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Sete peças, dentre muitas, para ver em São Paulo

 

Manifesto Transpofágico, com Renata Carvalho. Foto Danilo Galvão / Divulgação

Maria de Escócia, com  Kátia Naiane e Bete Dorgam

Kleber Lourenço em Pedreira!

Para quem gosta de teatro, como as Yolandas, São Paulo é um verdadeiro banquete. Muitas opções em vários gêneros, dos espaços mais tradicionais aos alternativos. Escolhemos sete da oferta generosa deste mês de junho. São peças que queremos ver e trazem questões que nos interessam.

Maria de Escócia recua até o século 16 para fazer um debate sobre domínios, duas rainhas, muitos súditos e conspirações para pensar sobre o poder e seus tentáculos.

Da obra homônima de João do Rio, situada no Rio de Janeiro do início do século 20, a Coletiva Rainha Kong busca investe nas questões de gênero para salientar a perseguição da polícia e do estado a determinadas corpas em O Bebê de Tarlatana Rosa.

O solo A Idade da peste, com atuação e direção de Cácia Goulart a partir de texto de Reni Adriano, aborda o racismo e disseca o mal-estar da branquitude 

Um filme de terror de baixo orçamento, de apelo cômico está no centro do espetáculo O Mistério Cinematográfico de Sendras Berloni. Com a peça, Extemporânea explora o potencial artístico do conceito de pós-verdade, falso e dublê.  

A Brava Companhia faz uma crítica contundente ao sistema capitalista em ruínas, com o espetáculo Terra de Matadouros. A montagem é livremente inspirada no texto Santa Joana dos Matadouros, do dramaturgo alemão Bertolt Brecht (1898-1956).

Com direção de Fábio Resende, o elenco – formado por Ademir de Almeida, Elis Martins, José Adeir, Márcio Rodrigues, Max Raimundo e Paula da Paz –  se reveza na interpretação de dezenas de personagens, na operação técnica e na execução de músicas originais, que são tocadas e cantadas ao vivo.

O espetáculo Manifesto Transpofágico, da atriz Renata Carvalho é dividido em dois momentos: O primeiro é a apresentação do corpo travesti, suas historicidades, “transcestralidade” e as construções que rodeiam corpos trans/travestis. No segundo momento, Carvalho está na plateia e propõe uma conversa com o público expondo questionamentos pessoais e temas como cisgeneridade, passabilidade e perguntas de qualquer ordem.

O movimento que aciona a memória do corpo em Pedreira!, espetáculo de dança de Kleber Lourenço, é ao mesmo tempo pessoal e coletivo. O trabalho dançado sobre existências e ancestralidade tem a mitopóetica de Xangô como ponto de partida para uma releitura que tematiza a relação do homem negro com os territórios em que habita: a cidade, a natureza e suas ações de luta por justiça. 

 

Maria da Escócia – Teatro Cacilda Becker

Maria de Escócia, com Bete Dorgam e Kátia Naiane. Foto: Divulgação

O encontro fictício entre as rainhas Elizabeth I e Mary Stuart ocorre de 17 a 26 de junho (às sextas e aos sábados, às 21h, e aos domingos, às 19h). no Teatro Cacilda Becker. O espetáculo Maria da Escócia discute as relações de poder e os mecanismos de sustentação. Com texto de Fernando Bonassi e direção de Alexandre Brazil, a peça é interpretada por por Bete Dorgam e Kátia Naiane. Maria da Escócia é inspirada no texto Mary Stuart (1800), do alemão Friedrich Schiller.

Elizabeth I precisa lidar com muitas questões para se manter no poder, inclusive mandar cortar a cabeça da prima, Maria, acusada de conspiração. As duas rainhas estão cercadas por homens manipuladores e a mais poderosa das duas não consegue refletir sobre o contexto e exercer a sororidade com a parenta.

 Ficha Técnica
De Fernando Bonassi
Inspirado e baseado na obra Mary Stuart de Friedrich Schiller
Idealização e Direção: Alexandre Brazil
Co-Direção: Cacau Merz
Elenco: Bete Dorgam e Kátia Naiane
Cenário/Cenografia e Adereços: Mateus Fiorentino Nanci e Megamini
Música Original: Dan Maia
Iluminação: Felipe Tchaça
Figurino: Alexandre Brazil
Gola Rufo: Marichilene Artisevskis 
Visagismo: Sergio Gordin e Carmen Silva 
Assistente de Visagismo: Leninha Uckerman
Costura de Figurinos: Judite de Lima, Glória Amaral, Lili Santa Rosa e Maria Lúcia  
Fotografia: Philipp Lavra
Assessoria de Imprensa: Pombo Correio
Produção Gráfica e Mídias Socias: Felipe Apolo 
Produção Executiva: Escritório das Artes 
Coordenação de Produção: Maurício Inafre
Direção de Produção: Alexandre Brazil
Gestão de Produção: Escritório das Artes
Realização: Alexandre Brazil da Silva – “Este projeto foi contemplado pelo EDITAL DE APOIO A PROJETOS CULTURAIS DESCENTRALIZADOS DE MÚLTIPLAS LINGUAGENS — Secretaria Municipal de Cultura”

Serviço
Maria da Escócia, de Fernando Bonassi
Temporada: 17 a 26 de junho
Às sextas e aos sábados, às 21h, e aos domingos, às 19h.
A estreia é gratuita. 
Teatro Cacilda Becker – Rua Tito, 295, Lapa
Ingressos: R$10,00 (inteira) e R$ 5,00 (meia-entrada)
Vendas online: através do site Sympla e 1 horas antes do início do espetáculo diretamente na bilheteria.
Duração: 60 minutos
Classificação: 14 anos
Capacidade: 198 lugares
 
Encontros:
Dia 19 de junho, às 20h15 – bate-papo com as atrizes;
Dia 25 de junho, às 17h  –  bate-papo sobre a direção artística e o processo do espetáculo com Alexandre Brazil e Cacau Merz;
Dia 25 de junho, às 18h – bate-papo sobre produção e o processo de montagem com Alexandre Brazil e Mauricio Inafre.
 

O Bebê de Tarlatana Rosa – Sesc Pinheiros – Espaço Expositivo (2º andar)

Aleph antialeph, Helena Agalenéa, Jaoa de Mello e Vitinho Rodrigues em O Bebê de Tarlatana Rosa. Foto: Karen Mezza

Livremente inspirado no conto homônimo de João do Rio (1881-1921), O Bebê de Tarlatana Rosa leva dados da vida dos artistas LGBTs em cena para ampliar o debate sobre questões de gênero.

Situada no Rio de Janeiro do início do século 20, a peça fala de um Brasil em fase de transição. Do processo de higienização no centro do Rio de Janeiro, e o enaltecimento de tudo que era europeu, branco e cisgênero.

Coletiva Rainha Kong traça um paralelo com dois Brasis, o do passado e o do presente, para levantar a pergunta dos corpos eleitos e de corpos mirados pela necropolítica.

Ficha Técnica
Direção: Rainha Kong
Dramaturgia: criação coletiva livremente inspirada em texto de João do Rio
Elenco: Aleph antialeph, Helena Agalenéa, Jaoa de Mello, Vitinho Rodrigues
Desenho e operação de luz: Felipe Tchaça
Sonoplastia: Rainha Kong e Nãovenhasemrosto
Operação de som: Nãovenhasemrosto
Arte: Aleph antialeph
Material fotográfico e videográfico: Karen Mezza, Natt Fejfar, Normélia Rodrigues, Thomas BF” e VM Filmes
Produção: RK Produção
Coordenação de produção: Iza Marie Miceli
Assessoria de imprensa: Canal Aberto

SERVIÇO
O Bebê de Tarlatana Rosa
De 16 a 25 de junho de 2022
No dia 16, às 19h, e nos dias 17, 18, 23, 24 e 25, às 20h30
Duração: 60 minutos
Classificação: 14 anos
Local: Sesc Pinheiros – Espaço Expositivo (2º andar) – R. Pais Leme, 195 – Pinheiros
Ingressos: R$30 (inteira), R$15 (meia-entrada) e R$9 (credencial plena), compre aqui ou direto nas bilheterias do Sesc

O Mistério Cinematográfico de Sendras Berloni – Espaço Cultural A Próxima Companhia

O Mistério Cinematográfico de Sendras Berloni, com Alexandre Marchesini e Giovana Telles. Foto: Sue Adur

Em O Mistério Cinematográfico de Sendras Berloni, quatro personagens tentam desvendar o desaparecimento misterioso do dublê Sendras Berloni durante as filmagens do longa-metragem Uma Noite Para Não Esquecer, em 1999. Cada um vai tentar trazer o dublê de volta “aos pedaços”, através da evocação de diferentes partes do seu corpo (rosto, voz, alma e joelhos).

A Cia. Extemporânea Investiga o conceito da pós-verdade com o crescimento das fakes news e da realidade virtual a partir do espetáculo.

Com direção de Ines Bushatsky e dramaturgia conjunta de Bruno Conrado, Clara Martins Hermeto e João Mostazo, a encenação junta as linguagens teatral e cinematográfica.

Ficha técnica
Direção: Ines Bushatsky.
Assistência de direção: João Mostazo.
Dramaturgismo: Bruno Conrado, Clara Martins Hermeto, João Mostazo.
Elenco: Alexandre Marchesini, Débora Gomes Silvério, Giovana Telles, Henrique Natálio.
Participação: Beatriz Silveira e Letícia Calvosa.
Audiovisual: Clara Martins Hermeto, Sue Adur.
Video mapping: Sue Adur. Luz: Francisco Turbiani.
Cenografia e Arte Gráfica: Cenogram.
Produção de vídeo: Cabograma, Extemporânea.
Realização: Extemporânea.

Serviço:
O Mistério Cinematográfico de Sendras Berloni
Temporada de 18 de junho a 3 de julho – Sábados às 21h e domingos 20h.
Duração: 80 min
Ingressos: Inteira: R$40,00; Meia: R$20,00; Ingresso Solidário R$5,00; Ingresso Apoie o Espetáculo R$ 80,00
Classificação etária: 14 anos
Onde: Espaço Cultural A Próxima Companhia: Rua Barão de Campinas, 529 – Campos Elíseos. Capacidade 40 lugares.
Vendas online: https://www.sympla.com.br/ciaextemporanea

Terra de Matadouros – Centro Cultural de Santo Amaro

Terra de Matadouros, com A Brava Companhia. Foto: Jardiel Carvalho / Divulgação

Dirigida e adaptada por Fábio Resende, a peça Terra de Matadouros é livremente inspirada no texto Santa Joana dos Matadouros, do dramaturgo alemão Bertolt Brecht (1898-1956).

Em cena, aparecem duas tramas se desenrolam na peça. De um lado está um grande industrial da carne enlatada, que inventa artimanhas para prosseguir lucrando diante da crise financeira em Chicago, nos Estados Unidos, dos anos de 1930. Do outro, a ingênua Joana Dark batalha para abrandar o sofrimento dos desempregados e desalentados. 

A montagem cria uma aproximação com o contexto atual do Brasil, considerado um dos maiores produtores de carne do mundo. 

Terra de Matadouros
Ficha Técnica:
Criação: Brava Companhia. 
Texto original: Bertolt Brecht. 
Adaptação:  Fábio Resende, com colaboração de Ademir de Almeida. 
Elenco: Ademir de Almeida, Elis Martins, José Adeir, Márcio Rodrigues, Max Raimundo e Paula da Paz. 
Direção: Fábio Resende. 
Direção de arte, criação e confecção de cenários, adereços e figurinos: Márcio Rodrigues
Assessoria de arte e pintura do cenário: Peu Pereira Direção musical: Max Raimundo. 
Assessoria musical: Lucas Vansconcelos. 
Assessoria vocal: Gleiziane Pinheiro. 
Músicas originais e arranjos: Max Raimundo, Lucas Vasconcelos e Brava Companhia. 
Trilha sonora: Max Raimundo e Lucas Vansconcelos. 
Iluminação: Fábio Resende e Márcio Rodrigues. 
Arte gráfica: Ademir de Almeida e Bora Lá! Agência Popular de Comunicação e Marketing. 
Fotos: Fábio Resende e Jardiel Carvalho. 
Assessoria de imprensa: Adriana Balsanelli. 
Produção: Kátia Alves.

Serviço:
TERRA DE MATADOUROS, COM A BRAVA COMPANHIA
Classificação: 12 anos
Duração: 105 minutos
Ingressos: grátis, são distribuídos uma hora antes de cada apresentação nos teatros. Nas apresentações na rua, basta chegar ao local no horário marcado.
Centro Cultural de Santo Amaro – Avenida João Dias, 822, Santo Amaro
Dia 16 de junho de 2022, quinta-feira (feriado) às 16h e às 19h.
Dia 18 de junho de 2022, sábado, às 20h.
Dia 19 de junho de 2022, domingo, às 18h.

Dias 1º e 3 de julho de 2022 – Sexta às 10h30 e 20h. Domingo às 18h.
Dia 2 de julho de 2022, sábado às 16h30 e às 20h.
Dia 3 de julho de 2022, domingo às 18h.
Apresentações para escolas e grupos: Dias 15, 22, 29 e 30 de junho, às 10h30.

Manifesto Transpofágico – Centro Cultural São Paulo – Sala Jardel Filho

Manifesto Transpofágico, com Renata Carvalho. Foto Danilo Galvão / Divulgação

A atriz, diretora, dramaturga e ativista Renata Carvalho convida, em cena, o público a olhar o seu corpo travesti. A artista fala baixo, pausada e ao microfone para “acalmar os olhos e os ouvidos cisgêneros” ao verem ou ouvirem a palavra travesti, repetida e iluminada diversas vezes, e pergunta: “Alguém quer me tocar?”.

 

No espetáculo Manifesto Transpofágico Renata Carvalho “se veste” com seu próprio corpo para narrar a historicidade da sua corporeidade. Se alimenta da sua “transcestralidade”. Come-a, digere-a. Uma transpofagia. O Corpo Travesti como um experimento, uma cobaia. Um manifesto de um Corpo Travesti. O letreiro pisca TRAVESTI. TRAVESTI. TRAVESTI.

 

FICHA TÉCNICA
Dramaturgia e atuação: Renata Carvalho
Direção: Luiz Fernando Marques (Lubi)
Luz: Wagner Antônio
Video Art: Cecília Lucchesi
Operação e adaptação de luz: Juliana Augusta
Produção: Rodrigo Fidelis / Corpo Rastreado
Co-produção: Risco Festival, MITsp e Corpo Rastreado.
Difusão: Corpo a Fora e FarOFFa

SERVIÇO
Manifesto Transpofágico
Temporada: De 15 a 19 de junho de 2022
Quarta a sábado, 21h; e domingo, 20h
Ingressos: Grátis
Local: Centro Cultural São Paulo – Sala Jardel Filho
Rua Vergueiro, 1000 – Paraíso, São Paulo – SP
Capacidade: 321 lugares
Classificação indicativa: 16 anos
Informações: (11) 3397-4002

A idade da peste – Sesc Pinheiros

A Idade da Peste, com Cácia Goulart. Foto de Cacá Bernardes / Divulgação

A Senhora C. assiste ao assassinato do filho da empregada, pela polícia, dentro da sua casa de classe média alta, no espetáculo A idade da peste. Esse fato desencadeia na protagonista um exame de consciência de sua posição e os desejos inconfessados da branquitude. 

O conceito de justiça é convocado, mas a partir de que leis e de que parâmetros? 

A figura branca não se autoelogia “antirracista” nem performa mea culpa ou comiseração. Ela não ostenta o “complexo de Princesa Isabel”. Ela sabe da infâmia do lugar racial que ocupa.

Com texto de Reni Adriano, um dramaturgo negro, e atuação de Cácia Goulart, uma atriz branca, o solo A idade da peste mobiliza e tensiona os marcadores identitários raciais para apontar a perversão da branquitude. Em cartaz até 2 de julho, no Auditório do Sesc Pinheiros.

FICHA TÉCNICA
Texto: RENI ADRIANO
Direção e Atuação: CÁCIA GOULART
Voz OFF: SAMUEL DE ASSIS
Assistente de Direção: INÊS ARANHA
Desenho de Luz: WAGNER PINTO
Música original e Sound Design: MARCELO PELLEGRINI
Cenário e Figurino: CÁCIA GOULART
Colaboradores: JOSÉ GERALDO JR./EDMILSON CORDEIRO
Captação Imagens Vídeo: NELSON KAO
Edição e Videomapping: ANDRÉ GRYNWASK/PRI ARGOUD (Um Cafofo)
Fotos: CACÁ BERNARDES
Operador de Luz: FELIPE MIRANDA
Operador de Som e Vídeo: PEDRO RICCO NOCE
Assessoria de Imprensa: MÁRCIA MARQUES (Canal Aberto)
Produção executiva: JOSÉ GERALDO JR.
Direção de Produção: CÁCIA GOULART
Produção: NÚCLEO CAIXA PRETA da Cooperativa Paulista de Teatro
Realização: SESC

SERVIÇO
A IDADE DA PESTE
Com CÁCIA GOULART
De 9 de Junho a 2 de Julho de 2022.

Quinta, sexta e sábado, às 20h.
Ingressos: R$ 30,00 (inteira), R$ 15,00 (meia-entrada) e R$ 9,00 (credencial plena)
Local: Auditório (3º andar) SESC PINHEIROS (Rua Paes Leme, 195, Pinheiros, São Paulo, SP)
Duração: 70 minutos.
Classificação: 16 anos. 
*Informações sobre venda de ingressos no site www.sescsp.org.br
Tel.: 11 3095-9400.

Pedreira – Sesc Belenzinho

Pedreira!, com Kleber Lourenço. Foto: Felipe Sales / Divulgação

 O ator e dançarino Kleber Lourenço explora a dureza e a leveza da pedra como metáfora para investigar os caminhos abertos (e fechados) da justiça. O projeto Pedreira! surgiu em 2019 como pesquisa de criação. Prossegue com as investigações com dança, performance e manifestações culturais afro-diaspóricas.

Pedreira! carrega uma expressão verbal de força. No espetáculo, o artista convoca corpos que que se deslocam em diáspora do terreiro para a cidade, em ações de luta e sobrevivência.

Pedreira! maneja uma confluência de forças: presenças e ausências que se organizam na ação. Xangôs deste tempo cortando o espaço de agora. Dança de evocação.    

Pedreira!, espetáculo de dança, com Kleber Lourenço
Quando: De 17 a 26 de junho; Sextas – sábados às 20h e Domingos às 17h
Onde: Sesc Belenzinho Sala de espetáculos II
Duração: 60 minutos
Ingressos de R$ 12 a R$ 40
classificação etária 16 anos.

Ficha Técnica
Criação, Dramaturgia e Atuação: Kleber Lourenço
Orientação Corporal e Dramatúrgica: Wellington Duarte
Criação de Trilha e Direção Musical: Missionário José
Criação e Operação de luz: Dedê Ferreira
Operação de som: Clevinho Ferreira
Direção de arte (cenografia e figurino): Su Martins
Designer (peças gráficas): Anapê Maich
Fotografias (divulgação): Felipe Sales
Produção executiva: Bia Machado
Redes sociais: Ayla Ketlen
 

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Paulistas do Prêmio Shell

A repercussão do prêmio Shell ficou amortecida com a polêmica gerada nas redes sociais acerca do projeto de blog de Maria Bethânia. A Folha de S.Paulo publicou que a cantora estava autorizada pelo Ministério da Cultura a captar exatos R$ 1.356.858. As redes entraram em polvorosa e cada um que desse o seu pitaco. Muitas bobagens entre algumas críticas interessantes.

Classificado como audivisual, o blog é um projeto da Quitanda e prevê a postagem de 365 vídeos nos quais Bethânia declamará poemas e tambémversará sobre temas ligados à literatura. Com direção de Andrucha Waddington, da Conspiração Filmes, e coordenação do sociólogo Hermano Vianna, idealizador do site colaborativo Overmundo.

Mas vamos falar do Shell. A cerimônia de entrega do 23º Prêmio Shell de Teatro de São Paulo foi realizada no Espaço Araguari, na capital paulista, na noite de terça-feira.

Maria Alice Vergueiro, atriz homenageada pelo 23o Prêmio Shell de Teatro de São Paulo. Fotos: Marcos Issa/Argosfoto

A atriz Maria Alice Vergueiro, uma das fundadoras do grupo de Teatro Ornitorrinco, foi a homenageada especial desta edição. Merecedíssima homenagem. “Ganhar esse Prêmio é uma honra. Já recebi um Shell anteriormente, mas agora o significado é maior, ainda mais por ter um júri tão forte como esse. Momentos assim nos fazem parar e fazer uma retrospectiva do que fizemos em nossas vidas e avaliar se valeu a pena. E receber esse reconhecimento da categoria confirma a escolha que fiz”, declarou a atriz.

A festa foi apresentada por Beth Goulart – eleita melhor atriz carioca em 2009.

O espetáculo Escuro, concorreu em cinco categorias e levou três prêmios: para o autor Leonardo Moreira, para o figurino de Theodoro Cochrane e para a cenografia de Marisa Bentivegna e Lenardo Moreira. A peça também dirigida por Leonardo Moreira, explora a vivência de deficientes visuais e auditivos.

Bete Dorgam, de Casting, foi eleita a melhor atriz e Luciano Chirolli, por As Três Velhas, melhor ator. Rodolfo García Vásquez, do grupo Satyros, ganhou como diretor pela montagem de Roberto Zucco, última obra do dramaturgo francês Bernard-Marie Koltès.

Os vencedores de cada categoria receberam uma escultura em metal do artista plástico Domenico Calabroni, inspirada no logotipo da Shell, e uma premiação individual de R$ 8 mil.

O júri do 23º Prêmio Shell de Teatro de São Paulo foi formado por Alexandre Mate (professor e pesquisador teatral), Marici Salomão (autora teatral e jornalista), Mario Bolognesi (professor e pesquisador de teatro), Noemi Marinho (atriz, dramaturga e diretora) e Valmir Santos (jornalista e curador do Festival Recife do Teatro Nacional).

Parecia mais uma entrega de prêmio, com as alegrias dos vitoriosos e os cumprimentos de seus pares.

Mas algo não estava no script.

Na categoria especial concorriam a Cia. Elevador Panorâmico de Teatro pela pesquisa e criação do espetáculo Do jeito que você gosta; a Companhia Club Noir pela pesquisa e criação de Tríptico [Richard Maxwell] – Burger King, Casa e O fim da realidade; o Grupo Dolores Boca Aberta Mecatrônica de Artes pela pesquisa e criação de A saga do menino diamante – uma ópera periférica; a atriz e viúva de Paulo Autran, Karin Rodrigues pelo encaminhamento e socialização do acervo pessoal de Paulo Autran a instituições culturais; e Luiz Päetow pela concepção e pesquisa do espetáculo Abracadabra.

Venceu o Grupo Dolores Boca Aberta Mecatrônica de Artes. Recebeu o prêmio e protestou. A atriz Nica Maria jogou óleo queimado, simulando petróleo, no ator Tita Reis, que segurava o prêmio durante o discurso, que ironizava sobre a Shell, patrocinadora do evento.

Atriz Nica Maria jogou óleo queimado, simulando petróleo, no ator Tita Reis

O texto lido ontem: “Para nós do coletivo artístico Dolores é uma honra participar deste evento e ainda ser agraciado com uma premiação. Nosso corpo de artista explode numa proporção maior do que qualquer bomba jogada em crianças iraquianas. Nosso coração artista palpita com mais força do que qualquer golpe de estado patrocinado por empresas petroleiras. Nossa alegria é tão nossa que nenhum cartel será capaz de monopolizar. É muito bom saber que a arte, a poesia e a beleza são patrocinadas por empresas tão bacanas, ecológicas e pacíficas. Obrigado gente, por essa oportunidade de falar com vocês. Até o próximo bombardeio… quer dizer, até a próxima premiação!!!”

A atriz Bel Kowarick com o marido, o o jornalista Marcelo Tass

No site do Terra, o apresentador Marcelo Tas, casado com a atriz Bel Kowarick, indicada ao prêmio por Dueto para Um disse que “Foi uma atitude de visão pequena da parte deles, são extremistas”. E arrematou: “Eles não conseguiram enxergar a coisa maior de tudo isso e se igualaram a quem só quer aparecer na revista Caras.” Para a atriz Beth Goulart, apresentadora do prêmio, a atitude foi desnecessária. “Receberam um carinho e deram um tapa”. Já o autor premiado da noite, Leonardo Moreira, da peça Escuro disse não se incomodar com o protesto contra a Shell. “Cada um faz seu discurso. Acho legal ter esse espaço.”

Hoje, o grupo soltou uma nota sobre o ocorrido no seu site oficial:

Nota pública do Coletivo Dolores sobre ato na 23ª edição do Prêmio Shell

“É evidente para quem acompanha a trajetória do Coletivo Dolores que somos avessos às premiações como instrumento de eleição dos “melhores”. Este mecanismo, além de naturalizar hierarquias e competições, faz com que determinados grupos detenham o poder de decidir o que é ou não é arte.

Atualmente, em nosso país, o fazer cultural é dominado por grandes empresas privadas que, baseadas em critérios falsamente neutros e na força do dinheiro, ditam qual filme devemos ver, qual música devemos escutar, qual peça teatral devemos assistir. O financiamento privado exclui e, até mesmo, inviabiliza o fazer artístico que não se enquadre em seus critérios, sejam eles estéticos ou mercadológicos.

A liberdade de expressão, tão amplamente defendida, é restringida quando meia dúzia de financiadores domina a produção cultural. Muitas vezes, esses financiadores privados se utilizam de dinheiro público por meio de isenções fiscais e ainda se beneficiam do marketing propiciado. Esta engrenagem é viabilizada pela Lei Rouanet, à qual nós e inúmeros outros coletivos artísticos frontalmente nos opomos.

Também não deixa de ser tristemente irônico que uma das premiações mais conceituadas no meio artístico seja patrocinada por uma empresa que participa ativamente da lógica de produção de ditaduras perenes, guerras e golpes de Estado. Assim sendo, publicamente nos irmanamos a todas as lutas de emancipação de povos que possuem a riqueza do petróleo, mas que não podem usufruir deste recurso devido à ingerência de potências militares em seu território e à presença de empresas petrolíferas nacionais e transnacionais que usurpam essa riqueza.

Aproveitamos para declarar publicamente que aceitamos o prêmio. Em nosso entendimento, esta é uma forma de restituição de uma ínfima parte do dinheiro expropriado da classe trabalhadora. Recebemos o que é nosso (enquanto classe, no sentido marxista) e debateremos um fim público para esta verba”.

Cada um com seu troféu do 23º Prêmio Shell de Teatro de São Paulo

Confira a lista de premiados e comente o que você achou do protesto na entrega do Shell:

Música: Fernanda Maia por Lamartine Babo

Iluminação: Caetano Vilela por Dueto Para Um

Figurino: Theodoro Cochrane por Escuro

Cenografia: Marisa Bentivegna e Lenardo Moreira por Escuro

Categoria Especial: Grupo Dolores Boca Aberta Mecatrônica das Artes pela pesquisa e criação de A Saga do Menino Diamante- uma ópera periférica

Direção: Rodolfo Garcia Vázquez por Roberto Zucco

Autor: Leonardo Moreira por Escuro

Ator: Luciano Chirolli por As Três Velhas

Atriz: Bete Dorgam por Casting

Homenagem: Maria Alice Vergueiro, paladina do teatro experimental brasileiro

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