Arquivo mensais:março 2013

Funcultura Independente amplia prazo de inscrição

Assim como ocorreu anteriormente com o Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura) Audiovisual, as inscrições para o Funcultura Independente 2012/2013 também foram prorrogadas. O prazo vai agora até o dia 20 de março. Os candidatos ganham mais seis dias para concluir o projeto e concorrer às verbas do edital. O Funcultura tem um orçamento total de R$ 33,5 milhões (são R$ 11,5 milhões para o Funcultura Audiovisual e R$ 22 milhões para o Funcultura Independente).

Atenção para quem tem pendências no cadastro dos produtores culturais. Elas devem ser resolvidas até quinta-feira (14/3).

Uma equipe do do fundo de incentivo está de prontidão para tirar dúvidas dos proponentes, que podem enviar suas preocupações para o email funcultura.edital2013@gmail.com até sexta-feira (15/3). Depois dessa data, todas as questões serão tratadas na sede da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), das 9h às 12h, ou por telefone (3184-3025 e 3184-3027).

Hora de ir à luta para elaborar e enviar suas propostas. Boa sorte.

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As mulheres de Nelson

As noivas de Nelson  é uma montagem do diretor Marco Antônio Braz, com a Cia Paulista de Artes. foto: Luís Conde

As noivas de Nelson é uma montagem do diretor Marco Antônio Braz, com a Cia Paulista de Artes. foto: Luís Conde

Há de todo tipo de mulher no universo poético de Nelson Rodrigues. Elas sempre guardam um segredo, uma carta na manga, algo desconconcertante, que aparecem com as frases de efeito. O centenário do dramaturgo no ano passado fez pulular montagens de suas peças e também criações a partir de sua vida, de seus personagens, da leitura rodriguiana sobre o Brasil e suas figuras.

A peça As Noivas de Nelson, da Cia Paulista de Artes, foi montada antes desse cenário, em 2008. Estreou no Fringe, no Festival de Curitiba, na Casa Vermelha, no Largo da Ordem. A encenação dirigida por Marco Antônio Braz é baseada em cinco contos da coluna A vida como Ela É, publicada pelo dramaturgo nos anos 1950 e 1960, no jornal carioca Última Hora. Como sabemos, esses textos causaram sensação na época.

A tragicomédia faz curta temporada no Teatro Eva Herz, da Livraria Cultura (Shooping RioMar), hoje (8) e amanhã (9), às 19h30.

A produção anuncia que “as narrativas exibem o comportamento patético do ser humano e seus encontros e desencontros em busca do amor”. Mas por ser Nelson Rodrigues, iluminam como pequenas falhas repercutem em grandes tragédias.

Estão envolvidos na montagem Anamaria Barreto, Juliana Fernandes (ganhadora do Prêmio Shell de Figurinos) e o iluminador Guilherme Bonfanti.

O espetáculo, que já ganhou mais de 60 prêmios, tem duração de 75 minutos e indicação para 12 anos.

Muita irreverência na montagem paulista

Muita irreverência na montagem paulista

Serviço
As Noivas de Nelson
Direção: Marco Antonio Braz
Companhia: Cia Paulista de Artes
Quando: Hoje e amanhã (8 e 9 de março), às 19h30
Onde: Teatro Eva Herz – Livraria Cultura – RioMar Shopping (Av. República do Líbano, 251 – Recife)
Quanto: R$ 5 (preço único)

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Dois irmãos e uma companhia na trilha de Guimarães Rosa

Eu aprendi a contar histórias com palavras velhas ainda cedo. Acho que ainda me lembro de todas as palavras e silêncios. Era assim… Ou não era. Era quente. Então era verão. Dias amarelecidos. Crianças brincavam no parque. Brincavam de carrossel. Era um carrossel encantado. Brinquedo esquisito. Brinquedo que levava as crianças para os lugares felizes e as traziam antes de anoitecer. E tudo sempre estava no começo. Havia sorrisos. Brincadeiras. Todos viajavam e voltavam. Viajavam e voltavam. Ainda havia brinquedos e sorrisos naquela época.
(Mariano, irmão meu)

O ator, diretor e dramaturgo Alexsandro Souto Maior lança nesta sexta-feira (8), às 19h, o livro Mariano, irmão meu. Será na SBS Livraria Internacional, que fica no térreo do Bloco A da Unicap. É um texto poético e triste; Damião cria o irmão mais novo Mariano. Só que Damião não conta o que aconteceu com a mãe dos dois. “A dramaturgia segue um percurso de experimentação da linguagem, inspirada no pensamento poético de Guimarães Rosa, autor mineiro que nos impulsionou a pensar o nosso fazer teatral buscando ressignificar a linguagem cênica”, explica o autor.

O texto será levado ao palco em breve, com o próprio Alexsandro e Tatto Medinni. Os ensaios já começaram, sob a direção de Eron Villar. Será o quinto espetáculo do Engenho de Teatro, criado em 1999. Desde então o grupo já montou O terceiro dia (2002), Nero (2004), Luzia no caminho das águas (2006) e Meninas de engenho (2009). Desses, apenas um não é texto de Alexsandro: Meninas de engenho, que tem a assinatura de Eron Villar.

Mariano, irmão meu ganhou em 2011 o Prêmio Literário Cidade de Manaus e a encenação foi viabilizada graças ao Myriam Muniz. No lançamento do livro haverá um bate-papo com Alexsandro e Eron Villar sobre a dramaturgia no grupo Engenho de Teatro.

O terceiro dia foi o primeiro espetáculo do Engenho de Teatro. Foto: Engenho/Divulgação

O terceiro dia foi o primeiro espetáculo do Engenho de Teatro. Foto: Engenho/Divulgação

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Teatro perde Jérôme Savary

O ator e diretor Jérôme Savary assinou encenações vanguardistas de autores clássicos, comédias musicais, assim como dos quadrinhos de Astérix

O ator e diretor Jérôme Savary assinou encenações vanguardistas de autores clássicos, comédias musicais, assim como dos quadrinhos de Astérix

O ator e diretor Jérôme Savary morreu ontem à noite, de câncer de laringe que se generalizou, aos 70 anos, no hospital franco-britânico Levallois-Perret (Hauts-de-Seine), no subúrbio de Paris.

A família fez o anúncio nesta terça-feira.

O que os jornais franceses dizem é que o fundador do Grand Magic Circus, que dirigiu também o Centre Dramatique de Montpellier, Chaillot, l’Opéra-Comique, nunca perdeu a sua verve e inventividade. Jérôme Savary reinventou o teatro de rua e encantou gerações de crianças e adultos em todo o mundo com sua banda The Magic Circus.

Ele nasceu em Buenos Aires, na primavera de 1942. Mas foi na França que Jérôme Savary encontrou seu caminho em 1965, fundando sua primeira empresa, a Phoenix que breve se tornaria o Grand Magic Circus. Filho de um francês e de uma norte-americana, ele era partidário da democratização do teatro. Investiu em encenações vanguardistas de autores clássicos, comédias musicais, adaptações de textos de Julio Verne, assim como dos quadrinhos de Asterix.

Artista reinventou o teatro de rua e encantou gerações

Artista reinventou o teatro de rua e encantou gerações

Esteve a frente de encenações como D’Artagnan (1988), Le Bourgeois Gentilhomme (1989), Sonho de uma Noite de Verão (1990), Fregoli (1991), Os arruaceiros (1992), Noite de Reis (1992), A Megera Domada (1993), Aruro Ui (1994), Pierre Dac, meu mestre 63 (1994) e os musicais Zazou (1990 ) e Marilyn Montreuil (1991). Além de Bye Bye Show Biz, (1985), Cyrano de Bergerac, de 1983, A Mulher do Padeiro, em 1985, e os musicais A história da porco que queria perder peso para caber Cochonette, em 1984, As Aventuras de porco na Amazônia, em 1985, Cabaret, em 1987 e The Legend of Jimmy, em 1990.

Montou óperas em toda a Europa: em La Scala, em Milão (Anacreon ou Amor fugaz, 1983), Festival de Bregenz, Áustria (A Flauta Mágica em 1985, Contos de Hoffman em 1988, Carmen, em 1991), Varsóvia (O Barbeiro de Sevilha, em 1992) e o Grand Théâtre de Genève ( Perichole em 1982, A Viúva alegre em 1983, A viagem Lua em 1985, La Vie Parisienne, em 1990).

O professor e encenador Antonio Cadengue lembra, em sua conta do Facebook, que Jérôme Savary trouxe ao Recife, no Teatro Santa Isabel, pelos idos dos anos 1980, “um espetáculo inimaginável pelo tom onírico e pela graça, quase circunspecta. Talvez, entre os brasileiros que tenham cultivado seu legado, ao seu modo, tenha sido Cacá Rosset. É uma perda para os que o admiravam. É o teatro que, agora, se entristece”.

A professora e pesquisadora Deolinda Vilhena, especialista em cultura francesa também postou na sua página o comunicado do prefeito de Paris, Bertrand Delanoë, sobre a morte de Jérôme Savary. “A isso eu chamo de ‘avoir la classe’, ter classe é isso, o resto é besteira…”, reforça Deolinda.

Igualzinho no Brasil, não é? Os artistas de teatro têm muito prestígio…

Nasceu em Buenos Aires, na primavera de 1942. Mas foi na França que Jérôme Savary encontrou seu caminho em 1965

Nasceu em Buenos Aires, na primavera de 1942. Mas foi na França que Jérôme Savary encontrou seu caminho em 1965

Abaixo o comunicado do prefeito de Paris Bertrand Delanoë

“Recebo com emoção a morte de Jérôme Savary, uma figura-chave da vida cultural francesa durante quase 50 anos. Por sua audácia, impertinência, seu talento para a inovação, a sua generosidade, sua insaciável sede para o show, ele tem uma renovação permanente de criação. Defensor da democratização cultural, ele ofereceu inesquecíveis performances ao público.

No cruzamento da música, teatro, cinema, sala de música e ópera, a carreira parisiense e internacional, que influenciou gerações de artistas e plateia. O nascimento do Magic Circus na direção da Opéra Comique, por meio da liderança forte do Teatro Nacional de Chaillot, inaugurado em “caixas de sonho” Paris encantamento infinito potencial.

Eu também mantenho boas recordações do espetáculo “Liberdade Liberdade” grande dança popular criada há 60 anos da libertação de Paris, onde ele foi capaz de unir os parisienses e reviver a alegria que tomou a capital 25 de agosto de 1944.

Em nome de Paris e em meu nome pessoal, dirijo as minhas condolências à sua família e entes queridos”.

Foi considerado um diretor muito original

Foi considerado um diretor muito original

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Sábado à noite tem teatro

Em nome do jogo. Foto: Guga Melgar/Divulgação

Em nome do jogo. Foto: Guga Melgar/Divulgação

O texto original da peça Em nome do jogo, intitulado Sleuth, foi escrito em 1970 pelo inglês Anthony Shaffer. Além de várias montagens no teatro, ganhou duas versões cinematográficas: em 1972, com Laurence Olivier e Michael Caine; e em 2007, com Michael Caine e dessa vez Jude Law. O texto e os filmes foram bastante premiados – a lista inclui o prêmio Tony de melhor peça.

É um texto inteligente, de suspenses e reviravoltas. E aqui ainda ganhou as pitadas de humor nas tiradas sobre casamento, relacionamento e o quanto uma mulher pode ser cara para um homem. Nem precisava tanto para que a plateia do Teatro da UFPE desse risada no sábado à noite – logo no início do espetáculo, nos primeiros movimentos do ator Marcos Caruso (sim, o que fez Leleco em Avenida Brasil), alguém na primeira fila já se descontrolava com uma gargalhada aparentemente sem causa.

Marcos Caruso é Andrew Wyke, escritor de romances policiais que convida o amante da sua esposa para uma conversa. É um ator talentoso; domina o texto, as nuances dele e as mudanças que elas provocam no personagem; e até a risada que deixa Andrew com jeito de idiota e que a determinado momento nos causa irritação, serve ao propósito de mostrar o quanto aquele personagem é desequilibrado, embora extremamente calculista.

Erom Cordeiro é o amante Milo Tindolini; e também cumpre bem o seu papel. Os dois têm uma troca interessante em cena, sem desníveis na atuação. E tudo é muito bem marcado e amarrado, com soluções cênicas interessantes, a maioria delas ligadas ao cenário. A direção é de Gustavo Paso, com codireção de Fernando Philbert; e o cenário – bonito, com escadas, espelhos, trabalhando reflexos, luz e sombra, também tem assinatura de Paso e ainda de Ana Paula Cardoso e Carla Berri.

Só que tudo isso serve ao propósito de entreter. Nada contra. Deveria mesmo ir além? É como um desses filmes que ocupam o nosso tempo por duas horas – e no caso da peça a primeira hora é bem mais interessante do que a segunda; mas depois que acabam tudo está do mesmo jeito. Não fica uma reflexão, um sentimento, um lampejo de vida ou de morte, que fosse. Mas é competente no que se pretende – entreter. E que mal há, não é mesmo? Que falta farão essas duas horas na sua existência? Algo tem que ficar além do: “E aí, gostou da peça? Vamos jantar onde?”.

Educação, dinheiro, descaso – É triste ver a situação em que se encontra o Teatro da UFPE. Ontem a peça estava prestes a começar – já passava um bom tempo das 21h; e as pessoas entravam no teatro com lanche, salgadinho, refrigerante, água. Tudo que teoricamente é proibido dentro do teatro. Ou será que deixou de ser? Também não havia ninguém do staff do teatro para fazer esse controle.

Mas esse não é o único problema. O carpete está completamente pintado por marcas de chiclete; o ar condicionado não funciona – a gente passa a noite se abanando e dá graças a Deus quando a peça acaba e recebe uma brisa no foyer; há fiação exposta logo atrás da porta de vidro – é só olhar para o alto. E não estamos nem falando das condições técnicas para receber uma montagem.

Ouvi que o aluguel por noite do Teatro da UFPE não custa menos de R$ 6 mil. É uma pergunta tão óbvia, né? Mas tem que ser feita, paciência: onde está sendo investido esse dinheiro? Porque no teatro, visivelmente, é que não é.

Para completar o capítulo ‘sábado à noite no teatro’, lá pelas tantas, no meio do espetáculo, uma luz se acende. Um espectador mais atento nota que, no Teatro da UFPE, nas laterais, há pelo menos duas salas com janelões de vidro. A luz acesa da sala obviamente interfere na cena e na plateia. E a luz permaneceu ligada até que alguém fosse lá e avisasse o que não deveria precisar: ‘está atrapalhando’. Ainda assim, a porta da sala foi aberta e fechada várias vezes depois disso, com a luz do corredor alcançando a plateia. Será que não tinha outra sala naquele teatro enorme para fazer a apuração da noite?

Por outro lado, um problema recorrente desta vez não aconteceu: nenhum celular atrapalhou a cena (milagre!) e câmeras fotográficas também não foram utilizadas. Ainda há de existir uma luz no fim do túnel.

Em nome do jogo
Quando: hoje, às 19h
Onde: Teatro da UFPE
Quanto: R$ 50 e R$ 25 (meia-entrada)
Informações: (81) 3207-5757

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