16h – “Helô em Busca do Baobá Sagrado”, com Agrinez Melo, Cecília Chá, Ester Soares, Fábio Henrique e Talles Ribeiro (PE)
No Teatro Hermilo Borba Filho

16h30 – “On Veut / A Gente Quer”, com Guaraci Rios, Rodrigo Herminio, Anna Batista, Maria Pepe, Ana Carolina dos Santos, Lucas Vinicius Silva de Lima (FR/PE)
No Bairro do Recife
Com Libras

16h30 – “Corteja Paulo Freire”, da Cia do Tijolo (SP), com Dinho Lima Flor, Rodrigo Mercadante, Karen Menatti, Artur Mattar, Odilia Nunes, Danilo Nonato, Jaque da Silva, Vanessa Petroncari e João Bertolai
No Teatro Luiz Mendonça

18h – “116 Gramas: Peça para Emagrecer”, com Letícia Rodrigues (SP)
No Teatro Apolo
Com Libras

20h – “Tudo que Eu Queria te Dizer”, com Ana Beatriz Nogueira (RJ)
No Teatro do Parque
Com Libras

20h – “Lady Tempestade”, com Andréa Beltrão (RJ)
No Teatro de Santa Isabel
Com Libras e Audiodescrição

DIA 23 (DOMINGO)

16h – “Helô em Busca do Baobá Sagrado”, com Agrinez Melo, Cecília Chá, Ester Soares, Fábio Henrique e Talles Ribeiro (PE)
No Teatro Hermilo Borba Filho

16h30 – “On Veut / A Gente Quer”, com Guaraci Rios, Rodrigo Herminio, Anna Batista, Maria Pepe, Ana Carolina dos Santos, Lucas Vinicius Silva de Lima (FR/PE)
No Bairro do Recife
Com Libras

18h – “Restinga de Canudos”, da Cia do Tijolo (SP), com Dinho Lima Flor, Rodrigo Mercadante, Karen Menatti, Odília Nunes, Artur Mattar, Jaque da Silva, Danilo Nonato, João Bertolai, Marcos Coin, Dicinho Areias, Jonathan Silva, Juh Vieira, Vanessa Petroncari, Mayara Baptista, Roma Oliveira, Maria Alencar Rosa, Nanda Guedes e Leandro Goulart
No Teatro Luiz Mendonça

18h – “116 Gramas: Peça para Emagrecer”, com Letícia Rodrigues (SP)
No Teatro Apolo
Com Libras e Audiodescrição

19h – “Tudo que Eu Queria te Dizer”, com Ana Beatriz Nogueira (RJ)
No Teatro do Parque
Com Libras e Audiodescrição

DIA 24 (SEGUNDA-FEIRA)

OFFRec
19h – Espetáculo “Mi Madre”, com Jhanaina Gomes (PE)
No Teatro Hermilo Borba Filho

DIA 25 (TERÇA-FEIRA)

OFFRec
16h – Ciclo de Dramaturgia Feminista – Leitura cênica: “Deus da Carnificina”, com o Ato Teatro (PE)
No Espaço Cênicas

17h – Debate: “O Olhar da Mulher – Trânsito entre Teatro e Cinema”, com Andréa Veruska e o Ato Teatro (PE)
No Espaço Cênicas

19h – Espetáculo “HBLynda”, com HBLynda Morais (PE)
No Teatro Hermilo Borba Filho

DIA 26 (QUARTA-FEIRA)

OFFRec
16h – Ciclo de Dramaturgia Feminina – Leitura cênica: “A Peça do Vulcão”, com a Cênicas Cia de Repertório (PE)
No Espaço Cênicas

17h – Debate: “O Trabalho da Cênicas Cia e a Presença da Mulher”, com Sônia Carvalho e Toni Rodrigues (PE)
No Espaço Cênicas

19h – Espetáculo “Ella”, com Ana Oliveira (AM)
No Teatro Hermilo Borba Filho

DIA 27 (QUINTA-FEIRA)

OFFRec
16h – Ciclo de Dramaturgia Feminista – Leitura cênica: “Josephina”, com Arilson Lopes, Fabiana Pirro e Ana Luiza D’Accioli (PE). Participação: DJ Vibra
No Espaço Cênicas

17h – Debate: “Feminismo, Teatro e Dramaturgia”, com Luciana Lyra e grupo (PE)
No Espaço Cênicas

18h – Lançamento de livro: “Coleção Dramaturgias Feministas”/Numa Editora, com Luciana Lyra
No Espaço Cênicas

19h – Espetáculo “Avós”, com Olga Ferrario (PE)
No Teatro Hermilo Borba Filho

20h – Espetáculo “Ensaio do Agora”, com Analice Croccia, Domingos Júnior e Natali Assunção (PE)
No Teatro Apolo

DIA 28 (SEXTA-FEIRA)

20h – “Mary Stuart” com Virginia Cavendish, Ana Cecília Costa, Letícia Calvosa, Adilson Azevedo, César Mello/Anderson Müller, Eucir de Souza, Joelson Medeiros, Johnnas Oliva/Iuri Saraiva, Fernando Vitor, Alef Barros e Julia Terron (SP)
No Teatro do Parque
Com Libras

OFFRec
16h – “ÉdypusD’Yocasta”: abertura de processo – Dramaturgia em progresso”, com Cia do Ator Nu (PE)
Na Casa de Alzira

17h – Debate: “Escrituras Femininas – Entre Teatro e Literatura”, com Flávia Gomes e Cia do Ator Nu (PE)
Na Casa de Alzira

19h – Espetáculo “Àwọn Irúgbin”, com Cecilia Chá, Larissa Lira, Sthe Vieira e Thallis Ítalo (PE)
No Teatro Hermilo Borba Filho

DIA 29 (SÁBADO)

11h – “A Menina dos Olhos D’água”, com Liane Venturella (RS)
No Teatro Marco Camarotti
Com Libras

16h – “Tem Bastante Espaço Aqui”, com Carolina Godinho, Juliane Cruz e Monique Vaillé (RJ)
Teatro Apolo

16h – “A Mulher Bala”, com Priscila Senegalho e Renato Paio (SP)
No Parque da Tamarineira
Com Libras

20h – “Sobre os Ombros de Bárbara”, com Augusta Ferraz (PE)
No Teatro de Santa Isabel
Com Libras

20h – “Mary Stuart”, com Virginia Cavendish, Ana Cecília Costa, Letícia Calvosa, Adilson Azevedo, César Mello/Anderson Müller, Eucir de Souza, Joelson Medeiros, Johnnas Oliva/Iuri Saraiva, Fernando Vitor, Alef Barros e Julia Terron (SP)
No Teatro do Parque
Com Libras e Audiodescrição

OFFRec
16h – Diálogos Crítico-Pedagógicos: “OFFRec em Perspectiva – Tendências Contemporâneas”, com Fátima Pontes e Emanuela de Jesus (PE)
Na Casa de Alzira

19h – Espetáculo “Das que Ousam Desobedecer”, com Liliana Brizeno, Marina Brito e Marina Brizeno (CE)
No Teatro Hermilo Borba Filho

21h – Intervenção performática “Silêncio”, com Célia Regina (PE)
Na Casa de Alzira

22h – Espetáculo “Shá da Meia Noite”, com Sharlene Esse (PE)
Na Casa de Alzira

DIA 30 (DOMINGO)

11h – “A Menina dos Olhos D’água”, com Liane Venturella (RS)
No Teatro Marco Camarotti

16h – “A Mulher Bala”, com Priscila Senegalho e Renato Paio (SP)
No Parque da Macaxeira
Com Libras

18h – “Noite”, com Sônia Biebard, Fátima Aguiar e Karine Ordônio (PE)
No Teatro Hermilo Borba Filho

19h – “Zona Lésbica”, com Carolina Godinho, Dandara Azevedo, Dani Nega, Jessica Lamana, Monique Vaillé, Nely Coelho e Simone Beghinni (RJ)
No Teatro Apolo
Com Libras

20h – “Sobre os Ombros de Bárbara”, com Augusta Ferraz (SP)
No Teatro de Santa Isabel
Com Libras e Audiodescrição

OFICINAS

“Teatro, Dança e o Sagrado Feminino – A Dança dos Elementos” – Com Sandra Rino (PE). Dias 20 e 21, das 8h30 às 12h30, no Paço do Frevo. 20 vagas (só para mulheres)

“Corpo e Escrita de Si – Dramaturgia para e a partir das Infâncias” – Com Paula Lice (BA). Dias 21, 22 e 23, das 14h às 18h, Teatro Marco Camarotti.. 20 vagas

“Da Ideia à Cena – Território de Experimentação Cênica para Criação, Desenvolvimento e Pesquisa de Solos Teatrais” – Com Malú Bazán (SP). Dias 24, 25, 26 e 27, das 9h às 13h, no Teatro de Santa Isabel. 12 vagas

“Dramaturgias Feministas: Panorama Brasileiro, Agendas e Modos de Fazer” – Com Luciana Lyra (PE). Dia 26/11, das 14h às 18h, no Teatro de Santa Isabel. 20 vagas

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