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Janeiro começa com irreverência do Dzi Croquettes

Encontro do Dzi Croquetes e Vivencial, na Galeria Café Castro Alves. Foto: Helder Ferrer

Encontro do Dzi Croquetes e Vivencial, na Galeria Café Castro Alves. Foto: Helder Ferrer

Duas potências cênicas num encontro memorável. O grupo Dzi Croquettes cambiou alegrias no encontro com os integrantes da trupe Vivencial, ontem, na Galeria Café Castro Alves (Rua do Lima, 280, Santo Amaro) Com o espaço lotadíssimo, ambas as tropas irreverentes, marcos do teatro brasileiros travaram um conversa sobre arte e vida.

Hoje o grupo abre o Janeiro de Grandes Espetáculos com a montagem –, Dzi Croquettes em Bandália – Um Musical Eletrônico. É um musical brasileiro que traz de volta uma tropicalidade, na pele de vedetes antropofágicas carnavalizando o mundo, com suas críticas certeiras. O diretor e ator Ciro Barcellos se inspirou para a encenação em Torquato, Capinan, Macalé, Gil e Caetano. Mas a peça remete para o Brasil de sempre, com toda a bandalheira.

A volta do celebrado bando de artistas ao palco ganhou um empurrão definitivo com o sucesso do documentário Dzi Croquettes (2009), de Raphael Alvarez e Tatiana Issa. Com apenas três integrantes do grupo original Claudio Tovar (figurino), Bayard Tonelli participação especial e Barcellos (a maioria dos integrantes do Dzi já morreu). O elenco jovem foi selecionado entre 450 candidatos.

O Dzi Croquettes desafiou a ditadura militar há 40 anos, encarou a censura e desbundou nos palcos. Treze homens barbudos travestidos causaram furor. Foram exilados, fez turnê pela Europa, ganhou um fã-clube de estrelas, como Liza Minnelli, e em 1975 o grupo se desfez. Com o documentário, o grupo passou a ser conhecido, admirado e festejado pelas novas gerações.

Coletivo carioca faz três apresentações no Recife. Foto: Divulgação

Coletivo carioca faz três apresentações no Recife. Foto: Divulgação

SERVIÇO

Dzi Croquettes em Bandália – 40 Anos de História / Dzi Croquettes (Rio de Janeiro/RJ)
Quando: Hoje, amanhã e sexta-feira, às 21h
Onde: Teatro de Santa Isabel
Quanto: R$ 40 e R$ 20
Indicação: a partir de 16 anos

Ficha técnica –
Concepção, texto e direção geral: Ciro Barcellos.
Assistência de direção e roteiro: Radha Barcellos.
Direção musical: Demétrio Gil.
Coreografias: Ciro Barcellos e Lennie Dale.
Direção técnica: Ronaldo Tasso.
Iluminação: Aurélio de Simoni.
Trilha sonora: Demétrio Gil e Flaviola.
Figurinos e adereços: Cláudio Tovar.
Cenário: Pedro Valério.
Supervisão artística: Thina Ferreira.
Direção de produção: Robson Agra.
Produção executiva: Anna Ladeira.
Elenco: Ciro Barcellos, Demétrio Gil, Udilê Procópio, Leandro Melo, Thadeu Torres, Franco Kuster, Pedro Valério, Ricardo Burgos, Sonny Duque e Robson Torinni, com participação especial de Bayard Tonelli.

Escrevi textos sobre o Dzi Croquettes que foram publicados no Diario de Pernambuco. Reproduzo aqui:

Documentário sobre o grupo ganhou muitos prêmios em festivais e incentivou a volta do grupo. Foto: Divulgação

Documentário sobre o grupo ganhou muitos prêmios em festivais e incentivou a volta do grupo. Foto: Divulgação

Desbunde desafia regime militar
Cine BH // Grupo de teatro que virou símbolo da contracultura brasileira, Dzi Croquettes provocou revolução nos costumes nos anos 1970 e inspira documentário
2009/10/20/viver15

Passeata de coturno rimava com arrepios de pavor. Cada vez menos cidadão, o brasileiro gradativamente perdia seus direitos individuais. A repressão política sumia com pessoas nos seus porões. A força bruta sustentava o regime militar. Nesse cenário, no início da década de 1970, surgiu um grupo que revolucionou os costumes do lugar, influenciou artistas no Brasil e na Europa e conquistou o coração da cantora Liza Minelli e a sempre surpreendente Paris.

Desbunde com inteligência, ironia com coragem, alegria contagiante são algumas das qualidades do grupo de teatro Dzi Croquettes, que fez da arte sua arma naqueles anos de chumbo, primeiro no Rio de Janeiro, depois em São Paulo. O bando, que se tornou símbolo da contracultura brasileira, usava humor, graça, talento, em númeroscantados, dublados e dançados, entremeados por monólogos inspirados na experiência dos integrantes para falar da realidade, da repressão sexual passando pela censura e pela ditadura.

A trupe causou furor, com seus figurinos ousados, maquiagem pesada e um árduo trabalho de interpretação. Wagner Ribeiro, a Mammy, era uma espécie de “cabeça” do grupo (criador dos textos), e Lennie Dale, dançarino norte-americano, era o Pappy, “o corpo” da equipe (coreografias). Participam ainda do bando os bailarinos Cláudio Gaya, Cláudio Tovar, Ciro Barcellos, Reginaldo de Poli, Bayard Tonelli, Rogério de Poli, Paulo Bacellar, Benedictus Lacerda, Carlinhos Machado e Eloy Simões.
Esses rapazes ensolarados despertavam paixões em homens e mulheres. Juntos, eles eram manifestações de criatividade, sensualidade, androginia. Seus shows resplandeciam de purpurina, brilhos e escracho com grande impacto visual. Eles fizeram escola.

A atriz e cineasta Tatiana Issa, filha do cenógrafo Américo Issa, que fazia parte da equipe técnicada trupe, captou esse espírito meio louco, de quem rompeu com os paradigmas, no documentário Dzi Croquettes. Quando Tatiana tinha dois anos, em Paris, conviveu com o grupo, que chamava de palhacinhos. Ela assina a direção em parceria com Raphael Alvarez. Dzi Croquettes foi exibido no domingo na Mostra Cine BH, onde arrancou calorosos aplausos. Dzi Croquettes ganhou dois prêmios no Festival do Rio, o do Júri popular e o de melhor documentário, dividido com Reidy, aconstrução da utopia, de Ana Maria Magalhães.
O documentário está dividido em segmentos em que os personagens são apresentados um a um, sem necessariamente seguir uma ordem cronológica. E é entrecortado por depoimentos atuais de quem conviveu ou foi influenciado pela trupe. Na lista de entrevistados constam Marília Pêra, Gilberto Gil, Nelson Motta, Ney Matogrosso, José Possi Neto, Claudia Raia, Miguel Falabella, Pedro Cardoso, Elke Maravilha e Liza Minelli.

O tom do filme é apaixonado, ao ponto de suplantar até mesmo alguns obstáculos técnicos, com a precariedade do som. Além dos depoimentos (inclusive dos cinco integrantes do grupo que estão vivos) entrecortados por temas, que enriquece a construção da memória, os diretores utilizaram imagens de arquivo (o mais rico foi um super-8 de um ensaio, único registro audiovisual dos dançarinos, que encontraram na Alemanha).

O filme começa com um painel sobre o Brasil na época do AI-5 e depois expõe o grupo, utilizando fotografias e intervenções tecnológicas. A abordagem apaixonada deixa de fora idiossincrasias e questões mais contraditórias do funcionamento interno do grupo, como o episódio do rompimentode Lennie Dale com o restante do bando. E não aprofunda os problemas de relacionamento provocados pelo temperamento intempestivo de alguns. É uma ausência no documentário que buscou enaltercer a trajetória desse grupo solar, que mudou a direção dos ventos na arte brasileira.

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Arte indomável do Dzi Croquettes
Com deboche e criatividade, trupe teatral provocou revolução nos palcos dos anos 1970 e tem sua história recuperada em documentário que tem pré-estreia hoje, no Cinema da Fundação
Ivana Moura
2010/09/07/viver1_

Um bando de 13 homens peludos, barbudos, transbordantes de irreverência, vestidos com roupas e acessórios femininos, usando uma maquiagem pesada, desafiou a rigorosa ditadura militar nos anos 1970. Com ironia e inteligência, o grupo se tornou símbolo da contracultura. Um escracho só! Com performances de dança e esquetes de comédia, criaram um produto único, sem classificação naqueles tempos sombrios, e arrebatavam fãs por onde passavam.

Parte da trajetória dessa trupe extraordinária, chamada Dzi Croquettes, é recuperada pela dupla de cineastas Tatiana Issa e Raphael Alvarez, no filme que leva o nome do grupo, Dzi Croquettes. O documentário tem pré-estreia hoje, no Cinema da Fundação, com a presença do ator Claudio Tovar, ex-integrante do grupo. Os diretores Raphael Alvarez e Tatiana Issa estão em Nova York, onde moram. A sessão começa às 19h50, e, logo após, haverá um debate com o Tovar. Assisti ao Dzi Croquettes no Festival de Cinema de Belo Horizonte do ano passado. E mesmo sem ter conhecido a turma, fiquei com saudades de todo aquele escracho, de toda aquela energia.

A obra mistura docdrama e uma pesquisa exaustiva em arquivos, procedimentos articulados com entrevistas inéditas e uma edição ágil, que dá conta do clima festivo, irreverente e gracioso do grupo. Algumas imagens de arquivo foram encontradas num canal de televisão alemão, que filmou um espetáculo na íntegra, em meados dos anos 1980. O filme também traz depoimentos dos integrantes originais do Dzi Croquettes: Claudio Tovar, Ciro Barcelos, Bayard Tonelli, Rogério de Poly e Benedito Lacerda. Eles recordam a atuação do grupo e defendem a importância da turma para a cultura brasileira daquele período e a repercussão disso até hoje. Há também falas de gente que se relacionou com a trupe, como Marília Pêra, Betty Faria, Jorge Fernando, Miguel Falabella, Maria Zilda, Claudia Raia e Gilberto Gil, entre outros. Espécie de madrinha do grupo, a cantora e atriz norte-americana Liza Minelli dá um dos depoimentos mais emocionantes. Ela foi responsável pelo sucesso dos Dzi em Paris.

O filme abre com um painel do Brasil na época do AI-5 e depois apresenta o grupo, utilizando fotografias e intervenções tecnológicas. Os diretores não aprofundam nas idiossincrasias e contradições, no funcionamento interno do grupo, como o episódio do rompimento de Lennie Dale com o restante do bando. Nem investigam os problemas de relacionamento provocados pelo temperamento intempestivo de alguns. Insinua, é verdade, mas prefere seguir o caminho de enaltecer o percurso desse grupo solar, que marcou profundamente a arte brasileira e estava meio esquecido.

Mas o desbunde era fruto de muito trabalho, de pesquisa, de treinamento, de ensaio. Wagner Ribeiro, a Mammy, era considerado o “cabeça” do grupo (criador dos textos), e Lennie Dale, dançarino norte-americano, era o Pappy, “o corpo” da equipe (coreografias). Participam ainda do bando os bailarinos Cláudio Gaya, Cláudio Tovar, Ciro Barcelos, Reginaldo de Poli, Bayard Tonelli, Rogério de Poli, Paulo Bacellar, Benedictus Lacerda, Carlinhos Machado e Eloy Simões. Esses rapazes faziam homens e mulheres se apaixonarem. Juntos, eram manifestações de criatividade, sensualidade, androginia.

A liberdade era o principal alimento desse bando, que, de tanto cutucar a ditadura, ficou proibido de se apresentar no Brasil. Eles foram passar uma temporada em Paris. O grupo virou mito da cena teatral dos anos 1970. Sua transgressão artística e sexual influenciou outros coletivos, como a banda Secos & Molhados, liderada por Ney Matogrosso. Eles fizeram escola.

Dzi Croquettes na década de 1970

Dzi Croquettes na década de 1970

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Janeiro de Grandes Espetáculos inscreve até o dia 16

A coordenação do Janeiro de Grandes Espetáculos decidiu, como acontece em várias mostras do país, se organizar e adiantar os prazos para os grupos que desejam se inscrever no festival. Na prática, a ideia é que, até o final da primeira quinzena de setembro do ano anterior ao festival, a lista com os espetáculos locais que irão participar da mostra seja divulgada. É uma medida que tem a ver com planejamento e deve repercutir de várias formas, como na divulgação da mostra para o público e, quem sabe, nos próximos anos, na instalação, por exemplo, de uma bilheteria virtual.

Por conta disso, para a edição 2014, só podem se inscrever no festival espetáculos inéditos de teatro e dança de Pernambuco que estrearam este ano até o dia 1 de agosto de 2013. Há a possibilidade de estrear dentro do festival – período que vai de 9 a 25 de janeiro. Nos dois casos, é preciso se inscrever até o dia 16 de agosto.

A ficha de inscrição está disponível no site www.janeirodegrandesespetaculos.com e o material deve ser entregue pessoalmente na Associação de Produtores de Artes Cênicas de Pernambuco (Apacepe) ou pelos Correios.

Confira aqui o regulamento e a ficha de inscrição para o Janeiro de Grandes Espetáculos.

O festival deve ter ainda na sua programação espetáculos de Pernambuco que já se apresentaram no festival noutras edições e voltam como convidados da coordenação; e montagens de outros estados e países, também a convite da produção do Janeiro.

Dívida – A propósito, a Prefeitura de Olinda ainda não quitou suas dívidas com o Janeiro de Grandes Espetáculos. É uma verba de apenas R$ 35 mil. “É uma pena, porque o festival foi lindamente realizado lá e não temos previsão de quando esse dinheiro será pago. Mas temos fornecedores que dependem desse pagamento”, explica a produtora Paula de Renor.

Entramos em contato com a assessoria de imprensa da Prefeitura de Olinda, que ficou de nos enviar uma nota até amanhã. Assim que chegar, publicamos aqui no blog.

Carla Valença, Paulo de Castro e Paula de Renor, produtores do Janeiro de Grandes Espetáculos. Foto: Pollyanna Diniz

Carla Valença, Paulo de Castro e Paula de Renor, produtores do Janeiro de Grandes Espetáculos

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Dois anos de Satisfeita, Yolanda?

Muito felizes com os dois anos do Yolanda! Foto do querido Nando Chiappetta

Muito felizes com os dois anos do Yolanda! Foto do querido Nando Chiappetta

Estamos em festa! O Satisfeita, Yolanda? está completando dois anos e, para comemorar, nada melhor do que um baile! Será neste sábado (26), a partir das 21h, no Espaço Coletivo, no Bairro do Recife. A festa integra a programação paralela do 19º Janeiro de Grandes Espetáculos e conta com o apoio do próprio festival e ainda do Coletivo Angu de Teatro.

Entre as atrações da noite de celebração estão a Trupe Ensaia Aqui e Acolá, com um trechinho da montagem O amor de Clotilde por um certo Leandro Dantas, melodrama com direção de Jorge de Paula, baseado no folhetim A emparedada da Rua Nova, de Carneiro Vilela. Ano passado a montagem circulou o Brasil inteiro através do projeto Palco Giratório, do Sesc.

Já o Coletivo Angu de Teatro encena uma dublagem que está em Ópera, espetáculo com texto de Newton Moreno e direção de Marcondes Lima, que estreou em 2007 e não é apresentado no Recife desde março de 2009. A montagem acabou de fazer uma curta temporada de sucesso no Teatro Glauce Rocha, no Rio de Janeiro, dentro do projeto Visões coletivas.

Duas divas da música se apresentam hoje na festa!  Ópera, do parceiro de sempre, o Coletivo Angu de Teatro. Foto: Sávio Uchôa

Ópera, do parceiro de sempre, o Coletivo Angu de Teatro. Foto: Sávio Uchôa

O dramaturgo, diretor e bonequeiro Fernando Limoeiro, pernambucano nascido em Limoeiro e radicado em Minas Gerais, também participa, com a leitura dramática de Satisfeita. Limoeiro escreveu o texto especialmente pra festa!

E, para completar, o ator Paulo de Pontes faz uma cena de Deus sabia de tudo, peça da companhia paulista Os Fofos Encenam, que estreou em 2001 em São Paulo. A montagem tem texto e direção de Newton Moreno e trata de temas como homofobia e homoerotismo. A cena ainda contará com a participação de Tay Lopez, do grupo XPTO.

Depois das cenas e performances, a festa continua ao som dos DJ’s Palla e Pepe Jordão. A entrada na festa é gratuita, mas é limitada à capacidade do espaço.

Satisfeita, Yolanda? – O baile
Quando: Sábado (26), a partir das 21h
Onde: Espaço Coletivo (Rua Tomazina, 199, Bairro do Recife)
Quanto: Gratuito (limitado à capacidade do espaço)

Paulo de Pontes faz uma cena de Deus sabia de tudo com a participação de Tay Lopez

Paulo de Pontes faz uma cena de Deus sabia de tudo com a participação de Tay Lopez

"Cala-te, Clotilde...!" Virou piada interna! Uma alegria tê-los na nossa festa! Foto: Priscila Buhr

“Cala-te, Clotilde…!” Virou piada interna! Uma alegria tê-los na nossa festa! Foto: Priscila Buhr

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Vitalino com louvor

Auto das 7 luas de barro. Foto: Pollyanna Diniz

Ô Mestre Vitalino!
Muito obrigada. Por ter retratado de forma tão singela e eficaz o nosso povo. Somos tantas vezes bonecos mesmo – e de barro, não há dúvida. Se não tomar cuidado, como bem disse o senhor, chega dá uma dó! Quebra tudinho tão fácil! Obrigada por que a sua história não se encerra no senhor mesmo; se repetiu tantas vezes. Como lembrei de Ana das Carrancas, de Petrolina, e suas carrancas de olhos furados; como lembrei do Seu Nuca, dos seus leões de cachinhos, da situação tão precária em que certa vez o entrevistei. De cortar o coração.

E sua história vai além – fala de cada homem simples. Das conversas nas vendas e nas feiras. Muito boas as suas respostas para quem se faz de besta e metido. Que de dialética só entende na teoria. Muito bom o seu agradecimento diante dos tantos prêmios e homenagens que…de tutu mesmo, não trouxeram nada!

Muito obrigada, Vital Santos. Por ter traduzido de forma tão linda essa história em Auto das 7 luas de barro. Pela forma como você consegue reunir poesia, música, dizer tudo que é preciso, evocar sentimentos e não ser piegas (talvez piegas esteja sendo eu agora…). Lindo texto, linda direção. Transformar os atores da Cia Feira de Teatro Popular de Caruaru em bonecos é uma sacada tão simples e que funciona perfeitamente no palco. Sua iluminação nos leva à beira do rio, ao barro, ao forno onde esse barro é assado. A música ao vivo nos transporta para o Alto do Moura, para a casa simples, para a vida noutros tempos.

Cia Feira de Teatro Popular de Caruaru

A todos do elenco (Iva Araújo, William Smith, Walter Reis, Adeilza Monteiro, Nadja Morais, Jailton Araújo, Gilmar Teixeira, Mateus Souza, Gil Leite e Edu Oliveira, que fica de stand by) e aos músicos (Jadilson Lourenço e Israel Pinheiro), muito obrigada. Vocês dão vida à dramaturgia e fazem tudo de maneira tão simples. É o povo de Caruaru que está em cena, são os bonecos, é a feira, somos nós. É o nosso espírito, a nossa alegria. E por isso o reconhecimento é inevitável.

Sebá Alves em cena como mestre Vitalino

Sebá Alves. Não citei seu nome entre os atores por que o agradecimento a você tinha que ser em separado. Desde o início desse texto, desde a noite de ontem, no Teatro Barreto Júnior, eu já pensava em como iria te agradecer. Você me faz chorar enquanto escrevo na tarde seguinte. Só a sua lembrança no palco me emociona, assim como emocionou tanta gente. Sua força, sua garra, seu amor pela arte, sua coragem em subir naquele palco – tendo chegado há cinco minutos do hospital. Talvez você me diga que isso nem é coragem, não é mesmo? Entendo. É missão. É respirar direito quando se está no palco, diante de uma plateia. E por isso é tão mágico. Nunca mais vou esquecer o seu Mestre Vitalino, disso tenha certeza. Muitos outros podem vir. Afinal, como você mesmo disse, o Auto das 7 luas de barro é visto desde 1979 e será visto em mais 30 anos. Que assim seja! Mas você será para sempre o meu Vitalino.

(A montagem Auto das 7 luas de barro, texto e direção de Vital Santos, da Cia Feira de Teatro Popular de Caruaru, foi encenada ontem, no Teatro Barreto Júnior, dentro da programação do Janeiro de Grandes Espetáculos).

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Ópera de Albéniz é apresentada pela 1ª vez na América Latina

José Renato Accioly é o diretor musical e regente de Pepita Jiménez. Fotos: Festival Debussy/Albéniz

O Teatro de Santa Isabel recebe hoje e amanhã, às 20h, a ópera Pepita Jiménez. É uma comédia lírica em dois atos, composta pelo espanhol Isaac Albéniz, a partir da novela homônima do político, diplomata e escritor argentino Juan Valera. “É uma comédia lírica, mais popular. Conta a história de uma viúva que se apaixona por um seminarista, mas está prometida ao pai dele”, explica a pianista Elyanna Caldas, diretora artística do festival Debussy-Albéniz, que foi realizado durante todo o mês de setembro e será encerrado com a ópera.

Esta é a primeira vez que essa ópera é apresentada na América Latina. “O argumento de Pepita Jiménez gira em torno do despertar do amor do jovem seminarista Luis de Vargas, que antes de pronunciar seus votos regressa a seu povoado para passar o verão. Ali conhecerá a jovem viúva, Pepita, pela qual se enamora e com a qual o seu pai pretende se casar. A luta entre o amor e a vocação – tema que vai aparecer também em La Dolores, de Tomás Breton –, e a figura paterna, em quem Don Luis vê um rival, atormentam o jovem futuro sacerdote, que trata de se distanciar de sua amada e do povoado. Mas quando Pepita ameaça suicídio, caso ele vá para longe dela, se impõe um final feliz e os enamorados terminam juntos”, antecipa Maria Luz González Peña, diretora do Centro de Documentação e Arquivo da Sociedade Geral de Autores e Editores de Madri, no programa do festival Debussy-Albéniz.

Cantores, músicos e atores se dedicam desde março para que a obra possa sair do plano das ideias. A direção de cena é assinada por Marcelo Gama, paulista que mora há 20 anos na Europa e assina o segundo trabalho deste porte no Brasil (o primeiro foi Dido e Eneas em São Paulo, em 2009). A direção musical e regência são de José Renato Accioly: ele vai reger a Orquestra Sinfônica Jovem do Conservatório. Quem fará Pepita é Anita Ramalho, que já participou de quatro óperas; o elenco tem entusiastas da ópera no Recife, como a mezzosoprano e professora Virgínia Cavalcanti.

As duas apresentações são gratuitas. Os ingressos podem ser retirados com uma hora de antecedência na bilheteria do teatro. A produção solicita que o público leve um quilo de alimento não-perecível, que será doado a instituições carentes.

Ficha técnica:

Pepita Jiménez (Comédia Lírica em dois atos)
Libreto de Francis B. Money-Coutts com tradução para o castelhano de José Soler

Virgínia Cavalcanti está no elenco da ópera

Anita Ramalho – soprano (Pepita)
Virginia Cavalcanti – mezzo soprano (Antoñona)
Jadiel Gomes – tenor (Don Luis)
Charles Santos – baixo (O Vigário)
Eudes Naziazeno – tenor (Don Pedro)
Hedielson Rodrigues – tenor (O Conde)
Daniel Francisco – tenor (1º Oficial)
Amaury Veras – tenor (2º Oficial)
Marcelo di Paula – bailarino

Orquestra Sinfônica Jovem do Conservatório Pernambucano de Música
José Renato Acioly – regente

Coro lírico
Sopranos I: Clara Natureza | Florisbela Campos | Josiane Emmanuele | Natália Duarte | Kellyta Martins | Tarcyla Perboire
Sopranos II: Ângela Barbosa | Amanda Coelho | Amanda Mangueira | Mariane Mariz | Norma Lopes
Contraltos e Mezzo-Sopranos: Débora Barros | Rafaela Almeida | Vanessa Santana | Waldcelma Silveira | Surama Ramos
Tenores: Amaury Veras (2º Oficial) | Daniel Francisco (1º Oficial) | Lucas Melo | Manoel Theophilo | Sealtiel Sergio
Baixos e Barítonos: Adriano Sampaio | Adriano Soares | Alysson Dinoá | André Arruda | Ricardo Alves | Riva Gervásio

Equipe artística
Diretor musical e regente: José Renato Accioly
Diretor de cena: Marcelo Gama
Direção do balé: Lucia Helena Gondra e Ruth Rosenbaum
Preparadora do balé: Jane Dickie
Preparadores do coro: Armindo Ferreira e Virginia Cavalcanti
Pianistas correpetidores: Rachel Casado e Glauco César
Bailarinas: Alunas do Stúdio de Danças
Cenografia e figurino: Marcondes Lima
Iluminação: Luciana Raposo Recebemos a informação de que a iluminação foi, na realidade, de Cleison Ramos e Dado Sodi

SERVIÇO:
Pepita Jimenez
Quando: Sábado (1) e domingo (2), às 20h
Onde: Teatro de Santa Isabel (Praça da República, s/n, Recife)
Quanto: Gratuito. Os ingressos podem ser retirados com uma hora de antecedência na bilheteria do teatro
Informações: (81) 3355-3323

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