Erupções do real em Vulcão

Diane Veloso no monólogo Vulcão. Foto: Ivana Moura

Diane Veloso no monólogo Vulcão. Foto: Ivana Moura

O chamado teatro do real absorve em sua tessitura textual ou cênica algo factual e pode ir do biodrama ao teatro autobiográfico, deslizando pelo teatro documentário, teatro reportagem, ou docudrama. É amplo seu espectro. E permite erupções do real na acepção política, social, coletiva ou individual. Detectamos uma profusão de peças autobiográficas na cena teatral contemporânea. No Brasil, no mundo. E essas peças problematizam as mais variadas questões.

Em Vulcão, com atuação e concepção de Diane Veloso, texto da dramaturga brasiliense Lucianna Mauren e direção de Sidney Cruz, o material biográfico ganha um tratamento poético, fragmentado, de forte e contagiante carga musical. O texto é composto por quadros, feito fotogramas descontínuos.

O monólogo Vulcão, do grupo Caixa Cênica, de Sergipe faz a segunda sessão nesta quinta-feira Estúdio da produtora Luni, de Danielle Hoover e Lula Queiroga. A apresentação ocorre às 20h. A peça encerrou a programação da 9ª Mostra Capiba de Teatro, do Sesc de Casa Amarela, na último sábado.

A música é potente no espetáculo

A atriz fala para a plateia que está doente. Mas sua movimentação – ela canta, dança, corre, – vai em outra direção. É um teatro muito pulsante. Se ela está debilitada, a cena carrega para uma vitalidade no limite.

Diane Veloso não assenta documentos, para confirmar a natureza autobiográfica da encenação. Mas projeta gravações de encontros seus sem áudio e descontextualizadas. Além de imagens de vulcões, de erupções de explosões, que remetem ao título do espetáculo. Também não está especificado na cena os motivos da criação do espetáculo. A sinopse da obra e eventuais debates denunciam essa condição.

A experiência da atriz em seu processo de enfermidade e constante superação é revisitado e ganha uma fábula de uma cantora de rock que mergulha em delírios poéticos no início de um show e embaralha lembranças, desejos e realidade. Sua batalha é levar a performance até o fim.

A montagem trafega entre a percepção fabular e a decisão de uma atriz em transformar uma experiência dolorosa em uma obra de arte cênica. E com muitos méritos de atuação e qualidades dramatúrgicas e de encenação.

A trilha sonora original é carregada de fragmentos de bases melódicas, usados como leitmotiv, como repetições e variações, que possibilita uma atmosfera de delírio. As músicas são assinadas por Alex Sant’Anna e Leo Airplane.

Vencedor do Prêmio de Circulação Funarte de Teatro Myriam Muniz/2015, faz turnê em São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco, Bahia e Ceará.
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FICHA TÉCNICA
Realização: Grupo Teatral Caixa Cênica.
Direção: Sidnei Cruz
Assis. Direção: Olga Gutierrez e Amanda Steinbach
Dramaturgia – Lucianna Mauren
Iluminação: Sérgio Campos
Produção: Nah Donato e Diane Veloso
Figurino: Vivy Cotrim e Roberto Laplagne
Adereços: Luna Safira, Roberto Laplagne, Essência Sublime e Mirella Brasil
Cenário: Sidnei Cruz, Denver Paraizo, Manoel Passos Filho e Marcelo Paz
Arte plástica: Fábio Sampaio
Fotografia de espetáculo e Foto designer: Marcelinho Hora.
Arte design: Gabi Etinger.
Trilha sonora: Alex Sant´Anna e Leo AirPlane.
Operador Audiovisual: Marcelo Paz Vieira Isidoro.
Operador de luz: Audevan Caiçara.
Vídeos e Assessoria de comunicação: Manoela Veloso Passos.

SERVIÇO
Espetáculo Vulcão, com Diane Veloso, do grupo Caixa Cênica (SE).
Quando: Dia 27 de outubro, quinta-feira, às 20h
Onde: Luni Produções (Rua Olimpio Tavares, 46, Casa Amarela. Fones: 81 3441-1241 / 3268-9546)
Classificação: 14 anos.
Duração: 45min.

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