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O primeiro amor

Montagem participou do Festival de Teatro para Crianças de Pernambuco

A trilha sonora e as imagens do espetáculo Tá Namorando! Tá Namorando! não saem da minha cabeça. A montagem do Grupo Bagaceira de Teatro, do Ceará, foi apresentada no Teatro Luiz Mendonça, do Parque Dona Lindu, dentro da programação do 8º Festival de Teatro para Crianças de Pernambuco.

É impressionante como o grupo consegue traduzir os primeiros raios do desejo, a experiência inaugural do primeiro amor na infância. O medo, o receio da rejeição, aqueles gestos desengonçados, a pressão dos colegas, a inabilidade, a falta de domínio dos códigos amorosos. Isso é contado em quatro pequenas histórias de descobertas. Em seu trabalho de pesquisa experimental, a trupe explora de forma lúdica as diferenças do universo infantil de meninos e de meninas e as suas relações.

Montagem é do Grupo Bagaceira

O Grupo Bagaceira de Teatro produz praticamente um espetáculo por ano. São peças autorais com investimento na questão visual. Em Tá Namorando! Tá Namorando! , a trupe substitui o texto por gestos e onomatopeias, numa encenação imagética e divertida. E reflete sobre as pequenas tensões nas diferenças entre sexos na infância e as negociações de seus espaços.

O roteiro é de Yuri Yamamoto, que também interpreta os quatro garotos das histórias. Sua figura magra ajuda na visualização de um personagem de desenho. Samya de Lavor faz seu par romântico e traz a fortuna corporal de quem estudou dança. Para completar o elenco, Tatiana Amorim, que interpreta uma contrarregra que mostra uma dança tosca e engraçada imitando cenas de filmes, enquanto a dupla troca de roupa, além de outras pequenas intervenções.

O grupo também utiliza gravações de áudio feitas com crianças, que contam como foram seus primeiros namoricos. A iluminação competente cuida de expor e esconder pequenos segredos.

Peça fragmentada é composta por quatro histórias.

Elenco é formado por Yuri Yamamoto, Samya de Lavor e Tatiana Amorim

Espetáculo lúdico fala sobre o primeiro amor

O roteiro de ações para imitar desenhos animados ou stop emotion exploram expressões corporais repetitivas, mas numa velocidade muito mais lenta do que a possiblidade de aceleração do desenho e isso me pareceu uma crítica que eles fazem à limitação humana diante de outras artes que utilizam a tecnologia, como os animados. Cada um dos quadros da peça possui uma dinâmica corporal diferente. O jogo entre os atores também estabelece uma cumplicidade com a plateia.

Os figurinos também remetem para um futuro retrô. Quero dizer, a projeção de um futuro a partir de outro ponto do passado, o que torna a ficcionalização de um tempo que se amolda em projeções subjetivas do próprio espectador. Os óculos bizarros são marcantes.

Penso que a encenação de Tá Namorando! Tá Namorando! ganha outros sentidos pela dinâmica que pode estabelecer e pela proximidade com a plateia, num palco menor do que o do Teatro Luiz Mendonça. Talvez na próxima temporada no Recife, o grupo possa negociar um palco menor para contar essas histórias que só ganham com a cumplicidade do público.

Grupo Bagaceira é um grupo de teatro que experimenta linguagens

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Peças do 8º Festival de Teatro para Crianças de Pernambuco

Encantadores de histórias, do Grupo Caixa de Elefante de Porto Alegre

A construção de uma cidade imaginária, os ímpetos de liberdade de uma abelhinha, dois mambembes que saem pelo mundo a contar histórias, a amizade entre o palhaço e uma garota e muita imaginação fazem parte dos enredos das peças do 8º Festival de Teatro para Crianças de Pernambuco deste fim de semana.

No palco do Teatro Marco Camarotti, do Sesc de Santo Amaro, o Grupo Teatro Marco Zero apresenta Minha cidade. Na peça, duas crianças constroem uma cidade imaginária. Para isso, além de criatividade, elas usam peças do jogo Brincando de Engenheiro e solicitam ajuda da plateia.

A colorida montagem Meu reino por um drama, da pernambucana Métron Produções, ocupa o palco do Teatro Luiz Mendonça, no Parque Dona Lindu. O público acompanha a saga de uma abelhinha que resolveu conhecer o mundo e sai em busca de aventuras fora da colmeia.

De Porto Alegre, Rio Grande do Sul, vem a elogiada encenação Encantadores de histórias, a companhia Caixa do Elefante Teatro de Bonecos. Eles mostram no Teatro Barreto Júnior o percurso de dois mambembes que saem pelo mundo transportando uma carroça, munida de uma bateria musical. Eles apresentam dois contos de Hans Christian Andersen: O soldadinho de chumbo e Tudo está bem quando acaba bem.

E tem início também a programação gratuita do Polo Praças. A sede da Escola Pernambucana de Circo, na Macaxeira, Zona Norte do Recife, abriga duas peças no domingo. A primeira é Popularesco e a menina do canto livre, às 15h30, que com elementos da cultura popular nordestina conta a amizade entre um palhaço e uma garota. A segunda, da Cia. Enlassos, Assim me contaram, assim vou contando, às 17h30, explora personagens de livros de fábulas, como o porquinho Comilão e a centopeia Doroteia.

SERVIÇO
8º Festival de Teatro para Crianças de Pernambuco

Espetáculo Minha cidade, com o Grupo Teatro Marco Zero
Quando: Hoje e amanhã, às 16h30
Onde: Teatro Marco Camarotti, Sesc de Santo Amaro
Quanto: R$ 20 e R$ 10 (meia)
Duração: 50 minutos

Espetáculo Meu reino por um drama, da Métron Produções
Quando: Hoje e amanhã, às 16h30
Onde: Teatro Luiz Mendonça, Parque Dona Lindu
Quanto: R$ 20 e R$ 10 (meia)
Duração: 50 minutos

Espetáculo Encantadores de histórias, do Grupo Caixa do Elefante Teatro de Bonecos, de Porto Alegre (RS)
Quando: Hoje e amanhã, às 16h30
Onde: Teatro Barreto Júnior
Quanto: R$ 20 e R$ 10 (meia)
Duração: 50 minutos

Espetáculo Popularesco e a menina do canto livre
Quando: domingo às 15h30,
Onde: sede da Escola Pernambucana de Circo, na Macaxeira, Zona Norte do Recife
Informações: (81) 3088-6650

Espetáculo Assim me contaram, assim vou contando, Cia. Enlassos
Quando: domingo às 17h30
Onde: sede da Escola Pernambucana de Circo, na Macaxeira, Zona Norte do Recife
Informações: (81) 3088-6650

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Caixas de afeto

Peça trata da dificuldade de comunicação entre pai e filho. Fotos: Ivana Moura

O Homem Que Amava Caixas é um emocionante espetáculo para as crianças de ontem e os adultos de amanhã. A peça mostra a dificuldade de um filho de se aproximar do pai. Ele é pequeno e tem seus medos e fantasias. Já o adulto, aficcionado por caixas de todos os tipos e tamanhos, também não consegue se aproximar do garoto.

O homem do título parece tímido e com certeza não tem muitas habilidades comunicativas. Mas eles se amam e esse obstáculo será ultrapassado no decorrer da encenação.

A peça é inspirada no livro do australiano Stephen Michael King e A Cia. de Teatro Artesanal investe na beleza plástica da montagem: todo o visual é muito cuidadoso, como as roupas do eleneco.

O trio de atores é Márcio Nascimento, que representa o pai, Bruno Oliveira e Marise Nogueira, que trabalham com manipulação de bonecos. Eles utilizam com maestria a técnica de manipulação direta e conseguem congregar o universo mágico dos títeres com a cena de atores humanos e suas máscaras. O resultado é muito bonito. Em determinado momento, parece que o menino virou gente de verdade, com todas as suas pequenas falhas – medo de criança, receio de ser repreendido ou rejeitado. A ternura emana das mãos dos atores e contagia os bonecos.

Montagem é da Cia de Teatro Artesanal, do Rio de Janeiro

O espetáculo tem poucas falas e silêncios que dizem muito. A montagem, que tecnicamente é muito bem resolvida, dialoga com o cinema como a criação de planos, simultaneidade de ações. Uma sequência belíssima é quando o pai ator sai de cena para entrar o ambiente do bonecos e as ações de empinar pipa passa na janela. Ressalta aí também a distância de mundos. Numa mesma casa em que vivem o pai, o filho e o cachorro (sem nenhuma presença feminina) parece que eles habitam em universos diferentes. O claro escuro da peça remete à estética do cinema expressionista.

O Homem que amava caixas aposta no universo minimalista com canções curtas, sons onomatopeicos enquando expande as possibilidades imagéticas e sensoriais da cena. A música original e o desenho de som são de Daniel Belquer e o desenho de luz, que salienta a temperatura das relações, é assinado por Jorginho de Carvalho. Algumas das imagens dessa peça vão se alojar na memória afetiva.

Grupo fez duas sessões no Recife

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