Deolinda Vilhena avalia Festival Recife do Teatro Nacional

Festival foi aberto com espetáculo sobre Gonzagão. Foto: Pollyanna Diniz

Avaliação do 15º FESTIVAL RECIFE DO TEATRO NACIONAL
Por Deolinda Catarina França de Vilhena (BA)

PRÓLOGO

Não sei quantas horas ao longo desses últimos dias passei diante da tela do computador tentando imaginar um começo para essa Avaliação. Li e reli, diversas vezes, os textos de meus antecessores nessa missão em busca de inspiração. E nada. Pelas regras da boa educação talvez devesse começá-la com os agradecimentos de praxe, mas apaixonada e entusiasmada que sou, aos agradecimentos de praxe prefiro aqueles feitos pelo coração e esses hão de aparecer no momento que quiserem e não obrigatoriamente no prólogo dessa conversa.

Uma outra possibilidade era começar citando uma frase de um pernambucano ilustre, e não são poucos os que admiro. No quesito poesia, por exemplo, há os que prefiram Drummond, mas declaro publicamente que entre os poetas brasileiros, o meu preferido é um pernambucano de boa cepa chamado Manuel Bandeira. Mas hoje em dia o Facebook banalizou o efeito das citações. E depois, isso aqui não é um trabalho acadêmico para que eu desate a inserir notas de rodapé.

E imaginando todas as possibilidades de como seduzi-los desde o começo desse texto, encontrei um detalhe interessante, pode não ser suficiente para conquistá-los, mas pelo menos apresenta um dado novo: nesses 15 anos do Festival Recife do Teatro Nacional é a primeira vez que a avaliação foi entregue a uma Produtora. Talvez tenha sido um descuido, pois a produtora que sou tornou-se Pós-Doutora, e como tal é Professora da Escola de Teatro e do Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da Universidade Federal da Bahia, aposentando por uns tempos a produtora, que com 36 anos de experiência ainda dá de dez na professora-pesquisadora. Diria mesmo que meu olhar de produtora, ao mesmo tempo atormenta e alimenta a professora-pesquisadora.

Isso significa que nossa conversa de hoje será construída em função do olhar de uma produtora, que escreve como uma jornalista e tenta articular o pensamento com a seriedade de uma professora-pesquisadora ligada à instituição e à academia, ainda que lutando obstinadamente para fugir do ranço eventualmente cultivado por alguns colegas.

Dito isso, vamos ao que interessa, antes que Ivana Moura não se sinta satisfeita e escreva que comecei essa Avaliação com um tremendo nariz de cera.

Deolinda Vilhena, na ponta à esquerda, foi a avaliadora do 15º Festival Recife do Teatro Nacional. Também na foto Jorge Clésio, Roberto Lúcio, Albemar Araújo e Lúcia Machado. Foto: Marcelo Lyra/divulgação

ATO 1 – FESTIVAIS

Em outubro de 2011 realizei na Universidade Federal da Bahia o I Colóquio Internacional No Reino dos Festivais – Festival: instrumento ou pretexto para as políticas culturais? como parte de um projeto de pesquisa intitulado Artes do espetáculo no Brasil e seus impactos econômico, político e social na primeira década do século XXI. Entre os convidados estava Bernard Faivre D’Arcier – diretor de 16 edições do Festival de Avignon – e foi Bernard que chamou minha atenção para algo que andamos esquecendo por aqui, e eu cito: “devemos pensar os festivais por sua utilidade artística e não unicamente por seus benefícios econômicos e turísticos. Da mesma forma que é preciso defender, junto às instâncias políticas, a cultura como um componente essencial da sociedade, da atividade humana e não somente como um setor de emprego entre outros, ou um simples fator de desenvolvimento social.“1

Não poderia encontrar definição melhor para o que imagino ser um festival de artes cênicas. Nunca quis que a cultura fosse um braço da economia, mas que soubéssemos ser capazes de usar os instrumentos disponíveis na economia a nosso favor e não apenas em benefício dela.

Um festival de artes cênicas é hoje espaço privilegiado de intercâmbio artístico, circulação de ideias, conferência de linguagens e estéticas, oportunidade para diálogos e conhecimento, marco para futuros desafios. Quando concebido e organizado a partir dessas premissas é, também, uma ocasião oportuna para que os apreciadores desta arte recebam não só o melhor, mas também o que há de novo, provocador e polêmico no panorama da produção contemporânea. Mas funciona também como uma forma de luta contra a exclusão, pela integração dos jovens em dificuldade, envolvendo a participação deliberada e organizada de uma ação coletiva ao mesmo tempo lúdica, pedagógica e formativa. Afinal, além da programação artística, os festivais apresentam uma rica agenda de formação, programando encontros com os grupos, oficinas de interpretação, de circo, de preparação de espaços culturais, dramaturgia e diversos seminários.

Claro que não devemos ignorar o caráter de evento dos festivais, eventos garantem as cidades que os acolhem um impacto de notoriedade frequentemente muito importante em relação ao esforço financeiro empenhado. Em parte por essa razão, os festivais têm um papel importante na redescoberta, na reabilitação e na promoção de lugares históricos, que servem como pano de fundo para uma grande parte deles, e o exemplo da Europa – desculpem mas faço parte dos que ainda têm o Velho Continente como referência, acredito que antiguidade é posto e hierarquia deve ser respeitada – onde os festivais colocaram diversas cidades no mapa-múndi da cultura, e entre elas destaco Avignon, na França e Edimburgo, na Escócia.

Por outro lado, um festival bem sucedido pode ser o detonador de uma série de ações municipais abertas à juventude local, ou de operações de iniciação à cultura e à ação cultural em escolas e universidades. Histórias de sucesso mostram que a ação cultural, declinação de um evento cultural, da mesma maneira que o esporte pode ajudar a libertar os jovens da sua solidão. A cidade ganha com isso uma maior coesão social. Em algumas ações nas RPAs pude constatar que isso acontece aqui em Recife, com grupos que surgiram de ações passadas do festival e foram capazes de criar, de maneira espontânea, grupos improvisados. Alguns, pelo seu entusiasmo, sua originalidade, sua criatividade inspirada mesmo em sua condição social, alcançaram o profissionalismo e buscam agora o seu lugar na profissão.

Mas produzir e organizar um festival significa ultrapassar as infinitas problemáticas de organização decorrentes de um processo de mudança constante, que exige, cada vez mais, inúmeras habilidades diferentes. Os profissionais precisam desenvolver a versatilidade e a competência para participar efetivamente da sua organização. Entre os muitos aspectos a serem levados em consideração destacamos: criação, difusão, mediação cultural, desenvolvimento local, meios de comunicação, enquadramento jurídico e fiscal, o estudo do desenvolvimento sustentável e público. Tudo isso tendo como pano de fundo as novas exigências dos festivais e sua capacidade de adaptação à evolução e as novas realidades do mundo cultural.

Exatamente por conhecer, intimamente, as dificuldades de realização de um evento desse porte, na prática e na teoria, que esta avaliação é, antes de tudo uma declaração de amor e respeito a todos os membros da equipe de realização do 15o Festival Recife do Teatro Nacional. Isso não significa que concordarei com eles em gênero, número e grau ou que não irei fazer as críticas e sugestões necessárias, afinal, como para Deleuze “opor-se é construir”, é o que busco aqui por acreditar ser necessário construir antes de mais nada, opor-se vem como uma consequência, opor-se sem construir é insuficiente e sem sentido.

ATO 2 – AS ATIVIDADES ESPECIAIS DO 15º FESTIVAL RECIFE DO TEATRO NACIONAL

A importância que atribuo a formação e a qualificação na área da cultura, área de pesquisa na qual atuo, tendo mesmo organizado em maio último o 1o Seminário Internacional de Formação e Capacitação em Cultura, realizado no Teatro Vila Velha em Salvador, numa parceria da UFBA com a Universidade Paris Ouest Nanterre – La Défense, na França, me fez acompanhar de perto as atividades especiais do festival tão bem pensadas, articuladas e colocadas em prática por Roberto Lúcio e Maria Clara Camarotti sob o olhar atento de Lúcia Machado.

Curso O teatro brasileiro em dois tempos foi ministrado por Elton Bruno. Foto: Victor Jucá

CURSO

O teatro brasileiro em 2 tempos. Ministrado pelo Prof. Doutor Bruno Siqueira (PE) na Sala de Ensaio do Teatro de Santa Isabel, com um conteúdo programático em total acordo com o tema do festival e a figura do homenageado Marcus Siqueira. Credito a participação de 20 alunos, estudantes e profissionais de artes cênicas e áreas afins, ao período e ao horário escolhido para a realização do curso: de 17 a 22 de novembro, portanto começando antes mesmo do festival e acontecendo no horário noturno (19h às 22h). Estive no curso apenas uma vez, conversei com o professor e colhi impressões dos alunos, e todos foram unânimes em ressaltar a importância de um espaço de reflexão no festival, uma atividade para exercitar a atividade cerebral e não voltado para o corpo, numa reaproximação muito bem recebida entre corpo e mente tida por eles como indispensável para a formação de atores, a grande maioria dos presentes.

SEMINÁRIO

Seminário sobre Marcus Siqueira, homenageado do Festival. Foto: Victor Jucá / Divulgação

Passei as tardes de 26 e 27 de novembro no Salão Nobre do Teatro de Santa Isabel assistindo ao seminário A politização do teatro brasileiro. Acompanhei a mesa 4 intitulada Marcus Siqueira em sintonia com a cena brasileira dos anos 70 com direito a uma emocionante palestra-depoimento de João Denys Araújo Leite e tendo como debatedores Romildo Moreira e Luís Augusto Reis. Pude estar presente ainda na mesa Realidade e ficção: a cidade como cena e figura com palestra de José Fernando Azevedo (SP) e tendo como debatedora minha colega da Escola de Teatro da UFBA, Hebe Alves (BA).

Infelizmente, por alterações e acertos de agenda não acompanhei a terceira e última mesa da série: Os (des) caminhos do teatro político na cena contemporânea e deixei de ouvir a palestra de Márcio Marciano (PB), responsável por um dos espetáculos mais aplaudidos por mim no festival Milagre Brasileiro – do Coletivo de Teatro Alfenim do qual ele é diretor e dramaturgo, perdendo ainda a oportunidade de ouvir as considerações mais do que especiais de Aimar Labaki.

Divulgado em todo o material promocional do festival, com ampla difusão na internet – e-mails e redes sociais, com convites feitos por telefone aos representantes dos grupos teatrais da cidade, as entidades representativa das artes cênicas, ao SESC e pessoalmente aos alunos e ex-alunos do curso de Teatro da UFPE e alunos e professores da Escola Municipal de Arte João Pernambuco, o seminário reuniu em três tardes apenas 95 pessoas, sendo 35 na primeira, 40 na segunda e 20 na terceira. Vale registrar que entre as 40 pessoas da tarde do dia 27 de novembro estavam os integrantes (14) do Teatro de Narradores dirigido pelo palestrante do dia José Fernando Azevedo.

Ou seja, senti falta de público no belíssimo Salão Nobre desse não menos belo Teatro de Santa Isabel. Senti falta dos alunos da licenciatura, futuros arte-educadores, do curso de teatro da Universidade Federal de Pernambuco. Senti falta dos professores desse mesmo curso. Senti falta da classe artística. Mas sobre essa “ausência” de público falaremos no bate-papo.

WORKSHOPS

Em companhia dos três mosqueteiros – Lúcia Machado, Roberto Lúcio e Maria Clara Camarotti – visitei quatro das seis Regiões Político-Administrativas do Recife: RPA 01 – Centro; RPA 02 – Norte, RPA O3 – Nordeste, RPA 06 – Sul para acompanhar os workshops. Fui por eles informada que esses locais foram pensados estrategicamente pela Coordenação dos Eventos Especiais em harmonia com a assessoria de articulação da Secretaria de Cultura a partir da necessidade e tradição do festival de levar as atividades do festival para as RPAs da cidade.

Workshop com integrantes do Grupo Bagaceira, do Ceará. Foto: Marcelo Lyra/Divulgação

Confesso, num primeiro momento, ter achado bastante interessante a tarefa, era uma possibilidade de conhecer a cidade de uma outra maneira, indo a locais que não constam da programação turística e, mais do que isso, iria conhecer o maior patrimônio desses lugares: seus habitantes. E mais ainda, aqueles que entre eles se interessam por essa arte que nos fascina e seduz.

Entretanto, já no primeiro dia pude constatar o quanto seria invasivo e inútil passar 20/30 minutos como “ouvinte/observadora” de um trabalho conduzido em média durante três horas e, em alguns casos, com um número extremamente reduzido de participantes. Constrangedor para o ministrante, para os inscritos e para a avaliadora.

Na impossibilidade de um acompanhamento da totalidade da atividade após acompanhar os workshops Jogos teatrais, ministrado por Samya de Lavor e Rogério Mesquita/Grupo Bagaceira de Teatro (CE) na RPA 1 – Santo Amaro e na RPA 6 – Escola Apolonio Sales – Ibura; Improvisação teatral, a cargo de Elaine Cardim (BA) na sede do Grupo Daruê Malungo – Chão de Estrelas, na RPA 2 e Workshop para atores aplicado pela atriz Dani Barros (RJ) na RPA 3 – Sitio da Trindade – Casa Amarela, em comum acordo com Maria Clara Camarotti e Roberto Lúcio, renunciei aos outros, minha presença nada acrescentaria, ao contrário, e essas quatro participações foram mais do que suficientes para constatar alguns problemas a serem contornados nas próximas edições.

Um deles é a escolha do espaço físico para a realização da atividade, por mais que tenhamos consciência de que estamos nos dirigindo à comunidades carentes não acho produtivo e aconselhável que os locais de trabalho disponibilizados sejam sujos e inadequados. Em dois deles o estado das salas – com um odor forte e desagradável e a ausência de banheiros em condição de uso transformam em momento de terror o trabalho da avaliadora, e com certeza, o de todos os envolvidos. Em outro, vi Maria Clara Camarotti e Roberto Lúcio de balde e vassoura na mão, tentativa desesperada, de levar a cabo a missão que lhes foi confiada, mas que certamente não passava pela faxina.

Workshop com Dani Barros. Foto: Victor Jucá

O segundo problema, e com certeza mais importante do que o anterior, é a ausência de público interessado nas propostas oferecidas. Em Santo Amaro, por exemplo, apesar de ter sido informada de que é um dos bairros mais perigosos da cidade, com direito a divisões na comunidade o que implica em não deslocamento entre áreas de grupos rivais, do cuidado de encontrar uma zona neutra do bairro, da mudança de local da atividade, com carro disponibilizado para buscar os alunos no local marcado anteriormente para transportá-los ao novo local, mesmo com toda essa meticulosa articulação só se apresentaram para a atividade dois alunos.

Mesmo a atividade ministrada por Dani Barros – Prêmio Shell de Melhor Atriz e com um dos espetáculos mais concorridos do festival Estamira – voltada para atores não conseguiu atingir sua capacidade de vagas disponíveis. Confesso que fiquei intrigada com o aparente desinteresse pela ocasião de trabalhar com uma das mais importantes atrizes de sua geração. Talvez, na nossa conversa, vocês possam me esclarecer melhor pois busco compreender se há um efetivo desinteresse ou um excesso de oferta, em função da febre da contrapartida exigida pelas leis de incentivo, como se a contrapartida da arte não pudesse ser a própria arte. Mas fica o registro: mais uma vez a “ausência de público interessado” nos é sinalizada. Sinal que o assunto requer atenção.

OFICINAS

Residência artística realizada no Espaço Fiandeiros. Foto: Victor Jucá /Divulgação

Das duas oficinas programadas pude acompanhar apenas a Oficina-Residência Artística Teatro de Narradores | Oficina Cidadematerial ministrada por José Fernando Azevedo, Lucienne Guedes e Danilo Eric/ Teatro de Narradores (SP), no Espaço Cultural Fiandeiros de Teatro. Tendo como público alvo estudantes de teatro, atores, diretores, dramaturgos, cenógrafos a oficina incluiu em seu processo de seleção a necessidade de uma carta de intenção e um minicurrículo, ambos analisados e selecionado pelos professores. Esse aparente detalhe pode ter contribuído para o sucesso da mesma no quesito número de inscritos: 26. Mas a euforia é momentânea: se ultrapassou as 20 vagas inicialmente previstas, apenas 13 participantes participaram do trabalho.

Ao longo dos anos acompanhando oficinas e workshops, dos primórdios há mais de 30 anos até a febre imposta dos dias de hoje, confesso que o trabalho realizado pelo Teatro de Narradores é dos mais interessantes – ao lado do método desenvolvido por Antônio Araújo e seu Teatro da Vertigem – que vi nos últimos cinco anos. Ouso creditar, em grande parte, a ausência de público a uma repetição do que é ensinado/compartilhado nessas ocasiões.

José Fernando Azevedo ao tirar os “alunos” do casarão dos Fiandeiros e jogá-los nas ruas do bairro, incentivando o diálogo com os passantes, os habitantes e/ou trabalhadores da área, usando imediatamente o trabalho realizado nessas “saídas” para compor o conteúdo programático da oficina do meu ponto de vista, seduz, fascina e desperta para o ouvir o outro, e compreender que sem o outro não é apenas teatro que não fazemos, não se faz nada. Pude observar o retorno desses “alunos” e vi que havia energia e vida pulsando na volta à sala.

Digno de observação: o processo de seleção mais meticuloso e a elaboração da oficina. Ao acenar com algo fora do padrão convencionado e estabelecido, como fez o Teatro de Narradores, talvez possamos trazer para as indispensáveis atividades formativas esse público perdido. A debater. A questionar.

LANÇAMENTO DE LIVROS

João Denys com a família de Marcus Siqueira. Foto: Victor Jucá/Divulgação

Marcus Siqueira: um teatro novo e libertador, de João Denys Araújo Leite, Palavra de ator – espetáculo-conferência, de Maurice Durozier, em edição bilíngue e Festival Recife do Teatro Nacional – 15 anos em cena, ambos organizados por nossa batalhadora incansável, Lúcia Machado. Três livros, três momentos fortes dessa edição.

Por acreditar no papel, por acreditar na palavra escrita e na necessidade de cultivarmos a memória, memória essa que quando é esquecida permite que se escreva a história do teatro brasileiro pautada apenas no eixo São Paulo-Rio de Janeiro, saio do Recife impressionada com a quantidade de livros retratando a vida teatral dessa cidade, desse estado, levo em minhas malas parte da história do teatro brasileiro e creiam irei dividi-las com meus alunos e meus leitores do Terra Magazine.

Não pude ainda avaliar a qualidade, apenas passei os olhos nos livros, tempo ocioso foi algo escasso em minha vida nesses últimos 13 dias, mas os nomes envolvidos funcionam como uma griffe. Não posso deixar de registrar um fato excepcional, na maior linha “santo de casa não faz milagre”: o festival deu quinau na França ao publicar em primeira mão, em edição bilíngue, o livro de Maurice Durozier, uma jóia para todo e qualquer apaixonado pelo teatro.

Ainda no quesito editorial sou obrigada a confessar que algo me impressionou, e muito: o fato dos livros serem oferecidos gratuitamente a todas as pessoas que vieram aos lançamentos.

Essa gratuidade me surpreendeu porque sou radicalmente contra a gratuidade na área da cultura, no verão passado fui das primeiras a apoiar um movimento criado por Márcio Meirelles em Salvador, De graça não tem graça. Todos os estudos – sérios! – que conheço realizados nos quatro cantos do planeta afirmam categoricamente que ingresso de graça nunca aumentou o número de espectadores nas salas de espetáculos ou nos museus. Não se pode desejar aquilo que não se conhece, e cabe a todos nós despertar esse interesse nas pessoas e isso não passa pela gratuidade. Há anos digo que meu sonho de consumo é ver pessoas poupando para assistir uma peça de teatro, com a mesma euforia que poupam para comprar fantasias para as Escolas de Samba do Rio de Janeiro e abadás para os blocos no carnaval de Salvador. Nesse dia meus anos como mulher de teatro na prática e na academia terão valido à pena.

Lúcia Machado lançou catálogo em comemoração aos 15 anos do festival. Foto: Victor Jucá/divulgação

Logo, ver esses livros ofertados ao público presente aos lançamentos me causou um misto de surpresa e alegria. Surpresa porque não esperava jamais que isso acontecesse, alegria porque estou cansada de ver dinheiro público utilizado em publicações que apodrecem nas salas de nossas repartições públicas, quando poderiam ser distribuídas aos alunos das escolas e universidades desse país continente.

Parabéns pela iniciativa. Livros sobre teatro são, com certeza, instrumentos indispensáveis na formação de plateias.

LEITURAS DRAMÁTICAS

Um grito parado no ar, de Gianfrancesco Guarnieri, com direção de Bruno Siqueira (PE) com os alunos do curso O teatro brasileiro em 2 tempos (PE) e Por telefone, de Antonio Fagundes, com direção de Reinaldo de Oliveira, com Reinaldo de Oliveira e Clenira Bezerra de Melo (Teatro de Amadores de Pernambuco) no Salão Nobre do Teatro de Santa Isabel.

Leitura dramática do texto Por telefone, com Reinaldo de Oliveira e Clenira Bezerra. Foto: Victor Jucá/Divulgação

Entusiasta que sou da leitura dramática, por gostar da sensação de trocar a experiência individual e solitária de leitura pela coletiva, da troca que se estabelece, da interlocução que possibilita leituras individuais em cada um dos presentes, tendo como guia apenas a voz humana e, ainda assim, traduzir sentimentos do personagem, despertando o público e colocando o texto em evidência, passei bons momentos no Salão Nobre.

Em tempos onde o tempo é cada vez mas escasso, considero um luxo e um privilégio estar numa sala diante de atores para ouvir uma leitura dramática. Vi apenas duas, das três programadas, e ambas tiveram um gosto especial: a leitura de Um grito parado no ar por ter utilizado os alunos do curso de Teatro Brasileiro, unindo teoria e prática; além de ter me proporcionado a redescoberta de um texto, 38 anos após o espetáculo dirigido por Fernando Peixoto ao qual tive a oportunidade de assistir aos 15 anos de idade. Para minha surpresa ele é totalmente atual.

Quanto a leitura de Por Telefone, registro a emoção de ter visto Reinaldo de Oliveira, ocasião rara para uma “estrangeira” de ver em cena um dos grandes nomes do teatro brasileiro. Inclusive pedi para ser apresentada a ele, pois estava diante do filho de Valdemar de Oliveira. Momento emocionante.

ATO 3 – A MOSTRA DOS ESPETÁCULOS

Pensando em Marcus Siqueira, o homenageado e no tema-conceito – O teatro que forma e transforma – da décima quinta edição do Festival Recife do Teatro Nacional, encontrei no texto de Roberto Lúcio para o programa do festival a “deixa” perfeita: “A homenagem a Marcus Siqueira pelo XV Festival Recife do Teatro Nacional, por si só, constitui um ato político. Ela reafirma o Festival como um espaço de reflexão, um lugar de trocas e de pedagogias, plurais, multifacetadas, que revigoram a força do atual panorama do teatro brasileiro. A programação de espetáculos e as ações formativas elencadas em 2012 fazem jus à trajetória de Marcus Siqueira (1940-1981), referência fundamental no teatro pernambucano nas décadas de 1970 e 1980, desde os anos 1960 um ator e diretor teatral marcante, combativo, questionador, amante e defensor do teatro de grupo e do aspecto pedagógico da arte do teatro.“.

A quase morte de Zé Malandro encenada no bairro de Campo Grande. Foto: Marcelo Lyra

As ações formativas confirmaram o que disse Roberto Lúcio. E foi com entusiasmo que constatei que a mostra de espetáculos seguiu o mesmo mote.

Em entrevista concedida a repórter Beth Nespóli, em julho de 2007, Paulo Arantes chamava à atenção para o fenômeno “teatro de grupo” em São Paulo capital e dizia que “ao lado da explosão do hip-hop, com o qual tem muito a ver malgrado as diferenças de escala e classe, não sou por certo o único a reconhecer no atual renascimento do teatro de grupo o fato cultural público mais significativo hoje em São Paulo. Fala-se em mais de 500 coletivos, por assim dizer, dando combate no front cultural que se abriu com a ofensiva privatizante. Não são só os números que impressionam, mas também a qualidades das encenações, cuja contundência surpreende, ainda mais quando associada a uma ocupação inédita de espaços os mais inesperados da cidade, gerando pelo menos o desenho de uma mistura social que ninguém planejou, simplesmente está acontecendo como efeito colateral das segregações e hierarquias que o novo estado do mundo vai multiplicando.”.2

A programação de espetáculos do 15 Festival Recife do Teatro Nacional – com 19 espetáculos entre locais e nacionais – faz com que eu ouse transformar em pergunta essa afirmação de Paulo Arantes: será que cinco anos depois não podemos falar nesses termos em nível nacional? Afinal, dos 19 espetáculos, salvo engano de minha parte, usando como fonte o programa do festival, 13 têm sua origem em grupos oriundos de estados diversos, como Ceará, Paraíba, Pernambuco, Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo.

Textos de criação coletiva, textos de autores como João Falcão, Rafael Martins, Nelson Rodrigues, Fábio Espírito santo, Claudia Schapira, Noëlle Renaude, Maurice Durozier, Ronaldo Corrêa de Britto, José Fernando Azevedo, Beatriz Sayad, Dani Barros, Ariano Suassuna, Elizabeth Mazev, adaptações/inspirações de Brecht, Sófocles, Strindberg e Joaquim Cardozo, só do lado do texto dramatúrgico temos um panorama diverso, elevado ao cubo quando passamos para a cena. E, graças ao trabalho de grupo, comprovando a necessidade do coletivo, da mais coletiva das artes, o que vimos nos palcos dos teatros e das ruas e praças do Recife foi, quase sempre, fruto de um trabalho de pesquisa, suado, sofrido, elaborado mas quão prazeroso para os que o fazem e para os que o aplaudem.

Isso te interessa?, da Cia Brasileira de Teatro, foi um dos destaques da programação. Foto: Marcelo Lyra/Divulgação

Não farei uma análise ou mesmo comentário sobre a qualidade dos espetáculos, não sou e sempre me recusei a ser crítica de teatro, sou mera palpiteira-observadora com algum grau de conhecimento na matéria, mas deixei a tarefa de analisar os espetáculos aos críticos convidados pelo festival, Sebastião Milaré e Alexandre Figueirôa, que escreveram e publicaram diariamente seus artigos sobre cada uma das peças encenadas ao longo desses 12 dias de festival, e eles estão disponíveis para consulta dos interessados no site do festival.

Acompanho atentamente o movimento teatral no Brasil e noto que uma corrente cada vez mais forte aparece como reação contra o esgotamento, quase total, por que vinha passando o nosso teatro. (…) Reconhecemos que este movimento renovador ainda está em sua fase caótica, que é preciso tempo para que esta onda se acalme em textos e espetáculos, com medidas exatas. Porque a invasão da música, os textos aparentemente sem enredo, a desvinculação ator-personagem, tudo isso está sendo feito ainda desordenada e violentamente. Estamos procurando novos caminhos para o teatro brasileiro, errando muito, acertando às vezes, mas procurando sempre, sem medos ou preconceitos. A arte não estaciona nunca e o teatro é, de todas as artes ma mais dinâmica, a que mais necessita transformar-se.“. Esse texto de Marcus Siqueira, originalmente publicado no programa de Calabar em 1965, e acessível a todos nós no livro escrito por João Denys Araújo Leite poderia ser escrito por qualquer um de nós, hoje, quarenta e sete anos depois ao fazer um balanço dos espetáculos levados à cena no festival.

Não quero citar um ou outro espetáculo, apenas registrar o prazer de passar doze dias vendo espetáculos de qualidade, uma ou outra exceção para confirmar a regra, mas sou professora de Ética, e acreditar no que ensino me impede de tornar pública minhas preferências, preservando meu direito de tecer comentários com a organização e a curadoria do festival.

Abro exceção para falar de Gonzagão – a lenda, que abriu o 15o Festival Recife do Teatro Nacional para parabenizar a apostar da coordenação e da curadoria do festival num espetáculo que contagiasse o público. Não poderiam ter feito escolha melhor. Entre risos e lágrimas, uma plateia atenta respondeu ao convite de Lúcia Machado, feito no texto escrito para o programa, e celebrou o teatro, na figura de Luiz Gonzaga, um dos maiores ícones dessa terra pernambucana e ainda ovacionou o diretor João Falcão que, apesar de ser prata da casa e reconhecido nacionalmente, precisou esperar a 15a edição para fazer sua estreia. João Falcão brincou com a liberdade poética em busca de novas formas para contar a história de Luiz Gonzaga, recorreu ao metateatro e colocou em cena uma trupe que incendiou o Teatro de Santa Isabel. Como bem disse Sebastião Milaré “um espetáculo emblemático” porque “traz resolvidas, a seu modo e com maestria, tendências vigorosas do novo teatro nordestino.”.3

Foi uma noite de festa, onde no lugar da valsa dos quinze anos dançamos baião e xaxado. Plateia lotada, frisas, camarotes, idem. Presenças da secretária de Cultura do Recife, Simone Figueiredo; do presidente da Fundação de Cultura Cidade do Recife (FCCR), André Brasileiro; da curadora do 15o Festival Recife do Teatro Nacional, Lúcia Machado; do representante da Fundação Nacional de Artes/Funarte, Naldinho Freire; do idealizador do Festival, o dramaturgo, diretor e ator Romildo Moreira; e das irmãs do homenageado Marcus Siqueira, Maria Júlia Nogueira e Germana Siqueira. Essas as presenças oficiais. Mas o mais importante, de acordo com as informações da jornalista de plantão que sou, foi a presença maciça da classe artística pernambucana, renovando os laços com o festival depois de alguns nós desfeitos.

Não esquecerei as lágrimas da secretária de Cultura, Simone Figueiredo, tampouco suas palavras: “como atriz e ex-diretora desse teatro, não posso deixar de dizer que estou emocionadíssima por fazer parte dessa celebração. O teatro é um sonho feito de carne, osso, papel e tinta. A Prefeitura da Cidade do Recife quer que esse sonho se transforme em trabalho, festa e pão.”.

Vou encerrar esse ato destinado aos espetáculos com uma frase de Emmanuel Wallon, especialista em políticas públicas para o teatro e um festivaleiro de marca maior: “os festivais mundialmente reconhecidos que servem hoje como modelos para os “operadores culturais”, quer se tratem de artistas, de administradores ou responsáveis políticos, debutaram, na sua maior parte, através de arriscadas aventuras, conduzidas contra as correntes dominantes da estética e do consumo, por indivíduos associados, cujo desejo de partilhar era o motivo, e o gosto pelo risco, o motor.“4. Que o desejo de partilhar e o gosto pelo risco continuem a guiar o Festival Recife de Teatro Nacional.

Júlia discutiu os limites entre cinema e teatro. Foto: Pollyanna Diniz

EPÍLOGO

Tenho como um dos meus livros de cabeceira As regras da arte, de Pierre Bourdieu, que funciona como um modelo teórico daquilo que, de maneira intuitiva, a prática me ensinou: no campo artístico, os bens criados têm uma natureza dupla, mercadoria e significado, e um valor também duplo, comercial e simbólico.

Bourdieu distingue dois tipos de lógicas que determinam a paisagem artística e cultural: por um lado, a lógica da arte pura, sem preocupação com lucros, que privilegia a criação artística e que, a longo prazo, pode gerar capital econômico. Por outro lado, a lógica do bem cultural, bem comercial, que privilegia a divulgação e ajusta-se a lei da oferta e da procura, que visa a acumulação de capital econômico.

Um processo de especialização indicou com o passar do tempo, por um lado uma produção cultural destinada ao mercado e, por outro lado uma produção artística dita pura destinada à apropriação simbólica. No entanto, as empresas de produção não devem desenvolver estratégias extremas, sejam elas de subordinação total ou independência absoluta às leis do mercado e por conseguinte ao pedido, mas devem encontrar uma via mediana.

É o movimento que observo hoje, onde coexistem dois modos de produção com lógicas antagônicas que se encaixam num modo de produzir que defende a insubmissão às leis do comércio associado a um desejo de fazer um teatro diferente, um teatro independente e não-conforme, capaz de inventar a sua própria economia, o que significa isso?

Encontrar o seu próprio equilíbrio financeiro através de um modo próprio de organização, como por exemplo, o grupo, baseando-se na igualdade dos salários, na divisão de tarefas e sem que isso implique uma não-especialização do trabalho. Um modo de produzir artesanal nadando contra a corrente que nos obriga muitas vezes a ceder a uma exploração capitalista. Mas para se chegar a isso é necessário estar disposto a trabalhar muito, pois nadar contra a corrente, num contexto de consensos frouxos, é para poucos. Um teatro de experimentação e de investigação tanto no processo de criação como no seu resultado, merece ser preservado. Afinal, investigação e questionamentos são consubstanciais à liberdade.

Entretanto, é necessário compreender a necessidade vital do acesso aos meios de produção, trata-se de constituir um poder suficientemente importante para não ser marginalizado. Existe uma relação entre o centro e a margem que é fundamental. Você pode optar por pertencer à margem porque se sente bem lá, porque acredita que à margem você poderá criar melhor. Mas, a partir de lá para ser ouvido, é necessário atacar-se ao centro com as armas do centro. Se não se evolui nesta interação entre a periferia e o centro rapidamente se é marginalizado. E para não ser marginalizado um elemento é muito importante: a qualidade do conteúdo. Único verdadeiro ponto de apoio forte. A partir dai, trata-se de instaurar o sistema que permite ao conteúdo ser protegido e valorizado. Mas só serão capazes de se inscrever numa linha diretriz exigente aqueles que, como Francis Scott Fitzgerald compreenderem que “a marca de uma inteligência de primeiro plano é que ela é capaz de fixar-se sobre duas ideias contraditórias sem, no entanto, perder a possibilidade de funcionar. Deveríamos por exemplo poder compreender que as coisas são sem esperança e contudo estarmos decididos a mudá-las.”5

Isso tudo para fazer um agradecimento especial à Prefeitura do Recife, pois tudo o que vivi nesses dias reforçou a minha certeza de que a cultura não é uma mercadoria como as outras, mesmo se as leis do mercado insistem em querer nos provar o contrário, o que justifica a necessidade de apoio do poder público à atividade cultural. Esse apoio é a única maneira dos festivais, assim como outros vetores de criação e difusão, contribuirem à dupla missão tão bem expressa pelo primeiro ministro da cultura da França, o grande André Malraux: enriquecer o patrimônio da humanidade e permitir o acesso do maior número de pessoas à cultura.

Festival Recife do Teatro Nacional completou 15 anos. Foto: Victor Jucá/divulgação

Antes de finalizar, gostaria de fazer – agora sim – os agradecimentos. E preciso agradecer a muita gente porque é preciso muita gente para dar cabo de uma empreitada desse porte. Não posso citar aqui todos os nomes, e agradeço a toda essa equipe do fundo do meu coração, ser produtora faz com que eu saiba exatamente o que significa estar no lugar de cada um de vocês, mas gostaria de citar ao menos aqueles com os quais estabeleci um contato mais próximo e em ordem alfabética para facilitar a minha vida, o meu obrigada mais sincero para Albemar Araújo, André Brasileiro, Angélica Gouveia, Geraldo Berardinelli, Iza Alves, Jorge Clésio, Lúcia Machado, Maria Clara Camarotti, Paulo Docas, Roberto Lúcio, Simone Figueiredo e Zacaras Garcia. E aos meus parceiros de aventura Alexandre Figueirôa e Sebastião Milaré.

Cheguei em Recife tendo na cidade uma tia, a única irmã de minha mãe mora aqui há 50 anos; um tio e um primo…treze dias depois sairei daqui deixando uma família, a minha família teatral que, em Pernambuco, tinha suas bases lá em Caruaru onde Argemiro Pascoal e Arary Marrocos criaram o Teatro Experimental de Arte, mas depois do 15o Festival Recife do Teatro Nacional sinto que a família aumentou consideravelmente.

Que os Deuses do Teatro nos abençoem e que os artistas de teatro desta terra não esqueçam nunca que têm uma missão: “levar aos barcos que vagam na obscuridade, o brilho obstinado de um farol …”.6

Obrigada!

Teatro Apolo (Recife-PE), 3 de dezembro de 2012.

Deolinda Catarina França de Vilhena Jornalista, Produtora teatral e Professora da Escola de Teatro e do Programa de Pós- Graduação em Artes Cênicas da Universidade Federal da Bahia, Mestre e Doutora em Estudos Teatrais pela Université Sorbonne Nouvelle – Paris 3

Email: deolindavilhenaufba@gmail.com

 

Notas

1 Bernard FAIVRE D’ARCIER. Panorama e futuro dos festivais um exemplo: o Festival d’Avignon. Conferência de abertura do I Colóquio Internacional No Reino dos Festivais, Salvador (Ba), out. 2011.

2 Paulo ARANTES. Paulo Arantes analisa a arte teatral como fenômeno social. Entrevista a Beth Néspoli. Jornal O Estado de S. Paulo, 12 de julho de 2007.

3 MILARÉ, Sebastião. Gonzagão – A lenda. Disponível em http://www.15frtn.com/#!blog/cmsn página visualizada em 2 de dezembro de 2012.

4 Emmanuel WALLON. Festival: instrumento ou pretexto para as políticas culturais? Programa do I Colóquio Internacional No Reino dos Festivais, Salvador (Ba), out. 2011.

5 Francis Scott FITZGERALD. Citado por Jack Ralite in Ce n’est qu’un début. Culture publique. Opus 1, « L’imagination au pouvoir ». Paris, (Mouvement) SKITe et Sens&Tonka, 2004, p.218.

6 Frase de Os Náufragos da Louca Esperança, criação coletiva do Théâtre du Soleil em parceria com Hélène Cixous, inspirada no romance póstumo de Júlio Verne, Os Náufragos do Jonathan.

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1 pensou em “Deolinda Vilhena avalia Festival Recife do Teatro Nacional

  1. Kil Abreu

    Não fui, mas gostei demais 🙂
    Parabéns a Lúcia Machado, André Brasileiro, Simone Figueiredo e equipe.
    Que o Festival, hoje na flor da sua juventude, tenha vida longa e seja alimentado lindamente na sua vocação, pelas gestões seguintes e pelos artistas pernambucanos.
    Saudade de Recife.

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