Mais um grande se foi

Ítalo Rossi havia competado 60 anos de carreira em janeiro

Ítalo Rossi foi um dos maiores nomes da história do teatro brasileiro. Um ator brilhante e considerado uma pessoa especial para os seus pares. O que não é pouco.

Os depoimentos que circularam nesta terça-feira, dia do seu sepultamento no Cemitério do Caju, no Rio de Janeiro, dão conta disso. “Indiscutivelmente, Ítalo foi o maior ator do Brasil. Sua morte é uma enorme tristeza, uma pancada violenta. Você olha sua carreira e vê que ele fez de tudo. Era uma pessoa muito especial, que só se considerou ator quando fez um papel de astro”, conferiu seu amigo Sergio Britto.

“Era um colega sempre bem-humorado e um ator perfeito, versátil, um bicho de teatro”, comentou Walmor Chagas. Os dois atuaram juntos na companhia de Vera Nunes e em Encontro com Fernando Pessoa, que rendeu a Ítalo, em 1986, um de seus quatro prêmios Molière. “Eu só não gostava dessas últimas participações na TV fazendo comédias que eram menores do que ele”, comentou Chagas.

Ítalo Balbo Di Fratti Coppola Rossi foi internado segunda-feira no Copa D’Or, com pneumonia, e morreu nesta terça-feira, aos 80 anos, de falência múltipla dos órgãos. Foi enterrado ontem no Cemitério do Caju.

O paulista de Botucatu só fez seu grande lançamento profissional aos 25 anos, com A casa de chá do luar de agosto, no Teatro Brasileiro de Comédia. Por esse trabalho, recebeu um prêmio de revelação da Associação Brasileira de Críticos Teatrais.

A consagração em forma de troféus veio nas décadas de 1970 e 1980, com quatro Molières, então a principal premiação do teatro brasileiro, com as peças A noite dos campeões (1975), Quatro vezes Beckett (1985), Encontro com Fernando Pessoa (1986) e Encontro de Descartes e Pascal (1987).

O ator completou 60 anos de carreira em janeiro, quando foi lançada a biografia Ítalo Rossi: isso é tudo, de Antônio Gilberto e Éster Jablonski. A publicação foi editada pela Coleção Aplauso.

Com Ester Jablonski, Ítalo começaria ontem a dirigir a peça Coisas da vida.

Seu trabalho mais recente na televisão foi como o personagem Seu Ladir – autor do bordão “É mara!” – no humorístico Toma lá dá cá, da Rede Globo.

Deixa saudades…

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1 pensou em “Mais um grande se foi

  1. Marcello Bosschar

    Ai que dó! Lembro há muitos anos quando eu fazia parte da Cia de Teatro do Moacyr Góes no Rio, ele dirigia Antígona com a Marieta Severo no papel título e o Ítalo fazendo o Creonte, assistíamos sempre aos ensaios e o Ítalo sempre fazia questão de ensinar algo para nós, turminha jovem e sedenta de saber! Uma das preciosas dicas dele: quando o Teatro esta agitado ou você sentir o publico disperso, ao invés de tentar competir com o publico, aumentando o volume ou o gesto, faça o oposto: fale mais baixo, fique mais quieto, o publico vai ficar curioso e ao invés de você “ir ao publico” o publico “virá ate você”! E terminando essa frase, ele estendia a mão, como dando de comer a um animal querido e domesticado! E ria com deboche! Esta dica é de ouro e fico muito feliz em compartilha-la em homenagem a esse puro-sangue Teatral! Evoé Ítalo, você deixa um rastro de força, brilho e talento!

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