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Na alquimia dos tempos*

Luciana Lyra e José Barbosa. Foto:

Luciana Lyra e José Barbosa

Janeiro de 2013, cheguei num crepúsculo embraseado.
Um fim de tarde quente a embalar Nova Jerusalém.
Um espiral de tempos me tomou inteira, o coração sentiu. Há nove anos estive aqui, atuei na Paixão de Cristo. Há nove anos saí de Recife para São Paulo, e, lá, gestei cenas e personas, umas também paridas aqui. E aqui estou eu novamente. Espiralar. Novamente estarei aqui em cena. Lanço-me a uma emoção antiga de quem já esteve, mas também a uma emoção nova, por que agora terei meu corpo como palco da grande mãe, senhora das almas e pensamentos. Maria. Ela já se anuncia em flashs das gravações, ela vem como um espectro shakespereano a me rondar. Ela vem carregada de tantas e aqui estou eu já a encarnar, a alquimizar forças dos céus e terra para corporificar o mando materno e secular.

*** Depoimento escrito por Luciana Lyra, atriz pernambucana que vai interpretar Maria na Paixão de Cristo de Nova Jerusalém, especialmente para o Satisfeita, Yolanda?. Esta semana o elenco esteve reunido para gravar o material de divulgação da temporada 2013 do espetáculo, que será de 22 a 30 de março. Uma das novidades, falando em pernambucanos no elenco, é a estreia de Tiago Gondim (ator do grupo Os Embromation) no papel de João – é o único que acompanha Jesus até a sua morte, ao lado de Maria e Madalena. Parabéns, Tiago! 🙂

Fizemos também uma entrevista com o ator José Barbosa, que interpreta Jesus. Confira!.

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O nosso Jesus

José Barbosa interpreta Jesus pelo segundo ano. Foto: Fábio Jordão/Divulgação

A temporada 2013 da Paixão de Cristo de Nova Jerusalém será de 22 a 30 de março. Esta semana quem seguiu para Fazenda Nova foi o ator pernambucano José Barbosa, que pela segunda vez tem a responsabilidade de interpretar Jesus. Zé e parte do elenco gravam o material promocional que será utilizado este ano e aproveitam para acertar detalhes da encenação. Antes de colocar o pé na estrada, o ator conversou com o blog, disse que a peça é um instrumento de evangelização e falou da expectativa em contracenar com a amiga Luciana Lyra, atriz também pernambucana que assume o papel de Maria este ano.

ENTREVISTA // José Barbosa

Lembro que ano passado escrevi que o seu Jesus era muito humano. O que você aprendeu com esse papel?
Aprendo todo dia que a doação, o amor e a fé, fortalecem o espírito. Continuo trabalhando nesse Jesus humano, mais irmão do que pai, um professor, mostrando o caminho, ensinando como se chega ao Deus Pai, vivendo da maneira que viveu, na simplicidade, sem pompa, com medos, anseios, fúria, dúvidas, mas acima de tudo um amor imensurável.

O que você quer que as pessoas vejam a partir da sua interpretação?
Que cada pessoa pode ser um pouco desse Jesus. Que as palavras ditas toquem diretamente na alma destas pessoas, que as cenas façam com que o público reflita, medite e compreenda o que significa amar o próximo e a Deus sobre todas as coisas. Esse espetáculo é também instrumento de evangelização, não apenas uma peça teatral.

Ano passado havia muita expectativa porque, afinal, era uma estreia. E agora? Como crítico de si mesmo, em que você acha que pode melhorar?
Em tudo. Quero uma evolução diária, constante, estudar mais, melhorar, afinal não é um personagem qualquer, é Jesus Cristo. Ele é vivo, ainda busco entendê-lo.

Conversando com José Ramos, ele me disse: “Depois de tantos anos, não podemos falar mesmo em novidades, mas em ajustes, principalmente no jeito de interpretar das pessoas que chegam. Cada um tem o seu jeito, o ritmo, mas o espetáculo é maior do que o ritmo de cada um. Eles até nem dizem, mas sentem muito o impacto de estar num teatro desse tamanho”. Sei que você já está na Paixão há um bom tempo, mas esse impacto ainda existe?
Sempre. É uma responsabilidade do tamanho da cidade-teatro. Pisar em Nova Jerusalém é impactatnte e emocionante, arrepia e traz uma felicidade que só quem participa de coração aberto sabe. Quanto as mudanças, elas acontecem sim. Teremos, por exemplo, mudanças no figurino do espetáculo: sacerdotes, soldados, Pilatos, Herodes, Herodíades, Maria, Madalena e Jesus terão novas roupas mais realistas, fruto de pesquisas feitas durante o ano, redesign feito por Vitor Moreira (criador do figurino original da Paixão de Cristo de Nova Jerusalém) em parceria com Marina Pacheco que encabeçou as pesquisas.

Este ano, Maria também será pernambucana. Qual a sua expectativa? Você acha que este é um sinal da força da encenação, independente das relações comerciais (já que trazer atores de fora é uma questão que passa muito pelo comercial)?
Estou ansioso. Luciana Lyra é uma ATRIZ, em caixa alta mesmo, amiga querida, linda, tem uma bagagem gigantesca no que diz respeito a teatro. Quero aprender, trocar. Estar em cena com Lu interpretando Maria é um sonho bom, daqueles que acordamos sorrindo. Sou a favor da qualidade e da verdade como forma de passar a mensagem. Se esses objetivos são alcançados, a soma deu um bom resultado.

Uma das coisas que também dissemos é que provavelmente a sua carreira seria em muito impulsionada pela Paixão. O que aconteceu neste ano? Quais seus projetos para além da Paixão de Cristo?
Tenho projetos, mas não gosto de comentar, por serem projetos. Gosto de falar quando se consolidam e se tornam algo concreto. Mas tem coisa boa por aí.

Se em Nova Jerusalém você é Jesus, no Baile do Menino Deus fez José. Como foi essa experiência?
Experiência Linda. Sou de Limoeiro, interior de Pernambuco, e o Baile do Menino Deus é uma festa de brincadeiras populares que via na infância. Junto a essa festa, tem o nascimento do menino Jesus; e interpretar o pai dele na Terra, São José, que o ensinou o ofício da carpintaria, que amou Maria e criou esse menino que seria o redentor, cantar acalantos ao lado de Isadora Melo (cantora maravilhosa) que fez a Maria, para aquela criança no palco do Marco Zero, com a cenografia e figurinos de Marcondes Lima, direção de Ronaldo Correia de Brito e Quiercles Santana, com uma orquestra sob a batuta do Maestro José Renato Acioly, com coro adulto e infantil, bailarinos incríveis, Arilson Lopes e Sostenes Vidal como os Mateus, é algo inesquecível. Hoje o filho cresceu, tem 33 anos e é a cara do pai (José).

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Paixão que deixa saudades

Dentro das muralhas de Nova Jerusalém. Foto: Pollyanna Diniz

Parece que faz tanto tempo desde a Semana Santa! É..não só parece, faz mesmo! Ainda assim, não queria deixar de compartilhar aqui como fiquei feliz em ver a performance de José Barbosa como Jesus na Paixão de Cristo de Nova Jerusalém. Foi o Satisfeita, Yolanda? quem primeiro disse que Zé tinha conseguido o papel! (Lembram?!)

Meses depois, lá estava ele: seguro, ciente da importância da sua atuação, mas muito tranquilo – suave e ao mesmo tempo impactante como pede o personagem. Uma surpresa para mim foi Caco Ciocler como Judas. No dia em que vi a encenação, o ator enfrentou alguns problemas no áudio – para quem estava pertinho, parecia que ele não tinha decorado o texto direito, não sabia o tempo da fala. Ainda assim, Caco conseguiu humanizar a figura de Judas de uma forma muito interessante. Como ele mesmo disse, alguém tinha que fazer o papel de traidor para que tudo aquilo acontecesse e o cristianismo fosse o que é hoje.

Caco Ciocler como Judas

Para completar este post, recebemos uma colaboração especial do ator Ricardo Mourão (obrigada, Mourão!):

“No décimo segundo ano de participação na Paixão de Cristo de Nova Jerusalém, repasso esses anos com gratidão e alegria. Mais um ano de encenação, novidades que engrandecem o espetáculo, expectativas e uma convivência de dezesseis dias dentro da muralhas da cidade teatro acabam nos sensibilizando, nos fazendo refletir sobre nossa arte e a grandiosidade de nosso trabalho.

Este ano, conosco estão Caco Cicler, Ellen Roche, Mouhamed Harfouch e Larissa Maciel, trazendo um novo frescor e a inevitável troca de experiências. Pessoas talentosas e empenhadas em fazer um belo trabalho, buscadores como todos nós, encantados com tudo, ávidos por poder contribuir da melhor forma para a encenação. O aprendizado tem sido constante e as cenas crescem com esses colegas e novos amigos.
Nossos queridos colegas José Barbosa, Wilma Gomes e Ricardo Neves defenderam papéis de destaque nesta edição, um presente para todos nós! Assim como todos os demais colegas, que igualmente desempenham seu trabalho com vontade e profissionalismo!

Tendo inovações no figurino, iluminação, efeitos especiais e som, a Paixão de Cristo se reinventa a cada ano, diante de uma mesma história, com os mesmos personagens, diante de um público enorme, que vibra, aplaude e participa atento em todas as cenas. Um desafio constante!

A mecânica do espetáculo consumiria muito tempo e páginas para que pudesse retratar fielmente o que vemos todos os dias.

Acredito ser bastante difícil para o público e até para colegas de profissão precisar o imenso trabalho envolvido nessa encenação. São inúmeros profissionais, trabalhando em conjunto, para que tudo saia a contento. Um verdadeiro batalhão de técnicos faz dos bastidores um espetáculo à parte. Da alimentação, infraestrutura de acomodações, alimentação, contra regragem, guarda roupa, maquiagem, publicidade, som, luz, diretores, assistentes e coordenadores de área até a figuração e pessoal de apoio interno e externo, são mais de quinhentas pessoas envolvidas diretamente com a montagem. Para que tudo funcione, cada grupo trabalha com afinco e competência.

Os diretores Carlos Reis e Lucio Lombardi, juntamente com o presidente da Sociedade Teatral de Fazenda Nova, Robinson Pacheco, são os regentes dessa imensa “máquina” de sonhos. Avaliações diárias, conversas e reuniões, orientações individuais e em grupo dão ao elenco o acompanhamento necessário e o apoio essencial.

Nesses doze anos defendendo o papel do Sumo Sacerdote Caifás, sinto como estar aqui me engrandece, mais do que como profissional, como ser humano. Diante da história, do “sonho de pedra” de Plínio e Diva Pacheco, ouvindo os relatos emocionados de queridos colegas, que aqui estão há décadas, como Jones Melo, João Ferreira, Hugo Martins e Ednaldo Lucena, para citar apenas alguns, percebo o privilégio de fazer parte dessa história.

Estar em “Nova Jerusalém” está além de mais um simples trabalho. É entrar em contato com uma história de luta, de entrega e paixão. É ter o prazer de vivenciar o encantamento! Muitas outras temporadas venham!”

(texto de Ricardo Mourão para o Satisfeita, Yolanda?)

Ricardo Mourão como Caifás

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