A brincante-errante joga com memórias e subjetividades

Iara Sales em PEBA. Foto: Renata Pires

Iara Sales em PEBA. Foto: Renata Pires

Andanças, cicatrizes e memórias compartilhadas da bailarina e performer Iara Sales e do músico-performer Tonlin Cheng e Sérgio Andrade (RJ/BA), dramaturgista e diretor da obra, são inspirações do espetáculo Peba. A encenação começa sua temporada itinerante com duas apresentações, hoje e amanhã, às 18h, na Galeria Capibaribe, no Centro de Arte e Comunicação. As sessões encerram a programação do projeto Solo no CAC, da Universidade Federal de Pernambuco. A temporada soma 12 exibições, contando com a realização do seminário Fuleiragens na fronteira, marcado para setembro, também na UFPE. Também estão agendadas duas apresentações nos dias 26 e 28 de agosto, no Daruê Malungo, durante a 25ª Semana Afro.

Uma coisa “peba”, nas gírias entre Pernambuco e Bahia, é algo precário ou de baixa qualidade, como um produto de fabricação ruim e barata, mas que resolve provisoriamente uma demanda emergente. Ao adotar esse nome, a produção de Peba faz emergir uma fuleiragem boa, uma proposta entre dança, performance e arquitetura sonora montadas a partir de amarrações, gambiarras, reaproveitamento de caixas de som e outros objetos rearranjáveis em cada espaço.

O espetáculo transita entre corporeidade, folguedos e festas de rua dos estados de Pernambuco (PE) e Bahia (BA). A explosão de um botijão de gás está cravada nas cicatrizes desenhadas na pele de Iara Sales, que redirecionou a pesquisa. Peba fala de trânsito e transitoriedade de fronteiras.

“Nesse ir e vir fui intensificando meu olhar sobre o corpo brincante, suas festas, seus modos de mover-se e organizar-se. Percebi relações entre a capoeira e o frevo, samba de roda e cavalo-marinho, o trio elétrico baiano e os blocos de rua pernambucanos, entre outros pontos de convergências e singularidades que formam as identidades locais. Foi nesse entremanifestações culturais que passei a mergulhar nos elementos do corpo festivo, me entendendo como uma brincante-errante que joga com gestualidades, territórios, memórias e subjetividades. Foi no trânsito entre danças, cidades e estudos que vivi experiências impulsionadoras dessa pesquisa, na busca por problematizar referenciais sobre as chamadas Danças Populares”, conta Iara Sales.

FICHA TÉCNICA:
Espetáculo Peba
Concepção e performance: Iara Sales
Trilha, arquitetura sonora e performance: Tonlin Cheng
Citações musicais: Assanhado, de Ramiro Musotto; Lavagem de São Bartolomeu, da Orquestra Popular de Maragogipe.
Dramaturgia: Iara Sales e Sérgio Andrade
Direção Artística: Sérgio Andrade
Assessoria artística e preparação corporal: Gabriela Santana
Gambiarras, instalações e objetos cênicos: Tonlin Cheng
Figurino: Iara Sales e Maria Agrelli
Dramaturgista ao longo do projeto PEBA: transmutações
do corpo brincante entre Pernambuco e Bahia: Sérgio Andrade
Duração: 40 min
Classificação: Livre

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