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Público ativo

A morte da audiência. Foto: Jesus Ubera

A morte da audiência. Foto: Jesus Ubera

Vivemos numa sociedade calcada na contemplação passiva. Bombardeada por todos os lados, a criatura paralisa possíveis reações. Algumas vertentes do teatro contemporâneo propõem diferentes formas de participação do espectador. Na peça A morte da audiência, do artista português Bruno Humberto, a plateia é convocada a participar ativamente. Nessa performance multidisciplinar de dança, som e coreografia, a assistência é dividida em coros de ações para reagir aos estímulos do performer.

O espetáculo faz sua última participação na programação do Festival de Teatro do Agreste – Feteag neste domingo (9), no Teatro Hermilo Borba Filho, no Recife. A encenação investiga a natureza da audiência – as expectativas, relações, tensões e papéis que cada um assume, individualmente ou em grupo numa situação de espetáculo ou terror cênico.

“Todos os espetáculos que faço surgem de uma inquietação, de uma urgência de abordar um tema que quero compreender, nesse caso o papel do público”, argumenta Bruno Humberto. “A dramaturgia do público busca refletir acerca da sua passividade e sua ação perante determinados convites”, diz.

A montagem trafega pelo realismo, pelo teatro do absurdo e conta a história de um homem ou animal, que pode ser um preso político, um turista sem identidade, que segundo Humberto, pode ser qualquer um de nós.

As obras de Rimbaud, Alfred Jarry, Antonin Artaud, Bataille, Debord, Camus, Barthes, Mário Cesariny são algumas das referências que repercurtem no tom poético da obra.

Várias coisas ocorrem ao mesmo tempo. A peça coloca em cena questões pertinentes como o papel do artista e a organização da sociedade para afrontar o sentido de normalidade. A morte da audiência fala sobre o poder e as formas como é infligido no outro – seja no contexto de um espetáculo ou de um ritual, o que também age como metáfora para a violência normalizada, aceita, legislada e encaixada moralmente pela sociedade.

O artista pensa que essas temáticas não poderiam ter mais urgência, devido às constantes limitações sócio-políticas, também vigentes na forma como a moralidade na última década tornou-se instrumento do poder e razão para a criação de conflitos.

Serviço:
A morte da audiência, de Bruno Humberto/POR
Quando: Domingo (9), às 20h
Onde: Teatro Hermilo Borba Filho (Rua do Apolo, 121, Bairro do Recife)

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Narrativas miúdas da cidade

Oficina e perfomance perescruta os hist´rias comuns. Foto Duarque Silva

Oficina e performance percruta as histórias comuns. Foto: Duarque Silva

O tecido urbano é feito de muitas carnes, nervos, ossos, líquidos, afetos, desafetos, emoções. Tijolo cimento, pedra, cal, memória e muito mais. O espaço público e o patrimônio são também formados pelas células de seus habitantes, que carregam narrativas pessoais. A oficina Land propõe que os participantes se apropriem da cidade, a partir de um diálogo entre a dança-teatro e a paisagem urbana, arquitetônica e cultural. O programa será desenvolvido pelo ator, performer. músico e compositor português Bruno Humberto. Ele convida o grupo a “reimaginar” a sua relação com o lugar, através de coreografias efêmeras e instalação que vão ser criadas ao final do curso.

A oficina Land será realizada no Teatro Hermilo Borba Filho, de 26 a 30 de setembro e está direcionada para atores e dançarinos. As inscrições estão abertas até esta quinta (22/09) através de envio de carta de intenção para o email land.oficina@yahoo.com. Em Caruaru o curso está agendado para o período de 3 a 7 de outubro, na Casa de Cultura José Condé, e as inscrições vão até o dia 28.

Este projeto já passou por outros centros e em cada um descobriu sua poética. O método de criação é semelhante e nasce de um período intenso de trabalho. Cada criador é convidado a escrever um poema imaterial para dialogar com a cidade em ações breves e concretas.

Land explora o que rumoreja dos becos, ruelas, escadarias, portais e dos corpos mnemónicos. A partir disso são erguidas pequenas intervenções.

O curso faz parte da programação comemorativa pelos 54 anos de fundação do TEA (Teatro Experimental de Arte), e tem o apoio da Prefeitura do Recife, através da Secretaria de Cultura e Fundação de Cultura Cidade do Recife.

SERVIÇO
Oficina LAND Recife
Quando: de 26 a 30/09, das 9 às 14h
Onde: Teatro Hermilo Borba Filho
Vagas: 20
Valor a pagar: Grátis
Como se inscrever: Carta de intenção para o email land.oficina@yahoo.com
Prazo para Inscrição: Até o dia 22/09/2016
Apresentação Pública: 30/09 a partir das 14h
Os selecionados receberão email de confirmação até o dia 23/09

LAND Caruaru
Quando: de 3 a 7/10, das 9 às 14h
Onde: Casa de Cultura José Condé
Vagas: 20
Valor a pagar: Grátis
Como se inscrever: Carta de intenção para o email land.oficina@yahoo.com
Prazo para Inscrição: Até o dia 28/09/2016
Apresentação Pública: 07/10 a partir das 14h
Os selecionados receberão email de confirmação até o dia 29/09.

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