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Festival Recife de teatro – tempo de editais

Galpão apresenta Os Gigantes da Montanha no Sítio Trindade, dia 22, na abertura do festival

A programação do Festival Recife do Teatro Nacional – FRTN foi anunciada nesta quinta-feira. A curadoria, que atuou nos últimos anos com recortes para a formação de sentidos, ficou para trás. A 16º edição é norteada por editais – instrumento defendido pela atual gestão como a forma mais democrática de formatar os eventos promovidos pela Prefeitura do Recife.

A grade da programação inclui 18 espetáculos em dez dias de apresentações – do dia 22 deste mês a 1º de dezembro. O mineiro Galpão abre o festival, às 20h, no Sítio da Trindade, com a peça Os gigantes da montanha, participação que o Satisfeita, Yolanda? anunciou ainda em julho. A secretária Leda Alves assistiu à peça no Festival de Inverno de Garanhuns e após a sessão fez o convite à trupe.

Os outros grupos foram garimpados de 150 projetos inscritos, segundo informou o gerente do Centro Apolo- Hermilo, Carlos Carvalho, que coordena o FRTN. Trinta e seis passaram na peneira e uma comissão formada pelo ator Paulo Mafe, representante do Conselho Municipal de Política Cultural do Recife; o diretor do Teatro Williams Santanna; e a diretora e pesquisadora Clara Camarotti, fechou os grupos.

Gustavo Catalano, Carlos Carvalho e Leda Alves durante coletiva do festival

“Fizemos um edital para dar a possibilidade de as pessoas se oferecerem para vir ao Recife. Isso despertou o interesse dos grupos”, disse Carlos Carvalho.

Bem, dessas companhias, algumas ainda não passaram pelo Recife com os espetáculos que trazem. O próprio Galpão, a carioca Armazém Cia. de Teatro com A Marca da Água; a gaúcha Casa de Madeira com As Bufa; as catarinenses Traço Cia de Teatro/Companhia Zero com As Três Irmãs, o grupo paulista Clariô de Teatro, com Hospital da Gente; a mineira Cia. Pierrot Lunar com Acontecimento em Vila Feliz. Além da outra mineira, Cortejo Cia de Teatro, com Uma História Oficial.

O Coletivo Cênico Joanas Incendeiam, de São Paulo, apresentou recentemente Homens e Caranguejos na cidade. E Agitada Gang – Trupe de Atores e Palhaços da Paraíba vem com um espetáculo de repertório, Como Nasce um Cabra da Peste, que esteve no Recife há muitos anos.

Das montagens locais para o público adulto, todas já fizeram temporada ou foram vistas algumas vezes na cidade. São elas Vestígios (Relicário/PE), com texto de Aimar Labaki e direção de Antonio Cadengue; Luiz Lua Gonzaga, do Grupo Magiluth; O Beijo no Asfalto, com texto de Nelson Rodrigues e direção de Claudio Lira; As Confrarias, da Companhia Teatro de Seraphins, com texto de Jorge Andrade e Antonio Cadengue. E Cafuringa, com o Grupo Cafuringa.

As peças infanto-juvenis também já estiveram em cartaz no Recife. São elas As Levianinhas em Pocket Show para Crianças, da Cia Animée; De Íris ao Arco-Íris, de Produtores Independentes e O Menino da Gaiola, Bureau de Cultura e Turismo.

O espetáculo Coisas do Mar, do Grupo Teatral Ariano Suassuna e Escola Estadual Santos Cosme e Damião, de Igarassu, ganhou visibilidade ao conquistar vários prêmios no 11º Festival Estudantil de Teatro e Dança, realizado em setembro, na categoria Teatro Para Crianças. A encenação levou para casa os troféus de melhor espetáculo, direção (Albanita Almeida e André Ramos), ator (Elton Daniel), cenário (André Ramos), figurino (Kattianny Torres) e texto inédito (o grupo).

O orçamento desta edição encolheu em R$ 400 mil em relação ao do ano passado. Ficou em R$ 700 mil – sendo R$ 50 mil da Caixa Econômica Federal e o restante dos cofres da Prefeitura. A Prefeitura não conseguiu renovar o Pronac – Lei Rouanet, nem a prestação de contas da Funarte e por isso não pode concorrer a esses incentivos.

O teatrólogo Samuel Campelo é o homenageado desta edição

O homenageado deste ano é o diretor Samuel Campelo, fundador do Grupo Gente Nossa no Recife dos anos 1930. A pesquisadora Ana Carolina Miranda da Silva vai lançar um livro sobre Campelo e também vai fazer palestra sobre O Grupo Gente Nossa e o Movimento Teatral no Recife.

“Vamos ter um grande festival, que oportuniza espetáculos que não teriam oportunidade de estar aqui. A gente tem grupos que nunca vieram ao Recife e tem grupos que já vieram como a Cia. Armazém ou o Galpão. E ter a possibilidade de ter os que já vieram com aqueles que nunca vieram isso nos enriquece. Isso abre pra gente uma felicidade de dizer nos estamos abrindo o FRTN para o Brasil, pelo meio mais democrático, que é o edital”, entusiasma-se Carvalho.

16º Festival Recife do Teatro Nacional

Programação

Sexta-feira (22)
Os Gigantes da Montanha (Grupo Galpão/MG)
Local: Sítio da Trindade, às 20h
Duração: 80 minutos

Sábado (23)

As Bufa (Casa de Madeira/RS)
Local: Teatro de Santa Isabel, às 21h
Duração: 55 minutos

As bufa. Foto: Mariana Rocha

As Levianinhas em Pocket Show para Crianças (Cia Animée/PE)
Local: Teatro Hermilo Borba Filho, às 18h
Duração: 60 minutos

Banda de palhaças mostram repertório para crianças. Foto: Lana Pinho

Marca da Água (Armazém Cia de Teatro/RJ)
Local: Teatro Barreto Junior, às 20h
Duração: 75 minutos

Montagem comemora 25 anos da Armazém Companhia de Teatro

De Íris ao Arco-Íris (Produtores Independentes/PE)
Local: Teatro Marco Camarotti (SESC Santo Amaro), às 16h
Duração: 50 minutos

História da curiosa lagarta, que quer chegar ao reino encantado. Foto: Angélica Gouveia

Domingo (24)

As Bufa (Casa de Madeira/RS)
Local: Teatro de Santa Isabel, às 21h
Duração: 55 minutos

As Levianinhas em Pocket Show para Crianças (Cia Animée/PE)
Local: Teatro Hermilo Borba Filho, às 18h
Duração: 60 minutos

A Marca da Água (Armazém Cia de Teatro/RJ)
Local: Teatro Barreto Junior, às 20h
Duração: 75 minutos

De Íris ao Arco-Íris (Produtores Independentes/PE)
Local: Teatro Marco Camarotti (SESC Santo Amaro), às 16h
Duração: 50 minutos

Vestígios (Relicário/PE)
Local: Teatro Apolo, às 19h
Duração: 55 minutos

Dois policiais e um professor de história numa peça sobre a tortura. Foto: Américo Nunes

Luiz Lua Gonzaga (Grupo Magiluth/PE)
Local: Sítio da Trindade, às 16h
Duração: 50 minutos

Homenagem do Grupo Magiluth ao rei do baião

Segunda-feira (25)

Vestígios (Relicário/PE)
Local: Teatro Apolo, às 19h
Duração: 55 minutos

Luiz Lua Gonzaga (Grupo Magiluth/PE)
Local: Bomba do Hemetério, às 16h
Duração: 50 minutos

As Três Irmãs (Traço Cia de Teatro/Companhia Zero/SC)
Local: Teatro Hermilo Borba Filho, às 21h
Duração: 80 minutos

Obra do dramaturgo Anton Tchékhov a partir da técnica do clown. Foto: Nassau Souza

Hospital da Gente (Grupo Clariô de Teatro/SP)
Local: Espaço Fiandeiros, às 20h
Duração: 90 minutos

A partir dos contos de Marcelino Freire, Grupo Clariô de Teatro/SP mostra a vida dura de vários personagens

Acontecimento em Vila Feliz (Cia. Pierrot Lunar/MG)
Local: Sítio da Trindade, às 16h
Duração: 55 minutos

Versão teatral da Cia. Pierrot Lunar para o conto homônimo de Aníbal Machado

Terça-feira (26)

As Três Irmãs (Traço Cia de Teatro/Companhia Zero/SC)
Local: Teatro Hermilo Borba Filho, às 21h
Duração: 80 minutos

Hospital da Gente (Grupo Clariô de Teatro/SP)
Local: Espaço Fiandeiros, às 20h
Duração: 90 minutos

Acontecimento em Vila Feliz (Cia. Pierrot Lunar/MG)
Local: Bomba do Hemetério, às 16h
Duração: 55 minutos

Cafuringa (Grupo Cafuringa/PE)
Local: Sítio da Trindade, às 16h
Duração: 60 minutos

Conhecido como Homem da Cobra, o mestre Cafuringa é acompanhado por vários bonecos

Quarta-feira (27)

Acontecimento em Vila Feliz (Cia. Pierrot Lunar/MG)
Local: Coque/Joana Bezerra, às 16h
Duração: 55 minutos

Cafuringa (Grupo Cafuringa/PE)
Local: Bomba do Hemetério, às 16h
Duração: 60 minutos

O Menino da Gaiola (Bureau de Cultura e Turismo/PE)
Local: Teatro Barreto Junior, às 16h
Duração: 50 minutos

O Beijo no Asfalto (Claudio Lira/PE)
Local: Teatro Marco Camarotti (SESC Santo Amaro), às 20h
Duração: 90 minutos

Quinta-feira (28)

Luiz Lua Gonzaga (Grupo Magiluth/PE)
Local: Coque/Joana Bezerra, às 16h
Duração: 50 minutos

O Menino da Gaiola (Bureau de Cultura e Turismo/PE)
Local: Teatro Barreto Junior, às 16h
Duração: 50 minutos

O protagonista, o garoto Vito, de 9 anos, quer libertar o sonho das pessoas

O Beijo no Asfalto (Claudio Lira/PE)
Local: Teatro Marco Camarotti (SESC Santo Amaro), às 20h
Duração: 90 minutos

Como Nasce um Cabra da Peste (Agitada Gang – Trupe de Atores e Palhaços/PB)
Local: Teatro Luiz Mendonça, às 20h
Duração: 60 minutos

Sexta-feira (29)

Como Nasce um Cabra da Peste (Agitada Gang – Trupe de Atores e Palhaços/PB)
Local: Teatro Luiz Mendonça, às 20h
Duração: 60 minutos

Cafuringa (Grupo Cafuringa/PE)
Local: Coque/Joana Bezerra, às 16h
Duração: 60 minutos

Sábado (30)

Uma História Oficial (Cortejo Cia de Teatro/MG)
Local: Teatro Luiz Mendonça, às 20h
Duração: 70 minutos

Espetáculo de estreia da Cortejo Cia de Teatro reflete sobre os autoritarismos

Coisas do Mar (Grupo Teatral Ariano Suassuna/PE)
Local: Teatro Apolo, às 16h
Duração: 50 minutos

Homens e Caranguejos (Coletivo Cênico Joanas Incendeiam/SP)
Local: Teatro Hermilo Borba Filho, às 21h
Duração: 90 minutos

Família foge da seca e chega à cidade e aos mangues do Recife

As Confrarias (Companhia Teatro de Seraphins/PE)
Local: Teatro Barreto Junior, às 20h
Duração: 70 minutos

A Conspiração Mineira por um ângulo incomum, com texto de Jorge Andrade e direção de Antonio Cadengue.

Domingo (1)

Uma História Oficial (Cortejo Cia de Teatro/MG)
Local: Teatro Luiz Mendonça, às 20h
Duração: 70 minutos

Coisas do Mar (Grupo Teatral Ariano Suassuna/PE)
Local: Teatro Apolo, às 16h
Duração: 50 minutos

Homens e Caranguejos (Coletivo Cênico Joanas Incendeiam/SP)
Local: Teatro Hermilo Borba Filho, às 21h
Duração: 90 minutos

As Confrarias (Companhia Teatro de Seraphins/PE)
Local: Teatro Barreto Junior, às 20h
Duração: 70 minutos

Oficinas:

Por uma Metodologia da Encenação Teatral
Ministrante: Antonio Edson Cadengue
Local: Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães (a confirmar)
Data: De 25 a 29 de novembro, das 13h às 17h

Oficina de Teatro de Rua
Ministrante: Lindolfo Amaral
Local: Escola Pernambucana de Circo (a confirmar)
Data: De 25 a 29 de novembro, das 13h às 17h

Exercícios para uma Cena Dialética
Ministrante: Márcio Marciano
Local: Museu Murilo La Greca (a confirmar)
Data: De 25 a 27 de novembro, das 13h às 17h

Palestras:

A Experiência do Cooperativismo em São Paulo
Palestrante: Ney Piacentini
Data: 26 (terça-feira)
Local: Espaço Fiandeiros, às 18h0

O Grupo Gente Nossa e Movimento Teatral no Recife
Palestrante: Ana Carolina Miranda da Silva
Data: 26 (terça-feira)
Local: Salão Nobre do Teatro de Santa Isabel, às 18h

Tecendo Redes – A Redemoinho no Recife
Palestrante: Fernando Yamamoto e Ney Piacentini
Data: 28 (quinta-feira)
Local: Teatro Hermilo Borba Filho, às 18h

Serviço
Ingressos espetáculos nos teatros: R$ 10 e R$ 5 (meia entrada).
Os espetáculos de rua são gratuitos

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A entrevista com Leda Alves em vídeo

Gestora já atuou na Fundarpe, Fundação de Cultura Cidade do Recife, Teatro de Santa Isabel e Companhia Editora de Pernambuco

Gestora já atuou na Fundarpe, Fundação de Cultura Cidade do Recife, Teatro de Santa Isabel e Companhia Editora de Pernambuco

Como foi bem longa, dividimos o vídeo com a entrevista da secretária de Cultura Leda Alves, gravada semana passada e já postada em texto aqui no Yolanda, em três partes. Na primeira parte, ela fala porque aceitou o cargo e confessa que chegou a reclamar intimamente: “pô, isso chegar agora, na minha velhice?”.

Perguntada sobre a representatividade de sua figura (que assim como o escritor Ariano Suassuna, virou um escudo cultural do governador Eduardo Campos, desde sua gestão passada), de certa forma blindada com relação a críticas da categoria artística, ela reconhece isso, guardada as devidas proporções. Leda acredita que existe uma força maior e canta “não sou eu que me navego, quem me navega é o mar…”. E lembra-se da boa receptividade com sua chegada.

Ciente da competição das vaidades, das traições e deslealdades, da inveja que sempre rondam o poder ela confessa que já foi traída por um sujeito, que foi tirado do grupo. “Cheguei e encontrei uma equipe pequena, mas completamente apática”. E que vem lutando para melhorar as condições físicas de trabalho, “que são péssimas” e as condições salariais, “que ainda são bastante degradantes”.

Na segunda parte da entrevista, Leda Alves pontua que não houve transição da gestão anterior (o jornalista Renato L foi o secretário do prefeito João da Costa durante três anos e pouco e a produtora e atriz Simone Figueiredo assumiu os últimos meses). Anuncia o chefe da divisão de Artes Cênicas, o diretor, o pesquisador e diretor Romildo Moreira (indicado por Carlos Carvalho [diretor do Centro Apolo-Hermilo] e Williams Sant’Anna [do Teatro Luiz Mendonça]). Conta como resolveu os problemas da Orquestra Sinfônica do Recife e diz que ainda não tem uma definição sobre o Sistema de Incentivo à Cultura (SIC). Explica ainda que começou a trabalhar sem dinheiro: “a gente não tinha um tostão no orçamento. O orçamento não foi pensado”.

Na terceira parte da entrevista, a secretária fala da mudança de conceito. E que no São João os artistas locais ganharam espaço e que isso será repetido no Carnaval. Ela fez uma ressalta: “Nós não somos produtores. Muito menos de eventos. A proposta, o compromisso da secretaria de Cultura é fomentar, apoiar, incentivar, dar oportunidade e espaço a todas as expressões de nossa cultura, respeitando a tradição, respeitando o novo, respeitando o jeito que o Nordeste tem de brincar e de se alegrar, em todas as linguagens”.

Também ressalta que pretende investir a vocação do Centro Apolo-Hermilo de formação. E que os festivais de dança e de teatro já estão pensados e estão na mão de Carlos Carvalho, coordenador do Centro Apolo-Hermilo.

O fomento de artes cênicas, no valor de R$ 100 mil, que não é realizado há alguns anos, ela alega que tem que ser repensado. “Tem que se rever muito esse negócio de dinheiro público, de fomento, de fundo de cultura”. Leda também fala sobre a manutenção e ocupação dos teatros municipais e a política cultura que está construindo.

Entrevista com Leda Alves 1

Entrevista com Leda Alves 2

Entrevista com Leda Alves 3

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Balanço da gestão Leda Alves nas artes cênicas

Leda Alves, 82 anos, secretária de Cultura do Recife. Foto: Ivana Moura

Leda Alves, 82 anos, secretária de Cultura do Recife. Foto: Ivana Moura

Há alguns meses tentamos marcar uma entrevista com a secretária de Cultura Leda Alves. Mas o nosso encontro, por motivos vários, ainda não tinha dado certo. Depois de uma reunião do Fórum de Artes Cênicas, no último dia 14, no entanto, enxergamos o óbvio com muita clareza: essa conversa era fundamental. Afinal, passados oito meses de gestão, a equipe de artes cênicas não havia sido montada e a classe artística estava ali reunida, ouvindo um gestor técnico (Gustavo Catalano, gerente geral de ações culturais e infraestrutura da Fundação de Cultura da Prefeitura do Recife) perguntar se seria possível realizar o 18º Festival Internacional de Dança do Recife e o 16º Festival Recife do Teatro Nacional juntos. Não havia sequer uma resposta segura com relação aos orçamentos destinados aos dois eventos, completamente consolidados na cidade.

Em quase duas horas de conversa com a secretária, na última terça-feira (27), fizemos vários questionamos sobre diversos problemas da área de artes cênicas – o SIC (Sistema de Incentivo a Cultura), a manutenção dos espaços, a formação. Novamente, o óbvio ululante se instaura: há muito por ser feito e posicionamentos ainda bastante vagos. Leda Alves, pelo que demonstra na entrevista, deposita muita confiança e também responsabilidade no diretor, dramaturgo, ator e gestor Carlos Carvalho, que assumiu o Centro Apolo-Hermilo.

Aos 82 anos, a atriz e gestora, que já passou pela Fundarpe, Fundação de Cultura Cidade do Recife, Teatro de Santa Isabel e pela Companhia Editora de Pernambuco, e viu Geraldo Júlio e Eduardo Campos engatinhando, tem muitos desafios pela frente. Começou tentando exterminar os ratos e baratas que, explica ela, tomavam conta da sua sala no 15º andar da Prefeitura do Recife; e dividindo a sua sala noutras três, tão grande seria o espaço. Teria resolvido também os problemas da Orquestra Sinfônica do Recife; e agora, finalmente, durante a entrevista, anuncia o novo Chefe da divisão de Artes Cênicas (conhecido com gerente de artes cênicas): o diretor, dramaturgo e ator Romildo Moreira. Estão subordinados a ele o chefe do setor de serviços de Circo – Cleiton Osman Ferreira de Oliveira, nome também revelado na entrevista, o gestor responsável pela Dança, Fred Salim (que já assumiu o cargo) e o chefe do setor de serviços de Teatro. Esse último ainda não foi escolhido. Pelo menos até terça-feira passada. E ah, como o céu seria de brigadeiro se a pendência fosse só essa!

Entrevista // Leda Alves

Porque você aceitou ser secretária de Cultura do Recife?
Eu acho que a palavra nem é “aceitou”. A palavra é comparecer, dizer sim. O sim não quer dizer aceito. Quer dizer que acredita. Tenho uma perspectiva na minha vida muito ligada a uma fé, a um sentido da minha vida, a uma consciência de missão, a uma consciência de que sou parte de um plano de Deus. Não tenho dúvidas que Ele pensa em cada um de nós e, consequentemente, em mim também. E em toda a minha vida eu peço para eu não colocar obstáculos no plano de Deus sobre mim. Era tão fora da minha perspectiva essa secretaria! Porque eu tinha atravessado o momento mais difícil na Cepe (Companhia Editora de Pernambuco), que foi logo quando eu cheguei. Mas aí a gente abriu veredas do ponto de vista da democracia, da cidadania, da justiça social, da inserção e da abertura para outros códigos da cultura, muito sérias, profundas e bonitas. Nenhuma coisa que estou falando aqui se refere a mim. Eu só fui instrumento ali. Só chamei para junto de mim um bando de gente que acredita nas coisas e tem talento e deu no que deu. E aí eu estava vivendo o momento que o governador um dia me disse: “Leda, quando você colocar esse cargo nos trilhos, você viajar em céu de brigadeiro”. E eu brincava dizendo que parecia que o céu de brigadeiro estava chegando. Não deu duas! Eu estava em Exu, nas festas de Gonzaga, quando recebi o telefonema de Geraldo (Júlio), que eu conheço desde menino porque eu era amiga dos pais dele. Então foi uma pancada tão grande na minha cabeça, no meu coração, que eu estava almoçando, bebendo, saí da mesa e, quando voltei, não sabia nem em que chão eu estava pisando, voltei meio aérea. E à noite fui pro show e disse, “Geraldinho”! Eu não entendia o que ele estava me pedindo: “eu?”. Engasguei e disse: “Deixe eu conversar com Dudu (Eduardo Campos)”. “Mas é com o governador sabendo de tudo que eu estou telefonando”, ele respondeu. Aí eu fui ainda alimentando uma esperança que Eduardo dissesse: “não, eu não estou liberando você não. Quero que você termine meu governo”. Como ele dizia: “enquanto eu for governador, daqui você não sai”. Aí encontrei com ele à noite, ele beijou a minha testa e eu disse: “Dudu, olha a situação!”. Aí ele: “Vamos trabalhar? Eu quero você lá. Vamos trabalhar?”.

Espiritualizada, Leda Alves acredita em missão

Espiritualizada, Leda Alves acredita em missão

A sua escolha tem uma força política grande. E você, de certa forma, é uma pessoa, assim como Ariano, blindada com relação a críticas da categoria artística. O que você pensa sobre isso?
Guardando as devidas proporções com Ariano! Mas eu pensei sobre muitas coisas, sobre uma saudade do que não fui na minha juventude em relação a isso. Cheguei a reclamar dentro de mim: “pô, isso chegar agora, na minha velhice?”. Eu nunca pretendi, nunca insinuei, nunca desejei. Mas mais ligada ao doutor Arraes (Miguel Arraes de Alencar) do que eu era e depois a Eduardo? Que vi andando, engatinhando? Mas eu nunca insinuei nada disso porque sempre pensei que no balanço do mar..não sou eu quem me navego, quem me navega é o mar! (cantando). Então o mar para mim é uma força muito poderosa e eu sempre tento boiar na vida. Não de apatia, mas eu me largo completamente. E, se você não se largar, você não boia. É condição de boiar, você largar. Se você fizer uma forcinha, o corpo afunda. Então eu navego assim. Agora que estou terminando a missão? Chega um tamanho de missão desse? Mas, ao mesmo tempo, reflito: essa é a minha praia e eu trabalhei nela de várias maneiras, em várias frentes, desde quando tive minhas decisões de vida, de existência e de fé. Eu nunca tive desvio. Sempre fui desse lado e nesse código. O capitão Antônio Pereira dizia a Hermilo (Borba Filho) um negócio lindo: “ô Hermilo, só tem um caminho. O resto são veredas.” Eu nunca tomei outra vereda. Fui nesse caminho. Então agora você vai assumir a secretaria de Cultura. Sofri tanto ao longo desses caminhos vendo as besteiras que eram feitas, os desvios que faziam, a competição das vaidades, as traições e deslealdades com os outros, a inveja. Mas eu estava muito mais ligada aos artistas, apesar de sempre conviver com o poder. Mas o poder nunca me fez mal não. Eu ia como emissário. Agora quando eu aportei aqui, eu já vim bem, dessa expressão, que você usa, que eu senti que a categoria me quis. Eu vindo de Exu para cá, o telefone não parou um minuto. Das pessoas das mais diferentes linguagens, que me telefonavam, uns dizendo, “conte comigo, agora a coisa vai, a gente tem esperança, toque para frente, a gente ajuda no que puder”. Então isso é oxigênio. E eu tenho é que ouvir essas vozes. E se estão querendo, esperando e acreditando, é porque eu posso fazer, com eles eu posso. Aí eu vim para a posse. Também achei a receptividade da posse, quando meu nome foi anunciado, muito grande. E aí são as antenas de atriz, uma porção de coisas. Eu sou meio bicho para esse negócio de: comunico ou não comunico? Misturo pele, misturo uma porção de coisas…sinto logo quando a pessoa…não dá! Há pouco tempo eu tive uma reunião aqui, o sujeito estava sentado nessa cadeira, e eu disse: esse vai trair, esse não vai ser desse grupo. Não deu outra. Dez dias depois as coisas estavam virando e ele era o mentor da virada. Então isso eu sinto. Mas isso não é de agora não. Isso é de muito tempo! Então cheguei e tive uma reunião ainda no dia da posse. Eu acho que foi, porque eu cheguei até aos lugares sem pisar no chão, eu acho que é capaz de ter sido nessa sala. Quando eu disse a eles, aos funcionários, eu renovei o meu compromisso com eles que eu vivi há 28 anos. Se eu tenho hoje 82, eu tinha 54 anos. No auge da energia, já com uma maturidade, de experiência. Eu disse a eles que estou do lado deles, do ponto de vista do funcionalismo, do profissionalismo, da capacitação, das condições físicas de trabalho, que são péssimas, das condições salariais, que ainda são bastante degradantes. E aqui eu cheguei e encontrei uma equipe pequena, mas completamente apática. A barata “comia no centro”, quando você saia à noite, elas tomavam conta. Puxasse o telefone, saia uma barata de dentro. ‘Se botava’ spray para durante à noite não invadirem. Tinha rato, tinha barata, tinha tudo aqui dentro. Os roedores se misturavam com a gente. Cada vez que eu fui lá dentro e voltei…eu não sabia por onde começar! Mas fomos devagarzinho. Me pegaram logo, fizeram uma decoração de carnaval, logo no começo, do jeito que eu gosto. Pobre do ponto de vista do custo, mas sóbria, discreta e de bom gosto. Só com o essencial. Aí colocamos um som aí, só músicas de carnaval. Porque eu elogiei? Elogiei porque gostei e o pessoal nunca tinha tido um elogio. Aí eu os reuni aqui nessa sala para conversar sobre a situação de cada um, o que cada um fazia. As coisas mínimas! Muitos foram do meu tempo e outras não. Os mais novos não me conheciam. Olhe, houve gente que chorou, porque nunca tinha entrado nessa sala, nunca tinha sido ouvido, nunca tinha sido chamado pelo nome. Eu fui vendo como é fácil você administrar pessoas que têm a sensibilidade de sentir falta. Então vi que todos estavam vivos, todos estavam com possibilidade de querer alguma coisa. Hoje a gente está com uma equipe entusiasmada, cumprindo as etapas e as tarefas, querendo acertar. A equipe administrativa, que é a mais difícil, porque é meio cru, aquele negócio do papel, do papel, do papel. E eu tenho dado mais atenção a eles. Tirei umas coisas absurdamente erradas. Aí, para não sentirem muita falta, vai se colocando outras coisas. Estou apertando na disciplina de horário, coisas que incomodam. Tiramos uns negócios que eram assim já de vício.

Houve uma transição? Você chegou a conversar com Simone Figueiredo, a secretária da gestão anterior?
Não. Simone me entregou dizendo que tinham umas pastas e que, se eu precisasse de alguma coisa, se colocou à minha disposição, mas fui me virando com o pessoal que está aqui, que era com eles que eu tinha que viver.

Você sabe que viemos aqui principalmente para falar sobre as artes cênicas. Que é também a sua área. Então vamos começar: porque a gente não tem um gerente de artes cênicas? Porque a equipe de artes cênicas não está estruturada?
Passou a ter a partir de ontem (segunda).

Então anuncie! Que nós não estamos sabendo!
Danado é que eu não sei os nomes…

Saiu no Diário Oficial?
Não, não saiu ainda. Foram Carlos Carvalho (diretor do Centro Apolo-Hermilo) e Williams Sant’Anna (do Teatro Luiz Mendonça). Já sei. O gerente de artes cênicas é Romildo (Moreira). Agora a gente está pensando em Romildo. É porque mudaram as nomenclaturas. Agora ainda não foi publicado. Eu estou dizendo a vocês e vocês aguentem…Porque aí o prefeito vai dizer: eu nem assinei ainda a portaria e Leda já está dizendo?”.

Mas você sabe que toda a classe quer essa informação!
Uma coisa que eu acho formidável é que não há nenhuma pressão do prefeito em empurrar nomes. A gente está fazendo uma mudança agora radical no desenho do carnaval. A conversa da gente toda é com as agremiações. Ontem passamos a tarde com algumas categorias. Amanhã de tarde outra, depois de amanhã outra. Apresentando uma proposta e discutindo com eles. Para depois eu comunicar ao prefeito.

Mas sobre a sua equipe: eu conversei com Gustavo Catalano (gerente geral de ações culturais e infraestrutura da Fundação de Cultura da Prefeitura do Recife) na última reunião do Fórum de Artes Cênicas, no dia 14 de agosto, e ele me disse que ainda não tinha equipe porque não tinha encontrado as pessoas capacitadas.
Mas já está encontrando. Porque a gente está no fazer das nossas ideias e do que a gente sonha, do que a gente pensa em caminho novo – e nem sempre caminho novo obrigatoriamente é caminhado por jovens, mas por experiências renovadas, não é? A gente está ouvindo muito as pessoas que estão na área, trabalhando, caminhando, fazendo ou refazendo. Então isso tem sido uma hora de muita escuta.

Orquestra Sinfônica do Recife foi uma das primeiras bombas que estourou na mão da secretária

Orquestra Sinfônica do Recife foi uma das primeiras bombas que estourou na mão da secretária

Esse tempo foi essa escuta? Porque, afinal, são oito meses de gestão.
Também. Mas aí quando a gente está escutando, a gente também está operacionalizando muita coisa. Por exemplo, a Orquestra Sinfônica do Recife. Fui eu chegar e, um mês ou dois depois, estourou o negócio. E estourou não foi um fato isolado. E estourou, uma orquestra gritou: “estamos morrendo”. E morrendo por dentro. Até que vomitaram, de maneira errada ou certa, não quero avaliar a dor de ninguém. O fato é que Gioia (Osman) entregou o cargo, e a gente ficou: “e agora?”. Uma torre de Babel lá dentro. Cada um falava de um jeito, chorava de um jeito e agredia de outro.

Mas a sensação que se tinha na área de artes cênicas, logo que você chegou, uma pessoa da área. E nesse intervalo…
Artes cênicas não é só teatro não. Eu estou falando de ópera, eu estou falando de música clássica. E isso está sendo um feito muito bom, que essa Prefeitura está ganhando, rapaz! A gente trouxe Marlos Nobre, cidadão acima de qualquer suspeita. Ele não participa de nenhuma corrente artística aqui no Recife. Então ele entrou com muita competência, com um nome internacional. Foi ele quem me procurou para dizer: “estou acompanhando a agonia da Sinfônica. Eu sendo daí, estou sofrendo pelo Recife”. Eu estava almoçando quando ouvi uma frase: “Leda, pode contar comigo”. Isso não foi em vão, que eu ouvi essa frase! Ele falou, falou, e eu disse que voltava a ligar. Aí fui para o prefeito. Quando eu falei, contei tudo, ele disse: “vamos chamar esse maestro aqui?”. Levei, sentamos os três e ele ouviu de mim, do prefeito; e ele, naquela hora, Marlos saiu comprometido em cuidar da Sinfônica. E ele é muito mais do que um maestro. Está sendo um amigo, um irmão, um confidente, um psicólogo. Então ele restaurou por dentro os músicos. Os músicos hoje estão alegres. E ele pensava que não poderia preparar um concerto antes de três meses de trabalho. De tal maneira, porque ele viu como ela estava desfalcada, instrumentos, plano de cargos e carreira…Claro que isso é o somatório de muitas coisas que vivemos no passado, de muitos não, não, não, esquecimento, e tudo. Não é de valor do pessoal não. E ele investiu, ele apostou. Aí o prefeito disse: “Eu estou com você e o que você precisar eu quero fazer”. Pronto. Ele mergulhou dentro do teatro e amanhã (quarta / na realidade, o concerto foi adiado por conta do apagão no Nordeste) ele entrega a Sinfônica, que ele acha “eu estou entregando ao Recife uma Orquestra Sinfônica, que faz jus ao título de ser a mais antiga do Brasil”. É exercício. A gente não comprou os instrumentos ainda, porque o processo de comprar fora do país é coisa para seis meses de burocracia. Mas já está tudo levantado, aprovado por ele, aprovado pelo prefeito, é só o tempo de os instrumentos chegarem. Ele então resolveu, um negócio que eu achei formidável, pegar músicos jovens, do Conservatório Pernambucano de Música, do antigo Centro de Criatividade Musical, e também dos meninos do Coque, também era o sonho dele. Mas o juiz Targino (João Targino) não concordou e não cedeu um músico para se incorporar à orquestra! O que eu achei lamentável! Então ele (Marlos Nobre) pegou: são quinze ou dezesseis, que também estreiam agora, já ganhando, pouquinho, mas ganham, e de janeiro em diante a gente vai ver. Isso daí, nessa área, missão cumprida, no sentido de ter limpado o chão, tirado as cascas de ferida, ninguém comenta mais o passado, tem gente que já estava se entregando à bebida, entendeu? E ele levantou tudo. Ele é forte e ao mesmo tempo muito suave.

Mas esse descontentamento é o que a senhora vai encontrar, pelo menos se Gustavo conversou com a senhora depois da reunião do Fórum de Artes Cênicas, nas três áreas, circo, teatro e dança. Porque as pessoas estavam muito cansadas. Porque estavam com aquela esperança e aí chegou o mês de agosto e não tinha gerência! Na reunião ouvimos um gestor perguntar: “e aí, quais são os problemas do festival de teatro e do festival de dança?”. Nós estamos em agosto, um dos festivais era teoricamente em outubro, o outro em novembro, “quais são os problemas do festival para a gente tentar resolver?”. Como assim? Você não tem nem gerente! Se você tivesse um gerente, ele saberia dos problemas. A gente tem uma avaliação do festival de teatro todo ano.
Não… Foi horrível.

Então os festivais, isso não é nenhuma novidade para quem é da área. Isso é uma construção. Então eu queria saber sobre os principais problemas das artes cênicas. Por exemplo, nessa reunião, foi levantada a questão do SIC. Como será resolvida a questão do SIC?
Vai se resolver. Todas as questões vão ser resolvidas primeiro numa mesa, conversando. E aos pouquinhos isso está acontecendo. Você veja a conferência da gente, se bem que eu acho que têm coisas muito deficitárias nas conferências: por exemplo, a ausência de artistas. Na minha opinião, ela é muito mais um encontro de política partidária. E a ausência de jovens. Acho que discutir partido é outra coisa. Participei de tudo. Foram horas difíceis, por conta das brigas das correntes e das tendências. Mas eu achei: classe média lá não pisou. Tudo foi comunidade. Mas fizemos e abrimos a porta para ingresso de outras faixas da sociedade civil. O SIC é uma coisa que a gente vai, já começamos a pensar, a tratar, e ver como é que a gente vai fazer. É claro que a gente vai ver como é que conduz. Discutindo. Há quem pense que a gente deveria deixar o que não foi feito, não foi feito, e começar a pensar e organizar de agora pra diante. Esse é um pensamento, com o qual eu me afino mais. Eu não posso dizer a vocês ainda. O universo é muito grande. A Sinfônica me pegou muito tempo, porque a gente não tinha um tostão no orçamento. O orçamento não foi pensado.

Essa foi uma situação geral? Todas as secretarias chegaram sem dinheiro?
Praticamente.

Por que isso aconteceu?
Porque não foi planejado antes. A gente agora já tem que encaminhar todas as verbas para o próximo ano. E se ela não foi pensada, a LOA (Lei Orçamentária Anual), e tudo, a gente não tem. Tudo é o prefeito que está encaminhando, suplementação, suplementação.

Vamos para os festivais. E os festivais? Como você vai resolver essa pendenga?
Vão acontecer. Não é pendência não. A cada dia basta o seu fardo. Então cada vez que vem, a gente se senta, pensa, reflete, discute e tenta fazer. Graças a Deus o pessoal do secretariado, a parte de finanças, está olhando com muita boa vontade, com muito respeito e credibilidade os pedidos de Cultura, que não são pequenos. A gente saiu com o carnaval. Quanto é que a gente gastou no Carnaval? Eu sou péssima para números! Este carnaval vai ter um desenho completamente diferente dos outros.

Qual a diferença?
Construído! Vai ser diversificado, vai ser realmente discutido, como a gente fez o São João. Eu vou dizer uma coisa que digo sempre. Eu não pensei em viver a experiência que vivi no São João. Pode para vocês ser até…até artesanal. Mas nós, este ano, eu queria que vocês ressaltassem isso, a gente passou a usar, nas nossas programações artísticas e culturais, um instrumento chamado edital. Esse edital é uma coisa formidável. Fizemos no São João. Esse edital democratiza e evita injustiças, abre espaço e vez para todos. Se bem, um parêntese, a gente vai ver como reformular as leis que regem um item que se chama prestação de contas, documentação, para os artistas populares. Isso bate no Tribunal de Contas, mas isso a gente ainda pensa em mudar. Mas, fechando o parêntese, com o edital, todo mundo tem acesso. Não tem boquinha também: eu não recebo pedido seu, pedido seu, pedido seu. Parente, aderente, neto, avó, compadre, nada! Aí vem: “Leda..”. Eu secretária, então! “Meu grupo, não sei o que, não sei o que”. Eu digo: “vocês se inscreveram no edital?”

Mas isso especificamente para o São João?
Não! Vou fazer para carnaval, vou fazer para Natal. É caminho definido de politização, política cultural. Não há apelação, quem não estiver inscrito no edital, perdeu! E aí eu recebo os nomes, a relação toda, e a gente vai sentar aqui, uma equipe, e vai decidir.

Então existe uma mudança de conceito. Com relação ao São João, é o forró pé-de-serra? Em detrimento aos outros?
Não! Coco, ciranda, aboiador, todas as expressões concernentes ao nosso São João, a gente descobriu, catucou, vem pra cá! Vamos nos apresentar!

Mas o que não era do nosso São João, por exemplo, que estava tendo vez?
Tinha, tinha muita coisa de fora que vinha para cá porque tinha prestígio. O que todos nós vivemos, não precisa eu denunciar. Todos nós vivemos e sabemos qual era a receita: era a da amizade, do sujeito que tem nome, da sujeita que tem fama. Se você fosse ao Sítio da Trindade, não precisava eu falar nadinha! Você ia ver a mudança que foi esse São João no Sítio da Trindade, em estética, beleza, organização e a qualidade do que se apresentou no palco. E tem mais, viu? Não houve uma briga, assalto, furto!

O Carnaval vai seguir essa linha? Não precisa ter artista de fora?
Não, não precisa. Este ano teve, mas para o próximo não. Agora a gente ainda não pode dizer como vai ser a abertura do carnaval, porque o grande homenageado deste carnaval será o frevo.

Mas vamos voltar ao assunto festival. Os festivais de dança e teatro, que são para agora, como você está pensando em produzir esses eventos?
Você usou uma palavrinha que eu não uso. Nós jamais produzimos. Nós não somos produtores. Muito menos de eventos. A proposta, o compromisso da secretaria de Cultura é fomentar, apoiar, incentivar, dar oportunidade e espaço a todas as expressões de nossa cultura, respeitando a tradição, respeitando o novo, respeitando o jeito que o Nordeste tem de brincar e de se alegrar, em todas as linguagens. Para as artes cênicas, eu pensei muito no Centro Apolo-Hermilo. Não foi nem um minuto pelo nome de Hermilo apenas. Mas é porque o projeto daquilo é que seria um centro de formação. Ele foi durante um tempo no começo, mas depois os tumultos da vida foram afastando, afastando. E hoje eram dois espaços sem nenhuma linha cultural, de compromisso, de nada. Aquele “espontaneísmo” da mediocridade. Então chamei para lá Carlos Carvalho, que estava no Governo do Estado. Conversei com Fernando (Duarte) e pedi Carlos para a gente. Ele é um homem de artes cênicas, escritor, encenador, foi ator. Mas ele é um idealizador, um líder e também com muita ligação com a cultura popular. Por coincidência, ele é hoje o homem de teatro que mais trabalhou sobre a obra de Hermilo, adaptando até para a dança. Ele seguiu essa estética. Passou seis anos no Governo do Estado, exatamente trabalhando muito com os artistas populares. Aí chamei Carlos. Ele veio para cá e está dando tempo integral. E aí ele está pensando. O projeto dele tem coisas muito boas de formação. E os festivais estão acontecendo, irão acontecer, já estão pensados, todos eles.

Secretária afirma que festivais de dança e de teatro já estão pensados

Secretária afirma que festivais de dança e de teatro já estão pensados

Como assim já estão pensados? Se a gente, há menos de um mês, teve uma reunião com a classe em que não sabíamos nem o orçamento dos festivais?
Vocês sabem que Carlos Carvalho é o coordenador do Centro Apolo-Hermilo? E esses projetos de festival estão na mão de Carlos.

Como é que ele vai dar conta de dois festivais e do Centro de Formação Apolo-Hermilo?
Você vai perguntar a ele. Ele está com esses dois festivais, distribuiu nos outros teatros.

Mas você está falando do Festival Recife do Teatro Nacional? Porque geralmente há uma curadoria, além do coordenador, o que demanda um tempo.
Mas isso está havendo. Procure Carlos, converse com Carlos.

Está bem. Vamos adiante. Outra questão é sobre o fomento de artes cênicas, que sempre foi alvo de muitos questionamentos, principalmente por conta do valor, que é apenas de R$ 100 mil. E há alguns anos ele não sai.
Deixa eu dizer uma coisa a vocês. Não está decidido, não foi maturado, mas eu acho que tem que se rever muito esse negócio de dinheiro público, de fomento, de fundo de cultura. Um produtor veio um dia me pedir um apoio para uma viagem para o exterior. E aí ele disse, agora você me dá, vamos dizer, R$ 20 mil, para os atores poderem sair, passear, comprar presentes, beber, uma farrinha. Você não tem o despudor de me pedir isso não? Desde quando dinheiro público é para isso? Para isso ele bota a mão no bolso, do dinheiro dele, que ele leva. E quem não leva porque não pode levar, não faz farra, nem traz presentes. O que é isso? Eu vou custear isso? Já sabe que não vai. Não dou um tostão. Então você não sabe o que é se sentar nessa mesa e ouvir pedido. Vem as coisas mais absurdas do mundo pedindo dinheiro para você! Porque há uma deformação. O sujeito vem com uma série de apoios e vem, pede R$ 90, pede R$ 80, pede R$ 120 mil. Pede 13 passagens de ida e volta para a Europa, 20 passagens. Então não há nenhuma consciência disso. Você foi para o Funcultura (Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura), você recebeu? Como também a gente sabe que um projeto encaminhado ao Funcultura, um fulano pode ser beneficiado em seis projetos. Quando ele vai somar os dinheiros, botou um bom dinheiro no bolso. Entendeu? Muda só a posição dele, o nome do projeto, mas é tudo uma mesma cadeia. Essas coisas têm que ser moralizadas.

Você pensa em criar um fundo municipal, como o Funcultura?
Eu estou dizendo a você que como está não presta. Agora qual é o caminho que a gente vai seguir, vocês também têm que propor. Está na hora de propor. Vocês sabem quando a coisa não presta. Vocês sabem quando não está correto o negócio. Só não presta quando não vem benefício? Quando vem benefício para mim eu me calo? Não pode! Olhe, facilitar isenção de pauta no Teatro de Santa Isabel. Eu entrei radical. Eu só dou isenção quando o ingresso é de graça. Chega um sujeito cheio de apoios e cobra R$ 80, R$ 100, R$ 120 por ingresso. E eu vou dar o da gente de graça? Não. Agora, se é de graça, se vem com preços populares, às vezes simbólicos só, se a troca é, como por exemplo, com Deborah Colker. Esse espetáculo de hoje (terça) à noite, que a gente ajudou, ela deu para a Prefeitura do Recife, para a secretaria de Educação. As escolas da gente vão todas hoje. O que ela está chamando de ensaio aberto. É o espetáculo. Então negocio com isso, com uma troca de benefícios. Se você faz de graça, você tem todo o meu apoio, se você está entregando ao povo um produto de primeira, de graça, eu também vou dar ao povo o Teatro de Santa Isabel de graça.

Você saberia dizer quanto Deborah Colker recebeu?
Foi R$ 20 mil. Só para a secretaria de Educação a gente entregou 1.200 ingressos. E teve uma oficina de dança. Aí ela deixa um benefício aqui.

Vamos adiante. Queria saber sobre a manutenção dos nossos teatros e aí, claro, vamos entrar inevitavelmente na questão do Teatro do Parque.
Que não é da secretaria de Cultura, é da Fundação de Cultura, mas já foi criado um grupo, os projetos já estão sendo desenhados. Isso aí vai para frente. Eu tenho certeza que agora o Teatro do Parque vai. É coisa para mais um ano, um ano e tanto, talvez até dois anos.

Daqui a dois anos, quando o Teatro do Parque completar cem anos, ele vai estar aberto? Vamos lá, o seu compromisso para a câmera!
Vai, vai estar aberto. É Roberto Lessa quem está encarregado disso, mas eu participo de algumas reuniões. Porque o Teatro do Parque pertence à Fundação de Cultura. Ele e o Barreto Júnior. Daqui são Teatro de Santa Isabel, Dona Lindu, Apolo-Hermilo, o de Peixinhos. Esses, fizemos um grande projeto pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), encaminhamos ao Minc (Ministério da Cultura), o Iphan liderando isso, e chegou o sinal verde de que tinham sido aprovados os projetos para restauração de luz e de som. Dinheiro do Ministério da Cultura.

Para compra de equipamentos de luz e som?
Exatamente. Eu acredito! Se eu não acreditar, o que é que eu faço?

Pensando no Teatro do Parque como um problema que vem desde a outra gestão, você não vai gostar da palavra mas, existem outras heranças malditas?
Palavrinha muito cansada. Mas não. Eu prefiro não falar sobre isso. Porque é tão contundente, que eu prefiro não falar. Vamos trabalhar, vamos colocar para frente, o pessoal de Carnaval, que diziam tanta coisa, a gente vai pagar os atrasados. Tenham paciência, porque tudo agora é emergencial!

A sua principal vertente em formação é o Centro Apolo-Hermilo? E o que você vai fazer com relação à Escola João Pernambuco?
Mas ela não pertence à secretaria de Cultura não. Pertence à secretaria de Educação. Agora, no afã da Sinfônica, falamos muito sobre ela. Acho que o maestro até ia visitá-la. Mas eu ouvi do secretário de Educação, numa conversa, que está tirando a João Pernambuco do lixo, do chão. Está levantando.

E sobre o Apolo-Hermilo?
Eu quero dar uma ênfase muito grande ao Apolo-Hermilo. A Semana de Hermilo, que há três anos não acontecia, ela nasceu muito bem, ela foi muito bem, uns quatro, cinco anos, depois ela caiu. Ela caiu e caiu para a mesmice, para a coisa medíocre e morreu. Agora Carlos (Carvalho) deu uma linha dos espetáculos populares nordestinos, ele trouxe o filé de tudo e, a partir dali, debates com teóricos, com estudiosos, com doutores, com especialistas e com os mestres populares. A gente repetiu um modelo que aconteceu com o Teatro do Estudante de Pernambuco no fim dos anos 1940. A gente voltou a reunir os mestres populares para discutir as coisas. Agora, não sei porque, público lá não foi. Quinze, vinte pessoas é muito pouco.

Falando do Apolo-Hermilo, uma das vocações do Apolo-Hermilo, por ser um centro de formação, é o de fomentar o novo…
O que você entende por novo?

É o teatro contemporâneo, instigar o novo, a produção, discutir dramaturgia.
Você não acha que o contemporâneo também se alimenta do acúmulo de experiências do que você viveu? Você transforma, você renova. Então a gente não pode excluir nada. A pauta do Hermilo está aberta para ocupação do teatro, diferente do Santa Isabel. O espaço do Santa Isabel não pode ser para um teatro experimental. Não pode ser um teatro de comunidade que vem testar. Não se estreia espetáculo no Santa Isabel. Ele é um teatro municipal, que tem características, que tem peso, um custo altíssimo, cada vez que aquela cortininha se abre. Ali só pode vir espetáculo testado já. Quando Carlos Carvalho estreou O inimigo do povo, eu disse: “de jeito nenhum. Você vá embora para os outros teatros, enxuga esse espetáculo, amadureça. Quando ele tiver vida já testada e tiver pauta no Santa Isabel você traz. Mas aqui não se pode experimentar”. Agora, o Apolo-Hermilo, não quer dizer com isso que venha qualquer porcaria, porque toda peça, há que haver uma avaliação. Não pode chegar assim. Vamos fazer das coisas um passo para a melhoria. O que você faz numa sala no seu bairro, numa garagem, você dali está caminhando, pensando em um dia levar para a cena mesmo. Para isso você tem que testar o começo, acrescentar as coisas, dominar as técnicas e capacitar o elenco. Ninguém nasce pronto, não é? Para um dia chegar lá. Agora nessa semana (Hermilo) o que eu achei formidável é que tinha espetáculos de dança contemporânea e tinha espetáculos de dança popular. Entendeu? E o debate não foi grande porque o público não dizia nada.

Uma das preocupações de Leda é com sua equipe de funcionários

Uma das preocupações de Leda é com sua equipe de funcionários

Que tipo de política cultural você está construindo? Você teria um conceito?
Eu não formulo pensamentos. Até porque vocês falam em sete meses, isso não é nada. Isso não é nada. Eu só consegui diminuir o meu gabinete, que era muito grande – do que a gente tirou, eu fiz três salas. A gente não arrumou a casa, o programa de cargos e salários dos funcionários. Arrumei umas melhorias pequenas, estou moralizando um negócio que se chama diária de evento. Diária de evento surgiu no meu tempo. Não fui eu quem inventou não, mas é do meu tempo. Para os funcionários que trabalhavam, vamos dizer, nos ciclos culturais. E trabalha, viu? O pessoal administrativo vê o dia clarear preparando pagamento. É incrível. Então há o valor de uma diária, duas, três, dependendo do quanto você trabalhou. Isso seria um nome para gratificação. Isso de tal maneira se alastrou, que entra saúde, entra tudo com diária de evento. E ela se transformou em complementação salarial. Eu chamo você para um trabalho e lhe digo: “o seu salário é R$ 1,2 mil, mas você tem de diária de evento outro pacotão. Isso não incorpora na sua aposentadoria, não incorpora em nada. Então a gente está acabando com isso. Ela voltar a ser, até haver outra possibilidade, das pessoas que trabalham mais, ganhar mais.. Mas isso é uma máquina tão ronceira, que por mais que a gente esteja tentando impregnar de prazo para poder viver… A mínima coisa! Prazo para se cumprir, ninguém cumpre! Então colocar esse negócio para a frente. Você não pode ir para casa tendo um ofício pra despachar. Volta para a tua mesa, despacha tudo, vá para casa, bote a cabeça no travesseiro dizendo: “fiz”. E transformar em servidor público um funcionário público é um processo de mutilação, às vezes, porque é muito difícil. Então não é uma frase que vai dizer o que a gente pensa. É uma constatação depois que a gente estiver fazendo. Se daqui a um tempo vocês disserem: “Leda, em que você acha que vocês mudaram?”. Que não sou eu! Ou esse bonde vai junto ou não caminha. Aí a gente hoje é uma secretaria assim, quero informatizar ela todinha, mas isso não se faz em dois meses, nem com pouco dinheiro. Agora é que eu estou colocando uma pessoa para captação de recursos. A engrenagem é muito difícil! Mesmo que todos os secretários não tenham mais do que 45 anos, é tudo gente bem jovem, mas é fogo! Eu esperneio, perco paciência, difícil, muito difícil.

Qual o seu sonho? Quando você deixar essa secretaria, o que você quer? Deitar no travesseiro e dizer: “fiz”?
Se ela puder ser democrática, se ela puder refletir a vontade do povo, sem demagogia, se ela puder criar espaço para todos os artistas terem condições de desenvolver o seu talento, o seu ofício, viver do seu ofício e ser feliz! Se a secretaria de Cultura puder contribuir para isso, eu me dou por satisfeita.

O prefeito é sensível à cultura?
Sensibilíssimo. Não é artista, mas ele é…você falou, ele diz: “não posso, agora não dá” ou diz: “vamos fazer”. Não enrola. Esse defeito ele não tem.

Muito obrigada!
Obrigada por eu ter a chance de falar nas coisas nas quais eu acredito.

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Centro Apolo-Hermilo já tem diretor

Carlos Carvalho

Carlos Carvalho aceita convite de Leda Alves para assumir Centro Apolo-Hermilo

Carlos Carvalho é o novo diretor Centro de Formação e Pesquisa das Artes Cênicas dos Teatros Apolo e Hermilo Borba Filho. Sua nomeação saiu nesta quinta-feira no Diário Oficial do Recife, assinada pelo prefeito Geraldo Julio. Ele foi convidado pela secretária de Cultura do Recife, Leda Alves. Ontem pela manhã fez suas despedidas do cargo anterior, de diretor da Diretoria de Políticas Culturais e se colocou à disposição do secretário Fernando Duarte para fazer a transição. “Fiz uma reunião com todas as coordenadorias”, contou. “Ainda não sei quem irá para o cargo que eu exercia na Fundarpe, mas já separei todos os arquivos e estou disponível para auxiliar no que for preciso”, garante.

Para ele é um desafio assumir a direção do Apolo-Hermilo. “O ponto-chave da minha decisão foi ajudar Leda (Alves) a colocar o Centro de Pesquisa na missão que ele tem desde seu nascedouro. Não estou dizendo que ele nunca esteve ou não está, mas é preciso cumprir essa função na íntegra, desde o organograma, discutir com grupos e associações e que não seja só um repassador de pauta”, argumenta.

Carvalho deixou a Diretoria de Políticas Culturais da Secretaria de Cultura do Estado

Carvalho deixou a Diretoria de Políticas Culturais da Secretaria de Cultura do Estado

Carvalho elencou para Leda uma série de ações que deseja realizar ou potencializar. Como o Centro de Documentação Osman Lins, a Semana Hermilo Borba Filho e os projetos O Solo do Outro, e Aprendiz em Cena. “Com um GT vamos discutir a formação e a pesquisa. Leda está disposta e aberta. Ela quer ações estruturadoras, quer abrir a casa para o diálogo e trabalhar tanto com a tradição como a contemporaneidade e deixar o Centro em condições técnicas para novas experiências”.

Carlos Alberto Carvalho Correia começou a fazer teatro aos 11 anos, no grupo teatral do Colégio Castro Alves. A equipe era orientada pela atriz e professora de teatro Ruth Bandeira, que era do elenco do Teatro Popular do Nordeste (TPN). De lá para cá não parou mais, como ator e depois como diretor de teatro.

Como intérprete, participou de várias montagens na cidade. Entre elas, Sobrados e Mocambos, de Hermilo Borba Filho, dirigido por Guilherme Coelho, com o Grupo de Teatro Vivencial; Viúva, porém Honesta, de Nelson Rodrigues, dirigida por Antonio Cadengue, Galileu Galilei, de Bertolt Brecht, e É…, de Millôr Fernandes, ambas encenadas por Milton Baccarelli. Também participou dos elencos da Paixão de Cristo de Nova Jerusalém e do Mamulengo Só-Riso.

Como diretor assinou montagens como Duelo, adaptado do conto O Duelo, de Guimarães Rosa, Zumba, a Gloriosa Vida e o Triste Fim de Zumba-sem-Dente, primeira peça da trilogia baseada em contos de Hermilo Borba Filho. As outras duas foram Mucurana, o Peixe, a partir do conto O Peixe e O Palhaço Jurema e os Peixinhos Dourados, elaborado com base em O Palhaço.

Novo diretor está envolvido com as artes cênicas há quase 50 anos

Novo diretor está envolvido com as artes cênicas há quase 50 anos

Dança ou retorno às cadeiras – No Diário Oficial da Prefeitura do Recife de ontem foram publicados outras nomeações. Essas portarias começam a mapear os cargos ligados à Cultura, já que todos os servidores comissionados foram exonerados pela nova gestão de Geraldo Julio. Alguns voltam nas mesmas ou em outras funções. Os nomeados da Secretaria de Cultura são:

LEONOR MESEL, cargo de provimento em comissão de Assessor Técnico I, símbolo “CAA-1”

MARIA DO CARMO CONCEIÇÃO LÉLIS, cargo de provimento em comissão de Assessor Técnico I, símbolo “CAA-1”

SEBASTIÃO ALBEMAR GONÇALVES DE ARAÚJO, cargo de provimento em comissão de Assessor Técnico I, símbolo “CAA-1”

SOLANGE MARIA PIMENTA, cargo de provimento em comissão de Assessor Técnico, do Gabinete, símbolo “CAA-3”

MARIA JOSÉ DE OLIVEIRA, cargo de provimento em comissão de Assistente de Serviços do Gabinete, símbolo “CAA 4”

RITA DE KÁSSIA CANDEAS NERY, cargo de provimento em comissão de Assistente do Conselho Municipal de Política Cultural, símbolo “CAA-1”

OSMAM GIUSEPPE GIÓIA, cargo de provimento em comissão de Regente Titular da Orquestra Sinfônica do Recife, símbolo “CDA-1”

MARIA DA CONCEIÇÃO FARIAS TABOSA, cargo de provimento em comissão de Gerente de Preservação de Equipamentos Culturais da Diretoria de Administração Setorial, símbolo “CAA-2”

MARIA DA CONCEIÇÃO SOARES MARQUES DA CUNHA, cargo de provimento em comissão de Gerente de Administração e Serviços da Diretoria de Administração Setorial, símbolo “CAA -2”

EVANDRO DA SILVA SOUZA, cargo de provimento em comissão de Assistente de Serviços da Diretoria de Administração Setorial, símbolo “CAA-4”

ZÉLIA RAMOS SALES, cargo de provimento em comissão de Gerente de Controle de Preservação do Patrimônio Cultural Imaterial, símbolo “CAA-2”

MÁRIO RIBEIRO DOS SANTOS, cargo de provimento em comissão de Gerente Operacional do Centro de Formação, Pesquisa e Memória Cultural, símbolo “CAA-3”

PERÁCIO GONDIM GUIMARÃES JÚNIOR, cargo de provimento em comissão de Assistente de Serviços de Preservação do Patrimônio Cultural, símbolo “CAA-4”

MARIA DE BETÂNIA CORRÊA DE ARAÚJO, cargo de provimento em comissão de Diretor do Museu da Cidade do Recife, símbolo “CAA-1”

SANDRO VASCONCELOS DA SILVA, cargo de provimento em comissão de Gerente de Serviços de Iconografia e Museologia do Museu da Cidade do Recife, símbolo “CAA-4”

CARLOS TORRES DA SILVA, cargo de provimento em comissão de Gerente de Serviços de Montagem do Museu da Cidade do Recife, símbolo “CAA-4”

JUDITH ELIZABETH MATTA RIBEIRO, cargo de provimento em comissão de Diretor do Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães, símbolo “CAA-1”

CRISTIANE MABEL MEDEIROS VERÍSSIMO DO NASCIMENTO, cargo de provimento em comissão de Gerente de Conservação e Acervo do Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães, símbolo “CAA-2”

WILTON ANDRADE DE SOUZA, cargo de provimento em comissão de Gerente de Serviços de Manutenção do Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães, símbolo “CAA-4”

GUSTAVO NEVES DE SÁ ALBUQUERQUE, cargo de provimento em comissão de Gerente de Montagem do Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães, símbolo “CAA-4”

TEREZA JANAÍNA FREITAS, cargo de provimento em comissão de Assistente de Serviços do Centro de Documentação e Biblioteca Lígia Celeste, símbolo “CAA-4”

JULIANA LINS DE SIQUEIRA TELES, cargo de provimento em comissão de Gerente de Serviços de Arte Educação do Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães, símbolo “CAA-4”

MARIA DA PAZ DOS SANTOS BRANDÃO, cargo de provimento em comissão de Diretor do Espaço Cultural Pátio de São Pedro, símbolo “CAA-1”

BRUNO PADILHA CASTANHA, cargo de provimento em comissão de Gerente de Operação e Manutenção do Espaço Cultural Pátio de São Pedro, símbolo “CAA-3”

PATRÍCIA REIS DE FREITAS, cargo de provimento em comissão de Diretor do Sítio da Trindade, símbolo “CAA-1”

LAUDINIZ GABRIEL DE OLIVEIRA JÚNIOR, de provimento em comissão de Gerente de Operação e Manutenção do Sítio da Trindade, símbolo “CAA-3”

VIVIANE BARBOSA DA CRUZ, cargo de provimento em comissão de Assistente de Serviços do Sítio da Trindade, símbolo “CAA-4”

ARNALDO JOSÉ DE SIQUEIRA JUNIOR, cargo de provimento em comissão de Gerente de Atividade Pedagógica do Centro de Formação e Pesquisa das Artes Cênicas Apolo/Hermilo, símbolo “CAA-2”

ELIANE CÂNDIDA DO NASCIMENTO, cargo de provimento em comissão de Assistente de Serviços do Centro de Formação e Pesquisa das Artes Cênicas dos Teatros Apolo/Hermilo, símbolo “CAA 4”

ALFREDO SÉRGIO FREIRE BORBA, cargo de provimento em comissão de Gerente de Serviços de Patrimônio e Documentação do Centro de Formação e Pesquisa das Artes Cênicas Apolo/Hermilo, símbolo “CAA-4”

JOSÉ JORGE CORDEIRO DA COSTA, cargo de provimento em comissão de Gerente de Serviços de Operação e Manutenção do Teatro Apolo, símbolo “CAA-4”

GENILDO MARTINS MONTEIRO, cargo de provimento em comissão de Gerente de Serviços de Operação e Manutenção do Teatro Hermilo Borba Filho, símbolo “CAA-4”

ÉRIKA KARLA GOMES LEITE, cargo de provimento em comissão de Gerente de Serviço de Contrato e Locação do Centro de Formação e Pesquisa das Artes Cênicas Apolo/Hermilo, símbolo “CAA-4”

IZOLDA SOARES BARRETO cargo de provimento em comissão de Gerente de Serviços de Finanças do Centro de Formação e Pesquisa das Artes Cênicas Apolo/Hermilo, símbolo “CAA-4”

JOÃO DO CARMO B. CAVALCANTI, cargo de Assistente de Serviço do Teatro de Santa Isabel, símbolo “CAA-4”

ADRIANA MÁRCIA PAZ DE LIMA, cargo de provimento em comissão de Assessor Técnico do Centro de Artes Cênicas dos Teatros Apolo e Hermilo Borba Filho, símbolo “CAA-1”

EUCLIDES VIEIRA DA SILVA, cargo de provimento em comissão de Assessor Técnico II do Teatro Luiz Mendonça no Parque Dona Lindu, símbolo “CAA-2”

RODRIGO DE MORAES SOBRAL, cargo de provimento em comissão de Assistente Técnico da Área Externa no Parque Dona Lindu, símbolo “CAA-4”

JOANA D’ARC DE SOUZA LIMA, cargo de provimento em comissão de Diretor da Galeria Janete Costa no Parque Dona Lindu, símbolo “CAA-1”

MARIA ELIZABETE RAPOSO SOARES BITTENCOURT, cargo de provimento em comissão de Assessor Técnico I da Janete Costa no Parque Dona Lindu, símbolo “CAA-1”

SIMONE FERREIRA LUIZINES, cargo de provimento em comissão de Assessor Técnico II da Galeria Janete Costa no Parque Dona Lindu ,símbolo “CAA-2”

ROBERTO CARLOS AVELINO DE PONTES, cargo de provimento em comissão de Assessor Técnico II do Teatro Luiz Mendonça no Parque Dona Lindu, símbolo “CAA-2”

TIAGO DE ARAÚJO SANTOS, cargo de provimento em comissão de Assistente Técnico do Teatro Luiz Mendonça do Parque Dona Lindu, símbolo ” CAA-3

SEBASTIÃO FELICIANO DO VALE FILHO, cargo de provimento em comissão de Assistente Técnico do Teatro Luiz Mendonça do Parque Dona Lindu, símbolo “CAA-3

EDUARDO DE ALBUQUERQUE AUTRAN, cargo de provimento em comissão de Assistente Técnico do Teatro Luiz Mendonça do Parque Dona Lindu, símbolo “CAA-3”

FERNANDO FÉLIX ALCÂNTARA, cargo de provimento em comissão de Assistente Técnico do Teatro Luiz Mendonça do Parque Dona Lindu, símbolo “CAA-3”

E alguns cargos da Fundação de Cultura Cidade do Recife:

IVISON DE CASTRO SILVA NOGUEIRA, cargo de provimento em comissão de Gerente Operacional de Gestão de Pessoas, símbolo “CAA-3”, da Diretoria de Administração e Finanças da Fundação de Cultura Cidade do Recife

ANA BEATRIZ DE ALCÂNTARA FARIAS, cargo de provimento em comissão de Assessor Técnico

VALDETE MARIA SILVA RODRIGUES, cargo de provimento em comissão de Gerente de Serviços de Controle Orçamentário, símbolo “CAA-4”, da Diretoria de Administração e Finanças da Fundação de Cultura Cidade do Recife.

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Brincadeiras de Natal

Espetáculo junta várias manifestações populares. Foto: Inaldo Menezes/PCR

Todo Natal tinha aquela alegria na praça: os folguedos populares. O auto marítimo desse ciclo chamado fandango com seus marujos de roupas branquinhas fazia a imaginação voar para longe, em busca de terras desconhecidas.

Conta-se que o Fandango original já fez parte de peças teatrais da marujada, e da nau catarineta. O termo suscita versões controversas. Há pesquisadores para explicar a origem árabe da manifestação e outros que garantem que ela vem da Península Ibérica. Existem outras vertentes.

O fandango sobrevive em Alagoas. E um dos grupos de lá, do Pontal da Barra, do mestre Vavá, participa da montagem Brincadeiras de Natal. O elenco veste as roupas branquinhas e bem passadas que lembram outras trupes que olhos mais verdes viram no passado.

A futura secretária de Cultura do Recife, Leda Alves, estava lá, sentada na primeira fileira, acompanhando ontem o espetáculo Brincadeiras de Natal, na Praça do Arsenal, no Bairro do Recife. A encenação reúne o Reisado da Boa Vista (Garanhuns), Fandango do Pontal Barra das Alagoas, Guerreiro do Sol Nascente (Água Fria, Olinda), Pastoril Estrela Brilhante (Água Fria, Olinda) e Boi Estrela (Prazeres, Jaboatão dos Guararapes).

Neste domingo haverá mais uma sessão, às 18h. O cantor Geraldo Maia interpreta as jornadas dos vários folguedos e o ator Júnior Aguiar é uma espécie de mestre de cerimônias, que anuncia os brincantes. A direção é de Marcondes Lima e a direção musical de Dinara Pessoa.

SERVIÇO

Brincadeiras de Natal
Quando: hoje (23), a partir das 18h
Onde: Praça do Arsenal, Bairro do Recife
Quanto: Gratuito

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