Arquivo mensais:agosto 2013

Convocatória urgente!

Já são oito meses de gestão e, até agora, não sabemos qual a política pública para as artes cênicas da capital pernambucana. Nem os gerentes da área – circo e teatro – foram nomeados pela Prefeitura do Recife. Se na gestão passada houve muita lentidão até que se engatasse um trabalho, quando finalmente Roberto Lúcio assumiu a Gerência de Artes Cênicas e começou a promover discussões com a classe, a história agora caminha para a repetição.

No mês de outubro, teoricamente, deveria acontecer o Festival Internacional de Dança do Recife; e, em novembro, o Festival Recife do Teatro Nacional. Mas até agora, não há nenhuma informação concreta para a classe artística sobre a realização desses eventos – e olhe que, é consenso, política pública não pode se resumir à produção de eventos – mas eles são sim muito importantes para a cidade.

Diante de tudo isso e de mais um sem número de problemas – vide Teatro do Parque e equipamentos culturais – será realizada hoje à tarde (14), às 15h, uma reunião do Fórum de Artes Cênicas, no auditório do Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães (Mamam), na Rua da União, 265, Boa Vista.

Na pauta, os festivais de Dança e de Teatro. Devem participar da reunião o gerente de Dança, Fred Salim (o único que foi definido), Gustavo Catalano, gerente geral de ações culturais e infraestrututra da Fundação de Cultura da Prefeitura do Recife e os representantes das Artes Cênicas do Conselho Municipal de Cultura, Marcelo Sena (titular) e Samuel Santos (suplente), mediando o debate.

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O mago do Théâtre du Soleil no Recife

multiinstrumentista, compositor e luthier Jean-Jacques Lemêtre vem pela primeira vez ao Recife ministrar oficina. Fotos: Divulgação

Jean-Jacques Lemêtre vem pela primeira vez ao Recife ministrar curso. Fotos: Divulgação

Grande parte da beleza, da força e da emoção dos espetáculos do Théâtre du Soleil (FR) vem da atuação do artista Jean-Jacques Lemêtre. Ele é um verdadeiro mago do som, que assina e executa as composições ao vivo. Com suas trilhas, o multiinstrumentista, compositor e luthier desperta as sensibilidades do público, cria texturas e atmosferas das montagens assinadas por Ariane Mnouchkine.

Quem assistiu aos espetáculos da companhia francesa no Brasil – Les Éphémères e Les Naufragés du Fol Espoir (Os Náufragos da Louca Esperança) ou ja foi à Cartoucherie de Vincennes (sede do grupo, nos arredores de Paris) sabe do peso do trabalho de JJ nas encenações da trupe. Existe uma ligação perfeita entre cena e música, como revelação onírica da montagem. A teatralidade se afina com a música.

Eu que tive o prazer de conferir três vezes o deslumbrante Les Éphémères (duas no Brasil e uma na sede) e Les Naufragés me emociono só de lembrar. É pura arte digna deste nome. É desconcertante o trabalho desse homem.

Oportunidade de conhecer um pouco mais do processo criativo do grupo francês dirigido por Ariane Mnouchkine

Oportunidade de conhecer um pouco mais do processo criativo do grupo francês dirigido por Ariane Mnouchkine

Para sorte de quem estiver no Recife nos dias 16, 17 e 18 de agosto (semana que vem, para ser mais exata) Lemêtre vai ministrar a oficina O corpo musical . Serão horas preciosas para desenvolver a consciência corporal/musical. O gênio dos vários instrumentos vai versar sobre a “música interior”, a relação entre a música e o teatro a partir de princípios como o “corpo melódico”, o “corpo harmônico” e o “corpo rítmico”. Ele vai coordenar exercícios corporais e de voz, improvisações coletivas e individuais, além de explicar sobre o processo de criação de suas trilhas.

Para Lemêtre, a música é como se fosse um terceiro pulmão do ator. Por seu trabalho musical ele recebeu o Prêmio Molière francês na categoria Música para Teatro. Desde 1978, Lemêtre faz as trilhas do Théatre du Soleil, inventa instrumentos musicais e executa mais de 2.800 objetos sonoros. Em suas viagens pelo mundo ele coletou gravações em mais de de 1.800 línguas e dialetos e, a partir desse material, criou o poema sinfônico, Babel, que estreou no Canadá, em novembro de 2012.

Lemêtre também compõe trilhas para o cinema – um dos diretores com quem ele trabalhou foi David Lynch. “Toco bastante instrumentos, mas acho que nenhum pode representar todos os sentimentos humanos. Transmitir, para mim, é quase um dever. Quero ensinar e repassar meus conhecimentos a fim de que eles tenham uma continuidade em qualquer parte no mundo – no Brasil, na Argentina, no Afeganistão”, já comentou JJ em suas passagens pelo país.

Serviço
Oficina O corpo musical,com Jean-Jacques Lemêtre.
Quando: Dias 16, 17 e 18 de agosto de 2013
16 de agosto (Sexta), das 18h às 22h
17 de agosto (Sábado), das 10h às 18h
18 de agosto (Domingo), das 10h às 18h
Onde: Espaço Coletivo (Rua Tomazina, 199 – Bairro do Recife)
Informações: 81 9735-4241 / 81 8929-8114 ou infos.angu@gmail.com
Investimento: R$150,00 (Cento e cinquenta reais)
Realização: Sesc-PE, Atos Produções Artísticas e Coletivo Angu de Teatro/AFE! (Angu de Formação e Eventos)

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Fazendo graça com Shakespeare

Romeu e Julieta - Igual ao outro só que diferente. Foto: Pollyanna Diniz

Romeu e Julieta – Igual ao outro só que diferente. Foto: Pollyanna Diniz

O Teatro Geraldo Barros, na cidade de Arcoverde, a 257 km do Recife, estava lotadíssimo. Foi no mês passado, na segunda noite da mostra que leva o mesmo nome do teatro e faz homenagem ao ator, diretor e gestor falecido em 1999. O Satisfeita, Yolanda? foi convidado para conferir a programação de teatro do festival e depois realizar análises críticas e debates com os grupos. Uma experiência muito interessante, que nos fez compreender mais de perto as dificuldades e os desafios de quem não está nos grandes centros e ainda conhecer talentos e promessas.

O grupo Teatro de Retalhos, do Sesc Arcoverde, tem praticamente um fã-clube na cidade. Atrás de mim alguém dizia que aquela era a terceira vez que via a peça Romeu e Julieta – Igual ao outro só que diferente. É um espetáculo corajoso, que demonstra a ousadia do elenco – Djaelton Quirino (que também assina texto e direção), Carol Viana (também responsável pela direção de atores), Alex Pessoa (cenografia, ao lado de Djaelton), Éder Lopes, Ênio Felipe e Thyago Ribeiro. Eles pegaram um clássico (mas não um qualquer – porque tem aqueles clássicos que ninguém conhece, né?!) e dessacralizaram a obra, adaptando o texto de Shakespeare para tratar dos temas que bem desejavam, fosse a indústria cultural ou os entraves burocráticos para manter um grupo de teatro no Brasil.

Montagem do grupo Teatro de Retalhos vai participar de festival no Espírito Santo.

Montagem do Teatro de Retalhos vai participar de festival no Espírito Santo

A pesquisa do Retalhos passa pelo melodrama e pelo circo-teatro (por isso a peça inclusive tem muitos pontos em comum com O amor de Clotilde por um certo Leandro Dantas, da Trupe Ensaia Aqui e Acolá, um fenômeno recente do teatro pernambucano). No palco esbanjam leveza, jovialidade, desprendimento e timing para a comédia. Os personagens se transformaram em Julieta “Capeletti” e Romeu “Ravioli”; Julieta é meio “víborazinha”, como diz um dos personagens, uma “periguete” adolescente. E Romeu ganhou trejeitos femininos, mas continua completamente apaixonado por sua amada.

Apesar de todas as sacadas interessantes na construção do espetáculo, a montagem é longa – fazer uma encenação é também saber cortar, se livrar dos excessos, reduzir. Isso leva a outro problema – a peça quase não nos dá fôlego, tempo de respiro. É sempre um crescente; como se o grupo tivesse que, a cada cena, idealizar soluções mirabolantes melhores do que as que acabaram de ser vistas. Dependendo da apresentação, da educação da plateia, a reação das pessoas chega até a incomodar, de tão eufórico que o público fica.

O elenco é bastante homogêneo, determinado, disposto. Mas há ajustes; alguns mais necessários, como, por exemplo, no momento em que um dos atores interpreta uma apresentadora de televisão. A atuação precisa ir além da voz gritante, do bate-cabelo de um lado para o outro, dos espasmos. O grupo também pode se apropriar mais da musicalidade e da iluminação como elementos da narrativa.

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Festival – Depois da Mostra Geraldo Barros, o Teatro de Retalhos vai participar do Festival de Teatro Nacional de Guaçuí, no Espírito Santo, no dia 23 deste mês. Antes disso, eles se apresentam de sexta (9) a domingo (11), sempre às 20h, no Teatro Geraldo Barros. Os ingressos, que já estão à venda no setor de Cultura do Sesc Arcoverde, custam R$ 10 e R$ 5 (meia-entrada). Não há previsão de apresentações no Recife, mas o ator e diretor Djaelton Quirino confirmou que vai inscrever o grupo no Janeiro de Grandes Espetáculos. Estamos torcendo para que seja selecionado!

Confira um trechinho da peça:

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Janeiro de Grandes Espetáculos inscreve até o dia 16

A coordenação do Janeiro de Grandes Espetáculos decidiu, como acontece em várias mostras do país, se organizar e adiantar os prazos para os grupos que desejam se inscrever no festival. Na prática, a ideia é que, até o final da primeira quinzena de setembro do ano anterior ao festival, a lista com os espetáculos locais que irão participar da mostra seja divulgada. É uma medida que tem a ver com planejamento e deve repercutir de várias formas, como na divulgação da mostra para o público e, quem sabe, nos próximos anos, na instalação, por exemplo, de uma bilheteria virtual.

Por conta disso, para a edição 2014, só podem se inscrever no festival espetáculos inéditos de teatro e dança de Pernambuco que estrearam este ano até o dia 1 de agosto de 2013. Há a possibilidade de estrear dentro do festival – período que vai de 9 a 25 de janeiro. Nos dois casos, é preciso se inscrever até o dia 16 de agosto.

A ficha de inscrição está disponível no site www.janeirodegrandesespetaculos.com e o material deve ser entregue pessoalmente na Associação de Produtores de Artes Cênicas de Pernambuco (Apacepe) ou pelos Correios.

Confira aqui o regulamento e a ficha de inscrição para o Janeiro de Grandes Espetáculos.

O festival deve ter ainda na sua programação espetáculos de Pernambuco que já se apresentaram no festival noutras edições e voltam como convidados da coordenação; e montagens de outros estados e países, também a convite da produção do Janeiro.

Dívida – A propósito, a Prefeitura de Olinda ainda não quitou suas dívidas com o Janeiro de Grandes Espetáculos. É uma verba de apenas R$ 35 mil. “É uma pena, porque o festival foi lindamente realizado lá e não temos previsão de quando esse dinheiro será pago. Mas temos fornecedores que dependem desse pagamento”, explica a produtora Paula de Renor.

Entramos em contato com a assessoria de imprensa da Prefeitura de Olinda, que ficou de nos enviar uma nota até amanhã. Assim que chegar, publicamos aqui no blog.

Carla Valença, Paulo de Castro e Paula de Renor, produtores do Janeiro de Grandes Espetáculos. Foto: Pollyanna Diniz

Carla Valença, Paulo de Castro e Paula de Renor, produtores do Janeiro de Grandes Espetáculos

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