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Competências de aprendizado em xeque

Marcos Breda e Luciana Fávero em Oleanna. Foto:   Monica Vilela/ Divulgação

Marcos Breda e Luciana Fávero em Oleanna. Foto: Monica Vilela/ Divulgação

Um duelo entre professor e aluna. Ela, prestes a ser reprovada, cria uma argumentação para culpar o mestre por uma suposta negligência (do ponto de vista dela) da arte de ensinar. Ele, numa posição hierárquica superior, tenta sair da situação sem ser atingido no seu posto. Esses são os dois personagens do espetáculo Oleanna, que faz única apresentação hoje, às 19h, no Teatro Luiz Souto Dourado, dentro do Festival de Inverno de Garanhuns.

O texto do norte-americano David Mamet leva para a cena a impossibilidade de comunicação entre pessoas com processos de raciocínio díspares. Existe uma tensão nessa relação de poder. A aluna habita o mundo da metonímia, enquanto o professor habita o mundo da metáfora.

Contada em três cenas, Oleanna expõe e questiona uma antiga regra de que o mestre tem o poder de avaliar e consequentemente aprovar ou não seu discípulo. Ao aluno cabe o papel de estudar e esperar pela nota.

A estudante universitária do espetáculo tem dificuldade de aprender. E vai tomar satisfação com o professor pela baixa nota de seu trabalho. Nesse jogo é feita uma série de insinuações de competências, que abala as posições de poder.

O texto de Mamet fala sobre poder e os pontos que estruturam a “verdade” e os preconceitos

O texto de Mamet fala sobre poder e os pontos que estruturam a “verdade” e os preconceitos

A peça da Cia Teatro Epigenia, sob a direção de Gustavo Paso, tem no elenco Luciana Fávero, como a estudante; e Marcos Breda e Miwa Yanagizawa se revezam na função do professor, ou podem atuar juntos.

SERVIÇO
Espetáculo Oleanna
Quando: Segunda-feira, 20 de julho, às 19h
Onde: Teatro Luiz Souto Dourado (Garanhuns)
Tempo de Duração: 75 minutos
Classificação: Não recomendado para menores de 14 anos

Ficha técnica
Texto: David Mamet
Tradução: Marcos Daud
Direção: Gustavo Paso
Elenco: Marcos Breda e/ou Miwa Yanagizawa e Luciana Fávero
Cenário: Gustavo Paso e Teca Fichinski
Figurinos: Teca Fichinski
Iluminação: Paulo Cesar Medeiros
Trilha Composta: Andre Poyart
Assistente de direção: Mônica Vilela

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Folia cênica para Gonzagão

Rei do Baião é celebrado com cores, som e paixão. Fotos: Ivana Moura

Rei do Baião é celebrado com cores, som e paixão. Fotos: Ivana Moura

logo garanhunsO público de Garanhuns já estava totalmente nocauteado, no bom sentido, conquistado, entregue, emocionado, agradecido com o espetáculo Gonzagão – A Lenda, de João Falcão. Para dar o arremate final, o carioca de origem paraibana Marcelo Mimoso canta Onde o Nordeste Garoa, de Luiz Gonzaga, já nos agradecimentos. Ele, que era taxista e vocalista de uma banda de forró e foi levado para o teatro por Falcão, se disse muito honrado em se apresentar na terra de Dominguinhos. Era o que faltava para consolidar o clima sentimental para a plateia de quase duas mil pessoas, que lotou o Palco Pop, na noite de sexta-feira do Festival de Inverno de Garanhuns.

O musical foi concebido para celebrar Luiz Gonzaga, o Rei do Baião (1912-1989), no centenário de seu nascimento. Já tem muitos quilômetros de estrada. A adesão do público é alta por onde passa. Uma cena vibrante, com uma trilha sonora bem executada e um elenco afinado a contar de um jeito bem particular a trajetória de um herói da música brasileira.

João Falcão embaralha a trajetória do Rei do Baião com a de uma trupe, Barca dos corações partidos, que mambemba com a história de Gonzagão. O dramaturgo e diretor se afasta de uma concepção biográfica ou de um compromisso com a verdadeira história de Gonzaga. Não é um espetáculo documental e muitas das quadros foram inspirados em causos que o próprio Luiz Gonzaga contava em seus shows.

E isso fica claro desde o início do espetáculo, quando o elenco entoa em versos: “Quase tudo que sabemos / Do nosso protagonista / Vem de gerações extintas / De um tempo a perder de vista / O resto nós deduzimos / Juntando pista com pista / Por Deus, perdoem os deslizes / Que certamente virão / As imprecisões dos fatos / Os erros de condução / As relevantes ausências / No enredo desse baião”.

A fluidez dramatúrgica é equalizada por uma encenação ágil, bem-humorada, de uma musicalidade contagiante. Falcão acelera o texto com flashes da história do protagonista real/ficcionado, em que os atores assumem vários papeis e a troca entre eles se dá como uma passagem de bastão imaginário. É uma profusão de informações, sem ordem cronológica, permeados por lindas músicas e uma movimentação de cena em ritmo alucinante.

Marcelo Mimoso e Larissa Luz como Gonzagão e Branca

Marcelo Mimoso e Larissa Luz como Gonzagão e Branca

A outra “subtrama” é da atriz que vira a cabeça de todos integrantes do grupo. Mas nessa trupe, segundo o líder não há espaço para a mulher, porque ela desestrutura o ambiente. A atriz e cantora Larissa Luz no papel de Branca não se intimida e sai com os versos “Que diferença da mulher o homem tem? Espera aí, que eu vou dizer, meu bem! Se Eva deu mancada, Adão também deu!”, em Pouca Diferença, com pegada de jazz. A intérprete transborda de energia, sensualidade e vigor e colabora para manter um espetáculo pra cima.

Até tornar-se uma lenda, Gonzagão encara muitas aventuras, que são traduzidas no palco nesses dramas curtos, justapostos, com as canções conduzindo as cenas. Das melodias choradas da sanfona, são apresentadas quase 40 composições, entre elas, Cintura fina, O xote das meninas, Qui nem jiló, Xamego, Baião, Olha pro céu e Asa Branca. Os arranjos musicais tomam outras ousadias, como Roendo Unha como drum’n’bass e Assum Preto como uma peça para violoncelo e voz.

No elenco estão Marcelo Mimoso, Adrén Alves, Alfredo Del Penho, Eduardo Rios, Fábio Enriquez, Thomas Aquino, Renato Luciano , Ricca Barros e Larissa Luz, além dos músicos Rick de La Torre, Daniel Silva, Beto Lemos e Rafael Meninão.

Encontro de Gonzagão e Gonzaguinha em Sangrando

Encontro de Gonzagão (Marcelo Mimoso) e Gonzaguinha (Alfredo Del-Penho) em Sangrando

O reencontro entre Gonzaguinha e Gonzagão é um momento especial e ganha um tom emotivo por tudo que o público sabe, ou imagina, sobre pai e filho. Os atores Marcelo Mimoso e Alfredo Del-Penho dividem a música Sangrando.

Adrén Alves, Ricca Barros e Renato Luciano, no musical que celebra o Rei do Baião. Fotos: Ivana Moura

Adrén Alves, Ricca Barros e Renato Luciano, no musical que celebra o Rei do Baião.

O ator Adrén Alves carrega na garganta vários timbres. Com sua aparência andrógina, ele desliza por personagens masculinos e femininos com muita facilidade. Assume o papel de Santana, a mãe de Gonzaga, se traveste de demônio, ou se queda amorosamente apaixonado. O pernambucano Thomas Aquino (que já foi do Cordel do amor sem fim) trafega com desenvoltura por vários personagens.

A movimentação cênica de Duda Maia enche o palco, com o entra e sai de atores, que carregam os elementos de cada cena. Sergio Marimba, que assina a cenografia e os adereços, criou as sanfonas cenográficas, que produzem um belo efeito. Os figurinos, com seu acento clownesco, são de Kika Lopes.

Nessa celebração à vida, João Falcão inventou um encontro que nunca ocorreu: entre Luiz Gonzaga e Lampião. É uma peleja bem interessante que traz para a peça as experimentações temporais do diretor.

Depois de um solo de rabeca comovente de Beto Lemos, o musical encerra em tom apoteótico, otimista, arrebatado, com Óia eu aqui de novo.

A trupe inteira fica "louca" por Branca.  O primeiro da esquerda é o pernambucano Thomas Aquino

A trupe inteira fica “louca” por Branca. O primeiro da esquerda é o pernambucano Thomas Aquino

* A jornalista Ivana Moura viajou a convite do 25º Festival de Inverno de Garanhuns

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Artes cênicas do FIG 2015

Musical Gonzagão, a lenda, de João Falcão, será apresentado no Palco Pop/Forró. Foto Joanisa Prates

Musical Gonzagão, a lenda, de João Falcão, será apresentado no Palco Pop/Forró. Foto Joanisa Prates

Está bem carioca o segmento de teatro adulto da programação de artes cênicas do 25º Festival de Inverno de Garanhuns – FIG. São cinco espetáculos do Rio de Janeiro (Gonzagão, A Lenda, da Companhia A Barca dos Corações Partidos; Oleanna, de Pasodarte Eventos; As Bondosas, da Cia. SOS de Teatro Investigativo; O Pastor, do Cine Teatro Produções e No Buraco, Etc e Tal Produção Cultural), um da Paraíba (Quincas, do Grupo de Teatro Osfodidário, com duas apresentações), um do Rio Grande do Norte (Jacy, Grupo Carmin) um do Rio Grande do Sul (GPS Gaza, Cia. de Solos e Bem Acompanhados) e um de Pernambuco. A seleção está boa, talvez a melhor dos últimos anos. Mas sentimos falta de montagens do Recife nesse bloco.

Marcelo Francisco em Frei Molambo

Marcelo Francisco em Frei Molambo


A representante pernambucana é Frei Molambo, com pauta para o dia 24 de julho. Com atuação de Marcelo Francisco, Frei Molambo é uma peça do Grupo Cínicos de Cênicas, de Garanhuns, com texto de Lourdes Ramalho e direção de Anne Amorim e do próprio Marcelo Francisco. Uma primeira versão da peça com Marcelo Francisco esteve no FIG anos atrás.

Os artistas recifenses do segmento reclamam pelas redes sociais. É legítimo que questionem a ausência de outras produções da cidade, pelo porte do festival e pela visibilidade. Talvez seja o momento de o festival criar um braço de circulação para expandir a vida desses espetáculos. Ou e também, os mesmos atores, diretores descontentes precisem se articular por uma política cultural que atenda às suas demandas.

Salada Mista está na programação infanto-juvenil

Salada Mista está na programação infanto-juvenil

Já na categoria teatro para a infância o FIG incluiu três peças pernambucanas: Haru, A Primavera do Aprendiz, com Rapha Santacruz, Salada Mista, da Cia. 2 Em Cena e Era Uma Vez Um Rio, da Cênicas Cia. Repertório. O grupo de Salada mista reinventa o conto de Chapeuzinho Vermelho, em versão de telenovela situada na década de 1960, com músicas da Jovem Guarda. A Cênicas Cia. promove um encontro de amor entre o menino Guto já adulto e seu velho amigo, o rio de sua infância.

Gonzagão, A Lenda, da Companhia carioca A Barca dos Corações Partidos, com texto e direção do pernambucano João Falcão é uma festa para os sentidos. Celebra com música e dança a obra do rei do Baião. A única apresentação ocorre no Palco Pop/Forró – Parque Euclides Dourado, na sexta-feira, às 19h. Com certeza vai aquecer o começo da noite.

No mesmo dia, um pouquinho antes, às 17h, será exibido Quincas, com o Grupo de Teatro Osfodidário (PB). O espetáculo passou recentemente pelo Recife. É uma comédia divertidíssima, com ótimos atores que interpretam os quatro inseparáveis amigos dessa figura icônica de Salvador. Curió, Negro Pastinha, Cabo Martim e Pé-de-Vento narram a história de Quincas, livre adaptação do livro A morte e a morte de Quincas Berro D’agua, do escritor baiano Jorge Amado.

O Teatro Luiz Souto Dourado será ocupado na quinta (16), às 19h, dia da abertura do FIG, com um show para a homenageada do festival, a escritora Luzilá Gonçalves Ferreira. Trata-se do espetáculo musical Porcelana, de Alaíde Costa e Gonzaga Leal, com a participação da atriz Ceronha Pontes, recitando textos de Luzilá.

Voltaremos a falar da programação das artes cênicas do 25º Festival de Inverno de Garanhuns.

PROGRAMAÇÃO DE ARTES CÊNICAS

Sexta-feira, 17/7
TEATRO ADULTO
17hQuincas, comGrupo de Teatro Osfodidário (PB)
Onde: Teatro Luiz Souto Dourado

19hGonzagão, A Lenda, com Companhia A Barca dos Corações Partidos (RJ)
Onde: Palco Pop/Forró – Parque Euclides Dourado

Sábado, 18/7
CIRCO
16h – Clube dos Palhaços, com Irmãos Brothers (RJ)

DANÇA DE RUA
16h – Ressonâncias, Quik Cia. de Dança (MG)

TEATRO PARA A INFÂNCIA
16hHaru, A Primavera do Aprendiz, Rapha Santacruz (PE)
Onde: Espaço da Dança e do Teatro para a Infância – Parque Euclides Dourado

TEATRO ADULTO
19hQuincas, com Grupo de Teatro Osfodidário (PB)
Onde: Teatro Luiz Souto Dourado

Domingo, 19/7
CIRCO
16hUm Dia de Circo na Praia – Uma Aventura Inusitada, Escola Pernambucana de Circo (PE)

DANÇA
16hNordeste, A Dança do Brasil, Balé Popular do Recife (PE)
Onde: Espaço da Dança e do Teatro para a Infância – Parque Euclides Dourado

TEATRO ADULTO
19hJacy, com o Grupo Carmin (RN)
Onde: Teatro Luiz Souto Dourado

Segunda-feira, 20/7
CIRCO
16hFamília Vidal, 5ª Geração no Picadeiro, Disney Circo (PE)

TEATRO ADULTO
19hOleanna, Pasodarte Eventos (RJ)
Onde: Teatro Luiz Souto Dourado

Terça-feira, 21/7
CIRCO
16hCirco Malabarístico, com Irmãos Becker (SP)

TEATRO PARA A INFÂNCIA
16hSalada Mista, com Cia. 2 Em Cena (PE)
Onde: Espaço da Dança e do Teatro para a Infância – Parque Euclides Dourado

TEATRO ADULTO
19hAs Bondosas, Cia. SOS de Teatro Investigativo (RJ)
Onde:Teatro Luiz Souto Dourado

Quarta-feira, 22/7
CIRCO
16hFamília Alves – Tradição Centenária, Circo Alves (PE)

DANÇA
16hNem Janeiro nos Separa, com Vivarte Cia. de Danças
Onde: Espaço da Dança e do Teatro para a Infância – Parque Euclides Dourado

TEATRO ADULTO
19hGPS Gaza, Cia. de Solos e Bem Acompanhados (RS)
Onde: Teatro Luiz Souto Dourado

Quinta-feira, 23/7
CIRCO
16hO Mundo Encantado do Circo Alakazam, Circo Mágico Alakazam (PE)

DANÇA
16hMajho Majhobê Olubajé, Cia. Pé-Nambuco de Dança
Onde: Espaço da Dança e do Teatro para a Infância – Parque Euclides Dourado

TEATRO ADULTO
19hO Pastor, Cine Teatro Produções (RJ)
Onde: Teatro Luiz Souto Dourado

Sexta-feira, 24/7
TEATRO DE RUA
10hCafuringa, Grupo Cafuringa (PE)
Onde: Palco da Cultura Popular – Largo do Colunata

CIRCO
16hCarrilhão, Coletivo Nopok (RJ)

TEATRO PARA A INFÂNCIA
16hEra Uma Vez Um Rio, Cênicas Cia. Repertório
Onde: Espaço da Dança e do Teatro para a Infância – Parque Euclides Dourado

TEATRO ADULTO
19hFrei Molambo, Marcelo Francisco (PE)
Onde: Teatro Luiz Souto Dourado

Sábado, 25/7
CIRCO
16hCena Circo: Mostra de Números Circenses:  Movimento Esférico (César Rossi); Malabares em Cena (Irmãos Michel); Um Presente Muito Suspeito 
(Trupe Circuluz); Duo de Contorção (Kelly Trindade); A Grande Fuga (Mickael Marvey); Balé Clássico Aéreo (Giovannia); Palhaço Charlito (Ronaldo Aguiar)

DANÇA
16hMostra Coreográfica: UNFO (Mangueboys); Solo no estilo Tribal Fusion (Alê Carvalho); Original Funk (Funkynáticos) | Caminhos (Fábio Soares da Silva);  Retrô 20 Anos (Academia de Dança Marta Melo) ; Coreografias de Sapatópolis (Pé Com Som); Cia. Carolemos Dançarte; Balé da Cidade do Recife
Onde: Espaço da Dança e do Teatro para a Infância – Parque Euclides Dourado

TEATRO ADULTO
19hNo Buraco, Etc e Tal Produção Cultural (RJ)
Onde: Teatro Luiz Souto Dourado

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