Arquivo da tag: Espaço O Poste

Rolês teatrais no Recife, minha cidade

A Risita do Coletivo Fuscirco transforma Fusca Azul 1974 em circo ambulante

Espetáculo Fragmentos de La Víspera (Espanha-França) 

A 19ª edição do Festival de Circo do Brasil estabelece Recife como território de experimentação artística transdisciplinar entre 1º e 9 de novembro, coincidindo com temporadas nacionais e criações locais que consolidam a cidade como polo de renovação cênica. Sob o eixo curatorial Aldeia de Tous (Aldeia de Todos), inspirado no pensamento do ambientalista e filósofo Ailton Krenak, o festival entrelaça sustentabilidade e democracia no picadeiro, expandindo fronteiras entre circo, dança, teatro e performance.

Esta edição marca intercâmbio inédito com a França através da parceria entre Luni Produções e La Grainerie, contemplada pela Temporada Cruzada Brasil-França 2025, levando espetáculos, oficinas, residências e gastronomia brasileira ao país francês. Com apoio da Funarte, Ministério da Cultura, Instituto Guimarães Rosa, Institut Français e governos estadual e municipal, o projeto reafirma Recife como centro irradiador de criação contemporânea.

Companhias de cinco países ocupam espaços públicos e teatros da cidade com ingressos democráticos de R$ 10 a R$ 50 para espetáculos pagos, enquanto extensa programação gratuita democratiza acesso através do Parque Santana, Teatro Apolo, Parque Apipucos e outros territórios urbanos. Paralelamente, produções nacionais como Raul Seixas, O Musical, Tom na Fazenda e criações locais como Tempo de Vagalume investigam identidade, ancestralidade e resistência.

Circo é uma Aldeia de Tous

Auro Duo, número em lira acrobática interpretado por Jéssica Moura e Fernanda Victor. Foto Divulgação

A Mostra PE celebra diversidade regional através de seis criações que ocupam o Parque Santana nos dias 1º e 2 de novembro a partir das 12h, com entrada franca. Aura Duo, interpretado por Jéssica Moura e Fernanda Victor, desenvolve lira acrobática baseada em confiança e sincronia, onde cada gesto constrói onda de energia conectiva. Águia de Cuia pela Família Malanarquista celebra malabarismo de rua forjado nos semáforos recifenses, adaptando-se a qualquer espaço com humor e improviso.

Balanceiro transforma Paiace Brotin em equilibrista de mundos através de três bambolês, reconstruindo universos após cada queda com coragem e entusiasmo bambolístico. Escada Sem Limites eleva Xixa Morales a 4,5 metros de altura numa das maiores estruturas de equilíbrio do Brasil, combinando mortais, giros e adrenalina. Eclipse: Dança dos Astros materializa pesquisa de Jimmy Sá realizada na Escola Nacional de Circo Luiz Olimecha, criando analogia astronômica onde artista representa o Sol e lira acrobática personifica a Lua em dança aérea contemplativa.

O Jogo de Tênis completa a mostra através da perambulação do Palhaço Geleia, que transforma busca por parceiros de jogo em convite ao encantamento coletivo.

How Much We Carry? do Cirque Immersif

Copyleft da Cie. NDE reúne dream team internacional no sábado 8 de novembro às 15h no Parque Apipucos: Juan Duarte Mateos (Uruguai), Lucas Castelo Branco (Brasil), Nahuel Desanto (Argentina), Gonzalo Fernandez Rodriguez (Espanha) e Walid El Yafi (França). Sob direção de Nicanor de Elia, o turbilhão de 45 minutos junta malabarismo, dança e humor com referências esportivas, utilizando trilha de Giovanni di Domenico (Itália) para criar espetáculo adaptável a espaços públicos diversos.

How Much We Carry? do Cirque Immersif propõe reflexão poética sobre o verbo “carry” através de percha gigante em desequilíbrio. O espetáculo itinerante sem diálogos transita pelo Parque Santana (1º e 2 de novembro), Alto da Sé em Olinda (7 de novembro às 16h30), Oficina Francisco Brennand (8 de novembro às 15h) e Praça do Arsenal no Recife Antigo (9 de novembro às 16h), transformando travessia urbana em homenagem às caminhadas humanas.

Hyperboles da Cie. SCoM investiga interseções entre skate e acrobacia no Parque Santana durante 1º e 2 de novembro, questionando lugar das mulheres em práticas historicamente masculinas. Reunindo artistas circenses e skatistas de diferentes culturas, o projeto transforma espaço urbano através de perspectiva feminina.

O Vazio É Cheio de Coisa Foto: Diego Bresani / Divulgação

Sarayvara celebra 21 anos de investigação da Cia Nós No Bambu na sexta-feira 7 de novembro às 19h no Teatro Hermilo. Poema Mühlenberg desenvolve dramaturgia corporal que transita entre circo, dança e teatro através do encontro simbiótico com bambu. Artista e artesã, ela cuida do bambuzal, colhe, trata e constrói instrumentos, materializando mensagem ecológica urgente sobre reconexão com natureza.

O Vazio É Cheio de Coisa sintetiza quinze anos de pesquisa arte-corpo-bambu na quinta-feira 6 de novembro às 20h no Teatro de Santa Isabel. Primeiro solo de Poema Mühlenberg constitui dança acrobática minimalista onde corpo humano e bambu oco desdobram dramaturgia de imagens emergentes da relação sensível entre humano e vegetal.

Vermelho, Branco e Preto traz Cibele Mateus de São Paulo nas quartas 5 e quinta 6 de novembro às 19h30 no Teatro Apolo. A multiartista dá vida à figura cômica “Mateu” do Cavalo Marinho pernambucano, entrelaçando narrativas caboclas (vermelho), críticas coloniais (branco) e máscara preta (negrume) numa brincadeira-manifesto que celebra alegria como tecnologia de reexistência.

Juventud da Cie NDE

Nove Tentativas de Não Sucumbir da Cia Devir transforma trapézio em metáfora sobre reconhecimento e resistência na sexta-feira 31 de outubro e sábado 1º de novembro às 19h no Teatro Apolo. Dirigido por Jean Michel Guy, João Lucas Cavalcanti e Vitor Lima investigam força do tentar através de técnica, vulnerabilidade e humor, com sessão do sábado oferecendo acessibilidade em Libras.

Juventud da Cie NDE funde dança e malabarismo no domingo 9 de novembro às 17h no Teatro do Parque. Sobre palco branco emoldurado em preto, cinco intérpretes constroem manifestação em movimento onde beleza emerge da complexidade coletiva, utilizando som, luz e vídeo para celebrar juventude como horizonte futuro.

Fragmentos de La Víspera (Espanha-França) divide corpo com humor nas sextas 7 e sábado 8 de novembro às 19h30 no Teatro Apolo. Vinka Delgado, Diego Hernando e Guille Leoni exploram distorções corporais através de máscaras, marionetes e experimentações luminosas, transformando dor em thriller circense sobre fragmentação como alívio paradoxal.

Le Bruit des Pierres do Collectif Maison Courbe entrelaça circo coreográfico, artes visuais e teatro físico no sábado 8 de novembro às 20h e domingo 9 às 18h no Teatro de Santa Isabel. Nina Harper e Domitille Martin personificam ganância ocidental pelo ouro através de ritual onde uma cobre pedras com folhas douradas enquanto outra as devora compulsivamente, criando reflexão sobre relação predatória com ambiente.

A tradição circense é celebrada no espetáculo Esparrama Circo

Esparrama Circo do Grupo Esparrama paulista homenageia tradição circense no Parque Santana durante 1º e 2 de novembro. Os palhaços convidam público a protagonizar cena, despertando memórias afetivas ligadas ao riso e convivência coletiva, celebrando circo como patrimônio cultural e teatro de rua como espaço de encontro.

A Risita do Coletivo Fuscirco transforma Fusca Azul 1974 em circo ambulante no Parque Santana (1º e 2 de novembro), Compaz Ariano Suassuna (segunda 3 de novembro às 15h) e Vera Cruz/Aldeia em Camaragibe (terça 4 de novembro às 16h). Rupi e Pitchula extraem música, malabares, equilibrismo e humor cearense do veículo que serve como transporte, lar e picadeiro móvel.

Hospital Agamenon Magalhães recebe sessão fechada do Palhaço Geleira através da Mostra PE. A performance varieté revela múltiplas facetas circenses.

Espetáculos nacionais em circulação

Bruce Gomlevsky como Raul Seixas. Foto: Dalton Valerio / Divulgação

Tom na Fazenda, com Armando Babaioff, Soraya Ravenle, Gustavo Rodrigues e Camila Nhary

Raul Seixas, O Musical desembarca no sábado 1º de novembro às 21h no Teatro RioMar com ingressos a partir de R$ 65. Bruce Gomlevsky, laureado com Prêmio Fita 2024, conduz 70 minutos através de noite insone onde Raul revisita trajetória via 21 canções emblemáticas. Entre Eu Nasci Há Dez Mil Anos Atrás, Maluco Beleza, Tente Outra Vez e Gita, a produção mergulha nos bastidores da mente inquieta, resgatando essência da Sociedade Alternativa onde liberdade e autenticidade são valores fundamentais.

Tom na Fazenda estabelece residência no Teatro Luiz Mendonça entre 7, 8 e 9 de novembro (sexta e sábado às 20h, domingo às 19h) após aclamada turnê europeia incluindo temporada parisiense e Festival de Edimburgo. Armando Babaioff, Soraya Ravenle, Gustavo Rodrigues e Camila Nhary interpretam adaptação de Michel Marc Bouchard dirigida por Rodrigo Portella, acompanhando Tom em funeral do companheiro onde enfrenta mãe que desconhece orientação sexual e irmão violento que exige silêncio, transformando mentira em condição de sobrevivência.

We call it Ballet – A Bela Adormecida combina balé clássico com tecnologia LED no domingo 2 de novembro às 16h no Teatro RioMar, com ingressos de R$ 80 a R$ 160. Bailarinos utilizam figurinos com luzes integradas para coreografias luminosas que projetam cores pelo palco, modernizando conto da princesa amaldiçoada através de piruetas e saltos interativos com tecnologia incorporada aos trajes. Próxima apresentação confirmada para 18 de janeiro de 2026.

Gongada Drag na sessão recifense homenagea Salário Mínimo. Foto: Adelino Cruz / Divulgação

The Jury Experience — Morte pela IA: Quem Paga o Preço? transforma audiência em júri de julgamento no domingo 2 de novembro às 19h30 no Teatro RioMar. Durante 75 minutos, espectadores analisam depoimentos, examinam provas forenses e decidem veredito via celular sobre responsabilidade em acidente causado por carro autônomo. A experiência questiona limites entre criador, proprietário e tecnologia em decisões vitais, oferecendo ingressos de R$ 60 a R$ 280.

Gongada Drag chega na quinta-feira 6 de novembro às 21h no Teatro RioMar com ingressos a partir de R$ 45. Bruno Motta conduz 120 minutos reunindo queens de LOL Brasil, Caravana das Drags, Queens of The Universe e Drag Race, homenageando Salário Mínimo, histórica humorista pernambucana fundamental na construção da arte drag nacional. Hellena Malditta, Suzy Brasil, Sayuri Heiwa, Vagiene Cokeluche, Magally Mel e Luciano Rundrox como Pastor Ubirajara celebram diversidade enquanto honram tradições carnavalescas locais.

Tempo de Vagalume, com Joesile Cordeiro. Foto: Divulgação

Negaça integra programação do Espaço O Poste na sexta-feira 31 de outubro às 19h com ingressos de R$ 30/15. Urubatan Miranda desenvolve solo autobiográfico reconstruindo história pessoal através do terreiro de Umbanda Tenda Espírita Pai Jacob em Campos dos Goytacazes-RJ. Utilizando registros fotográficos, vídeos, cantigas e rezas, o artista constrói dramaturgia corporal incorporando movimentação de Exú, estruturando cena como camarinha de iniciações entre focos, sons e cânticos ancestrais.

Tempo de Vagalume marca retomada teatral do Agreste através de temporada gratuita no Teatro Arraial Ariano Suassuna de 31 de outubro a 15 de novembro (sextas e sábados às 19h). Joesile Cordeiro apresenta monólogo autobiográfico sobre percepção LGBTQIAP+ dirigido por André Chaves com dramaturgia de Bruno Alves, utilizando simbologia dos vagalumes para reencontro com memórias de infância e interação com público.

Simbiose – Um Novo Ciclo da Ardedança questiona padrões estéticos no sábado 1º de novembro às 19h30 no Teatro Barreto Júnior (ingressos R$ 60/30). Inspirado na espiral da vida representando movimento e transformação, o espetáculo investiga relação entre dança e psicanálise: “Esperam que eu dance bonito. Mas o bonito que esperam não me cabe. O padrão me aperta, me sufoca, me silencia. Eu desmonto e reinvento meu próprio passo.”

Frankinh@: Uma História em Pedacinhos. Foto: Vilmar Carvalho

Minha História Sou Eu celebra 40 anos de carreira de Geraldo Maia na sexta-feira 31 de outubro às 19h30 no Teatro Capiba (ingressos R$ 30/15). O “essencialmente artista da voz” recebe Carvalho Tomaz e trio formado por Renato Bandeira, Lieve Ferreira e Gilberto Bala, para interpretar composições como O Tempo Atravessa o Homem, Não me Venhas, De Navegar e Minha História Sou Eu, transitando entre fado com zabumba, baião e preces a Padre Cícero.

Frankenstein do Coletivo Gompa desenvolve linguagem híbrida na CAIXA Cultural através de versão adulta (sexta 31 de outubro e sábado 1º de novembro às 20h, ingressos R$ 30/15). Fabiane Severo e Alexsander Vidaleti revisitam Mary Shelley tecendo paralelos entre corpo feminino e Amazônia, com trilha de Álvaro Rosa Costa criando “dissonância Frankenstein” através de samples e improvisações ao vivo.

Frankinh@: Uma História em Pedacinhos adapta a obra para crianças no sábado 1º de novembro às 17h na CAIXA Cultural (ingressos R$ 30/15). Misturando narração, teatro, dança e artes visuais, a versão desperta imaginário criativo através de Victor Frankenstein que aprende sobre aceitação das diferenças quando Criatura não corresponde ao planejado.

Chapeuzinho de Neve Adormecida. Foto: Romeu Santos / Divulgação

Chapeuzinho de Neve Adormecida embaralha referências clássicas no sábado 1º de novembro às 16h30 no Teatro Luiz Mendonça (ingressos R$ 50 a R$ 100). O musical mistura Chapeuzinho Vermelho, Branca de Neve e A Bela Adormecida, criando narrativa onde personagens se encontram e desencontram, gerando situações educativas sobre identidade e diferenças.

A Princesa dos Mares – O Musical, também da Helena Siqueira Produções propõe programação familiar no domingo 2 de novembro às 16h30 no Teatro Luiz Mendonça (ingressos R$ 50 a R$ 100). Combinando aventura marítima com mensagem ambiental, o musical acompanha protagonista salvando oceanos através de criaturas marinhas que ensinam preservação via canções e coreografias aquáticas.

SERVIÇO

SEXTA-FEIRA, 31 DE OUTUBRO

Negaça – Urubatan Miranda
Local: Espaço O Poste (Rua do Riachuelo, 641, Boa Vista)
Horário: 19h | Ingressos: R$ 30/15

Nove Tentativas de Não Sucumbir (Festival de Circo)
Local: Teatro Apolo | Horário: 19h | Gratuito via Sympla

Minha História Sou Eu – Geraldo Maia
Local: Teatro Capiba | Horário: 19h30 | Ingressos: R$ 30/15

Frankenstein – Coletivo Gompa
Local: CAIXA Cultural | Horário: 20h | Ingressos: R$ 30/15

Tempo de Vagalume
Local: Teatro Arraial Ariano Suassuna | Horário: 19h | Gratuito

SÁBADO, 1º DE NOVEMBRO

Raul Seixas, O Musical – Bruce Gomlevsky
Local: Teatro RioMar | Horário: 21h | Ingressos: a partir de R$ 65

We call it Ballet – A Bela Adormecida
Local: Teatro RioMar | Horário: 16h | Ingressos: R$ 80 a R$ 160

Simbiose – Um Novo Ciclo – Ardedança
Local: Teatro Barreto Júnior | Horário: 19h30 | Ingressos: R$ 60/30

Chapeuzinho de Neve Adormecida
Local: Teatro Luiz Mendonça | Horário: 16h30 | Ingressos: R50aR 100

Frankinh@: Uma História em Pedacinhos
Local: CAIXA Cultural | Horário: 17h | Ingressos: R$ 30/15

Frankenstein 
Local: CAIXA Cultural | Horário: 20h | Ingressos: R$ 30/15

Nove Tentativas de Não Sucumbir (com Libras) (Festival de Circo)
Local: Teatro Apolo | Horário: 19h | Gratuito via Sympla

Tempo de Vagalume | Teatro Arraial Ariano Suassuna | 19h | Gratuito

FESTIVAL DE CIRCO – PARQUE SANTANA (a partir das 10h)

Mostra PE 
Esparrama Circo – Grupo Esparrama (SP)
A Risita – Coletivo Fuscirco (CE)
Hyperboles – Cie. SCoM (França)
How Much We Carry? – Cirque Immersif (França-Brasil) Programação gratuita
Veja + https://www.festivaldecircodobrasil.com.br/2025bra/brasil/brasil-espetaculos/

DOMINGO, 2 DE NOVEMBRO

The Jury Experience
Local: Teatro RioMar | 19h30 | R60aR 280

A Princesa dos Mares – O Musical
Local: Teatro Luiz Mendonça | Horário: 16h30 | Ingressos: R50aR 100

FESTIVAL DE CIRCO – PARQUE SANTANA
Repetição da programação gratuita

SEGUNDA-FEIRA, 3 DE NOVEMBRO

A Risita | Compaz Ariano Suassuna | 15h | Gratuito

TERÇA-FEIRA, 4 DE NOVEMBRO

A Risita | Vera Cruz/Aldeia – Camaragibe | 16h | Gratuito

QUARTA-FEIRA, 5 DE NOVEMBRO

Vermelho, Branco e Preto (com Libras)
Local: Teatro Apolo | Horário: 19h30 | Ingressos: R10aR 50

QUINTA-FEIRA, 6 DE NOVEMBRO

Gongada Drag
Local: Teatro RioMar | Horário: 21h | Ingressos: a partir de R$ 45

Vermelho, Branco e Preto
Local: Teatro Apolo | Horário: 19h30 | Ingressos: R10aR 50

O Vazio É Cheio de Coisa
Local: Teatro de Santa Isabel | Horário: 20h | Ingressos: R10aR 50

SEXTA-FEIRA, 7 DE NOVEMBRO

Tom na Fazenda
Local: Teatro Luiz Mendonça | Horário: 20h

Sarayvara
Local: Teatro Hermilo | Horário: 19h | Gratuito via Sympla

Fragmentos
Local: Teatro Apolo | Horário: 19h30 | Ingressos: R10aR 50

How Much We Carry? | Alto da Sé (Olinda) | 16h30 | Gratuito

Tempo de Vagalume | Teatro Arraial Ariano Suassuna | 19h | Gratuito

SÁBADO, 8 DE NOVEMBRO

Tom na Fazenda
Local: Teatro Luiz Mendonça | Horário: 20h

Copyleft | Parque Apipucos | 15h | Gratuito

Fragmentos | Teatro Apolo | 19h30 | R10aR 50

Le Bruit des Pierres | Teatro de Santa Isabel | 20h | R10aR 50

How Much We Carry? | Oficina Francisco Brennand | 15h | Gratuito

Tempo de Vagalume| Teatro Arraial Ariano Suassuna | 19h | Gratuito

DOMINGO, 9 DE NOVEMBRO

Tom na Fazenda
Local: Teatro Luiz Mendonça | Horário: 19h

Juventud | Teatro do Parque | 17h | R10aR 50

Le Bruit des Pierres | Teatro de Santa Isabel | 18h | R$ 10 a R$ 50

How Much We Carry? | Praça do Arsenal (Recife Antigo) | 16h | Gratuito

TEMPORADAS CONTINUADAS

Tempo de Vagalume | Teatro Arraial Ariano Suassuna
Sextas e sábados, 19h até 15/11 | Gratuito

CONTATOS E INGRESSOS
CAIXA Cultural: (81) 3425-1915
Teatro RioMar: Av. República do Líbano, 251 – Pina
Ingressos Festival de Circo: Sympla
 @festivaldecirco @luniprodutions

Postado com as tags: , , , , , , , , , , , , , , , , ,

Recife intensifica calendário cultural
com programação internacional

Germaine Acogny encerra dois festivais simultâneos, Foto: Thomas Dorn

O último terço do ano confirma a vocação do Recife como palco de experiências cênicas diversificadas. Nos próximos dias a cidade recebe simultaneamente festivais consolidados e estreias nacionais, criando densidade artística que atravessa teatros, parques e espaços alternativos. A programação reúne desde a presença singular de Germaine Acogny, figura seminal da dança contemporânea africana, até companhias europeias que investigam novas possibilidades do circo contemporâneo.

Aos 81 anos, Germaine Acogny chega ao Teatro Santa Isabel como ponto de convergência entre o Festival Internacional de Dança do Recife e o Festival de Teatro do Agreste – Feteag. Fundadora da École des Sables no Senegal, considerada a mais importante escola de dança contemporânea da África, ela desenvolveu metodologia própria que associa técnicas tradicionais senegalesas com formação moderna adquirida em Nova York nos anos 1970.

À un endroit du début surge como síntese autobiográfica onde Acogny revisita suas origens através do prisma da tragédia grega. A montagem, criada em colaboração com o diretor franco-alemão Mikaël Serre, conecta as palavras proféticas de sua avó, a sacerdotisa Aloopho, com o sofrimento de Medeia. A dramaturgia corporal e os elementos cênicos incluem projeções que potencializam a gestualidade ancestral, criando diálogo temporal entre cosmogonia iorubá e dramaturgia clássica ocidental. Ganhadora do Leão de Ouro na Bienal de Dança de Veneza em 2021, Acogny transforma o palco em território onde sua técnica singular ganha dimensão ritualística.

Antes da chegada da mestre senegalesa, o Festival de Dança do Recife apresenta criações que exploram identidade e ancestralidade através da corporeidade. Orun Santana desenvolve em “Orunmilá” um paralelo poético entre sua identidade pessoal e a divindade iorubá da sabedoria e adivinhação. O espetáculo incorpora o jogo de búzios como elemento dramatúrgico, encarnando figuras diferentes e construindo caminhos para lidar com o tempo em seu caráter espiralar, conectando-se à pesquisa do artista sobre A ancestralidade do presente.

Na mesma linha investigativa, Marcos Teófilo questiona expectativas sociais em Para Expectativa Somente Desvios, utilizando narrativas corporais complexas que propõem caminhos alternativos através do movimento. Enquanto isso, a Batalha da Escadaria no Compaz Eduardo Campos reúne vertentes da cultura urbana metropolitana: Serafin’s Company mistura afrobeats com hip hop local, criando sonoridade que reflete a diversidade cultural da região; a Batalha de All Style reúne dançarinos de diferentes vertentes; e o Baile Charme manifesta a cultura de rua que mescla dança, música e sociabilidade urbana.

Paralelamente, o Feteag 2025 examina questões contemporâneas através de obras que interrogam estruturas sociais. Bolor, de Gabi Holanda, Guilherme Allain e Isabela Severi, emprega fungos como protagonistas metafóricos de processos de decomposição e renascimento, confrontando diretamente a mitologia freyreana do açúcar. A criação expõe a violência estrutural da plantation açucareira através de estética que valoriza redes subterrâneas de resistência, dialogando com pensadores como Malcom Ferdinand e Anna Tsing para imaginar futuros decoloniais.

Nessa perspectiva crítica, Les Sans (Os sem), do coletivo Les Récréâtrales-ELAN de Burkina Faso, adapta o pensamento de Frantz Fanon para o teatro através do reencontro de dois ex-companheiros de luta. Ali Kiswinsida Ouédraogo explora o conflito entre Franck e Tiibo, onde um mantém ideais de transformação social enquanto o outro foi cooptado pelo sistema que combatiam, interrogando as limitações da independência burkinabê e questionando se a libertação formal constitui verdadeira descolonização.

Cia Etc reflete sobre as pulsões contemporâneas com O Tempo das Lebres. Foto: Divulgação

Enquanto os festivais investem em questões identitárias e pós-coloniais, a Cia. Etc. celebra 25 anos de trajetória com uma reflexão sobre o tempo contemporâneo. O Tempo das Lebres, investigação artística iniciada em 2019 e inspirada no livro homônimo do filósofo José Antônio Feitosa Apolinário, nasce da urgência de examinar o estado contemporâneo onde pressa e produtividade atingem níveis que empurram o mundo a um estado permanente de exaustão, ansiedade e desconexão, mesmo após a crise provocada pela pandemia.

A estética techno atravessa a montagem, reforçando a pulsação frenética das cidades e das telas presentes na sociedade contemporânea. Dirigida por Marcelo Sena e Filipe Marcena, a obra questiona o culto à velocidade e pergunta sobre o que acontece com quem não acompanha o ritmo imposto. Nesse contexto, a escolha do estúdio da TV Universitária como espaço cênico permite mesclar linguagens da dança, performance, audiovisual, instalação e música, criando imersão inédita onde o audiovisual torna-se parte essencial dos processos de aceleração tecnológica.

Importante destacar que a acessibilidade integra a dramaturgia: audiodescritoras caminham junto ao público composto por pessoas cegas e com baixa visão, narrando cada cena em tempo real no pé do ouvido. Essa escolhas técnica dialoga com as apresentações que sucedem uma série de performances urbanas que serviram como laboratório criativo – Tempo Morto, Fast Foda, Escape e Memória do Mundo – intervenções que discutiram corpo, ritmo e desconforto em espaços públicos.

Experimentações Autorais no Espaço O Poste

Luanda Ruanda – histórias africanas. Foto: Tatá Costa

Fabíola Nansurê em Barro Mulher

Negaça

Em outro território de criação, o Espaço O Poste funciona como laboratório de produções autorais que desenvolvem pesquisas continuadas sobre identidade, memória e resistência. Nessa programação curada, Fabíola Nansurê, reconhecida por suas pesquisas sobre corpo e território, constrói em Barro Mulher uma dramaturgia sensorial que utiliza barro como elemento cênico central. A obra explora texturas, plasticidade e simbolismo do material para questionar padrões estéticos e sociais impostos aos corpos femininos, propondo reflexão sobre resistência, autoconhecimento e reconexão com elementos primordiais da natureza.

A encenação dialoga com tradições ceramistas nordestinas e práticas rituais ancestrais, criando pontes entre saberes populares e linguagem cênica contemporânea. Essa mesma busca por conectar tradições e contemporaneidade aparece em Luanda Ruanda: Histórias Africanas, onde Stephany Metódio, especializada em culturas africanas e afro-brasileiras, apresenta experiência que resgata narrativas africanas através de contação que conecta tradições orais do continente com experiências da diáspora no Brasil.

A artista desenvolve dramaturgia que articula contos tradicionais de diferentes regiões da África com reflexões sobre identidade, pertencimento e resistência cultural, utilizando música, dança e elementos visuais para criar atmosfera que transporta o público para universos narrativos ricos em simbolismo e ensinamentos ancestrais. A montagem possui relevância educativa e cultural, funcionando como instrumento de valorização da herança africana e combate ao racismo através da arte. Contemplado três vezes pelo Funcultura-PE, o espetáculo já percorreu mais de 15 comunidades quilombolas e foi vencedor do Prêmio Pernalonga de Teatro 2024 na categoria Teatro para Infância.

Fechando essa trilogia de investigações identitárias, Urubatan Miranda encerra a programação mensal com Negaça, solo que explora construções de masculinidade no contexto nordestino através de autobiografia cênica que articula memória pessoal com questões coletivas sobre identidade de gênero e afetividade. O trabalho questiona estereótipos sobre homens nordestinos, explorando sensibilidades, vulnerabilidades e formas de amar que escapam aos padrões heteronormativos dominantes, utilizando humor, poesia e crítica social para desconstruir imagens cristalizadas sobre masculinidade sertaneja.

Diálogo Entre Arte e Ciência

Frankinh@ em cartaz na Caixa Cultural Recife. Foto vilmar carvalho

Transitando para um território conceitual diferente, o Coletivo Gompa apresenta na CAIXA Cultural temporada dupla que coloca arte em diálogo direto com ciência, biologia, literatura e física. Frankinh@, vencedor do Prêmio SESC de Artes Cênicas e já apresentado em 18 cidades brasileiras, além de Rússia e Cuba, mescla narração, teatro, dança, artes visuais e trilha sonora original para reinventar a primeira obra de ficção científica da história.

A montagem busca despertar o imaginário infantil e sua capacidade criativa através da história de Victor Frankenstein, jovem esquisito e solitário que acaba criando alguém para lhe fazer companhia, desafiando os limites da ciência. A Criatura não sai exatamente como planejado, ensinando Victor a lidar com surpresas e transformações.

Em contrapartida, a versão adulta Frankenstein revisita o clássico de Mary Shelley com olhar contemporâneo, criando paralelos entre corpo feminino e Amazônia, explorando questões como pertencimento, violência e identidade. No palco, os bailarinos Fabiane Severo e Alexsander Vidaleti dão vida às vozes de Sandra Dani e Elcio Rossini, em encenação que combina textos, cenário, figurinos e iluminação com narrativa decolonial. A trilha sonora, assinada por Álvaro Rosa Costa, é manipulada ao vivo buscando criar “dissonância Frankenstein”, unindo samples, ruídos e improvisações.

Sonho Encantado de Cordel – O Musical é inspirado no enredo da Escola Imperatriz Leopoldinense 

No circuito dos grandes espetáculos, Sonho Encantado de Cordel – O Musical se apresenta como uma das mais ambiciosas produções teatrais da temporada. O espetáculo, inspirado no enredo Uma Delirante Confusão Fabulística de 2005, criado por Rosa Magalhães para a Imperatriz Leopoldinense em homenagem ao centenário de Hans Christian Andersen, funde elementos da cultura nordestina com o universo dos contos de fadas dinamarqueses.

A produção de Thereza Falcão conta com mais de 10 cenários e 50 figurinos criados pela carnavalesca Rosa Magalhães – obra póstuma da artista, que faleceu em julho deste ano aos 77 anos, deixando todos os desenhos prontos na noite anterior à sua partida. Mauro Leite, braço direito de Rosa, conduz a execução dos figurinos, dialogando com projeções e vídeos dirigidos por Batman Zavareze. As coreografias são assinadas por Renato Vieira, enquanto Marcelo Alonso Neves assina a direção musical.

O diferencial musical reside nas 10 composições inéditas de Paulinho Moska, Chico César e Zeca Baleiro, criando linguagem sonora que honra raízes nordestinas e universalidade fabular. A história gira em torno de Rosa Cordelista, jovem que sonha em se tornar grande cordelista e, através de sonho mágico, encontra Hans Christian Andersen em jornada repleta de personagens míticos.

Jeison Walace como Cinderela. Foto: Divulgação

Também investindo no humor como linguagem, o Teatro do Parque recebe Jeison Wallace em Cinderela em: Toda Cidade Tem, espetáculo que explora com inteligência as peculiaridades e situações do cotidiano encontradas em qualquer cidade brasileira. O comediante, consolidado como uma das principais referências da comédia nacional, constrói esquetes que abordam desde fofoca de bairro até personagens que marcam o dia a dia local, criando identificação imediata com públicos diversos através de piadas que fazem aquela mistura.

Na mesma linha de entretenimento familiar, Os 3 Super Porquinhos, também no Teatro do Parque, recebe tratamento contemporâneo de Roberto Costa, transformando o conto clássico em comédia musical que aborda preservação ambiental. A adaptação inverte arquétipos tradicionais: o Lobo torna-se personagem cômico e educativo, interagindo com crianças e se mostrando bobalhão, enquanto a caminhada final pela paz e preservação na floresta propõe conscientização sobre causas ambientais atuais.

Tom na Fazenda, sucesso de público e crítica no Brasil e exterior

Por outro lado, o Teatro Luiz Mendonça recebe produções de maior densidade dramática, como Tom na Fazenda, adaptação da peça de Michel Marc Bouchard que retorna ao Recife após turnê europeia de cinco meses, incluindo temporada de um mês em Paris com recorde de público e bilheteria, além de participação no Festival de Edimburgo. O espetáculo, visto por mais de 150.000 pessoas em mais de 450 apresentações desde 2017, explora sobrevivência emocional em ambiente rural hostil.

A trama acompanha Tom, que viaja para fazenda no interior após morte de seu companheiro para participar do funeral. Lá encontra a mãe, que desconhece a orientação sexual do filho falecido, e o irmão, camponês violento que insiste através de agressão que Tom esconda o relacionamento da mãe enlutada. Na fazenda, mentir torna-se primeira condição de sobrevivência, criando dramaturgia visceral que mistura realismo e expressionismo para abordar homofobia interiorizada e construção de masculinidades.

Festival de Circo

espetaculo-fragmentos-bra

Nove Tentativas de Não Sucumbir, da Cia Devir 

Espetáculo Juventud da Cie NDE funde dança e malabarismo

Completando esse panorama diversificado, o Festival de Circo do Brasil democratiza acesso ao circo contemporâneo através de programação com espetáculos espalhados por teatros, parques e espaços públicos, sendo 9 totalmente gratuitos. Abrindo essa celebração circense, a Cia Devir apresenta Nove Tentativas de Não Sucumbir, obra dirigida por Jean Michel Guy que transforma o ato de equilibrar-se no trapézio em metáfora sobre reconhecimento, resistência e reinvenção. Entre técnica, vulnerabilidade e humor, o espetáculo investiga o que mantém corpos em movimento e a força de tentar – mais uma vez – não sucumbir.

Da esfera internacional, a programação inclui Copyleft da Cie. NDE, que reúne dream team de cinco países – Juan Duarte Mateos (Uruguai), Lucas Castelo Branco (Brasil), Nahuel Desanto (Argentina), Gonzalo Fernandez Rodriguez (Espanha) e Walid El Yafi (França) – em turbilhão de malabarismo e dança com 45 minutos de duração. Criada para espaços públicos e terrenos diversos, a obra combina precisão técnica e energia coletiva sob direção de Nicanor de Elia.

Retornando à produção nacional, o Grupo Esparrama traz Esparrama Circo, homenagem à tradição popular do circo que transforma o cotidiano em espetáculo. Os palhaços convidam o público a tornar-se protagonista da cena, despertando memórias afetivas ligadas ao riso, ao jogo e à convivência coletiva. Nessa mesma linha participativa, o Coletivo Fuscirco apresenta A Risita, onde Rupi e Pitchula chegam com Fusca Azul 1974 trazendo circo completo: música, malabares, equilibrismo e humor cearense. Do carro que é transporte e lar surgem todos os elementos, transformando o picadeiro em espetáculo que garante interação e alegria do início ao fim.

Valorizando a produção local, a Mostra PE celebra talentos pernambucanos com cinco números: Aura Duo de Jéssica Moura e Fernanda Victor em lira acrobática baseada em confiança e sincronia; Malabares da Família Malanarquista celebrando malabarismo e arte de rua; Balanceiro de Paiace Brotin com habilidades bambolísticas no trânsito; Escada Sem Limites de Xixa Morales com uma das maiores escadas de equilíbrio do Brasil (4,5 metros); e Eclipse: Dança dos Astros de Jimmy Sá, onde artista e lira criam analogia ao fenômeno astronômico.

Explorando territórios experimentais, Hyperboles da Cie. SCoM busca aprofundar interseções entre skate e acrobacia, conectando essas linguagens a reflexão sobre o lugar das mulheres em práticas historicamente dominadas por homens. Reunindo artistas circenses e skatistas de diferentes culturas, o projeto propõe criação de espaço de troca onde cada corpo contribui para enriquecimento artístico mútuo.

Ainda na linha de espetáculos itinerantes, How Much We Carry? do Cirque Immersif convida à pausa e ao encontro ao redor de aparelho circense inusitado: a percha gigante em constante desequilíbrio. Com olhar sensível sobre o verbo “carry” – que significa tanto carregar quanto cuidar –, dois personagens conduzem tudo que encontraram pelo caminho, criando homenagem às caminhadas e àqueles que cruzam nossa trajetória.

Representando a pesquisa continuada brasileira, a Cia Nós No Bambu apresenta dois solos de Poema Mühlenberg que consolidam mais de quinze anos de pesquisa em arte-corpo-bambu. Sarayvara celebra 21 anos de dedicação, enquanto O Vazio É Cheio de Coisa constitui síntese de sua investigação, criando dramaturgia de imagens e significados que emergem da relação sensível entre humano e vegetal. Artista e artesã, Poema cuida de bambuzal: colhe, projeta, trata e constrói instrumentos, transpondo saberes artesanais para corpo cênico.

Nas criações internacionais mais conceituais, Fragmentos da La Víspera explora distorções e desintegrações corporais, transformando dor em linguagem cênica através de máscaras, marionetes e experimentações com luz. O espetáculo aborda fragmentação como alívio paradoxal ao sofrimento, criando thriller circense sobre processo de transformação contínua entre escolhas pessoais e atravessamentos externos.

Por outro lado, Vermelho, Branco e Preto de Cibele Mateus dá vida à figura cômica “Mateu” do Cavalo Marinho pernambucano, construindo brincadeira-manifesto que celebra alegria como tecnologia de reexistência, misturando riso, poesia e encantamento popular para questionar padrões coloniais e afirmar ancestralidade.

Em outra abordagem crítica, Le Bruit des Pierres do Collectif Maison Courbe entrelaça circo coreográfico, artes visuais e teatro físico para examinar ganância da sociedade ocidental pelo ouro. Duas mulheres personificam essa obsessão: uma cobre pedras com folhas douradas em gesto ritual repetitivo, enquanto outra as devora freneticamente até a overdose. Entre pedras e corpos surgem coreografias que exploram suspensão, desequilíbrio e queda, trazendo reflexão sobre exaustão capitalista e fragilidade ambiental.

Encerrando essa mostra circense, Juventud da Cie NDE funde dança e malabarismo, transformando fisicalidade circense em campo de experimentação e liberdade. A obra propõe manifestação em movimento constante, onde beleza não está na ordem ou perfeição, mas na complexidade do coletivo, em que indivíduo e grupo se complementam sem se anular.

Serviço 

Encerramento dos Festivais (Dança e Feteag)

À un endroit du début (Germaine Acogny)
Síntese autobiográfica entre cosmogonia iorubá e tragédia grega
Data: 26 de outubro de 2025 (Domingo) | Horário: 19h
Local: Teatro Santa Isabel (Praça da República, s/n, Santo Antônio)
Ingressos: Gratuito (retirada 1h antes, mediante doação de 1 kg de alimento não perecível)

Festival Internacional de Dança do Recife

Orunmilá (Orun Santana) | Jogo de búzios como dramaturgia espiralar sobre ancestralidade
Data: 24 de outubro de 2025 (Sexta-feira) | Horário: 14h e 19h
Local: Teatro Hermilo Borba Filho | Acessibilidade: Libras
Para Expectativa Somente Desvios (Marcos Teófilo) | Narrativas corporais complexas questionam expectativas sociais
Data: 24 de outubro de 2025 (Sexta-feira) | Horário: 20h30
Local: Teatro Apolo | Acessibilidade: Libras
Cavalo Marinho Estrela Brilhante | Manifestação popular nordestina mistura teatro, dança e improviso
Data: 26 de outubro de 2025 (Domingo) | Horário: 16h
Local: Teatro Hermilo Borba Filho
Circo Experimental Negro – O Encontro da Tempestade e a Guerra | Intersecção afrocentrada entre circo, dança e teatro
Data: 25 de outubro de 2025 (Sábado) | Horário: 17h
Local: Teatro Apolo
Lúden Cia de Dança – Ciclobrega” | Fusão inusitada entre dança contemporânea e cultura do brega
Data: 25 de outubro de 2025 (Sábado) | Horário: 18h
Local: Teatro Hermilo Borba Filho
Batalha da Escadaria” | Cultura urbana pernambucana em afrobeats, hip hop e baile charme
Data: 25 de outubro de 2025 (Sábado) | Horário: 15h às 21h
Local: Compaz Eduardo Campos

FETEAG 2025

Bolor” (Gabi Holanda, Guilherme Allain e Isabela Severi) | Fungos como metáfora da decomposição da mitologia açucareira
Data: 24 de outubro de 2025 (Sexta-feira) | Horário: 19h
Local: Teatro Rui Limeira Rosal | Ingressos: Gratuito
Les Sans (Os sem)” (Les Récréâtrales-ELAN) | Pensamento fanoniano questiona limitações da independência africana
Data: 24 de outubro de 2025 (Sexta-feira) | Horário: 21h
Local: Teatro Lycio Neves | Ingressos: Gratuito
L’Opéra du villageois” (Compagnie Zora Snake) | Performance-ritual ressuscita máscaras africanas roubadas pelos museus europeus
Data: 25 de outubro de 2025 (Sábado) | Horário: 17h
Local: Estação Ferroviária | Ingressos: Gratuito
Corpos” (Cie Mangrove) | Laboratório coreográfico entre culturas caribenhas e brasileiras
Data: 25 de outubro de 2025 (Sábado) | Horário: 19h
Local: Teatro Rui Limeira Rosal | Ingressos: Gratuito
Inquieta (Música)” (Larissa Lisboa com Gabi da Pele Preta) | Nova cena musical pernambucana negra e LGBTQIA+
Data: 25 de outubro de 2025 (Sábado) | Horário: 21h
Local: Teatro Lycio Neves | Ingressos: Gratuito

Cia. Etc. – 25 Anos

O Tempo das Lebres” | Estética techno examina aceleração contemporânea e exaustão sistêmica
Datas: 24 e 25 de outubro (Recife) | 30 e 31 de outubro (Triunfo)
Horário: 20h (Recife) | 19h (Triunfo)
Local: TV Universitária – Estúdio B (Recife) | Sociedade Triunfense de Cultura (Triunfo)
Ingressos: R30(inteira)/R 15 (meia) – Recife | Gratuito – Triunfo
Classificação: 12 anos | Mais informações: @ciaetc

Espaço O Poste – Laboratório Autoral

Barro Mulher” (Fabíola Nansurê) | Dramaturgia sensorial questiona padrões estéticos através do barro
Data: 24 de outubro de 2025 (Sexta-feira) | Horário: 19h
Local: Espaço O Poste (Rua do Riachuelo, 641, Boa Vista)
Ingressos: R30(inteira)/R 15 (meia)
Luanda Ruanda: Histórias Africanas” (Stephany Metódio) | Contação antirracista conecta tradições africanas com diáspora brasileira
Data: 25 de outubro de 2025 (Sábado) | Horário: 16h
Local: Espaço O Poste | Ingressos: Gratuito | Classificação: Livre
Negaça” (Urubatan Miranda) | Solo autobiográfico desconstrói estereótipos da masculinidade nordestina
Data: 31 de outubro de 2025 (Quinta-feira) | Horário: 19h
Local: Espaço O Poste | Ingressos: R30(inteira)/R 15 (meia)

CAIXA Cultural Recife – Coletivo Gompa

Frankinh@ – Uma história em pedacinhos” | Primeira ficção científica da história adaptada para despertar imaginário infantil
Datas: 25 e 26 de outubro e 1º de novembro | Horários: 17h (sábado) | 11h (domingo)
Local: CAIXA Cultural Recife (Av. Alfredo Lisboa, 505, Bairro do Recife)
Ingressos: R30(inteira)/R 15 (meia) | Classificação: Livre
Acessibilidade: Sessão de 26/10 com Libras | Informações: (81) 3425-1915
Frankenstein” | Perspectiva decolonial conecta corpo feminino e Amazônia
Datas: 30 de outubro (Quinta-feira), 31 de outubro (Sexta-feira) e 1º de novembro (Sábado) | Horário: 20h
Local: CAIXA Cultural Recife | Classificação: A partir de 16 anos
Ingressos: R30(inteira)/R 15 (meia) | Acessibilidade: Sessão de 31/10 com Libras

Produções Teatrais

Sonho Encantado de Cordel – O Musical” | Fusão entre Hans Christian Andersen e cultura nordestina inspirada na Imperatriz Leopoldinense
Datas: 25 de outubro (Sábado) e 26 de outubro (Domingo) | Horários: Sábado: 17h | Domingo: 15h e 17h
Local: Teatro Luiz Mendonça (Av. Boa Viagem, s/n, Boa Viagem)
Patrocínio: Ministério da Cultura e CAIXA Vida e Previdência
Cinderela em: Toda Cidade Tem” (Jeison Wallace) | Humor inteligente sobre peculiaridades do cotidiano urbano brasileiro
Data: 25 de outubro de 2025 (Sábado) | Horário: 18h30
Local: Teatro do Parque (R. do Hospício, 81, Recife)
Ingressos: R120(inteira)/R 60 (meia) / R$ 80 (social com 1kg alimento)
Classificação: 14 anos | Informações: (81) 98463-8388
Os 3 Super Porquinhos” | Comédia musical inverte arquétipos para conscientização ambiental
Data: 26 de outubro de 2025 (Domingo) | Horário: 11h
Local: Teatro do Parque | Ingressos: R100(inteira)/R 50 (meia) / R$ 70 (social)
Acessibilidade: Libras | Informações: @robertocostaproducoes
Tom na Fazenda” | Sobrevivência emocional em ambiente rural hostil após turnê europeia
Datas: 7 de novembro (Sexta-feira), 8 de novembro (Sábado) e 9 de novembro (Domingo) | Horários: Sex/Sáb: 20h | Dom: 19h
Local: Teatro Luiz Mendonça
Chapeuzinho de Neve Adormecida” | Confusão divertida entre múltiplos contos clássicos
Data: 1º de novembro (Sábado) | Horário: 16h30 | Ingressos: R50 a R 100
Local: Teatro Luiz Mendonça
A Princesa dos Mares – O Musical” | Jornada épica oceânica com mensagem de preservação ambiental
Data: 2 de novembro (Domingo) | Horário: 16h30 | Ingressos: R50 a R 100
Local: Teatro Luiz Mendonça

Festival de Circo do Brasil – 13 Espetáculos

Nove Tentativas de Não Sucumbir” (Cia Devir) | Trapézio como metáfora sobre resistência e reinvenção humana
Datas: 31 de outubro (Quinta-feira) e 1º de novembro (Sábado) | Horário: 19h
Local: Teatro Apolo | Classificação: 14 anos
Ingressos: Gratuito (retirada via Sympla) | Acessibilidade: 1º/11 com Libras
Copyleft” (Cie. NDE) | Dream team internacional em turbilhão malabarístico de cinco países
Data: 8 de novembro (Sábado) | Horário: 15h
Local: Parque Apipucos | Classificação: Livre
Ingressos: Gratuito
Esparrama Circo” (Grupo Esparrama) | Público como protagonista em homenagem à tradição circense popular
Datas: 1º de novembro (Sábado) e 2 de novembro (Domingo)
Local: Parque Santana – Ariano Suassuna | Classificação: Livre
Ingressos: Gratuito
A Risita” (Coletivo Fuscirco) | Circo completo em Fusca Azul com humor cearense
Datas:
1º de novembro (Sábado) e 2 de novembro (Domingo) | Parque Santana – Ariano Suassuna
3 de novembro (Segunda-feira) | 15h | Compaz Ariano Suassuna
4 de novembro (Terça-feira) | 16h | Vera Cruz/Aldeia – Camaragibe
Classificação: Livre | Ingressos: Gratuito
Mostra PE” | Cinco números da produção local pernambucana
Datas: 1º de novembro (Sábado) e 2 de novembro (Domingo)
Local: Parque Santana (Casa Forte) | Classificação: Livre
Ingressos: Gratuito
Hyperboles” (Cie. SCoM) | Interseção entre skate e acrobacia questionando lugar das mulheres
Datas: 1º de novembro (Sábado) e 2 de novembro (Domingo)
Local: Parque Santana – Ariano Suassuna | Classificação: Livre
Ingressos: Gratuito
How Much We Carry?” (Cirque Immersif) | Percha gigante em desequilíbrio como convite ao encontro
Datas:
1º de novembro (Sábado) e 2 de novembro (Domingo) | Parque Santana (Casa Forte)
7 de novembro (Sexta-feira) | 16h30 | Alto da Sé (Olinda)
8 de novembro (Sábado) | 15h | Oficina Francisco Brennand (Várzea)
9 de novembro (Domingo) | 16h | Praça do Arsenal (Recife Antigo)
Classificação: Livre | Ingressos: Gratuito
Sarayvara” (Cia Nós No Bambu) | 21 anos de pesquisa arte-corpo-bambu em celebração
Data: 7 de novembro (Sexta-feira) | Horário: 19h
Local: Teatro Hermilo Borba Filho | Classificação: Livre
Ingressos: Gratuito (retirada via Sympla)
O Vazio É Cheio de Coisa” (Cia Nós no Bambu) | Síntese de 15 anos de investigação entre humano e vegetal
Data: 6 de novembro (Quinta-feira) | Horário: 20h
Local: Teatro de Santa Isabel | Classificação: 12 anos
Ingressos: Sympla
Fragmentos” (La Víspera) | Thriller circense explora fragmentação mental como sobrevivência
Datas: 6 de novembro (Quinta-feira) e 8 de novembro (Sábado) | Horário: 19h30
Local: Teatro Apolo | Classificação: 14 anos
Ingressos: Sympla
Vermelho, Branco e Preto” (Cibele Mateus) | Mateu do Cavalo Marinho como brincadeira-manifesto de reexistência
Datas: 5 de novembro (Quarta-feira) e 6 de novembro (Quinta-feira) | Horário: 19h30
Local: Teatro Apolo | Classificação: 12 anos
Ingressos: Sympla | Acessibilidade: 5/11 com Libras
Le Bruit des Pierres” (Collectif Maison Courbe) | Obsessão pelo ouro revela exaustão capitalista e fragilidade ambiental
Datas: 8 de novembro (Sábado) e 9 de novembro (Domingo) | Horários: Sáb: 20h | Dom: 18h
Local: Teatro de Santa Isabel | Classificação: Livre
Ingressos: Sympla
Juventud” (Cie NDE) | Energia coletiva através de malabarismo, movimento e experimentação
Data: 9 de novembro (Domingo) | Horário: 17h
Local: Teatro do Parque | Classificação: 10 anos
Ingressos: Sympla
Informações Gerais: A programação oferece sessões com Libras em múltiplos espetáculos e 9 espetáculos gratuitos no Festival de Circo (além de 4 com ingressos via Sympla), democratizando acesso à cultura de qualidade internacional.

Postado com as tags: , , , , , ,

No Recife, palcos são ocupados por produções
comerciais e projetos experimentais

Circo Godot faz curta temporada no Teatro Hermilo Borba Filho de 24, 25 e 26 de julho. Foto: Divulgação

Édipo REC faz sessões no Luiz Mendonça nos dias 25 e 26 de julho. Foto: Camila Macedo

Os teatros do Recife são ocupados neste final de julho por grandes produções que desembarcam de outros centros e experimentos que brotam do próprio território pernambucano. De um lado, nomes consagrados da televisão brasileira como Antonio Fagundes e Christiane Torloni garantem bilheteria apoiados na familiaridade que décadas de presença televisiva construíram – fenômeno que leva o público a transformar a proximidade fictícia da tela em desejo de encontro presencial no teatro; do outro, artistas locais investigam desde metáforas biológicas sobre estruturas sociais até releituras de clássicos do teatro mundial. Entre esses extremos, o teatro infantil garante seu festival e a arte negra encontra território próprio em programação especializada.

É um período que permite ao público transitar entre diferentes estéticas – da intimidade televisiva às provocações experimentais, do entretenimento familiar às reflexões sobre ancestralidade -, revelando como a cena recifense acomoda desde apostas comerciais seguras até pesquisas de linguagem que desafiam convenções.

Para uma cidade com a tradição cultural do Recife, contudo, a oferta ainda se mostra aquém das possibilidades. A ausência de perfis curatoriais mais específicos para os equipamentos resulta em semanas onde a maioria dos teatros se encontra ocupada simultaneamente por comédias ligeiras e entretenimento comercial, enquanto o teatro experimental contemporâneo, a dramaturgia nacional de risco e as pesquisas cênicas mais ousadas circulam timidamente pela cidade. 

A programação dá indícios que Recife ainda não explorou plenamente seu potencial como polo de criação teatral nacional. E esse é um assunto que precisamos debater mais profundamente. A cidade possui artistas talentosos e dedicados, público interessado e tradição cultural sólida – elementos que, bem articulados, poderiam gerar cena teatral de projeção nacional. Embora o Grupo Magiluth seja atualmente reconhecido como grande representante da cena pernambucana, demonstrando que a excelência teatral é possível na cidade, os talentos teatrais estão espalhados por todo o Recife e precisam de maior investimento e visibilidade para florescer plenamente. As condições para um salto qualitativo existem, mas permanecem dispersas, aguardando articulação institucional que conecte políticas públicas consistentes, iniciativa privada comprometida com diversidade estética e movimentos artísticos independentes. 

A riqueza cultural que caracteriza Recife historicamente merece programação teatral à altura de sua relevância no cenário cultural brasileiro. A pergunta que emerge desta análise é inevitável: quando a cidade decidirá investir no teatro com a seriedade e a visão estratégica que sua tradição cultural não apenas permite, mas exige?

VAMOS DAR UM ROLÊ PELA PROGRAMAÇÃO

 

Christiane Torloni e Antonio Fagundes na peça Dois de Nós. Foto: Renata Casagrande

🎭 Dois de Nós – O Peso dos Nomes

Antonio Fagundes e Christiane Torloni ocupam o Teatro Luiz Mendonça carregando décadas de presença no imaginário brasileiro através da televisão. São figuras que se tornaram presenças familiares nas casas , e essa intimidade construída pela TV se traduz em garantia de plateia quando migram para os palcos.

O texto de Gustavo Pinheiro explora um dispositivo dramático simples de uma comédia romântica: dois casais de gerações distintas confinados em quarto de hotel, onde segredos emergem através de revelações e mentiras – opera em terreno conhecido, apostando mais na competência interpretativa dos protagonistas que em inovações dramatúrgicas.

A direção de José Possi Neto aposta na química entre os intérpretes – Fagundes, Torloni, Thiago Fragoso e Alexandra Martins – para sustentar uma dramaturgia que se apoia mais na competência interpretativa do que em inovações formais. O cenário único de Fábio Namatame e a iluminação de Wagner Freire criam a atmosfera intimista necessária para que as confissões ganhem peso dramático.

Uma experiência única oferecida é o tour pelos bastidores guiado pelo próprio Antonio Fagundes, incluindo visita aos camarins e sessão de fotos, disponível por R$ 120 adicionais. O tour VIP  exemplifica como o teatro comercial contemporâneo monetiza até mesmo o making-of da experiência teatral.

Fagundes, conhecido por sua intransigência com atrasos – traço que acompanha toda sua carreira -, mantém a política rígida: “quem chegar atrasado não entra”. É postura que revela tanto profissionalismo quanto compreensão de que a experiência teatral exige pacto temporal entre palco e plateia. 

📍 SERVIÇO:
Teatro Luiz Mendonça (Parque Dona Lindu)
19 de julho, 20h
20 de julho, 17h sessão extra
R$ 125 a R$ 250 
Tour VIP: R$ 120 (adicional)


 

Tania Bondezane Fabiana Karla, Foto: Divulgação

🎭“Radojka” – Dramaturgia Internacional

Fernando Schmidt e Christian Ibarzabal construíram texto que aborda dilemas contemporâneos – precariedade laboral, etarismo, desespero econômico – através do filtro da comédia de situação. A trama das duas cuidadoras que escondem a morte da patroa para preservar o emprego funciona como alegoria das condições trabalhistas atuais.

Tania Bondezan, que assina tradução e atua ao lado de Fabiana Karla, encontrou na peça uruguaia material que dialoga diretamente com a realidade brasileira do trabalho doméstico. A direção de Odilon Wagner busca equilibrar momentos farsescos com instantes de melancolia social, evitando que o humor neutralize a crítica implícita.

O sucesso da obra em mais de quinze países demonstra como certas ansiedades laborais atravessam fronteiras culturais, ganhando contornos específicos em cada contexto nacional.

SERVIÇO:
Teatro Santa Isabel (Praça da República)
18-20 de julho (Sex 20h, Sáb 19h, Dom 16h)
R$ 40 a R$ 150


🎭 Um Sábado em 30 – História e Comédia Pernambucana

A montagem do Grupo Teatro de Raízes de Pernambuco retrata uma família do interior de Timbaúba durante a Revolução de 1930. Com sessão única, o espetáculo mistura romance proibido, conflitos familiares e crítica social, tudo temperado com o humor característico do teatro pernambucano.

📍 SERVIÇO
Um Sábado em 30
Teatro do Parque (Rua do Hospício, 81, Boa Vista)
20 de julho (sessão única), às 19h
Ingressos: R$ 50 a R$ 100

🎭 TBT do Matuto nas Férias – Tradição do Humor Regional

Zé Lezin celebra quatro décadas de carreira com seu personagem matuto, figura que atravessou gerações e mantém relevância no imaginário humorístico pernambucano. O espetáculo funciona como retrospectiva afetiva, reunindo causos e histórias que consolidaram o artista como referência do humor nordestino.

A participação de Carlos Santos adiciona camada geracional ao espetáculo, criando diálogo entre diferentes momentos da comédia local. É formato que privilegia a conexão emocional com o público sobre inovações formais, apostando na nostalgia como elemento de coesão.

📍 SERVIÇO
TBT do Matuto nas Férias, com Zé Lezin
Teatro Boa Vista (Rua Dom Bosco, s/n, Boa Vista)
19 de julho, 20h
R$ 50 a R$ 100

Vitor Trindade no Espaço O Poste. Foto: Divulgação

🎭 Espaço O Poste: Território da Arte Negra

Vítor da Trindade – Pedagogia Ancestral

O Espaço O Poste desenvolve programação consistente focada na valorização da cultura afro-brasileira, oferecendo alternativa aos modelos esporádicos de muitos equipamentos culturais. A presença de Vítor da Trindade exemplifica essa curadoria política.

A Vela Branca de Oxalá – Performance poético-musical inspirada no livro homônimo de Vítor da Trindade. Entre crônicas, canções e versos sobre cotidiano, amor e ancestralidade negra, ele é acompanhado da bailarina Elis Trindade, que traduz em movimento corporal o lirismo da obra.

Esta programação representa o compromisso do Espaço O Poste com a valorização da cultura afro-brasileira e a criação de espaços de diálogo sobre questões étnico-raciais através da arte.

📍 SERVIÇO:
A Vela Branca de Oxalá
Espaço O Poste (Rua do Riachuelo, 641, Boa Vista)
Show: 19/07, 19h (R$ 10-20)

 

TEATRO INFANTIL: 21º FESTIVAL DE TEATRO PARA CRIANÇAS E MONTAGENS OUTRAS

Cantigas de Fiar. Foto: João Fernando Bonfim

Cantigas de Fiar(19/07, 16h30) – Companhia Fiandeiros de Teatro Show teatral que reúne crianças, jovens e adultos explorando o tema da saudade através de músicas de André Filho e Samuel Lira. O espetáculo homenageia André Filho, demonstrando como o teatro infantil local constrói memória artística própria. A abordagem de sentimento complexo – a saudade – através de linguagem acessível respeita a capacidade infantil de lidar com emoções profundas.

📍 SERVIÇO
Cantigas de Fiar (Companhia Fiandeiros de Teatro – Recife / PE)
Teatro do Parque (Boa Vista – Recife / PE)
19/07 (Sábado) – 16h30 –
Ingressos: R$ 60,00 (inteira) / R$ 30,00 (meia)

O Mágico de Oz – Foto Christian Farias

O Mágico de Oz (20/07, 16h30) – Capibaribe Produções Adaptação da obra de L. Frank Baum com direção de Roberto Oliveira. A montagem, com duração de 1h10, traz reflexões sobre coragem, amizade e superação através da jornada de Dorothy, embalada por trilha sonora no estilo de grandes musicais. Elenco numeroso inclui Letícia Galeno, Thiago Ambrieel, Janine Aroucha e outros, criando espetáculo de grande formato para público infantil.

📍 SERVIÇO
O Mágico de Oz (Capibaribe Produções / Moreno – PE)
Teatro do Parque (Boa Vista – Recife / PE)
20/07 (Domingo) – 16h30 –
Ingressos: R$ 80,00 (inteira) / R$ 40,00 (meia)

Tatu-do-bem. Foto:_ Luiza Costa

Tatu-do-Bem (19/07, 16h) – Catalumari e os Giguiotes Aventura ambiental que acompanha Andrezinho, filho de atores nômades, em descoberta da caatinga através dos tatus-bolas Tuta e Teteu. A montagem articula educação ambiental com estética regional, escolhendo a caatinga como cenário fantástico e valorizando bioma pouco presente no imaginário infantil urbano. Texto de Lucas Carvalho e direção de Guilherme Mergulhão demonstram maturidade da cena infantil local.

📍 SERVIÇO
Tatu-do-Bem (Catalumari e os Giguiotes / Recife–PE)
Teatro Barreto Júnior (Pina)
19/07 (Sábado) 
Ingressos: R$ 40,00 (inteira) / R$ 20,00 (meia-entrada)

A Batalha de Botas. Foto: Thercles Silva

A Batalha de Botas Fábula que questiona conceitos de civilização através do encontro entre aviador militar e nativo de ilha. Inspirada em Fernando Arrabal e Plínio Marcos, a obra traz figuras do circo tradicional para abordar questões sociais contemporâneas. A montagem paraibana demonstra circulação regional do teatro infantil de qualidade.

📍 SERVIÇO
A Batalha de Botas – Trupe Arlequin (João Pessoa-PB)
Teatro Barreto Júnior
(20/07, 16h)
:R$ 60 (inteira) / R$ 30 (meia)

OUTRAS MONTAGENS PARA CRIANÇAS

Hélio o balão que não consegue voar Foto Ricardo Maciel / Divulgação

Hélio, o Balão que Não Consegue Voar

Produção pernambucana do Coletivo de Artistas que aborda com sensibilidade poética o Transtorno do Espectro Autista. Baseada no texto premiado de Cleyton Cabral, a obra de formas animadas evita tanto invisibilização quanto vitimização, criando narrativa que celebra diferenças através de metáfora delicada.

📍 SERVIÇO
Hélio, o Balão que Não Consegue Voar
CAIXA Cultural Recife 
18 a 20 de julho, 16h
R$ 30 (inteira) / R$ 15 (meia)

A Cigarra e a Formiga. Foto: Renan Andrade

A Cigarra e a Formiga (20/07, 15h) – Teatro RioMar

A clássica fábula de Esopo ganha formato musical sob a direção e adaptação de Roberto Costa, A Cigarra e a Formiga reúne cinco atores – Luan Alves, Ashila Moraes, Isabela Leão, Maycon Douglas e Ania Cellos – que dão vida aos habitantes da floresta, desde a cantante Cigarra até as trabalhadoras formigas, passando por Dona Joaninha, Abelhão, Abelhuda e Borboleta.

O espetáculo conta com três músicos – Luiz Henrique, Linaldo Lima e Arthur Correia – responsáveis pela execução ao vivo de todas as canções que compõem a trama. A adaptação mantém a estrutura narrativa original, acompanhando a cigarra que dedica o verão ao canto enquanto as formigas se concentram no trabalho de estocagem de alimentos para enfrentar o inverno, com a participação dos demais insetos que compartilham o mesmo ambiente florestal. A montagem inclui acessibilidade em Libras e combina humor, música ao vivo e efeitos especiais em uma apresentação voltada ao público infantil e familiar

📍 SERVIÇO

Musical A Cigarra e a Formiga
Domingo, 20 de julho, 15h
Teatro RioMar Recife
Ingressos: A partir de R$ 50
Vendas: Bilheteria do teatro
Acessibilidade: Libras

🎪 PRÓXIMA SEMANA (24 A 27 DE JULHO)

Circo Godot, com Asaías Rodrigues e Charles de Lima. Foto: Divulgação

Experimentação e Pesquisa – Circo Godot

Quiercles Santana dirige Asaías Rodrigues e Charles de Lima em adaptação livre de Esperando Godot que substitui angústia existencial pelo humor circense brasileiro. Gatropo e Tropino (referências a Lucky e Pozzo) comunicam-se através de “blablação” – língua inventada que universaliza a experiência da incomunicabilidade.

A escolha pela linguagem inventada, “gromelô”, elimina barreiras de classe e educação formal, criando comunidade temporária entre público e intérpretes. A participação ativa da plateia transforma reflexão filosófica beckettiana em jogo coletivo, demonstrando como clássicos podem ser reinventados através de filtros culturais locais.

A iluminação de Luciana Raposo e a produção de Juan Saucedo garantem estrutura técnica que sustenta a precariedade voluntária da estética circense. O Teatro Hermilo, com apenas 90 lugares, cria intimidade necessária para que o experimento funcione.

📍 SERVIÇO:
Circo Godot
Teatro Hermilo Borba Filho
24, 25 e 26 de julho
R$ 40 (inteira) / R$ 20 (meia)
Apenas 90 lugares

 

Erivaldo Oliveira interpreta o Coro-drag em Édipo REC. Foto: Foto: Camila Macedo / Divulgação

Tragédia grega na Manguetown

Édipo REC celebra duas décadas de experimentação do Grupo Magiluth, transformando a tragédia de Sófocles em uma experiência contemporânea. Após percorrer o Brasil, a montagem retorna ao Recife, convertendo o Teatro Luiz Mendonça em uma arena onde público e performers se entrelaçam numa dança entre realidade e representação. A direção de Luiz Fernando Marques (Lubi) e a dramaturgia de Giordano Castro criam um fluxo teatral em tempo real, onde câmeras, projeções ao vivo e vídeo mapping constroem uma Tebas reinventada como Recife-Pompéia – território onde a hiperexposição digital encontra a catástrofe ancestral, questionando como editamos nossas próprias vidas numa era de imagens.

A dramaturgia em dois atos conduz o espectador: da euforia de uma festa performática saturada de códigos pop à revelação da tragédia pessoal, onde todas as narrativas implodem. O elenco constrói um mosaico humano – Nash Laila ressignifica Jocasta com uma presença que marca o retorno feminino ao grupo, enquanto Erivaldo Oliveira comanda como Coro-drag, destilando humor e verdades. Giordano Castro molda um Édipo que é ícone pop e vítima de seu próprio narcisismo digital, navegando entre disputas de poder e a ilusão de controle. Mais que uma adaptação, Édipo REC funciona como um autorretrato do próprio Magiluth, interrogando: numa época onde somos diretores e personagens de nossas próprias tragédias virtuais, o teatro ainda possui a força de nos confrontar com quem realmente somos?

📍 SERVIÇO
Édipo REC – Grupo Magiluth
Teatro Luiz Mendonça, Parque Dona Lindu
25 e 26 de julho, às 20h
Ingresso: 30 a 120

Caliuga faz duas apresentações no Teatro Joaquim Cardozo

Caliuga

A Cia. de Teatro Negro Macacada constrói em “Caliuga” uma narrativa que espelha realidades enfrentadas cotidianamente por milhões de brasileiros, utilizando o palco como espaço de reflexão sobre as intersecções entre identidade racial e inserção no mercado de trabalho. O protagonista da obra se torna um representante de experiências coletivas que transcendem a ficção, navegando por situações que revelam as camadas sutis e explícitas de discriminação presentes nos processos seletivos e ambientes corporativos. A escolha dramatúrgica de centrar a ação na busca por emprego permite que questões estruturais sejam exploradas através de situações concretas e reconhecíveis, criando pontes entre a experiência individual do personagem e os desafios sistêmicos enfrentados pela população negra no Brasil.

A produção reconhece que as questões raciais e trabalhistas não podem ser simplificadas ou romantizadas. A Cia. de Teatro Negro Macacada se posiciona dentro de um movimento teatral que utiliza a arte como ferramenta de visibilidade e discussão, contribuindo para um panorama cênico que valoriza narrativas historicamente marginalizadas nos palcos brasileiros. O espetáculo se insere em um contexto cultural onde o teatro negro ganha cada vez mais espaço e reconhecimento, não apenas como expressão artística, mas como plataforma de debate sobre transformações sociais necessárias e urgentes na sociedade contemporânea.

📍 SERVIÇO:
Teatro Joaquim Cardozo – Centro Cultural Benfica
25 e 26 de julho, 19h30
R$ 20 (inteira) / R$ 10 (meia)

 

Dan Stulbach . Foto: Ronaldo Gutierrez. 

RELEITURA DE SHAKESPEARE

O Mercador de Veneza chega à CAIXA Cultural Recife de 24 de julho a 2 de agosto, de quinta-feira a sábado, sempre às 20h. Esta montagem dirigida por Daniela Stirbulov transporta o clássico da Itália do século 16 para um cenário contemporâneo inspirado nos anos 1990, década marcada pela aceleração da globalização e pelo surgimento de uma nova ordem mundial.

A trama acompanha Antônio, um mercador que contrai uma dívida com Shylock para ajudar seu amigo Bassânio. Como garantia para o empréstimo, Antônio oferece uma libra de sua própria carne. O não pagamento da dívida leva a um julgamento dramático, trazendo à tona temas como justiça e preconceito. A Bolsa de Valores dos anos 1990 se torna o espaço simbólico central da narrativa, onde o dinheiro rege as relações humanas, refletindo a aceleração da globalização.

Nesta versão, Shylock assume o papel de protagonista e a história é contada a partir de sua perspectiva, invertendo a estrutura tradicional da peça shakespeariana. 

A cenografia inclui uma estrutura acrílica transparente elevada no centro do palco que cria um tablado dinâmico para os atores, um painel LED circular posicionado no alto que desenha palavras e frases ligadas à ação em tempo real, um operador de câmera que capta imagens em tempo real também projetadas no painel, e uma baterista que executa a trilha sonora ao vivo no palco, criando uma atmosfera imersiva.

O elenco principal é formado por Dan Stulbach como Shylock, Cesar Baccan como Antônio, Gabriela Westphal como Pórcia e Marcelo Ullmann como Bassânio, além de um elenco de apoio que inclui Augusto Pompeo, Amaurih Oliveira, Júnior Cabral, Marcelo Diaz, Marisol Marcondes, Rebeca Oliveira, Renato Caldas e Thiago Sak. A equipe técnica conta com cenografia de Carmem Guerra, figurino e visagismo de Allan Ferc, desenho de luz de Wagner Pinto e Gabriel Greghi, e trilha sonora executada por Caroline Calê.

 

OUTRAS COMÉDIAS

NÂO

NÃO! com Adriana Birolli

A atriz Adriana Birolli retorna ao Recife com comédia de Diogo Camargos que aborda dificuldade de estabelecer limites pessoais. O monólogo, que já percorreu o Brasil com sessões lotadas, explora tema através da perspectiva de mulher que faz terapia há dezoito anos para aprender a dizer não.

A montagem representa teatro comercial contemporâneo: uma atriz conhecida da televisão em texto que combina humor com autoajuda, criando identificação imediata com público urbano de classe média. Adriana Birolli comenta que a resposta positiva de profissionais da saúde mental comprova a pertinência do tema.

SERVIÇO:
Teatro Santa Isabel
25 a 27 de julho (Sex 20h, Sáb 19h, Dom 18h)
R$ 40 a R$ 140

Wilson de Santos intepreta a rmã Maria José. Foto: Divulgação

A Noviça Mais Rebelde

A trajetória de mais de uma década nos palcos brasileiros consolida A Noviça Mais Rebelde  como um fenômeno teatral que conquistou públicos das mais diversas regiões do país. Wilson de Santos constrói um personagem que navega entre a devoção religiosa e as memórias mundanas com uma naturalidade que transforma cada apresentação em uma experiência única, já que a natureza improvisacional do espetáculo permite variações que mantêm a obra sempre renovada.

A habilidade do ator em conduzir a interação com a plateia, alternando entre momentos de reflexão espiritual e explosões de humor irreverente, demonstra sua versatilidade cênica desenvolvida ao longo de colaborações com importantes nomes do teatro nacional. O formato de monólogo interativo, que coloca o público como parte integrante da narrativa, quebra a quarta parede de forma orgânica, criando uma atmosfera de intimidade que faz com que cada espectador se sinta pessoalmente conectado às confissões e travessuras da Irmã Maria José. Esta longevidade artística

📍 SERVIÇO:
A Noviça Mais Rebelde
Teatro do Parque
25 e 27 de julho (Sex 20h, Dom 19h)
R$ 60 a R$ 120

Postado com as tags: , , , , , , , , ,

Cordel do amor sem fim no aconchego de sua sede

Naná Sodré em Cordel do amor sem fim. Foto: Paulo Cruz

Naná Sodré em Cordel do amor sem fim. Foto: Paulo Cruz

A peça Cordel do amor sem fim, do grupo O Poste Soluções Luminosas, inicia hoje uma nova temporada, desta vez na sede do grupo, na Rua da Aurora. O espetáculo, um dos sucessos da trupe, já circulou pelo Brasil a levar essa história de desencontros amorosos. Três irmãs moram em Carinhanha, nas margens do Rio São Francisco: a misteriosa Madalena, a dissimulada Carminha e a jovem sonhadora Teresa, por quem José é apaixonado. Mas aparece um forasteiro, Antônio, que desvia a rota do desejo de Teresa.

A encenação do diretor Samuel Santos rejeita o naturalismo e explora outras teatralidades. Na composição da cena, os passos e gestuais do coco e cavalo-marinho se fundem com Tai Chi Chuan, candomblé, capoeira, nuances do Expressionismo, da arte oriental do Butoh no corpo e nas máscaras faciais, com influência também do mamulengo.

Agrinez Melo interpreta uma das irmãs, Carminha. Foto: Aryella Lira

Agrinez Melo interpreta uma das irmãs, Carminha. Foto: Aryella Lira

O elenco é composto pelos atores, Suelayne Sue (Tereza), Naná Sodré (Madalena ), Agrinez Melo (Carminha) e Madson De Paula, (José ), além do músico Diogo Lopes.

A montagem está carregada da sensualidade manifesta no corpo de Teresa, que arde por um sujeito estrangeiro, que não virá. Esse corpo se modifica com a ausência. Endurece. Teresa talvez fosse a redenção de suas irmãs. Madalena que se fechou em luto. E Carminha que sofre com o segredo de amar o homem prometido a Teresa, José. O amor desmedido de Teresa desafia o amor desmedido de José.

O Nordeste se apresenta no texto da escritora baiana Cláudia Barral, nas cores fortes, nos sons e texturas dessa montagem.

Entre batuques, marcações sincopadas de tamancos, sonoplastia ao vivo, os corpos “extracotidianos” dos intérpretes, Cordel do amor sem fim conclama a ancestralidade, tão cara na pesquisa do grupo.

SERVIÇO
Cordel do amor sem fim
Quando: De 11 de julho a 27 de setembro; sábados, às 20h e domingos, às 19h.
Onde: Espaço O Poste (Rua da Aurora, 529, loja 1, Boa Vista)
Quanto: R$ 20 e R$ 10 (meia).
Informações: 98484-8421.

Postado com as tags: , , , , , , , , , , ,