Arquivo da tag: La Serva Padrona

Ópera cômica com sotaque nordestino
Crítica: La Serva Padrona

Anderson Rodrigues (Uberto), Marcondes Lima (Vespone) e Gleyce Vieira (Serpina). Foto: Ivana Moura

Risos, reconhecimento, casa cheia por quatro noites consecutivas. Quando La Serva Padrona ganhou sotaque pernambucano no Teatro Hermilo Borba Filho, entre 8 e 11 de outubro, o público respondeu de forma entusiástica, esgotando todos os ingressos. Para uma ópera cômica do século XVIII no Recife, o resultado surpreende — e prova que o encontro entre Pergolesi e o “oxe” nordestino pode ser mais eficaz que muitas estratégias convencionais de democratização cultural.

Antes de compreender o alcance desta recepção calorosa, porém, é interessante situar La Serva Padrona (1733), de Giovanni Battista Pergolesi, em seu contexto histórico. Originalmente concebida como intermezzo — entreato de 50 minutos inserido entre os atos de uma ópera séria —, a obra conquistou rapidamente autonomia artística ao contrastar dramaticamente com a solenidade e os temas grandiosos que dominavam os palcos setecentistas.

O enredo é deliberadamente simples: Uberto, ricaço solteirão hipocondríaco, convive há anos com sua criada Serpina, que comanda a casa como se fosse a patroa. Irritado com a insubordinação, Uberto anuncia que pretende se casar para restabelecer a ordem doméstica. Serpina, contudo, arquiteta estratégia engenhosa: com ajuda do criado mudo Vespone, simula noivado com um fictício Capitão Tempestade (o próprio Vespone disfarçado), manipulando o patrão através do ciúme até conseguir desposá-lo.

Sob a aparência de comédia doméstica, a obra carrega implicações sociais explosivas para a época. Serpina representa figura subversiva: mulher de origem humilde que, mediante inteligência e astúcia, subverte hierarquias de classe e gênero, conquistando ascensão social numa sociedade rigidamente estratificada. Simultaneamente, Uberto surge como anti-herói paródico — patrão fraco, manipulável, dependente da própria criada —, desafiando arquétipos patriarcais de autoridade masculina.

Tal ousadia não passou despercebida. Quando a obra chegou a Paris em 1752, deflagrou a célebre Querelle des Bouffons, debate estético e político que cindiu a intelectualidade francesa entre partidários da grandiosa ópera séria e defensores da simplicidade acessível da ópera buffa. Esse evento marcou inflexão decisiva na história operística europeia.

A reinvenção pernambucana: estratégias de aproximação cultural

Montagem dirigida por Luiz Kleber Queiroz e Maria Aida Barroso na direção musical. Foto: Ivana Moura

Considerando essa herança revolucionária, torna-se ainda mais significativo o que a montagem dirigida por Luiz Kleber Queiroz (professor do Departamento de Música da UFPE e diretor teatral) e Maria Aida Barroso (também do Departamento de Música da UFPE, na direção musical), com produção de Matheus Soares da 25 Produções, conseguiu realizar. Diante do desafio de atualizar culturalmente a obra sem descaracterizá-la, a equipe encontrou solução ao mesmo tempo respeitosa e audaciosa.

A estratégia central consistiu em manter as árias no italiano original — preservando assim a sonoridade vocal característica e o vínculo com a tradição barroca — enquanto os recitativos foram vertidos ao português com tempero regional. Expressões como “oxe”, “visse”, “arretado” e “mangar” pontuaram os diálogos, estabelecendo cumplicidade imediata com a plateia local.

Tal escolha criou dinâmica particular: nas árias, momentos de introspecção lírica, o italiano mantém peso poético e musicalidade originais; nos recitativos, onde se desenvolve a ação dramática e o humor, o português regionalizado assegura compreensão integral das nuances cômicas. O público assim navega entre duas línguas e dois registros: familiaridade linguística nos diálogos, tradição operística nas árias.

Um momento exemplifica essa dinâmica de forma inesperada: quando surgiu a palavra “rapariga” — que em português lusitano significa simplesmente “moça”, mas no Nordeste carrega conotação sexual —, a plateia mergulhou em silêncio sepulcral. O constrangimento durou poucos segundos, mas evidenciou como as particularidades regionais da língua podem criar camadas semânticas não intencionais, gerando efeitos cômicos ou embaraçosos conforme a recepção local.

Visualidade cênica

Para além dessa tradução linguística, a direção de arte de Marcondes Lima trabalhou na mesma linha de aproximação cultural. O ambiente visual construído dialoga produtivamente entre referências da commedia dell’arte e símbolos nordestinos: algodão cru, cestos de palha, chapéu de vaqueiro e rede não funcionam como algo pitoresco decorativo, mas como signos culturais que ressignificam o espaço dramático.

A escolha de ambientar a trama numa casa do interior nordestino encontra justificativa: La Serva Padrona trata na peça de relações domésticas e jogos de poder entre patrões e empregados — dinâmicas que encontram ressonância particular na realidade brasileira. As lutas por reconhecimento e ascensão social das trabalhadoras domésticas atravessam séculos, conectando a Nápoles setecentista ao Brasil contemporâneo, onde essas relações ainda carregam marcas coloniais e hierarquias de classe persistentesAssim, Serpina torna-se tanto personagem cômica, como espelho de lutas históricas.

A cantora Gleyce Vieira e o cantor Anderson Rodrigues revezaram com Karla Karolla e Osvaldo Pacheco

Se as escolhas conceituais da montagem impressionam pela coerência, sua materialização cênica confirma a eficácia das estratégias adotadas. No elenco que acompanhei, Gleyce Vieira (Serpina) ofereceu interpretação de notável desenvoltura, equilibrando a sagacidade da personagem com traços de autêntica afeição por Uberto. Sua agilidade vocal navegou com segurança pelas demandas técnicas, enquanto sua presença cênica transmitiu tanto a inteligência estratégica quanto a vulnerabilidade humana da criada.

Anderson Rodrigues (Uberto), por sua vez, construiu personagem mais comedido, de acordo com sua caracterização do patrão hesitante. Seu timing cômico e fisicalidade exploraram a figura do homem acomodado em privilégios e rotinas, facilmente manipulado por quem demonstra maior astúcia.

Vale ressaltar que a produção trabalhou com elenco alternado: Karla Karolla e Osvaldo Pacheco interpretaram os protagonistas nos dias 8 e 10, demonstrando tanto a vitalidade artística do projeto quanto o compromisso formativo com cantores regionais.

Contudo, a performance mais impactante da noite pertenceu a Marcondes Lima como Vespone. Explorando magistralmente a tradição pantomímica da commedia dell’arte, Lima transformou o personagem mudo em catalisador cômico indispensável. Suas expressões faciais — ora assustadas, ora cúmplices, ora gulosas — pontuavam musicalmente a ação dramática. Especialmente divertida foi sua degustação teatralizada de uma tapioca (de uma maçã e de uma banana), convertida em coreografia elaborada que satirizava hierarquias sociais através da gula exagerada. Sem pronunciar palavra, Vespone tornou-se comentário social e motor de hilaridade.

Evidentemente, todo esse trabalho cênico e dramatúrgico dependia de uma execução musical à altura das ambições do projeto. O acompanhamento instrumental ficou a cargo do sexteto formado por Singrid Souza (violino I), Júlia Paulino (violino II), Letícia Santos (viola), Gabriel David (violoncelo), Rebeca Furtado (contrabaixo) e Maria Aida Barroso (cravo). O conjunto demonstrou entrosamento domínio harmônica da execução, pontuando os recitativos com comentários musicais que sublinhavam as intenções dramáticas. A orquestra com sua função essencial deu sustentação à experiência.

O êxito artístico da montagem revela também a eficácia de políticas públicas bem direcionadas. A viabilização desta produção através da PNAB (Política Nacional Aldir Blanc, programa federal de fomento cultural) e Lei Aldir Blanc municipal demonstra como investimento em cultura pode gerar resultados concretos: quatro noites esgotadas comprovam a existência de público interessado em ópera e a capacidade dessas políticas de remover barreiras tradicionais de acesso.

Ficha Técnica

Direção Geral: Luiz Kleber Queiroz
Direção Musical: Maria Aida Barroso
Direção de Arte: Marcondes Lima
Produção: Matheus Soares (25 Produções)

Elenco:

Dias 8 e 10: Osvaldo Pacheco (Uberto), Karla Karolla (Serpina)
Dias 9 e 11: Anderson Rodrigues (Uberto), Gleyce Vieira (Serpina)
Todas as apresentações: Marcondes Lima (Vespone)
Sexteto de Câmara: Singrid Souza (violino I), Júlia Paulino (violino II), Letícia Santos (viola), Gabriel David (violoncelo), Rebeca Furtado (contrabaixo), Maria Aida Barroso (cravo)

Período: 8 a 11 de outubro de 2025
Local: Teatro Hermilo Borba Filho, Recife
Entrada: Gratuita
Apoio: PNAB (Política Nacional Aldir Blanc) e Lei Aldir Blanc da Prefeitura do Recife

Postado com as tags: , , , , , , , , , , , , , , , ,

Recife ferve de cultura. E haja fôlego

A mon seul désir integra programação do FETEAG. Foto: Thomas Greil / Divulgação 

 A capital pernambucana vive um momento de efervescência artística com uma agenda cultural robusta que se estende por todo outubro e adentra novembro. Entre as dezenas de atrações programadas para o período, muitas que operam em diversidade de linguagens, consolidando a vocação da cidade como importante centro cultural do Nordeste e do Brasil.

A programação contempla desde manifestações populares gratuitas até montagens teatrais contemporâneas, passando por ópera, dança e circo. O calendário atende diferentes públicos e faixas etárias, com opções que vão desde R$ 15 até espetáculos gratuitos.

Carnaval do jazz 

Mardi Gras no Recife, programação intensa no bairro do Recife

Um projeto ambicioso ancontece nesta sexta-feira (3) e sábado (4) com o Mardi Gras, evento que transporta o carnaval do jazz de Nova Orleans para as ruas históricas do Bairro do Recife. A festa gratuita promove um encontro singular entre a sonoridade do jazz norte-americano e as manifestações culturais pernambucanas. A programação inclui shows na Praça do Arsenal, complementando os tradicionais cortejos pelas ruas do Bom Jesus e da Guia.

Blocos tradicionais como Galo da Madrugada, Vassourinhas de Olinda, Clube Vassourinhas de Olinda, Urso do Bairro Novo e Maracatu Pavão Misterioso participam da celebração, que também conta com sambadeiras, o Bloco Cordas e Retalhos, Papangus de Bezerros e atrações musicais como Chacon, Kind of Jazz e Boi da Macuca. A Orquestra de Jazz Mardi Gras, sob direção do maestro José Henrique, conduz musicalmente o evento.

Sertão de Zé Ramalho. Foto: Priscila Prade

Nesta sexta-feira (3), estreia no Teatro Luiz Mendonça o espetáculo O Admirável Sertão de Zé Ramalho, que percorre quatro décadas da obra do cantor paraibano. A montagem, com apresentações até domingo (5), traz dramaturgia de Pedro Kosovski organizada em cinco módulos temáticos que revisitam clássicos como Admirável Gado Novo, Chão de Giz e Avohai.

A direção de Marco André Nunes conduz um elenco formado por Duda Barata, Eli Ferreira, Cesar Werneck, Marcello Melo, Muato, Nizaj e Tiago Herz, além dos músicos Verônica Sanfoneira e Rostan Junior. O espetáculo de 70 minutos faz uma releitura cênica da trajetória artística de um dos maiores nomes da MPB nordestina.

Programação infantil 

Floresta dos Mistérios. Foto: Silvia Machado

Chapeuzinho de Neve Adormecida. Foto: RomeuSantos

Para o miúdos duas opções neste fim de semana. Floresta dos Mistérios entra na segunda semana nesta sexta (3) na Caixa Cultural Recife e segue em cartaz sábado (4) e domingo (5). O musical infantil narra a aventura de três crianças que descobrem um plano para destruir uma floresta e construir uma fábrica de celulares, contando com a ajuda de personagens da literatura popular brasileira.

O espetáculo utiliza um elenco de 20 marionetes de diferentes proporções, concebidos por Márcio Pontes. A montagem apresenta uma variedade de figuras que representam tanto a biodiversidade brasileira quanto elementos da tradição como Saci, Iara e Boitatá, desenvolvida com uma perspectiva otimista sob a criação textual e direção cênica de Márcio Araújo, idealizador do programa televisivo infantil Cocoricó.

No sábado (4), o Teatro Barreto Júnior recebe Chapeuzinho de Neve Adormecida, produção da Helena Siqueira Produções com texto e direção de Ivaldo Cunha Filho. O musical mistura personagens de diferentes contos de fadas, que se metem numa confusão criada pela protagonista Bia, interpretada por Beatriz Siqueira. O elenco inclui Jéssica Viana, Rayo Vasconcelos, Thiago Augusto, Juan Elias e os bailarinos João Alberth e Gabriel Diego, com coreografias de Leonardo Soares.

Ópera italiana La Serva Padrona explora o humor

Ainda nesta sexta (3), o Teatro Apolo apresenta A Corajosa Caça de um Covarde Caçador, comédia regional que se passa em Nordestia, cidade fictícia do interior nordestino. A trama acompanha Jeremias, um covarde que assume a missão de caçar uma criatura estranha que assombra a população local, resultando numa narrativa repleta do humor nordestino.

A semana seguinte traz a ópera La Serva Padrona de Giovanni Battista Pergolesi, com apresentações gratuitas de 8 a 11 de outubro no Teatro Hermilo Borba Filho. A montagem da 25 Produções, dirigida por Luiz Kleber Queiroz e musicalmente pela maestrina Maria Aida Barroso, incorpora elementos nordestinos como expressões populares e figurinos regionais à clássica trama cômica italiana sobre as artimanhas de uma criada para conquistar o posto de esposa do patrão.

A Mon Seul Désir, criação da artista francesa Gaëlle Bourges. Foto: Danielle Voirin / Divulgação

O Festival de Teatro do Agreste (FETEAG) chega à sua 34ª edição mantendo o espírito experimental que o caracteriza desde a fundação. Entre 9 e 26 de outubro, o evento realizado pelo TEA – Teatro Experimental de Arte apresenta 21 espetáculos em diversos teatros de Caruaru e Recife, reunindo criações de Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraná, França, Argentina, Chile, Camarões, Burkina Faso e Guadalupe.

O festival é antecedido pelo Esquenta FETEAG com A Mon Seul Désir nos dias 9 e 10 de outubro no Teatro Luiz Mendonça. A criação da artista francesa Gaëlle Bourges baseia-se na tapeçaria medieval A Dama e o Unicórnio, tecida em 1500 e exposta no Museu da Idade Média em Paris. O espetáculo questiona a visão europeia histórica sobre a virgindade feminina através de quatro performers que recriam a obra em cena, explorando as ambivalências da representação das mulheres na arte ao longo dos séculos.

Improviso e criação coletiva dos Barbixas

No fim de semana seguinte (11 e 12 de outubro), o Teatro RioMar recebe Improvável, espetáculo de improvisação teatral da Cia Barbixas. O trio formado por Anderson Bizzochi, Daniel Nascimento e Elidio Sanna, com mais de duas décadas de parceria artística, cria cenas inteiramente a partir de sugestões da plateia. No sábado (11), há duas sessões às 18h30 e 21h, enquanto domingo (12) apresenta sessão única às 20h.

A companhia, que sacudiu o teatro de improviso no Brasil, trabalha com diferentes formatos cênicos incluindo musicais, westerns, novelas e até óperas, sempre mantendo o humor inteligente e a interação constante com o público. Cada apresentação é única, pois depende inteiramente da criatividade coletiva entre artistas e espectadores.

Jeison Walace como Cinderela. Foto: Divulgação

Toda Cidade Tem com Jeison Wallace, ocupa neste sábado (4), o Teatro do Parque. O comediante apresenta show de humor onde interpreta diversos personagens, incluindo uma versão cômica de Cinderela, em apresentação única às 18h. Wallace, conhecido por sua versatilidade cênica, constrói um espetáculo onde cada personagem representa diferentes tipos humanos encontrados em qualquer cidade brasileira.

Dramas contemporâneos na segunda quinzena

As Bruxas de Salem numa montagem da Cobogó das Artes

A terceira semana de outubro (15 e 16) traz duas montagens teatrais de forte apelo dramático. No Teatro Apolo, As Bruxas de Salem apresenta adaptação livre da obra clássica de Arthur Miller, dirigida por Anthony Delarte. A montagem da Cobogó das Artes, com produção executiva de Adriano Portela, ambienta a trama numa pequena vila puritana onde fé e medo se confundem, questionando verdade, manipulação e a coragem necessária para questionar autoridades.

Já o Teatro Hermilo Borba Filho recebe Imorais do Bando de Nada – Grupo de Teatro. O texto de Cristiano Primo, com adaptação e direção de Emmanuel Matheus e produção da Lynda Produções, propõe uma experiência cênica intensa sobre uma família e suas relações complexas. O elenco formado por Aline Santos, Cristiano Primo, Lynda Morais, Felipe Nunes e Tarcila Nunes conduz a narrativa que questiona se sempre temos direito à escolha, em espetáculo classificado para maiores de 18 anos.

 50 anos do Grupo Corpo

Grupo Corpo circula com dois espetáculos celebrando meio século de vida

Nos dias 17 e 18 de outubro, o Teatro Santa Isabel recebe o Grupo Corpo de Belo Horizonte em apresentações gratuitas que celebram os 50 anos da companhia, dentro da . A programação inclui dois espetáculos distintos: Parabelo, coreografia clássica de 1997 de Rodrigo Pederneiras, com com música de Tom Zé e Zé Miguel Wisnik, que celebra aspectos da vida sertaneja através de ritmos e gestos característicos da cultura nordestina. E Piracema, criação mais recente com coreografia inspirado na jornada dos peixes que enfrentam a correnteza para desovar.  O trabalho tem parceria coreográfica entre Rodrigo Pederneiras e Cassi Abranches. A trilha inédita de Clarice Assad transita do tribal ao eletrônico. Já a cenografia de Paulo Pederneiras utiliza 82 mil tampas de latas de sardinha para evocar escamas de cardumes,

As duas obras demonstram a evolução artística da companhia ao longo de cinco décadas, desde a fundação em 1975. Parabelo dialoga diretamente com as raízes culturais nordestinas, enquanto Piracema representa a constante renovação do repertório através de novas parcerias criativas.

Sonho encantado de cordel. Foto: Joao Pedro Hachiya

No último fim de semana do mês (25 e 26 de outubro), o Teatro Luiz Mendonça recebe Sonho Encantado de Cordel – O Musical. A produção de Thereza Falcão mistura cultura nordestina com contos de fadas de Hans Christian Andersen, buscando uma celebração da arte, poesia e poder dos sonhos. Os cenários e figurinos assinados por Rosa Magalhães e Mauro Leite dialogam com projeções de Batman Zavareze e coreografias de Renato Vieira.

A trilha sonora conta com 10 músicas inéditas compostas especialmente para o espetáculo por Paulinho Moska, Chico César e Zeca Baleiro, sob direção musical de Marcelo Alonso Neves. No sábado (25) há sessão às 17h, enquanto domingo (26) apresenta duas sessões, às 15h e 17h.

Festival de Circo

Vermelho Branco e Preto. Cibele Mateus. Foto: Mateus Tropo

 O Vazio é Cheio de Coisa da Cia Nós No Bambu de Brasília. Foto: Diego Bresani

Le Bruit des Pierres, do Collectif Maison Courbe da França

O mês de novembro será marcado pelo Festival de Circo do Brasil, que apresenta pelo menos três espetáculos já confirmados. Vermelho, Branco e Preto traz Cibele Mateus de São Paulo em solo que mescla riso, poesia e encantamento popular. A artista apresenta a figura cômica “Mateu”, inspirada no tradicional Cavalo-marinho pernambucano, em espetáculo-brincadeira que celebra identidade e ancestralidade. As apresentações acontecem nos dias 5 e 6 de novembro às 19h30 no Teatro Apolo.

No dia 6 de novembro, o Teatro Santa Isabel recebe O Vazio é Cheio de Coisa da Cia Nós No Bambu de Brasília. O espetáculo apresenta dança acrobática minimalista que explora a relação entre corpo humano e bambu, criando uma profusão de imagens e significados em dramaturgia poética onde simplicidade e complexidade se encontram.

A programação inclui ainda Le Bruit des Pierres do Collectif Maison Courbe da França, nos dias 8 e 9 de novembro no Teatro Santa Isabel. A criação híbrida combina circo coreográfico e teatro físico, com duas mulheres que encarnam a ganância ocidental pelo ouro através de coreografias realizadas com pedras, questionando a relação entre homem e ambiente.

Deborah Colker revisita Stravinsky

Sagração. Foto: Flavio Colker

A programação também contempla Sagração da Companhia Deborah Colker, livre adaptação de A Sagração da Primaverade Stravinsky que incorpora visões ancestrais brasileiras sobre a origem do mundo. A criação e direção de Deborah Colker, com direção executiva de João Elias e direção musical de Alexandre Elias, apresenta música clássica em diálogo com ritmos brasileiros como boi bumbá, coco, afoxé e samba. O espetáculo conta com dramaturgia de Nilton Bonder, figurinos de Claudia Kopke, desenho de luz de Beto Bruel e fotografia de Flávio Colker, no Teatro Guararapes.

A amplitude da programação, que engloba desde manifestações populares gratuitas até montagens de companhias internacionais, evidencia a vitalidade do cenário cultural recifense. A presença de artistas locais, nacionais e estrangeiros, somada à variedade de preços inclusive com espetáculos gratuitos, consolida a capital pernambucana como importante centro de circulação artística no Nordeste brasileiro. A produção local, mais especificamente a produção teatral recifense necessita de injeções generosas recursos, de apoios e patrocínio para mostrar-se em todo seu esplendor. 

SERVIÇO

🎷 Mardi Gras em Recife
Data: 3 e 4/10, a partir das 17h (sex) e 16h (sáb)
Local: Ruas do Bom Jesus e da Guia, Bairro do Recife + Shows na Praça do Arsenal
Preço: Gratuito

🌿 Floresta dos Mistérios
Data: 3/10 (15h), 4 e 5/10 (11h)
Local: Caixa Cultural Recife
Preço: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia)

🎸 O Admirável Sertão de Zé Ramalho
Data: 3/10 (20h), 4/10 (19h), 5/10 (18h)
Local: Teatro Luiz Mendonça
Preço: Sexta gratuito; sábado/domingo a partir de R$ 25

🎭 Chapeuzinho de Neve Adormecida
Data: 4/10 (16h)
Local: Teatro Barreto Júnior
Preço: R$ 100 (inteira) e R$ 50 (meia)

🎪 A Corajosa Caça de um Covarde Caçador
Data: 3/10 (19h30)
Local: Teatro Apolo
Preço: R$ 35 + 1kg alimento
Info: @covardes.cacadores

🎭 Toda Cidade Tem com Jeison Wallace
Data: 4/10 (18h)
Local: Teatro do Parque
Preço: Sympla
Info: (81) 98463.8388

🎼 Ópera La Serva Padrona
Data: 8 a 11/10 (19h30)
Local: Teatro Hermilo Borba Filho
Preço: Gratuito
Info: @25producoes

🎭 A Mon Seul Désir – Esquenta FETEAG
Data: 9 e 10/10 (20h)
Local: Teatro Luiz Mendonça
Preço: Gratuito

🎪 Improvável – Cia Barbixas
Data: 11/10 (18h30 e 21h), 12/10 (20h)
Local: Teatro RioMar
Preço: A partir de R$ 60

🎭 As Bruxas de Salem
Data: 15 e 16/10 (19h)
Local: Teatro Apolo
Preço: R$ 60 (inteira), R$ 30 (meia), R$ 40 (meia social + 1kg alimento)
Info: @anthonydelarte, @cobogodasartes

🔞 Imorais
Data: 15 e 16/10 (20h)
Local: Teatro Hermilo Borba Filho
Preço: R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia)
Ingressos: Sympla ou Pix: bandodenada@gmail.com

🩰 Grupo CorpoParabelo e Piracema
Data: 17/10 (19h), 18/10 (20h)
Local: Teatro Santa Isabel
Preço: Gratuito (retirada 1h antes + 1kg alimento)

Sonho Encantado de Cordel
Data: 25/10 (17h), 26/10 (15h e 17h)
Local: Teatro Luiz Mendonça
Info: @sonhoencantadodecordel

🎪 Festival de Circo do Brasil
Vermelho, Branco e Preto: 5 e 6/11 (19h30) – Teatro Apolo
O Vazio é Cheio de Coisa: 6/11 (20h) – Teatro de Santa Isabel
Le Bruit des Pierres: 8/11 (20h), 9/11 (18h) – Teatro de Santa Isabel

🌟 Sagração – Cia Deborah Colker
Local: Teatro Guararapes
Data: 07/10, 20h30
Preço: R$ 25 a R$ 250

🎨 FETEAG
Data: 9 a 26/10
Locais: Diversos teatros em Caruaru e Recife
Preço: Gratuito (ingressos no Sympla)
Info: www.feteag.com.br | @feteag

Informações gerais: Sympla e bilheterias dos teatros.

Postado com as tags: , , , , , , , , , , , ,