É dada a largada do Janeiro

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Uma programação com 90 atrações artísticas é para encher os olhos. Mas esses números disfarçam para as plateias uma crise que acomete essa 21ª edição do Janeiro de Grandes Espetáculos. A chegada da maioridade sem libertação econômica. Com a deficiência (ou lacuna) de políticas públicas consistentes e continuadas, a produção apanhou e não chegou a captar R$1,4 milhão, que seria o orçamento ideal para realização de uma mostra cênica com grade de excelência.

Bem, mas a crise financeira não é privilégio dessa iniciativa pernambucana.

A própria Prefeitura do Recife cancelou ano passado o Festival Recife do Teatro Nacional e provocou uma polêmica por não consultar a classe artística ao decidir tornar o evento bienal. (Parênteses – E afinal em que ficou essa questão????).

Ao Janeiro deste ano, a PCR se comprometeu a dedicar R$ 300 mil.

Fora dessas cercanias, o Porto Alegre em Cena (que já foi o mais internacional dos festivais) passa por reduções de orçamento, cortes e a crise assola o programa há dois ou três anos.

O Cena Contemporânea – Festival Internacional de Teatro de Brasília encarou a conjuntura financeira desfavorável de cabeça erguida, mas com lesões no corpo. A opção encontrada por Guilherme Reis foi diminuir a programação para não perder em qualidade; mas, ao mesmo tempo, deixar bem claro para os consumidores de cultura a situação real.

Paula de Renor, produtora do Janeiro ao lado de Paulo de Castro e Carla Valença, nos falou que a opção foi não perder público. Um público que eles conquistaram a duras penas ao longo dessas duas décadas.

Para se ter uma ideia, ano passado cerca de 40 mil pessoas compareceram às apresentações. A lógica que ela defende é que durante o evento os espectadores comparecem em peso aos espetáculos, lotam as peças mesmo as que já fizeram temporada. Seria algo semelhante a quem vai ao cinema independente do filme que esteja em cartaz. Lá escolhe.

É justificável sua posição, pois neste mundo contemporâneo de equações complexas (de marketing, imagem, projetos, captação), o que importa, o que pesa para conseguir espaços na mídia, lugar no coração das plateias e principalmente a possibilidade de convencer patrocinadores são os números. E, com eles, o Janeiro impressiona.

São 147 apresentações e 90 atrações de teatro, dança, música e performance no Recife, Caruaru, Goiana, Arcoverde. De hoje até o dia 1º de fevereiro. Então, vamos encarar essa aventura. E, ao final, ver o que valeu a pena.

Programação do dia

maldito coracao, me alegra que tu sofras foto credito luciana corso galiotto

Maldito Coração, Me Alegra Que Tu Sofras / Artworks Produções (Porto Alegre/RS)
15 e 16 de janeiro (quinta e sexta), 19h, R$ 20 e R$ 10
Teatro Marco Camarotti (SESC Santo Amaro)
50 min. Indicação: a partir de 12 anos.
Maldito coração, me alegra que tu sofras é um clássico do teatro gaúcho. O monólogo com a atriz Ida Celina estreou em 1996. Uma mulher conta sua vida e, enquanto narra suas experiências, tem a oportunidade de mudar o seu destino.

Gaiola de Moscas / Grupo Peleja (Recife/PE)
15 de janeiro (quinta), 21h, R$ 20 e R$ 10
Teatro Hermilo Borba Filho
Adaptado do conto homônimo do escritor moçambicano Mia Couto, o espetáculo é inspirado na brincadeira popular pernambucana do Cavalo-Marinho.

As Bodas de Fígaro no Santa Isabel Foto: Jan Ribeiro/Divulgação

As Bodas de Fígaro no Santa Isabel Foto: Jan Ribeiro/Divulgação

As Bodas de Fígaro, com a Companhia de Ópera de Recife – CORE (Recife/PE)
Quando: 15 de janeiro (quinta), 20h,
Quanto: R$ 30 e R$ 15
Onde: Teatro de Santa Isabel
Duração: 2h.
Indicação: livre.
Versão compactada da ópera cômica em quatro atos de Mozart, composta em 1786 a partir do libreto de Lorenzo da Ponte.
Coordenação: Mary Ruth Gomes. Elenco: Rodrigo Cruz (em revezamento com Marcus Túlio), Ana Raquel Monte (em revezamento com Gleice Melo), Flávio Franca (em revezamento com Luiz Kleber), Anita Ramalho (em revezamento com Elizete Félix), Jefferson Bento, Charles Santos, Moema Cardoso, Ciel Santos e Vera Manzini.

Karynna Spinelli se apresenta no Teatro Luiz Mendonça. Foto: Nilton Leal/Divulgação

Karynna Spinelli se apresenta no Teatro Luiz Mendonça. Foto: Nilton Leal/Divulgação

Negona, com Karynna Spinelli (Recife/PE)
Quando: 15 de janeiro (quinta), 20h30.
Quanto: R$ 30 e R$ 15
Onde: Teatro Luiz Mendonça (Parque Dona Lindu)
Duração: 1h30.
Indicação: livre.
O samba com a cara de Pernambuco e passeios por macumbas, toadas e a gafieira, num balanço doce e forte. A cantora e compositora Karynna Spinelli invoca a ancestralidade índia e negra.
Direção de arte e direção geral: Karynna Spinelli. Direção musical: Nêgo Henrique e Rubem França. Bailarinos: Gustavo Gomes, Elissandra Santos e Vanessa Varjão. Músicos: Rubem França, Ricardo Sarmento, Fernando Moura, Juca Júnior, Aduni Guedes, Zé Amaro, Trajano, Ginga e Lucas César. Artistas convidados: Dorina, Nêgo Henrique e Rafa Almeida.

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