Teatro é ao Vivo. Vá Ver!
Apacepe resgata campanha de divulgação

Cúmplices, com Fabiana Pirro e Júnior Sampaio participa da campanha Teatro é ao Vivo. Vá Ver!

Produtor Paulo de Castro na reunião da retomada na Câmara dos Vereadores

Encontro na Câmara, que definiu os rumos da retomada, com articulação da vereadora Cida Pedrosa (ao centro)

A retomada da campanha Teatro é ao Vivo. Vá Ver! pela Associação dos Produtores de Artes Cênicas de Pernambuco (APACEPE) chega como uma promessa de aproximação do potencial público pagante com a produção teatral do estado. Após um hiato que coincidiu com transformações profundas no consumo cultural brasileiro, intensificadas durante a pandemia, esta iniciativa reafirma a arte presencial como experiência insubstituível frente virtualização crescente.

Entre 2004 e 2014, o modelo original estabeleceu uma referência nacional de divulgação teatral. Durante uma década, o projeto garantiu visibilidade para aproximadamente 2.600 espetáculos através de mais de 8.300 inserções televisivas na Rede Globo Nordeste. Baseando-se em contribuições de R$ 150 por semana de cada produção, enquanto a emissora cedia gratuitamente o espaço publicitário, gerou-se um valor estimado de divulgação superior a 49 milhões de reais em valores atuais.

Através desta estrutura, criou-se um sistema democrático de divulgação que beneficiou diretamente o ecossistema teatral pernambucano. Com 16 inserções semanais de um minuto cada, garantia-se exposição regular para produções que, de outra forma, dependiam exclusivamente de divulgação boca a boca ou materiais impressos com alcance limitado. Consequentemente, grupos menores, sem orçamento publicitário significativo, passaram a competir em visibilidade com grandes produções.

Além da divulgação, o projeto padronizou a comunicação teatral em Pernambuco, criando uma linguagem visual reconhecível que educou o público sobre a programação cultural disponível. Esse processo resultou em aumento documentado na frequência aos teatros e na formação de novos hábitos de consumo cultural, especialmente entre segmentos populacionais que tradicionalmente não frequentavam espaços culturais.

Programação de Retorno

Cantiga à Pedra do Reino, de Lucinha Guerra, abriu a projeto nos dias 17 e 18 de outubro. Foto: Reprodução

Cúmplices – Transgressões de um Ricardo III, com Fabiana Pirro e Junior Sampaio. Foto: Michéli de Quadros

Esquecidos por Deus, monólogo com Murilo Freire. Foto: Tayná Nunes e Sérgio Ricardo / Divulgação

Gracinha do Samba apresenta A Raiz do Samba com entrada gratuita. Foto: Reprodução

Geraldo Maia apresenta Minha História Sou Eu, celebrando 45 anos de carreira. Foto: Reprodução 

Iniciada em 17 de outubro, a programação de relançamento demonstra a amplitude conceitual que a campanha pretende manter. Inaugurando oficialmente o retorno, o espetáculo Cantiga à Pedra do Reino, de Lucinha Guerra, ocupou nos dias 17 e 18 o Teatro Arraial Ariano Suassuna, estabelecendo conexões com o legado de Ariano Suassuna através do Movimento Armorial.

Dando continuidade ao cronograma, quatro espetáculos representam diferentes linguagens das artes cênicas. Nos dias 22 e 23 de outubro, Cúmplices – Transgressões de um Ricardo III, com concepção de Moncho Rodriguez e direção de João Guisande e Moncho Rodriguez, ocupa o Teatro Marco Camarotti. Interpretado por Fabiana Pirro e Junior Sampaio, o espetáculo oferece uma leitura politicamente densa da obra shakespeariana, questionando estruturas de poder e mecanismos de cumplicidade social diante de regimes autoritários. Explorando a sedução do poder absoluto e a corrosão moral que acompanha sua busca, a produção dialoga diretamente com questões contemporâneas urgentes.

Para o dia 29 de outubro, Esquecidos por Deus, monólogo com Murilo Freire, baseia-se na obra O Livro das Personagens Esquecidas de Cícero Belmar, com direção e dramaturgia de José Manoel Sobrinho. Navegando pelos territórios da memória, da fé e da identidade, características centrais na dramaturgia nordestina, o espetáculo evidencia a confiança na potência narrativa individual que marca o teatro pernambucano, sendo uma realização do LAPA – Laboratório Pernambucano do Atuante.

A programação musical encerra a semana de lançamento com dois espetáculos no Teatro Capiba. Gracinha do Samba apresenta A Raiz do Samba com entrada gratuita, acompanhada por uma banda formada por Ralph (violão, coral e voz guia), Rinaldo (cavaco), Miguel (coral, pandeiro e malacacheta), Rafael Galdino (surdo), Nyll (tantanzinho, efeitos e coral), Nego Thon (repique, conga e efeitos) e Augusto (tamborim). Com produção geral de Pedro Castro, o espetáculo valoriza as tradições populares e democratiza o acesso cultural.

Fechando a programação no dia 31 de outubro, Geraldo Maia apresenta Minha História Sou Eu, celebrando 45 anos de carreira. Com direção musical de Renato Bandeira e acompanhamento de Gilberto Bala (percussão), Lieve Ferreira (viola) e Renato Bandeira (violão, viola e guitarra semi-acústica), o show funciona como ponte entre gerações, oferecendo aos espectadores mais jovens a oportunidade de conhecer referências fundamentais da música pernambucana. Sob produção geral de Pedro Castro e assistência de produção de Sayonara Silva, o espetáculo marca uma celebração de trajetórias artísticas consolidadas.

Desafios do Retorno

Desde 2014, o cenário midiático transformou-se radicalmente. Com audiências pulverizadas entre plataformas de streaming, redes sociais e conteúdos sob demanda, tornou-se exponencialmente mais difícil alcançar grandes audiências através de um único veículo. Diferentemente do modelo televisivo original, onde a Globo Nordeste assumia os custos de veiculação, as mídias digitais exigem investimentos contínuos em impulsionamento e produção de conteúdo.

Paralelamente às mudanças tecnológicas, a pandemia alterou permanentemente os hábitos de consumo cultural. Desenvolvendo resistência a aglomerações e preferência por experiências controladas em casa, o público também reduziu o orçamento destinado a atividades culturais presenciais. Consequentemente, a campanha precisa reconquistar a confiança na experiência teatral como atividade necessária, exigindo estratégias de comunicação mais sofisticadas que as chamadas de um minuto da versão original.

No aspecto econômico, o modelo financeiro original tornou-se insustentável. Enquanto os custos de produção teatral aumentaram exponencialmente, as receitas diminuíram, tornando qualquer custo adicional um obstáculo significativo para muitas companhias. Simultaneamente, os custos de produção audiovisual profissional cresceram, especialmente para conteúdos que competem por atenção nas mídias digitais.

Estratégias de Adaptação

Estrategicamente, a descentralização por diferentes espaços teatrais – Teatro Arraial Ariano Suassuna, Teatro Marco Camarotti e Teatro Capiba – amplia o alcance do projeto, criando novos hábitos de consumo cultural e fortalecendo o circuito teatral da região metropolitana do Recife. Considerando que cada teatro possui identidade arquitetônica e frequentadores específicos, a campanha consegue atingir segmentos diversificados de público.

No campo digital, a ampliação da presença mencionada no material de divulgação reflete a compreensão de que o mercado cultural contemporâneo exige estratégias híbridas de comunicação. Entretanto, o slogan “Teatro é ao Vivo. Vá Ver!” mantém sua força provocativa, funcionando como manifesto contra a virtualização excessiva das experiências culturais.

Contextualmente, o retorno da campanha em 2025 ocorre durante a recuperação gradual do setor cultural pós-pandemia, quando muitos artistas ainda enfrentam dificuldades financeiras e de público. Portanto, iniciativas como esta representam gestos de afirmação da importância social das artes cênicas, testando a disposição da sociedade pernambucana para revalorizar as experiências culturais presenciais e coletivas.

SERVIÇO

Teatro é ao Vivo. Vá Ver! – Programação

22 e 23 de outubro – 19h30
📍 Teatro Marco Camarotti – Sesc Santo Amaro
🎭 Cúmplices – Transgressões de um Ricardo III
Reflexão sobre poder, ética e cumplicidade diante de regimes autoritários
🎟️ R$ 60,00 (inteira) / R$ 30,00 (meia ou ingresso social + 1kg de alimento)

29 de outubro – 19h30
📍 Teatro Marco Camarotti – Sesc Santo Amaro
🎭 Esquecidos por Deus
Monólogo com Murilo Freire, baseado na obra de Cícero Belmar
🎟️ R$ 60,00 (inteira) / R$ 30,00 (meia)

30 de outubro – 19h30
📍 Teatro Capiba – Sesc Casa Amarela
🎶 Gracinha do Samba – A Raiz do Samba
Celebração do samba de raiz e suas tradições
🎟️ Entrada gratuita

31 de outubro – 19h30
📍 Teatro Capiba – Sesc Casa Amarela
🎤 Geraldo Maia – Minha História Sou Eu
Show comemorativo dos 45 anos de carreira
🎟️ R$ 30,00 (inteira) / R$ 15,00 (meia)

Ficha Técnica:
🎭 Cúmplices – Transgressões de um Ricardo III
Concepção: Moncho Rodriguez
Direção: João Guisande e Moncho Rodriguez
Intérpretes: Fabiana Pirro e Junior Sampaio
Dramaturgia: Moncho Rodriguez
Música: Narciso Fernandes
Figurinos: Marília Castro e Moncho Rodriguez
Cenário: Moncho Rodriguez
Produção: Paulo de Castro Produções e PIANE

Ficha Técnica:
🎭 Esquecidos por Deus
Texto: Cícero Belmar
Direção e Dramaturgia: José Manoel Sobrinho
Atuação: Murilo Freire
Realização: LAPA – Laboratório Pernambucano do Atuante

Ficha Técnica:
🎶 Gracinha do Samba – A Raiz do Samba
Voz: Gracinha do Samba
Músicos: Ralph (violão, coral e voz guia), Rinaldo (cavaco), Miguel (coral, pandeiro e malacacheta), Rafael Galdino (surdo), Nyll (tantanzinho, efeitos e coral), Nego Thon (repique, conga e efeitos), Augusto (tamborim)
Produção geral: Pedro Castro

Ficha Técnica:
🎤 Geraldo Maia – Minha História Sou Eu
Cantor: Geraldo Maia
Direção musical: Renato Bandeira
Músicos: Gilberto Bala (percussão), Lieve Ferreira (viola) e Renato Bandeira (violão, viola e guitarra semi-acústica)
Produção geral: Pedro Castro
Assistente de produção: Sayonara Silva
Realização: APACEPE – Associação dos Produtores de Artes Cênicas de Pernambuco

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