Ói Nóis Aqui Traveiz ficou para a próxima…

Ivonete Melo falando na coletiva de imprensa do anúncio da programação. Foto: Val Lima/Divulgação

“Porque a Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz não veio ao festival?” Essa foi a minha primeira pergunta ontem, na coletiva de imprensa do anúncio da programação do Festival Recife do Teatro Nacional, no Teatro Hermilo Borba Filho. Nós vimos o novo espetáculo do grupo, Viúvas – performance sobre a ausência, no festival Porto Alegre em Cena. E ficamos felizes em saber que o grupo provavelmente voltaria ao Recife para apresentar a montagem em Peixinhos, que foi onde esse projeto começou a ser idealizado. Lá em Porto Alegre, a encenação era numa ilha.

Viúvas - Performance sobre a ausência começou a ser idealizado no Recife

Postei uma foto de Viúvas e uma legenda dizendo que o espetáculo não vinha por conta de agenda. Mas o curador do festival Valmir Santos fez um comentário no post dizendo que “é improcedente a informação de que a Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz não vem ‘por conta de agenda’. Foram nove meses de articulação junto a esses artistas. Eles sempre tiveram empenhados para que Recife recebesse a residência com oficina em seis regiões mais as sessões, numa delas, de Viúvas – Performance sobre a Ausência. Infelizmente, o Festival não teve condições de acolher o projeto como idealizado”. Valmir ainda está em São Paulo e, portanto, não participou da coletiva de imprensa.

Então resolvi transcrever exatamente o que foi dito pelo coordenador do festival Vavá Schön-Paulino – para esclarecer (ou suscitar mais dúvidas):

“Infelizmente, o Viúvas não vem. É uma dor, mas são os problemas da produção e da tentativa de harmonização de um festival que tem tempo definido e com as agendas dos grupos. Nesse sentindo, da nossa tabela original, nós perdemos dois grupos: o Ói Nóis Aqui Traveiz que viria com Viúvas e com uma oficina que seria voltada para a descentralização, para as RPA’s e também perdemos o Teatro Máquina, do Ceará. O Teatro Máquina perdemos assim de última hora, há uma semana. E Valmir teve que correr para substituir, foi quando entrou o Olodum. Então, o Ói Nóis Aqui Traveiz não pode vir por conta de problemas da agenda deles com as nossas datas e também ficou muito imprensado, porque também haveria uma demanda muito grande para a produção da oficina e eles assumiram também um compromisso lá com o estado do Rio Grande do Sul. Apareceu para eles uma atividade para ser feita no interior, o que impossibilitava eles estarem aqui. Porque para fazer o Viúvas e a oficina eles tinham que chegar aqui em Recife 15 dias antes do festival começar, no início de novembro e só ir embora depois. Então não dava para cobrir esses compromissos que apareceram lá no Rio Grande do Sul. Para quem não sabe, o Ói Nóis tem mais de 30 anos de vida. É um grupo de teatro que tem um compromisso político, eu diria mesmo, usando o jargão da história do teatro, eles fazem um teatro engajado, um teatro político e eles ainda hoje lutam muito no Rio Grande do Sul, tanto na capital Porto Alegre quanto no estado. Então era super importante para eles fazerem isso e aí isso impossibilitou a presença deles aqui, infelizmente. Porque o Viúvas é uma coisa linda, lá eles fazem numa ilha e aqui seria no Nascedouro, aproveitando as ruínas”.

Espetáculo Viúvas foi apresentado em Porto Alegre numa ilha que serviu como cadeia

Ah….faltam apenas cinco dias para o festival começar e o site http://www.frtn.com.br/ainda está com a programação do ano passado. Como o festival pretende agregar mais público, se comunicar, se uma ferramenta tão importante não tem a merecida atenção? Parece que esse ano a avaliação do festival começou um pouco mais cedo….

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3 pensou em “Ói Nóis Aqui Traveiz ficou para a próxima…

  1. vivi bezerra

    Que coisa desagradável. Limitações orçamentárias todo festival tem e em Recife não é diferente, então as coisas precisam ser assumidas, conversadas abertamente. Qual a questão com isso? O problema é quando o Festival quer ser maior do que dá, quando dá um passo maior que as pernas e depois tem que voltar atrás desconvidando grupos e Cias, e não se trata de fazer uma reavaliação, perceber que desta vez em algum lugar a verba terá que ser cortada, mas a meu ver o grande problema está nas prioridades e na falta de diretrizes para este Festival Nacional. Me pergunto porque já não temos um orçamento fixo para as atividades anuais realizadas pela Secult e FCCR? Temos 300mil, 600mil, temos quando? Fiquei curiosa sobre a Eletrobrás, cadê? Perdemos o patrocínio por qual motivo? Será que a captação de recursos da Prefeitura pode nos dizer abertamente? Outra grande questão é a grana, que poderia trazer o Ói Nóis e outros espetáculos, que é gasta anualmente com aluguel de equipamento de luz e som. Falando o óbvio, repetindo a velha ladainha, se tivéssemos em nossos teatros bons equipamentos, se a manutenção fosse realizada regularmente, economizaríamos tanto que daria para fazer uma programação artística com uma qualidade ainda maior, não limitando tanto o processo curatorial de um Festival importante como esse. Lamentável!

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  2. Leidson Ferraz

    Essa Prefeitura do Recife, tsc tsc tsc… Sei não. E quanto gastam mesmo para fazer esse festival? Ah, e quando vão pagar o mais recente Prêmio de Fomento às Artes Cênicas? As contas nos bancos dos artistas vencedores, abertas para receber a mísera quantia de R$ 20 mil, estão sendo canceladas pelas agências por falta de dinheiro! Prometido, e ainda não cumprido. Isso é um absurdo! Que essa gestão fique bem longe do teatro, porque atenção, de fato, nunca deu. Xô! Fora! Todos! As artes cênicas do Recife não querem vocês como gestores. Ah, e quanto gastam mesmo neste festival? Tsc tsc tsc. Lembraremos todos desses descalabros na hora do voto! Xô João dá às costas ao Recife e todos que estão com ele. E tenho dito, sempre. Xô! Foraaaaaaaa!

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  3. Titina

    Eu iria para o Recife só ver o Ói Nóis (que infelizmente nunca esteve aqui em Natal com espetáculos) e aí essa triste notícia. Conversei com Tânia e ela falou que o motivo não foi a agenda do grupo, eles estavam muito afim de vir. Uma pena sem tamanho.

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