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Centro Apolo-Hermilo já tem diretor

Carlos Carvalho

Carlos Carvalho aceita convite de Leda Alves para assumir Centro Apolo-Hermilo

Carlos Carvalho é o novo diretor Centro de Formação e Pesquisa das Artes Cênicas dos Teatros Apolo e Hermilo Borba Filho. Sua nomeação saiu nesta quinta-feira no Diário Oficial do Recife, assinada pelo prefeito Geraldo Julio. Ele foi convidado pela secretária de Cultura do Recife, Leda Alves. Ontem pela manhã fez suas despedidas do cargo anterior, de diretor da Diretoria de Políticas Culturais e se colocou à disposição do secretário Fernando Duarte para fazer a transição. “Fiz uma reunião com todas as coordenadorias”, contou. “Ainda não sei quem irá para o cargo que eu exercia na Fundarpe, mas já separei todos os arquivos e estou disponível para auxiliar no que for preciso”, garante.

Para ele é um desafio assumir a direção do Apolo-Hermilo. “O ponto-chave da minha decisão foi ajudar Leda (Alves) a colocar o Centro de Pesquisa na missão que ele tem desde seu nascedouro. Não estou dizendo que ele nunca esteve ou não está, mas é preciso cumprir essa função na íntegra, desde o organograma, discutir com grupos e associações e que não seja só um repassador de pauta”, argumenta.

Carvalho deixou a Diretoria de Políticas Culturais da Secretaria de Cultura do Estado

Carvalho deixou a Diretoria de Políticas Culturais da Secretaria de Cultura do Estado

Carvalho elencou para Leda uma série de ações que deseja realizar ou potencializar. Como o Centro de Documentação Osman Lins, a Semana Hermilo Borba Filho e os projetos O Solo do Outro, e Aprendiz em Cena. “Com um GT vamos discutir a formação e a pesquisa. Leda está disposta e aberta. Ela quer ações estruturadoras, quer abrir a casa para o diálogo e trabalhar tanto com a tradição como a contemporaneidade e deixar o Centro em condições técnicas para novas experiências”.

Carlos Alberto Carvalho Correia começou a fazer teatro aos 11 anos, no grupo teatral do Colégio Castro Alves. A equipe era orientada pela atriz e professora de teatro Ruth Bandeira, que era do elenco do Teatro Popular do Nordeste (TPN). De lá para cá não parou mais, como ator e depois como diretor de teatro.

Como intérprete, participou de várias montagens na cidade. Entre elas, Sobrados e Mocambos, de Hermilo Borba Filho, dirigido por Guilherme Coelho, com o Grupo de Teatro Vivencial; Viúva, porém Honesta, de Nelson Rodrigues, dirigida por Antonio Cadengue, Galileu Galilei, de Bertolt Brecht, e É…, de Millôr Fernandes, ambas encenadas por Milton Baccarelli. Também participou dos elencos da Paixão de Cristo de Nova Jerusalém e do Mamulengo Só-Riso.

Como diretor assinou montagens como Duelo, adaptado do conto O Duelo, de Guimarães Rosa, Zumba, a Gloriosa Vida e o Triste Fim de Zumba-sem-Dente, primeira peça da trilogia baseada em contos de Hermilo Borba Filho. As outras duas foram Mucurana, o Peixe, a partir do conto O Peixe e O Palhaço Jurema e os Peixinhos Dourados, elaborado com base em O Palhaço.

Novo diretor está envolvido com as artes cênicas há quase 50 anos

Novo diretor está envolvido com as artes cênicas há quase 50 anos

Dança ou retorno às cadeiras – No Diário Oficial da Prefeitura do Recife de ontem foram publicados outras nomeações. Essas portarias começam a mapear os cargos ligados à Cultura, já que todos os servidores comissionados foram exonerados pela nova gestão de Geraldo Julio. Alguns voltam nas mesmas ou em outras funções. Os nomeados da Secretaria de Cultura são:

LEONOR MESEL, cargo de provimento em comissão de Assessor Técnico I, símbolo “CAA-1”

MARIA DO CARMO CONCEIÇÃO LÉLIS, cargo de provimento em comissão de Assessor Técnico I, símbolo “CAA-1”

SEBASTIÃO ALBEMAR GONÇALVES DE ARAÚJO, cargo de provimento em comissão de Assessor Técnico I, símbolo “CAA-1”

SOLANGE MARIA PIMENTA, cargo de provimento em comissão de Assessor Técnico, do Gabinete, símbolo “CAA-3”

MARIA JOSÉ DE OLIVEIRA, cargo de provimento em comissão de Assistente de Serviços do Gabinete, símbolo “CAA 4”

RITA DE KÁSSIA CANDEAS NERY, cargo de provimento em comissão de Assistente do Conselho Municipal de Política Cultural, símbolo “CAA-1”

OSMAM GIUSEPPE GIÓIA, cargo de provimento em comissão de Regente Titular da Orquestra Sinfônica do Recife, símbolo “CDA-1”

MARIA DA CONCEIÇÃO FARIAS TABOSA, cargo de provimento em comissão de Gerente de Preservação de Equipamentos Culturais da Diretoria de Administração Setorial, símbolo “CAA-2”

MARIA DA CONCEIÇÃO SOARES MARQUES DA CUNHA, cargo de provimento em comissão de Gerente de Administração e Serviços da Diretoria de Administração Setorial, símbolo “CAA -2”

EVANDRO DA SILVA SOUZA, cargo de provimento em comissão de Assistente de Serviços da Diretoria de Administração Setorial, símbolo “CAA-4”

ZÉLIA RAMOS SALES, cargo de provimento em comissão de Gerente de Controle de Preservação do Patrimônio Cultural Imaterial, símbolo “CAA-2”

MÁRIO RIBEIRO DOS SANTOS, cargo de provimento em comissão de Gerente Operacional do Centro de Formação, Pesquisa e Memória Cultural, símbolo “CAA-3”

PERÁCIO GONDIM GUIMARÃES JÚNIOR, cargo de provimento em comissão de Assistente de Serviços de Preservação do Patrimônio Cultural, símbolo “CAA-4”

MARIA DE BETÂNIA CORRÊA DE ARAÚJO, cargo de provimento em comissão de Diretor do Museu da Cidade do Recife, símbolo “CAA-1”

SANDRO VASCONCELOS DA SILVA, cargo de provimento em comissão de Gerente de Serviços de Iconografia e Museologia do Museu da Cidade do Recife, símbolo “CAA-4”

CARLOS TORRES DA SILVA, cargo de provimento em comissão de Gerente de Serviços de Montagem do Museu da Cidade do Recife, símbolo “CAA-4”

JUDITH ELIZABETH MATTA RIBEIRO, cargo de provimento em comissão de Diretor do Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães, símbolo “CAA-1”

CRISTIANE MABEL MEDEIROS VERÍSSIMO DO NASCIMENTO, cargo de provimento em comissão de Gerente de Conservação e Acervo do Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães, símbolo “CAA-2”

WILTON ANDRADE DE SOUZA, cargo de provimento em comissão de Gerente de Serviços de Manutenção do Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães, símbolo “CAA-4”

GUSTAVO NEVES DE SÁ ALBUQUERQUE, cargo de provimento em comissão de Gerente de Montagem do Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães, símbolo “CAA-4”

TEREZA JANAÍNA FREITAS, cargo de provimento em comissão de Assistente de Serviços do Centro de Documentação e Biblioteca Lígia Celeste, símbolo “CAA-4”

JULIANA LINS DE SIQUEIRA TELES, cargo de provimento em comissão de Gerente de Serviços de Arte Educação do Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães, símbolo “CAA-4”

MARIA DA PAZ DOS SANTOS BRANDÃO, cargo de provimento em comissão de Diretor do Espaço Cultural Pátio de São Pedro, símbolo “CAA-1”

BRUNO PADILHA CASTANHA, cargo de provimento em comissão de Gerente de Operação e Manutenção do Espaço Cultural Pátio de São Pedro, símbolo “CAA-3”

PATRÍCIA REIS DE FREITAS, cargo de provimento em comissão de Diretor do Sítio da Trindade, símbolo “CAA-1”

LAUDINIZ GABRIEL DE OLIVEIRA JÚNIOR, de provimento em comissão de Gerente de Operação e Manutenção do Sítio da Trindade, símbolo “CAA-3”

VIVIANE BARBOSA DA CRUZ, cargo de provimento em comissão de Assistente de Serviços do Sítio da Trindade, símbolo “CAA-4”

ARNALDO JOSÉ DE SIQUEIRA JUNIOR, cargo de provimento em comissão de Gerente de Atividade Pedagógica do Centro de Formação e Pesquisa das Artes Cênicas Apolo/Hermilo, símbolo “CAA-2”

ELIANE CÂNDIDA DO NASCIMENTO, cargo de provimento em comissão de Assistente de Serviços do Centro de Formação e Pesquisa das Artes Cênicas dos Teatros Apolo/Hermilo, símbolo “CAA 4”

ALFREDO SÉRGIO FREIRE BORBA, cargo de provimento em comissão de Gerente de Serviços de Patrimônio e Documentação do Centro de Formação e Pesquisa das Artes Cênicas Apolo/Hermilo, símbolo “CAA-4”

JOSÉ JORGE CORDEIRO DA COSTA, cargo de provimento em comissão de Gerente de Serviços de Operação e Manutenção do Teatro Apolo, símbolo “CAA-4”

GENILDO MARTINS MONTEIRO, cargo de provimento em comissão de Gerente de Serviços de Operação e Manutenção do Teatro Hermilo Borba Filho, símbolo “CAA-4”

ÉRIKA KARLA GOMES LEITE, cargo de provimento em comissão de Gerente de Serviço de Contrato e Locação do Centro de Formação e Pesquisa das Artes Cênicas Apolo/Hermilo, símbolo “CAA-4”

IZOLDA SOARES BARRETO cargo de provimento em comissão de Gerente de Serviços de Finanças do Centro de Formação e Pesquisa das Artes Cênicas Apolo/Hermilo, símbolo “CAA-4”

JOÃO DO CARMO B. CAVALCANTI, cargo de Assistente de Serviço do Teatro de Santa Isabel, símbolo “CAA-4”

ADRIANA MÁRCIA PAZ DE LIMA, cargo de provimento em comissão de Assessor Técnico do Centro de Artes Cênicas dos Teatros Apolo e Hermilo Borba Filho, símbolo “CAA-1”

EUCLIDES VIEIRA DA SILVA, cargo de provimento em comissão de Assessor Técnico II do Teatro Luiz Mendonça no Parque Dona Lindu, símbolo “CAA-2”

RODRIGO DE MORAES SOBRAL, cargo de provimento em comissão de Assistente Técnico da Área Externa no Parque Dona Lindu, símbolo “CAA-4”

JOANA D’ARC DE SOUZA LIMA, cargo de provimento em comissão de Diretor da Galeria Janete Costa no Parque Dona Lindu, símbolo “CAA-1”

MARIA ELIZABETE RAPOSO SOARES BITTENCOURT, cargo de provimento em comissão de Assessor Técnico I da Janete Costa no Parque Dona Lindu, símbolo “CAA-1”

SIMONE FERREIRA LUIZINES, cargo de provimento em comissão de Assessor Técnico II da Galeria Janete Costa no Parque Dona Lindu ,símbolo “CAA-2”

ROBERTO CARLOS AVELINO DE PONTES, cargo de provimento em comissão de Assessor Técnico II do Teatro Luiz Mendonça no Parque Dona Lindu, símbolo “CAA-2”

TIAGO DE ARAÚJO SANTOS, cargo de provimento em comissão de Assistente Técnico do Teatro Luiz Mendonça do Parque Dona Lindu, símbolo ” CAA-3

SEBASTIÃO FELICIANO DO VALE FILHO, cargo de provimento em comissão de Assistente Técnico do Teatro Luiz Mendonça do Parque Dona Lindu, símbolo “CAA-3

EDUARDO DE ALBUQUERQUE AUTRAN, cargo de provimento em comissão de Assistente Técnico do Teatro Luiz Mendonça do Parque Dona Lindu, símbolo “CAA-3”

FERNANDO FÉLIX ALCÂNTARA, cargo de provimento em comissão de Assistente Técnico do Teatro Luiz Mendonça do Parque Dona Lindu, símbolo “CAA-3”

E alguns cargos da Fundação de Cultura Cidade do Recife:

IVISON DE CASTRO SILVA NOGUEIRA, cargo de provimento em comissão de Gerente Operacional de Gestão de Pessoas, símbolo “CAA-3”, da Diretoria de Administração e Finanças da Fundação de Cultura Cidade do Recife

ANA BEATRIZ DE ALCÂNTARA FARIAS, cargo de provimento em comissão de Assessor Técnico

VALDETE MARIA SILVA RODRIGUES, cargo de provimento em comissão de Gerente de Serviços de Controle Orçamentário, símbolo “CAA-4”, da Diretoria de Administração e Finanças da Fundação de Cultura Cidade do Recife.

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A Mãe do canavial

A Peleja da Mãe nas Terras do Senhor do Açúcar. Em cena, a Catita, interpretada por Dielson José

O encenador Carlos Carvalho operou muitas mudanças no espetáculo A Peleja da Mãe nas Terras do Senhor do Açúcar. O resultado foi um espetáculo mais orgânico, mais conciso e mais articulado do que o que foi mostrado no último Janeiro de Grandes Espetáculos. Na encenação, a junção de brincantes com atores de formação tradicional mostrou-se mais fluida.

O espetáculo foi visto ontem, dentro do projeto Palco Giratório, do Sesc, no Teatro Marco Camarotti, em Santo Amaro. A montagem ganhou dois reforços que colaboram com a agilidade atingida na apresentação.

O primeiro é o multi-instrumentista André Freitas, que toca ao vivo, criando um ambiente sonoro para variadas ações. A ação dos atores ganha outros contornos quando Freitas alia o seu ritmo. O segundo é o coreógrafo Raimundo Branco, que fez a preparação de elenco e entrou em cena no lugar de Zé Barbosa.

O teatro político continua lá. Mas desta vez parece que o autor/ encenador observa a história com distanciamento, com os olhos de quem enxerga os acontecimento com 30 anos de distância. Isso faz diferença.

A Peleja da Mãe nas Terras do Senhor do Açúcar

A história se passa no final da década de 1960 e começo da década de 1970, época de grande repressão política no Brasil.

Das inspirações de A Mãe de Máximo Gorki e Mãe Coragem, de Bertold Brecht, essa mãe do canavial tem todos os sentimentos de uma figura que não tem muitas informações, mas sabe na prática do que são capazes os poderosos. Só que algo é despertado. E sobreviver ganha outras dignidades.

O rico universo dos folgazões é defendido por Mestre Grimário, Grimário Filho e Dielson José que se harmonizam com os outros atores da montagem, embora a organicidade desse encontro ainda possa crescer muito, principalmente no decorrer das apresentações.

A opressão e a violência é exercida pelo capataz, interpretado pelo ator Flávio Renovatto, que se desdobra também no papel de canavieiro.

Em A peleja da Mãe, depois que o pai Miguel (Mestre Grimário) morre sem atendimento médico (não tinha médico no posto e a ambulância estava quebrada, mas disseram que dava para “esperar”), o filho (Paulo Henrique, do Maracatu Piaba de Ouro) se aproxima ainda mais do movimento sindicalista. A mãe teme pelo filho, mas há o momento da virada, em que ela é obrigada a se posicionar.

Mestre Grimário e Flávio Renovatto

O texto de Carlos Carvalho traça suas intertextualidades dramatúrgicas com Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto.

A atriz Auricéia Fraga faz a mãe com suas nuances de ignorância e sabedoria. E sua figura pequena cresce na cena.

A atriz Auricéia Fraga

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Como anda a peça A Peleja da Mãe, Carlos Carvalho?

Espetáculo foi apresentado no Janeiro de Grandes Espetáculos

Ontem (sábado, 16/04) fui assistir a dois espetáculos no Teatro Marco Camarotti, no Sesc de Santo Amaro Meu reino por um drama, da Métron Produções, com Edivane Bactista no papel principal e Voragem, do Grupo Magrykory, do Sesc Santa Rita, com direção de Quiercles Santana.

Nesses dois momentos encontrei muita gente de teatro, fora o elenco das duas montagens. Ao coreógrafo e bailarino Raimundo Branco, perguntei pela encenação A Peleja da Mãe nas Terras do Senhor do Açúcar. Ele respondeu que isso era com Carlos Carvalho, o diretor da peça. Branco realizou um belo trabalho de preparação corporal do elenco e desenho coreográfico da peça… Horas depois, avistei o ator Flávio Renovatto, também da Peleja, e lembrei novamente da montagem.

Carlos Carvalho, em que pé anda essa sua versão de A mãe, do russo Máximo Gorki? Alguém dá notícias da encenação???

A Peleja da Mãe nas Terras do Senhor do Açúcar
estreou no Recife no dia 28 de janeiro, uma sexta-feira, no Teatro Apolo, com casa lotada. Fez uma única récita no projeto Janeiro de Grandes Espetáculos. Antes houve sessões na Zona da Mata.

No elenco dessa Peleja estão além do ator Flávio Renovatto, a atriz Auricéia Fraga, Mestre Grimário, Paulo Henrique do Maracatu Piaba de Ouro e outros.

Então Carlos Carvalho, quanto teremos uma temporada da A Peleja da Mãe nas Terras do Senhor do Açúcar? Muita gente não viu. E eu quero assistir outras vezes…

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A Peleja da Mãe é uma investida corajosa

Fotos: Ivana Moura

A Peleja da Mãe nas Terras do Senhor do Açúcar, encenação de Carlos Carvalho que vincula brincantes da cultura popular e atores me fez pensar sobre a amplitude do contemporâneo. Há muito que falar sobre a montagem. Mas antes de qualquer outra coisa, é preciso reforçar que é uma investida corajosa de Carvalho, e espelha um pouco das inquietações do criador. Ele aposta num teatro político (não partidário, é bom ressaltar) e num teatro popular. Nesse último ponto, ele é herdeiro das ideias do dramaturgo Hermilo Borba Filho, de quem Carlos já montou alguns textos.

Desta vez, Carvalho foi buscar mais do que inspiração na Zona da Mata pernambucana. Requisitou de lá os próprios intérpretes-criadores. Entre eles, Mestre Grimário, Grimário Filho e Dielson José. Se por um lado essa iniciativa traz em si a possibilidade de enriquecimento em todos os aspectos (pessoal, estético, de inovação, ético), também produz dificuldades para harmonizar o universo dos folgazões com os dos atores de várias formações.

O espetáculo estreou no Recife no dia 28 de janeiro, sexta-feira, no Teatro Apolo, com casa lotada, em única récita. A peça já havia sido exibida na Zona da Mata.

No palco, a montagem tem força, beleza. É poderosa, às vezes alegre às vezes triste, em alguns momentos inquietante. Mas também apresenta problemas. Da dramaturgia à interpretação, do tempo dilatado a escolhas da direção.

A Peleja da Mãe nas Terras do Senhor do Açúcar é inspirada no texto A mãe, do russo Máximo Gorki.

Lá, a obra literária está contextualizada na Rússia do início do século XX, inspirada em manifestações reais do primeiro de maio de 1902. O rebatimento da revolução de um povo no seio de uma família.

Cá, o território é a Zona da Mata canavieira da década de 1970. A vida no campo. O homem aguenta a violência do meio em que vive. Trabalha na terra que não lhe pertence, casa, tem filhos, enterra os seus, bebe, brinca, é espancado, espanca e parte dessa para outra dimensão.

Em Gorki, quando o serralheiro Mikhail Vlassov morre, restam a mãe viúva e o filho. Uma relação quase desconhecida: falavam pouco e quase não se viam. Em Peleja da Mãe, depois que o pai Miguel (Mestre Grimário) morre sem atendimento médico, o filho (Paulo Henrique, do Maracatu Piaba de Ouro) se aproxima ainda mais do movimento sindicalista, no momento do país em que vigorava a ditatura militar com todos os seus tentáculos de repressão e violência.

Os camponeses se exprimiam pouco, sentiam e entendiam o que se passava, mas tinham medo. A pressão, a injustiça, um pensamento diferente que chega dos livros vermelhos e a vontade de ser livre. A Mãe teme pelo filho, mas depois até ela acha inevitável ter um posicionamento mais crítico perante a vida.

Mas o encenador também traça intertextualidades dramatúrgicas com Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto. Ao parodiar o poema cabralino, Carvalho empobrece o texto, que perde sua poética no deslocamento.

O espetáculo começa com festa. O elenco dança, Catirina faz suas acrobacias, os mestres se desafiam. Uma projeção sobrevoa a Zona da Mata pernambucana até chegar ao canavial. Há um desfile de movimentos coreográficos pujantes inspirados no cavalo-marinho. As imagens são poderosas, o som contagiante.

Depois da festa, da dança, da embriaguez, a volta para casa, para a realidade, que alguns se recusam a aceitar. A Mãe se entretém com seu radinho. O mestre pensa no seu maracatu.

Mas da passagem do universo lúdico das brincadeiras populares para o drama dos canavieiros algo se solta, os elementos se desencaixam. Catirina com sua presença constante tenta fazer a ligação. Arrumando o cenário de pequenas casinhas (marca do diretor).

O discurso mais político do texto beira o panfletário. O texto no geral precisa ser revisto para não virar um arremedo de poema.

A atuação do elenco é bastante irregular no seu conjunto. Alguns atores são bem imaturos no trabalho, o que fica gritante nas cenas com diálogos. O ponto alto da interpretação fica por conta do ator Flávio Renovatto, que se desdobra nos papeis de capataz e um dos canavieiros.

A grande atriz Auricéia Fraga oscila em sua atuação. Mas ela traz uma força que alguns ensaios a mais deve resolver. E até mesmo suas precariedades, como na dança, ela pode reverter a favor dela própria.

O tempo dilatado também precisa de equalização, para não parecer que é um apenas um buraco.
Por outro lado, a decisão de juntar esses dois universos pode gerar bons frutos. Vale lembrar que toda a renovação musical pernambucana passou pela cultura popular e pelo som dos tambores do maracatu.

O espetáculo tem méritos. É ousado, busca uma linguagem própria sem se preocupar em imitar ninguém ou seguir modismos, estabelece suas bases, e conquista seus participantes. Precisa de ajustes internos. Mas, como avisou o diretor Carlos Carvalho, o espetáculo vai mudar e muito. Torcemos que para melhor.

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