Mesa de conversa

Foto: Carol Rosegg

A avaliação do 17º Janeiro de Grandes Espetáculos está marcada para esta quarta-feira (9), às 19h, no Teatro Arraial. Mas antes disso, na semana passada, conversei com o trio de produtores do evento: Paulo de Castro, Paula de Renor e Carla Valença. Estávamos numa mesinha lá no primeiro andar da Apacepe, no bairro de Santo Amaro, ‘proseando’. E é muito engraçado perceber como são as diferenças e as opiniões fortes de todos eles que fazem com que o Janeiro seja tão amplo. Juro que fiquei me perguntando como eles conseguem! Discordam em quase tudo, mas sempre tem o que acrescentar ao outro. Um caldo interessante. Nessa conversa, soube algumas novidades:

– O planejamento para 2012 ainda vai começar, mas o grupo já está ‘namorando’ uma companhia. É a Yllana, da Espanha, que traria o espetáculo 666, apresentado no festival Cena Contemporânea, de Brasília, em 2007. O espetáculo traz quatro presos, no corredor da morte. O apoio para trazer a companhia seria do Instituto Cervantes.

– Vai rolar uma semana pernambucana em Porto Alegre. O curador Luciano Alabarse quer música – inclusive já teria chamado Mônica Feijó -, dança e teatro. Quem vai fazer a curadoria é o Janeiro (embora já tenham sido convidados pelo menos os espetáculos O amor de Clotilde por um certo Leandro Dantas e Cordel do amor sem fim, pelo próprio curador). O gasto pernambucano é com as passagens; e aí espera-se apoio da Prefeitura do Recife, com o Recife Palco Brasil.

– O público do Janeiro chamou atenção! Foram 20 mil pessoas. Ano passado, o número de espectadores era de 14 mil. E, no próximo ano, a edição deve ter uma novidade: os ingressos vendidos pela internet, e quem sabe até com entrega a domicílio.

Amanhã vão rolar mais sugestões e debates! Mas normalmente a avaliação é menos ‘calorosa’ do que no festival Recife do Teatro Nacional, que é um evento da Prefeitura do Recife. Claro que no Janeiro a classe se sente mais prestigiada..e brigar pelos nossos direitos com o poder público é mesmo mais instigante! 😉

Postado com as tags: , , , ,

4 pensou em “Mesa de conversa

  1. Rodrigo Dourado

    Oi Ivana e Pollyana, queridas, parabéns pelo blog. Eu estava na BA e acompanhei tudinho pelo Yolanda. Mas é clarooooooooooo que eu queria fazer algumas provocações:

    1. O que significa ser o melhor espetáculo: o que mais agrada o público em sua zona de conforto; o que mais inquieta o público; o que mais diverte o público; o que mais põe o público para refletir?

    2. O que significa uma luz, um figurino, um cenário desligados da encenação (da inteireza do corpo), um rim sem bexiga, um estômago sem intestino, um coração sem cérebro? Esses elementos/órgãos, independentes, têm vida própria?

    3. Qual o conceito de belo que norteia um prêmio? O que significa um cenário ou uma luz ‘belos’ num corpo/encenação doentes?

    4. Mais IMPORTANTE de tudo: o que cada espetáculo tem a nos DIZER, como intervenção no MUNDO, na CIDADE, no HOMEM?

    Esse último é o debate que mais passa ao largo no JANEIRO, incluindo premiação e debates.

    A discussão gira em torno de um tecnicismo, ou de um jogo de erros e acertos nos elementos estilísticos da cena: voz, corpo, cenários, luz, etc.

    As questões se resumem a COMO dizer, infelizmente…

    Mas poucos na cidade se perguntam: O QUE DIZER?

    Nesse sentido, eu me arrisco – e sei que corro mesmo um RISCO ENORMEEEEEE – a provocar:

    1. Por que o melodrama é a melhor adordagem para o episódio HISTÓRICO da Emparedada da Rua Nova? Em que termos essa abordagem faz emergir novos sentidos para esse evento?

    2. Por que os campônios e miseráveis de García Lorca são sempre representados com um ‘embelezamento’ material altamente paradoxal? Como atualizar o debate sobre a repressão- tanto psicanalítica quanto social – na obra de LORCA impedindo que a cena se torne uma tratado “museológico” sobre estrututras sociais arcaicas?

    3. Em que medida a ‘gemometrização’ de Meyerhold, a frieza das formas metálicas são a melhor abordagem para o desmantelamento, para o desordenamento da família Drummond? O que esperar de um coro contemporâneo, uma boa execuação gestual e vocal somente? Os vizinhos ainda representam a CIDADE? Como atualizar o lugar simbólico do CORO na obra de Nelson?

    Eu continuo inquieto com todas essas questões!
    Abração
    Dourado

    Responder
  2. Ivana Moura

    Obrigada,Dourado.
    Ainda bem que você não desistiu da crítica, como anunciou num dos debates do Janeiro de Grandes Espetáculos, num domingo, no Espaço Cultural dos Correios, no bairro do Recife.
    São muito interessantes as suas provocações.
    Vamos refletir sobre tudo isso…
    E reverberar…
    Abraço,
    ivana

    Responder
  3. Ana Elizabeth Japiá

    As avaliações, críticas e reivindicações ao JGE devem ser tão instigantes quanto aquelas desferidas ao Festival Nacional, isso porque não se pode perder de vista que esse projeto (JGE) é realizado com verba pública (patrocínio decorrente de isenção fiscal também é verba pública), e por isso, deve estar sujeito a mudanças.

    Ana Elizabeth Japiá

    Responder

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *