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Ex-combatentes em Brasília

Grupo Cena

O grupo Cena apresenta sua nova montagem nesta terça-feira, no próprio Espaço Cena, em Brasília. São três atores no palco: Chico Sant´Anna, João Antônio e William Ferreira, sob a direção de Guilherme Reis. Heróis, o caminho do vento (Le Vent dans Le peuplier, no original), traz três ex-combatentes, que agora estão numa casa geriátrica e desfiam lembranças, divagações e ironias. O texto é de Gerald Sibleyras.

Durante o Janeiro de Grandes Espetáculos, o Grupo Cena esteve no Recife para apresentar, pela segunda vez, um dos espetáculos do seu repertório: Dinossauros. Por essa experiência, fiquei muito curiosa para conferir esta nova empreitada. Em Dinossauros, os atores Carmem Moretzsohn e Murilo Grossi se encontram numa madrugada no banco de uma estação. Aos pouquinhos, a gente vai se apaixonando pelo texto (que é do dramaturgo, diretor e psicólogo Santiago Serrano), pela encenação delicada, cheia de nuances – desde o medo inicial da personagem Silvina, até a aproximação dos dois personagens.

Um espetáculo curto – acho que tem menos de uma hora-, mas que deixa a sensação de que não é mesmo preciso muito para que uma experiência teatral seja plena, tanto para os atores como para o público. A direção também era de Guilherme Reis, um dos criadores do Festival Cena Contemporânea.

Heróis, o caminho do vento fica em cartaz até 26 de março. Na semana de estreia, as sessões serão de terça a domingo; depois, de quinta a domingo. Outras informações podem ser obtidas pelo telefone 61 3349-3937 ou pelo facebook do Cena Contemporânea de Brasília.

Espero que a peça venha logo por aqui! Atenção, produtores!!! Missão para vocês!

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Mesa de conversa

Foto: Carol Rosegg

A avaliação do 17º Janeiro de Grandes Espetáculos está marcada para esta quarta-feira (9), às 19h, no Teatro Arraial. Mas antes disso, na semana passada, conversei com o trio de produtores do evento: Paulo de Castro, Paula de Renor e Carla Valença. Estávamos numa mesinha lá no primeiro andar da Apacepe, no bairro de Santo Amaro, ‘proseando’. E é muito engraçado perceber como são as diferenças e as opiniões fortes de todos eles que fazem com que o Janeiro seja tão amplo. Juro que fiquei me perguntando como eles conseguem! Discordam em quase tudo, mas sempre tem o que acrescentar ao outro. Um caldo interessante. Nessa conversa, soube algumas novidades:

– O planejamento para 2012 ainda vai começar, mas o grupo já está ‘namorando’ uma companhia. É a Yllana, da Espanha, que traria o espetáculo 666, apresentado no festival Cena Contemporânea, de Brasília, em 2007. O espetáculo traz quatro presos, no corredor da morte. O apoio para trazer a companhia seria do Instituto Cervantes.

– Vai rolar uma semana pernambucana em Porto Alegre. O curador Luciano Alabarse quer música – inclusive já teria chamado Mônica Feijó -, dança e teatro. Quem vai fazer a curadoria é o Janeiro (embora já tenham sido convidados pelo menos os espetáculos O amor de Clotilde por um certo Leandro Dantas e Cordel do amor sem fim, pelo próprio curador). O gasto pernambucano é com as passagens; e aí espera-se apoio da Prefeitura do Recife, com o Recife Palco Brasil.

– O público do Janeiro chamou atenção! Foram 20 mil pessoas. Ano passado, o número de espectadores era de 14 mil. E, no próximo ano, a edição deve ter uma novidade: os ingressos vendidos pela internet, e quem sabe até com entrega a domicílio.

Amanhã vão rolar mais sugestões e debates! Mas normalmente a avaliação é menos ‘calorosa’ do que no festival Recife do Teatro Nacional, que é um evento da Prefeitura do Recife. Claro que no Janeiro a classe se sente mais prestigiada..e brigar pelos nossos direitos com o poder público é mesmo mais instigante! 😉

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Já era tempo…

O Teatro Arraial finalmente parece que vai voltando aos pouquinhos à rotina cultural da cidade. Foi reaberto para abrigar algumas montagens e oficinas do Janeiro de Grandes Espetáculos, mas a pergunta era: e depois do festival?!

Recebemos um e-mail já divulgando a temporada de Henrique Celibi com Madléia + ou – doida, que começa neste sábado e vai até março. Ainda assim, a Fundarpe está recebendo outras propostas para a ocupação do Arraial para os meses de fevereiro (os grupos têm que correr!) e março. É só deixar a proposta na recepção da Fundarpe (Rua da Aurora, 463/469, Boa Vista). Ah, lembrando que o espetáculo tem que ser adequado ao espaço!

Para a ocupação dos meses seguintes, ficou de ser lançado um edital nos próximos dias. Vamos aguardar! Informações: teatroarraial@gmail.com ou (81) 3184-3057.

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E o prêmio foi para…

Antes de falar da festa no Armazém, a lista dos vencedores do Prêmio Apacepe de Teatro e Dança, entregue nesta sexta:

Teatro adulto
Espetáculo: O amor de Clotilde por um certo Leandro Dantas (júri popular e júri oficial)

Diretor: Samuel Santos (Cordel do amor sem fim)

Ator: Henrique Celibi (Madléia +ou – doida) e Thomás Aquino (Cordel do amor sem fim)

Atriz: Naná Sodré (Cordel do amor sem fim) e Sandra Possani (O acidente)

Ator coadjuvante: Paulo Henrique Reis (O santo e a porca)

Atriz coadjuvante: Agrinez Melo (Cordel do amor sem fim)

Atriz revelação: Bruna Castiel (Senhora dos afogados)

Sonoplastia: Diogo Lopes (Cordel do amor sem fim)

Iluminação: Luciana Raposo (Um rito de mães, rosas e sangue)

Cenário: Marcondes Lima (Lágrimas de um guarda-chuva)

Figurino: Luciano Pontes (Um rito de mães, rosas e sangue)

Maquiagem: Trupe Ensaia Aqui e Acolá (O amor de Clotilde por um certo Leandro Dantas)

Prêmio especial do júri: Sebastião Simão Filho (pelo trabalho de corpo em Odemar)

Teatro infantil

Espetáculo: O fio mágico

Diretor: Marcondes Lima (O fio mágico)

Ator: Jorge de Paula (No meio da noite escura tem um pé de maravilha) e Marcondes Lima (O fio mágico)

Atriz: Paula de Tássia (Reprilhadas e entralhofas – Um concerto para acabar com a tristeza)

Ator coadjuvante: Alexsandro Silva (Reprilhadas e entralhofas…)

Atriz coadjuvante: Fátima Caio (O fio mágico)

Figurino: Marcondes Lima (Reprilhadas e entralhofas…)

Cenário: Jorge de Paula, Andrezza Alves e Fábio Caio (No meio da noite escura…) e Marcondes Lima (O fio mágico)

Sonoplastia: Flávio Santana (Reprilhadas e entralhofas…)

Trilha sonora: Henrique Macedo (O fio mágico)

Iluminação: No meio da noite escura…

Prêmio especial do júri oficial: Palhaços em conSerto

Dança

Espetáculo: Travessia (Grupo Grial de Dança)

Bailarino: Cláudio Lacerda (Real/Duplo)

Bailarina: Fláira Ferro (O frevo. É teu?)

Trilha sonora ou sonoplastia: Publius Lentulus e Cláudio Rabeca (Travessia)

Iluminação: Luciana Raposo (Travessia)

Cenografia: Dantas Suassuna (Travessia)

Figurino: Andréa Monteiro (Travessia)

Coreografia: Maria Paula Costa Rêgo (Travessia)

Prêmio especial do júri oficial: Lua cambará (Ária Social)

Ainda rolaram prêmios especiais para o Espaço Muda (super parceiro!) e para o Teatro Boa Vista, reativado por Ulisses Dornelas.

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Hoje é dia de prêmio

O Teatro Armazém era assim em outubro de 2009 Foto: Rubem Moraes

Hoje é dia de festa para quem participou da maratona do Janeiro de Grandes Espetáculos, principalmente para os artistas que estão indicados ao Prêmio APACEPE de Teatro e Dança. A festa começa às 20h, Teatro Armazém. A noite que também marca a despedida do Armazém como teatro alternativo comandado por Paula de Renor, terá como atrações a Orquestra Contemporânea de Olinda, DJ’s Roger e Tiago de Renor e participação de DJ Dolores. Os ingressos para a festa custam R$ 20 e R$ 10.

Das montagens adultas que estão concorrendo, no nossa enquete no blog Satisfeita Yolanda?, por enquanto O Amor de Clotilde por um Certo Leandro Dantas está em primeiro lugar; Senhora dos Afogados em segundo; nenhuma dessas opções em terceiro; Cordel do Amor Sem Fim em quarto e Um Rito de Mães, Rosas e Sangue, em quinto.

Os encenadores mais experientes e renomados da cidade ficaram de fora dessa lista da comissão julgadora, a exemplo de por Antonio Cadengue, que dirigiu Lágrimas de um Guarda-Chuva, e João Denys, que dirigiu Os Fuzis da Senhora Carrar.

Vou falar um pouco de alguns dos indicados.

Espetáculo O Fio Mágico..................Foto: Carla Denise

Antes disso revelo que o melhor espetáculo do Janeiro de Grandes Espetáculos, para mim, é O Fio Mágico, do Mão Molenga Teatro de Bonecos. É delicado, divertido, engraçado, sério, reflexivo, tem um ótimo texto, com ótimas atuações. Assisti duas vezes (pretendo ver mais) e percebi as crianças tão atentas e encantadas quanto eu.

O Fio Mágico está disputando em várias categorias. De Melhor Espetáculo concorrendo com Reprilhadas e Entralhofas- Um Concerto Para Acabar Com a Tristeza, da Cia. 2 Em Cena de Teatro, Circo e Dança e No Meio da Noite Escura Tem Um Pé de Maravilha, produção de Andrêzza Alves, Fábio Caio e Jorge de Paula. O Fio Mágico também foi indicado para Melhor Diretor (Marcondes Lima ); Melhor Ator ( Marcondes Lima e Fábio Caio); Melhor Atriz Coadjuvante (Fátima Caio); Trilha Sonora (Henrique Macedo); Melhor Iluminação (Sávio Uchôa); Melhor Cenário (Marcondes Lima); Melhor Figurino (Marcondes Lima).

Dos indicados para espetáculos adultos, Senhora dos Afogados (Cênicas Companhia de Repertório), é uma produção bem cuidada, com direção arrojada de Érico José, mas que não se realiza por completo devido às limitações do elenco. Um exemplo disso é a atuação de Antônio Rodrigues como Misael, chefe da família Drummond – uma tradição “de 300 anos” de homens de respeito e mulheres supostamente castas. Ele não carrega o peso, a voz, a experiência desse assassino com pose de guardião dos bons costumes. O papel não é para ele, pelo menos não é ainda.

Espetáculo Senhora dos Afogados ..........Foto: Ivana Moura

Por outro lado, o desempenho da jovem atriz Bruna Castiel, como Moema, é surpreendente, e não deixa de ser uma revelação.

Um Rito de Mães, Rosas e Sangue, produzido por Claudio Lira e Andrêzza Alves, é uma investida no universo de Federico Garcia Lorca, especificamente sobre as suas três tragédias rurais: Bodas de Sangue, Yerma e A Casa de Bernarda Alba. O espetáculo dirigido por Claudio Lira tem lindas imagens e algumas sequências emocionantes.

O espetáculo O Amor de Clotilde Por Um Certo Leandro Dantas, da Trupe Ensaia Aqui e Acolá, é inspirado no folhetim de Carneiro Vilela, A emparedada da Rua Nova, uma história que acalenta o imaginário pernambucano desde o século XIX, sobre o sufocamento do feminino. Diz a lenda que a moça foi emparedada viva pelo próprio pai, depois que ele descobriu que a filha estava grávida.

Esse mote fica em segundo plano, quando a Trupe Ensaia Aqui e Acolá elege ressaltar a história de amor. O melodrama tem cenas bem exageradas em todos os aspectos – cenários, figurinos, maquiagem, interpretação. Carrega nos ingredientes de paixão, falsa amizade, cobiça, traição, reviravoltas. Uma trilha sonora brega e coreografias de clássicos como Unchained Melody (do filme Ghost) e suas dublagens dessincronizadas colaboram para a cumplicidade do público.

Talvez o aspecto de ser o espelho crítico do pop e da celebridade contribua para essa empatia desmedida. Ou a aparente despretensão da montagem. O elenco afinado (Andrea Rosa, Andréa Veruska, Iara Campos, Jorge de Paula (que também é o diretor), Tatto Medinni e Marcelo Oliveira) e a direção segura de Jorge de Paula dá aquele tom de alegria ao espetáculo.

Espetáculo O Amor de Clotilde por um Certo Leandro Dantas....................Foto: Val Lima

Cordel do Amor Sem Fim, produzido por O Poste Soluções Luminosas, traduz um resultado de pesquisa de intepretação bem caprichada e harmonia dos elementos de cena. Também trata do amor e seus descaminhos. Direção criativa de Samuel Santos.

Henrique Celibi concorre a melhor ator (por Madleia + ou – Doida). Ele é um intérprete poderoso e faz de sua Medéia uma louca que passeia com o público pelas canções que tratam do amor desesperado da Música Popular Brasileira. O talento de Celibi está no seu gestual, no seu timing, e no domínio que ele tem da cena. Os outros concorrentes são Domingos Soares (por O Santo e a Porca), Thomás Aquino (por Cordel do Amor Sem Fim), Jorge de Paula ( por O Amor de Clotilde por Um Certo Leandro Dantas), José Ramos (por Os Fuzis da Senhora Carrar).

Todas as indicadas a Melhor Atriz são figuras de grande vitalidade. São elas Maria Alves (por Solteira, Casada, Viúva e Divorciada), Francine Monteiro (por O Santo e a Porca), Naná Sodré (por Cordel do Amor Sem Fim), Sandra Possani (por O Acidente), Stella Maris Saldanha (por Os Fuzis da Senhora Carrar). Mas a atuação de Stella Maris Saldanha como Senhora Carrar é luminosa. Montagem considerada datada num debate do festival (opinião da qual discordo completamente), por ter os rostos pintados de branco – e talvez não por um desses produtos brilhosos das estrelas do mundo pop- traz de volta uma discussão interessante, por que devemos lutar neste século 21.
Vamos à festa.

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