Hamlet desperta opiniões divergentes

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Trupe Clowns de Shakespeare fez duas sessões em Curitiba. No fim de semana vai a João Pessoa. Fotos: Emi Hoshi

Não fui assistir a versão de Hamlet, da trupe Clowns de Shakespeare aqui no Festival de Curitiba. Quero rever em alguma outra situação por considerar o grupo um exemplo de organização e pesquisa, por sua trajetória e seriedade. E principalmente porque vi na estreia, no Janeiro de Grandes Espetáculos, no Recife, e fiz muitas restrições. Como são muitos espetáculos, melhor aproveitar a oportunidade para acompanhar coisas que ainda não vi.

Na Mostra 2013 são 32 espetáculos, sendo oito estreias – mas não dá para ver nem 15, isso se você ficar o festival inteiro, porque os horários batem. Além dos 374 espetáculos no Fringe (mas houve desistências).

Depois de Curitiba, Hamlet vai a João Pessoa (PB) neste fim de semana (Teatro do SESI, sábado (05), às 20h, e domingo (06), às 19h). E a montagem já passou por Fortaleza, numa circulação patrocinada pelo Ministério da Cultura, Petrobras, Chesf e Banco do Nordeste/BNDES, e foi apresentada também em Natal.

Mas é muito interessante ouvir a opinião dos colegas jornalistas sobre esse Hamlet. Um me falou que apreciava mais Hamlet do que Sua Incelença, Ricardo III pelo rigor na pesquisa e pela participação do encenador Marcio Aurélio – esse crítico prevê outras boas consequências para o grupo.

Hamlet não conseguiu uma unidade de opinião. Mas nenhum outro espetáculo conseguiu. O jornal Gazeta do Povo, de Curitiba deu como título “Um Hamlet arrebatador”.

E prossegue: “Este Hamlet …é um espetáculo imperdível. Isto dito por mim, que escrevi uma frase como esta acima, apenas umas duas vezes na vida. Confesso que quando vi o programa do Festival pensei, mais um Hamlet? O que entre o céu e a terra ainda não foi feito com este texto? A montagem intensa e elegante deste Hamlet, afinal um dos grandes textos dramáticos da era cristã, me surpreendeu, entretanto.

Primeiro pela cenografia que obedeceu a lógica do “menos é mais”… As soluções dadas por Marcio Aurélio, Lígia Pereira e Fernando Yamamoto (o trio de diretores, com o primeiro a frente) desprezou o menos, para valorizar o mais: o texto e a atuação arrebatadora do grupo de atores…

A atuação do elenco é uniformemente competente, mas Dudu Galvão (o texto diz Dudu Falcão, mas quem faz Hamlet é Joel Monteiro!) faz um Hamlet ao mesmo tempo demasiadamente humano e animalesco que vai direto para a antologia. Arlindo Bezerra e Marco França (em vários papéis) quase roubam a cena. Titina Medeiros emociona a plateia com a enlouquecida Ofélia”.

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Há quem ame e quem odeie a montagem de Hamlet

Na outra ponta da opinião sobre o espetáculo está a crítica do blog Atores e bastidores, do R7. O título já diz o tudo do conteúdo: “Shakespeare derrapa em Hamlet”

E desenvolve: “Quem ficou impressionado com a força da penúltima obra do grupo potiguar Clowns de Shakespere, Sua Incelença Ricardo III, sob direção do mineiro Gabriel Villela, mal pôde acreditar que seja o mesmo grupo que encenou Hamlet, neste Festival de Curitiba em 2013 no Teatro Bom Jesus.

É um trabalho que não está à altura do nome que o grupo de Natal (RN) conseguiu construir junto ao público e à crítica.

Os potiguares derraparam feio em sua tentativa de contar a história do príncipe que tenta vingar a morte de seu pai, o rei da Dinamarca, envenenado pelo tio…”

Hamlet, do grupo Clowns, nem de longe unanimidade.

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3 pensou em “Hamlet desperta opiniões divergentes

  1. Pollyanna Diniz

    Gosto da crítica de Macksen Luiz. Tá lá no blog dele: http://www.macksenluiz.blogspot.com.br :

    “Hamlet – Do Rio Grande do Norte, o Clowns de Shakespeare apresentou a tragédia de Shakespeare com direção do paulista Marcio Aurélio, perdida entre os extremos da nomenclatura que define o grupo. Ao contrário da importação do espetáculo anterior, quando levaram a Natal o diretor Gabriel Villela para encenar Ricardo III, em bem sucedida montagem, desta vez, Aurélio, os Clowns e o trágico não se entenderam. E não apenas pela inadequação de estilos, mas de expectativas. Marcio Aurélio enquadrou-a na perspectiva de desmontar e redimensionar as máscaras da representação, enquanto o grupo tenta se equilibrar no malabarismo popular de seu uso. A tradução, verbal e cênica, se desencontra na encruzilhada em que a tendência a facilitar, criticamente, o que não se mostra possível de realizar, torna híbrido e expõe as fraturas do que se pretendia driblar. A adaptação do texto assinada pelo diretor, que entre outras intervenções, criou um prólogo que, supostamente, daria o tom da encenação, mas que se restringe a condensar a trama, fragmentando o núcleo narrativo e margeando a superficialidade. Nada faz supor que tenha existido alguma idéia em torno da qual Hamlet não se mostrasse alguém tão desprovido de quaisquer dos sentimentos que o impulsiona na direção de saber quem é. As suas investidas para revelar as vilanias da vida se camuflam em movimentos e gestos vazios e na lembrança de que, ainda que de Shakespeare, os atores se denominam clowns.”

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