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Programação teatral no Recife
em intenso movimento
neste fim de setembro

Focus Cia de Dança celebra marco histórico de 25 anos . De Bach a Nirvana. Foto: Dan Coelho / Divulgação

Carlota. Foto: Cristina Granato

Trupe. Foto: Babi-Furtado

A cena teatral no Recife se mexe em diversidade artística que contempla dança contemporânea, humor, experimentação, teatro infantil e produções nacionais. A programação demonstra vitalidade cultural que posiciona Recife como importante centro de produção e circulação das artes cênicas no país.

Celebrando marco histórico de 25 anos de trajetória artística, a Focus Cia de Dança traz ao Recife uma programação especial dentro do Cena Cumplicidades. A companhia carioca, que possui reconhecimento internacional tendo se apresentado em mais de 100 cidades brasileiras e países como Colômbia, México, Canadá, Estados Unidos, França, Alemanha e Itália, oferece três espetáculos gratuitos que demonstram a maturidade de um dos grupos mais respeitados da dança contemporânea brasileira.

Com 26 obras e 16 espetáculos em repertório, a Focus, sob direção de Alex Neoral, consolidou linguagem coreográfica única que combina técnica refinada com experimentação estética.

Trupe evoca tradição dos artistas mambembes através de cortejo coreográfico onde dez bailarinos fazem um cortejo para transformar espaço urbano em palco. De Bach a Nirvana realiza encontro improvável entre épocas musicais distintas, conectando música barroca de Johann Sebastian Bach (1685-1750) com rock visceral do Nirvana de Kurt Cobain (1967-1994) através de coreografia. Carlota – Focus Dança Piazzolla, criação de 2023, homenageia Carlota Portella (1940-2024) utilizando 11 tangos de Astor Piazzolla para reconfigurar matrizes tradicionais do ritmo argentino, explorando melancolia, abandono e paixão através de linguagem corporal que celebra o corpo como obra de arte suprema.

Anjo Negro combina dança contemporânea, artes circenses, balé clássico e teatro físico

Ave, Guriatã! encerra o festival

O Festival Estudantil de Teatro e Dança de PernambucoFETED representa importante plataforma de formação artística que revela novos talentos enquanto aborda temas urgentes da sociedade brasileira. De 24 a 28 de setembro no Teatro Apolo, sete espetáculos resultam de processos formativos que incluem trabalhos de conclusão de cursos e criações coletivas, evidenciando o caráter pedagógico fundamental do festival.

O Sequestro da Leitura funciona como julgamento cênico onde a “Escola” é acusada de sequestrar a Leitura, questionando métodos educacionais tradicionais. Anjo Negro combina dança contemporânea, artes circenses, balé clássico e teatro físico através de dez cenas intensas com liras e tecidos acrobáticos para explorar trajetória de mulher negra em busca de identidade. Canto de Negro celebra ancestralidade afro-brasileira percorrendo trajetória “dos porões dos navios aos terreiros, quilombos e ruas”, criando diálogo temporal que ressalta resistência cultural.

Para o público infantil, As Crônicas dos Gatos Sem Lar apresenta Sophia, gatinha com autismo que ensina sobre amizade, empatia e respeito às diferenças, funcionando como ponte educativa. Escolinha de Bruxas, resultado do Curso de Iniciação Despertar Teatral da Cênicas Cia de Repertório, adapta Maria Clara Machado para abordar bullying e empatia através da história de Ângela, jovem bruxa bondosa. “Ave Guriatã“, emerge do Curso de Interpretação para Teatro do Sesc sob direção de José Manoel Sobrinho e Samuel Bennaton, baseando-se em Guriatã, um Cordel para Menino de Marcus Accioly para celebrar cultura brasileira através de narrativa poética sobre menino em busca de identidade.

Sala de Jantar. Foto Mônica Maria

A experimentação teatral encontra uma expressão delicada e envolvente em Sala de Jantar, criação onde Ruy Aguiar realiza alquimia cênica transformando o ordinário em extraordinário. Neste universo, pratos, talheres, toalhas e guardanapos abandonam sua condição de utensílios para se transformar em personagens dotados de desejos, ansiedades e sonhos próprios. O elenco formado por Edivane Bactista, Adilson Di Carvalho, Fabiana Coelho, Ryan Rodrigues e o próprio Ruy Aguiar desenvolve técnica de manipulação que exige simultaneamente precisão e sensibilidade artística aguçada, conferindo alma e personalidade a cada objeto durante preparativos para jantar elegante orquestrado por figura enigmática do lacaio misterioso.

A dramaturgia desenvolve narrativa onde os objetos aguardam ansiosamente a chegada dos convidados, transformando arrumação doméstica em jornada emocional. Lailson Cavalcante desenvolve pesquisa musical que dialoga harmoniosamente com cada metamorfose cênica, criando paisagem sonora que amplifica a magia inerente aos momentos de transformação, enquanto Saulo Uchoa assina desenho de luz buscando dramaticidade essencial aos instantes em que objetos inanimados ganham vida pulsante.

Esta experiência de 45 minutos com classificação a partir de 8 anos acontece no Espaço Cultural Métron Produções (Rua Tabira, 109, Boa Vista) para 30 espectadores por sessão, criando intimidade que potencializa o impacto emocional. Estreada em 2017, a montagem integra o repertório da Métron Produções e foi contemplada pela Lei Paulo Gustavo através do Edital Multilinguagens Recife Criativo. Todas as apresentações contam com interpretação em Libras, garantindo acesso democrático a esta experiência que encontra magia nos elementos mais familiares do cotidiano.

Nega do Babado e Violetas da Aurora. Foto: Renato Filho

A Casa de Alzira sedia Palhacinhas do Brega – Vibrando no Babado, proposta artística inédita que une palhaçaria contemporânea e tradição musical pernambucana. Este evento conecta o coletivo Violetas da Aurora – consolidado através de oito anos de atividades e produções emblemáticas como Violetas da Aurora – o Encontro (2018), Mesa de GlosaR (2019) e Violetas no Parque (2021) – com Nega do Babado (Adriana Araújo da Silva), ícone do brega recifense com mais de duas décadas de trajetória que inclui sucessos populares como Milkshake e consolidação como uma das vozes mais potentes do cenário musical pernambucano.

O Violetas da Aurora, protagonizado por Ana Nogueira (Dona Pequena), Fabiana Pirro (Uruba), Mayra Waquim (Maroca) e Silvia Góes (Sema Roza Madalena), desenvolve ao longo de quase uma década linguagem cênica que articula palhaçaria, crítica social e celebração de encontros com artistas de diferentes linguagens. Colaborações anteriores com poetas como Graça Nascimento e Anaíra Mahin demonstram compromisso do coletivo em criar pontes entre expressões artísticas diversas, fortalecendo redes colaborativas que enriquecem cenário cultural pernambucano através de protagonismo feminino em campos tradicionalmente dominados por vozes masculinas.

Nega do Babado representa transformação paradigmática no universo do brega, gênero que nas últimas décadas assistiu ao surgimento de figuras femininas que redefinem códigos estéticos e narrativos. Reconhecendo conexões naturais entre sua performance musical e elementos da palhaçaria, declara: “No meu Brega, a palhaçaria está sempre presente. Eu tenho essa felicidade de ser palhaça também”. Esta declaração revela consciência artística sobre hibridismos que caracterizam sua estética, onde irreverência, humor e autenticidade popular se fundem criando linguagem única que dialoga naturalmente com propostas do Violetas da Aurora.

DJ Vibra (Virgínia Brasil) atua como ponte criativa fundamental entre universos aparentemente distintos, assumindo simultaneamente funções de diretora artística e produtora musical. Reconhecida nacionalmente por trilhas sonoras que transitam entre eletrônico, popular e afro-diaspórico, coidealizou o selo Discopreta, consolidando-se como voz criativa fundamental da cena independente brasileira. Atualmente conduzindo processo de expansão artística da Nega do Babado rumo à construção de carreira latina, Vibra preserva simultaneamente a força popular que caracteriza a artista, criando equilíbrio entre inovação estética e autenticidade regional.

A narrativa cômica satiriza oportunismo no meio artístico através de personagens que, cansadas de financiar turnês através de vaquinhas, enxergam no sucesso do brega recifense oportunidade de ascensão rápida. Convidando Nega do Babado para colaboração, descobrem que conquistar espaço na cena musical exige muito mais que simples boa vontade, revelando camadas de reflexão sobre legitimidade artística, reconhecimento profissional e complexidades envolvidas na construção de carreiras sólidas no cenário cultural brasileiro.

Inaugurando a noitada, Flávia Gomes apresenta Sarau Eroticuzinho, explorando territórios da poesia erótica que dialogam tematicamente com ousadia proposta pelo encontro principal. Completando a experiência musical, D Mingus participa como convidado especial, ampliando diversidade sonora da celebração através de performance que conecta diferentes vertentes musicais presentes na cena recifense contemporânea.

A Casa de Alzira, localizada no terceiro andar do Museu de Artes Afro-Brasil Rolando Toro (MUAFRO), ocupa Sala Inaldete Pinheiro, espaço com capacidade para 70 pessoas equipado com recursos técnicos completos, camarim, cantina e lojinha colaborativa. O espaço funciona como laboratório cultural que incentiva experimentação e encontros transformadores entre linguagens artísticas diversas.

Tradição Cultural e Identidade Pernambucana

Canto e Encanto Pernambuco: Folia e Foliões, Carnaval de Alegria representa trabalho do Núcleo Musical Irmã Scheilla, vinculado à Fraternidade Peixotinho, organização que desenvolve atividades de ensino musical utilizando a música como ferramenta de educação e preservação cultural. O espetáculo combina batuques, orquestras, sopros e cordas com encenações teatrais em apresentação que celebra diversidade cultural pernambucana focando em ritmos e tradições carnavalescas. A entrada gratuita para crianças até 10 anos facilita acesso familiar, consolidando função social e educativa da proposta.

Teatro de Rua e Urgência Climática

Grupo Bote de Teatro faz apresentações na Praça do Sebo

Recife, cidade historicamente construída sobre ilhas e aterros, enfrenta destino inexorável ligado às águas que a constituem e ameaçam. Esta geografia insular torna ainda mais urgente a reflexão sobre crise climática numa metrópole que, segundo relatório da ONU, figura como 16ª cidade mais vulnerável do mundo ao aumento do nível do mar. Diante desta realidade alarmante, o Bote de Teatro compreende que abordar tema tão crucial exige proximidade radical com a população: “sendo uma cidade considerada uma ilha, para falar de um tema como a crise climática, não haveria outra forma a não ser ir para a rua, ir para perto das pessoas e ocupar um espaço urbano”.

Ilha:Dois materializa esta urgência transformando a Praça do Sebo em laboratório de teatro de rua, dirigido por Rafael Bacelar com dramaturgia de David Maurity, ambos integrantes da Toda Deseo, companhia mineira de teatro que desde 2013 pesquisa temas LGBTQIAPN+. Esta parceria entre Toda Deseo – com sua experiência consolidada em teatro político e narrativas de resistência – e o Bote de Teatro, do Recife, busca sensibilizar sobre a urgência climática numa perspectiva que conecta lutas identitárias com sobrevivência coletiva.

O espetáculo atua como “confrontação à cidade”, buscando “dizer à população que é preciso se ocupar em pensar sobre a crise climática”. Esta urgência se justifica pelos estudos científicos que apontam Recife como uma das primeiras metrópoles brasileiras a “desaparecer do mundo por conta do nível do mar”. A montagem utiliza estes dados científicos alarmantes para construir narrativa que conecta política, poesia e sobrevivência urbana através de Cardo Ferraz, Daniel Barros, Inês Maia e Pedro Toscano, quatro pessoas reunidas em torno de mesa de bar discutindo tempo de cidade ameaçada.

As conversas, atravessadas por copos de cerveja e cigarros, incorporam memórias locais como a enchente histórica de 1975 e os alagamentos anuais que marcam cotidiano recifense, criando ponte temporal entre experiência vivida e projeções científicas. A dramaturgia entrelaça nostalgia (consciência de que o passado se perdeu), esperança (ousadia de inventar futuros) e presente que se impõe com suas urgências climáticas e sociais.

A equipe técnica revela colaboração multidisciplinar: Aura do Nascimento (direção de arte), Vibra (sonoplastia), Joice Paixão (consultoria ambiental e política), Priscila Siqueira (coordenação de acessibilidade), com participação especial de Nega do Babado e tradução em Libras. Esta configuração demonstra compromisso com acessibilidade integral e conhecimento especializado sobre questões ambientais.

A integração com ambiente natural da praça, onde bares funcionam durante as apresentações, busca dissolver fronteiras entre ficção teatral e realidade urbana. Espectadores são convidados a chegar cedo para garantir mesa, fazendo da experiência teatral parte orgânica do cotidiano do espaço.

Murilo Freire em Esquecidos por Deus. Foto Divulgação

Esquecidos por Deus marca 40 anos de carreira teatral de Murilo Freire, que iniciou aos 7 anos tornando-se profissional aos 8. Com especialização em Arts du Spectacle na Universidade de Paris-8 durante cinco anos de residência na França, atualmente atua como Professor de Teatro no SESC, Supervisor de Cultura e Psicoterapeuta Holístico Integrativo. O monólogo baseia-se em “O Livro das Personagens Esquecidas” de Cícero Belmar, membro da Academia Pernambucana de Letras, abordando memória, identidade, patrimônio, tradição, apagamentos e cancelamentos. A interpretação utiliza “Arquetipia Humanimal”, pesquisa prática de 20 anos que combina pré-expressividade (Barba) e trabalho sobre ações físicas (Stanislavski/Grotowski). A técnica parte da observação de animais domesticados que mimetizam comportamentos humanos, criando hipótese de que humanos podem reproduzir hábitos de outras espécies animais através de reprodução da corporeidade animal (respiração, impulsos físicos, ritmos) até alterar a corporeidade humana, criando arquétipos claramente identificáveis. Com encenação, dramaturgia e iluminação de José Manoel Sobrinho, direção musical de Fellipe Barnabé e figurinos de Ivone Nunes, representa formato intimista que preza proximidade com plateia.

Formação Continuada e Protagonismo Negro

Cecilia Chá, Larissa Lira, Sthe Vieira e Thallis Ítalo compõem elenco

O Espaço O Poste apresenta resultado concreto de política de formação artística continuada através de Àwọn Irúgbin (Sementes em iorubá), resultado de dois anos de Residência O Postinho. Seis jovens pretos das periferias participaram de processo formativo gratuito que inclui interpretação teatral, voz e preparação corporal, danças afrodiaspóricas, história do teatro negro, dramaturgia a partir de escrevivências, elaboração de projetos culturais, economia criativa e letramento étnico-racial. A equipe pedagógica conta com Naná Sodré (preparação corpo ancestral), Agrinez Melo (preparação poética matricial), Darana Nagô (danças afrodiaspóricas), Jeff Vitorino e Matheus Amador (história do teatro negro-africano). Cecilia Chá, Larissa Lira, Sthe Vieira e Thallis Ítalo compõem elenco que também assina dramaturgia e produção, demonstrando formação completa em criação teatral. A montagem aborda identidade racial, transformação social e visibilidade da mulher negra, incluindo cenas sobre Bailes Charme, com operação de som e luz ao vivo realizada pelo próprio elenco. O projeto integra Ocupação Espaço O Poste, fomentado pelo Programa FUNARTE de Apoio a Ações Continuadas 2023.

Teatro Infantil e Educação Ambiental

Floresta dos Mistérios utiliza 20 bonecos de diferentes tamanhos criados por Márcio de Pontes. Foto: Silvia Machado

A CAIXA Cultural Recife recebe criação de Márcio Araújo, um dos criadores do programa Cocoricó que marcou gerações na TV Cultura. Floresta dos Mistérios utiliza 20 bonecos de diferentes tamanhos criados por Márcio de Pontes para contar história sobre três crianças – Bel, Rafa e Duda que descobrem planos do prefeito Lúcio Fernando para desmatar área florestal e construir maior fábrica de celulares do mundo na cidade de Micrópolis. Com ajuda de seres encantados do folclore brasileiro como Saci Pererê, Iara e Boitatá, lutam para salvar a Floresta dos Mistérios. As canções originais, compostas por Tato Fischer e Márcio Araújo, são interpretadas ao vivo pelos manipuladores-cantores Clayton Bonardi, Daniela Schitini, Débora Vivan, Joaz Campos, Marcio Araújo, Matilde Menezes e Thalita Passos, com arranjos e direção musical de Gabriel Moreira. Todas as sessões são bilíngues e acessíveis, com tradução em LIBRAS e audiodescrição integradas à dramaturgia, representando abordagem inclusiva que faz parte da concepção artística. Paralelamente, acontece Workshop de Gestão e Produção Cultural Criativa ministrado pela produtora Bia Ribeiro, destinado a artistas, produtores e profissionais culturais maiores de 18 anos.

 

Teatro de urgência: espetáculo sobre violência infantil 

Ator potiguar José Neto Barbosa protagoniza peça com tema sensível

Uma obra que dialoga com uma das realidades mais dolorosas da sociedade contemporânea, Um Depoimento Real faz duas apresentações no Recife nos dias 28 e 30 de setembro, tendo como assunto o abuso infantil através da perspectiva de uma criança.

O ator potiguar José Neto Barbosa é dirigido pela argentina Monina Bonelli, do Teatro Bombón de Buenos Aires, na adaptação do texto Los Titanes, criado pela dramaturga Paola Traczuk.

A diretora define o trabalho como o resultado de um abraço artístico, político e afetivo entre artistas latino-americanos, que se propõem a abordar um tema sobre o qual a sociedade prefere não falar. Segundo ela, trata-se de um assunto doloroso que as pessoas gostariam que estivesse distante de suas realidades, mas que está presente no Brasil, na Argentina e no mundo inteiro, sem distinção de classe, gênero, raça ou povo, exigindo que seja discutido através da arte e outras linguagens.

O espetáculo apresenta a narrativa de uma criança que conta sua experiência. A montagem denuncia a negligência, expõe os silenciamentos e reforça a fundamental importância das redes de proteção na vida das crianças.

José Neto Barbosa, conhecido pelo premiado espetáculo A Mulher Monstro, que se tornou destaque no teatro pernambucano, protagoniza esta urgente discussão social. A classificação indicativa é de 14 anos, considerando a delicadeza do tema abordado.

Todas as sessões contarão com interpretação em Libras. Cada apresentação será seguida de um debate mediado por uma psicóloga especializada.

O acesso ao espetáculo é gratuito, mas requer a doação de 1kg de alimento não perecível, que será destinado a instituições de acolhimento de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade. Os ingressos estão disponíveis na plataforma Sympla.

Fundada em Natal e com atuação também em Recife, a S.E.M. Cia. de Teatro completa 13 anos de atividades voltadas para a arte militante e formação cultural. Sob a direção artística de José Neto Barbosa, a companhia já alcançou mais de 70 mil pessoas em 15 estados brasileiros. Entre suas produções de destaque estão os espetáculos Borderline, Quando a Vela Apaga, Acordo de Paz e o premiado monólogo A Mulher Monstro.

Apoio institucional
O projeto conta com o apoio da Fundação de Cultura Cidade do Recife, Secretaria de Cultura e Prefeitura do Recife, através da Lei Paulo Gustavo, uma iniciativa do Ministério da Cultura e Governo Federal para fomento das artes cênicas no país.

Universidade Federal: Meio Século de Formação

A 15ª Semana de Cênicas celebra 50 anos do curso de Licenciatura em Teatro da UFPE, meio século de formação de profissionais que atuam como professores, diretores, atores e pesquisadores em todo o Estado. O evento funciona como espaço de resistência cultural reunindo estudantes, professores, artistas e comunidade para discutir desafios e perspectivas do teatro pernambucano. A temática “Raízes Pernambucanas” conecta tradições ancestrais com práticas teatrais contemporâneas, evidenciando continuidade e transformação da arte cênica local através de seis apresentações que transitam entre experimento autobiográfico, teatro histórico, experiência imersiva, dramaturgia indígena, performance feminina e narrativa de resistência.

Humor e Musical para a família

O Teatro Barreto Júnior acolhe propostas distintas. A Fantástica Fábrica de Chocolates reúne elenco misto de amadores e profissionais incluindo crianças e adultos em três atos inspirados nos três filmes do Willy Wonka, seguidos de agradecimentos, sorteio de rifa e sessão de fotos com elenco. Plantão dos Técnicos marca encontro inédito entre Camila Cardoso (técnica de enfermagem) e Gabriel Castanheira (Tequim de Enfermagem), influenciadores com mais de 1 milhão de seguidores que transformam experiências do cotidiano médico em narrativas cômicas, rapidamente esgotando ingressos. A Vida é uma Choice apresenta Scarlat Caluête, reconhecida por timing cômico impecável e sarcasmo inteligente, transformando palco em talk show ao vivo através de stand-up interativo onde cada piada convida à gargalhada e público protagoniza momentos únicos.

O vendedor de sonhos

O Vendedor de Sonhos no Teatro RioMar representa primeira obra de Augusto Cury – psiquiatra mais lido no mundo atualmente – a receber adaptação teatral. O livro, traduzido para mais de 60 idiomas e também transformado em filme, foi adaptado pelo próprio autor com direção de Luciano Cardoso (33 anos de experiência). A montagem, vista por mais de 300 mil pessoas em mais de 400 apresentações, aborda saúde mental e prevenção ao suicídio – tema crescente na sociedade atual – através da proximidade entre atores e plateia que potencializa impacto positivo da obra. A narrativa conecta Júlio César (Mateus Carrieri), que tenta suicídio, com Mestre (Milton Levy), mendigo que lhe vende vírgula para continuar escrevendo sua história, junto a Bartolomeu (Adriano Merlini) na missão de vender sonhos e despertar sociedade doente.

VEM AÍ

Sagração. Foto: Flavio Colker

Sagração é uma releitura ousada de A Sagração da Primavera de Stravinsky, obra que em 1913 causou um dos maiores escândalos da história cultural em Paris. Deborah Colker, Prêmio Laurence Olivier (2001), Prix Benois de la Danse de Moscou (2018) e primeira mulher a criar espetáculo para o Cirque du Soleil (Ovo, 2009), além de dirigir movimento da cerimônia de abertura das Olimpíadas Rio 2016 transmitida para mais de 2 bilhões de pessoas, transforma sacrifício eslavo em cosmogonia indígena brasileira. A inspiração veio de viagem ao Xingu e encontro com cineasta indígena Takumã Kuikuro. 170 bambus de quatro metros (criações de Gringo Cardia) operam como elementos coreográficos ativos desafiando 15 bailarinos. A direção musical de Alexandre Elias propõe arqueologia sonora mantendo estrutura rítmica stravinskyana enquanto sobrepõe sons indígenas, maracá, caxixi e “paus de chuva” tocados pelos bailarinos, criando composição onde boi bumbá, coco, afoxé e samba dialogam com orquestra sinfônica.

Jeison Walace como Cinderela. Foto: Divulgação

Cinderela em: Toda Cidade Tem celebra fenômeno cultural de mais de três décadas. Jeison Wallace se confunde com criação que o tornou famoso: Cinderela não era princesa, mas menina sonhadora de um dos morros do Recife – mal educada, desaforada e engraçada – criada em 1991 na peça Cinderela, a História que sua mãe não contou. Popular em todas as classes sociais e habituado a lotar plateias, o comediante construiu mais de 30 anos de carreira transitando entre rádio, teatro, cinema, TV e sitcom. O espetáculo utiliza esquetes hilárias e interação intensa para abordar peculiaridades do cotidiano encontradas em qualquer cidade brasileira, desde fofocas de bairro até personagens marcantes do dia a dia, mesclando tradicional e contemporâneo através da irreverência que consolidou a personagem como ícone da comédia nacional.

PROGRAMAÇÃO 

SERVIÇOS
FOCUS CIA DE DANÇA – 25 ANOS
Trupe 📅 24/09, 19h – Centro de Artes UFPE | 28/09, 11h30 – Parque da Jaqueira
🎫 Gratuito | ⏱️ 35min | 👨‍👩‍👧‍👦 Livre

De Bach a Nirvana 📅 26/09, 20h – Teatro Luiz Mendonça
🎫 Gratuito – teatroluizmendonca.byinti.com | ⏱️ 90min | 👨‍👩‍👧‍👦 Livre

Carlota – Focus Dança Piazzolla 📅 27/09, 20h – Teatro Luiz Mendonça
🎫 Gratuito – teatroluizmendonca.byinti.com | ⏱️ 75min | 👨‍👩‍👧‍👦 12 anos

FETED 2025
📍 Teatro Apolo – Rua do Apolo, 121
🎫 R22,50(R 20 + R2,50taxa)∣💳4xR 6,12

24/09 (19h) – O Sequestro da Leitura
25/09 (19h) – Anjo Negro
26/09 (19h) – Canto de Negro
27/09 (16h) – As Crônicas dos Gatos Sem Lar
27/09 (19h) – Auto da Barca do Inferno
28/09 (16h) – Escolinha de Bruxas
28/09 (19h) – Ave, Guriatã!

Sala de Jantar 📅 25, 26, 27/09 – 18h e 20h
📍 Espaço Cultural Métron Produções – Rua Tabira, 109, Boa Vista
🎫 Gratuito –
www.metronproducoes.com.br
| 👥 30 pessoas | ⏱️ 45min | 👨‍👩‍👧‍👦 8 anos
♿ Libras em todas as sessões

Palhacinhas do Brega 📅 27/09, 20h – Casa de Alzira – MUAFRO
🎫 1º lote R30∣2ºloteR 50 | 👨‍👩‍👧‍👦 16 anos | 👥 70 pessoas

Canto e Encanto Pernambuco 📅 28/09, 16h – Teatro do Parque
🎫 R$ 30 (gratuito até 10 anos) | ⏱️ 60min | 👨‍👩‍👧‍👦 Livre

Ilha:Dois 📅 27, 28/09, 19h – Praça do Sebo, Boa Vista
🎫 Gratuito | ♿ Libras | 👨‍👩‍👧‍👦 Livre

Esquecidos por Deus 📅 27, 28/09, 19h30 – SESC Goiana
🎫 Gratuito | ⏱️ 60min

Àwọn Irúgbin – o Poste 📅 27/09, 19h – Espaço O Poste
🎫 Inteira R30∣MeiaR 15 | 💳 3x R$ 6,25

Floresta dos Mistérios 📅 26/09 a 05/10 – CAIXA Cultural
🕒 Sextas 19h | Sáb/Dom 11h
🎫 Inteira R20∣MeiaR 10
♿ LIBRAS e audiodescrição em todas as sessões

SEMANA DE CÊNICAS UFPE – 50 ANOS
📅 23 a 26/09 – Centro de Artes UFPE
🎫 Gratuito – Todas as apresentações

TEATRO BARRETO JÚNIOR
A Fantástica Fábrica de Chocolates” 📅 27/09, 17h45 | 🎫 Inteira R55∣MeiaR 27,50 | 👨‍👩‍👧‍👦 Livre

Plantão dos Técnicos” 📅 28/09, 20h | 🎫 ESGOTADO

A Vida é uma Choice” 📅 01/10, 19h | 🎫 Duplo R27,50∣IndividualR 22,50 | 💳 6x

Um Depoimento Real, com José Neto Barbosa
📅 28/09 (domingo): 18h – Espaço Cênicas, Bairro do Recife
30/09 (terça-feira): 14h e 16h – COMPAZ Dom Helder Camara, Ilha Joana Bezerra
🎟️ Ingressos: Gratuitos no Sympla (doação de 1kg de alimento não perecível) 🔞 Classificação: 14 anos 🧏🏽‍♂️ Acessibilidade: Interpretação em Libras em todas as sessões

VEM AÍ – OUTUBRO

Sagração” – Cia. Deborah Colker 📅 07/10, 20h30 – Teatro Guararapes, Olinda
🎫 R25aR 200 | ⏱️ 70min | 👨‍👩‍👧‍👦 10 anos
⚠️ Contém luzes estroboscópicas

“Cinderela em: Toda Cidade Tem” 📅 04/10, 18h – Teatro do Parque
🎫 Inteira R120∣MeiaR 60 | Social R$ 80 | 💳 12x
⏱️ 70min | 👨‍👩‍👧‍👦 14 anos

📱 Informações gerais: Consultar sites e redes sociais dos teatros
💳 Vendas: Sympla, bilheterias locais e sites específicos

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Companhia francesa Ktha seleciona elenco recifense

Montagem de On Veut em Séoul, na Coreia do Sul, em 2023. Foto: Reprodução

Espetáculo On Veut apresenta uma lista de desejos coletivos. Foto: Reprodução 

Uma convocatória está aberta para seleção de artistas pernambucanos para integrar o espetáculo da companhia francesa Ktha durante o 24º Festival Recife do Teatro Nacional, programado para novembro. A iniciativa faz parte da temporada Ano Cultural Brasil-França 2025, um intercâmbio cultural oficial entre os dois países que promove colaborações artísticas bilaterais ao longo do ano.

Conforme anunciado pela Secretaria de Cultura do Recife no perfil do Instagram culturadorecife : “Atenção, trabalhadores da cena e das cênicas recifenses! Trazemos duas boas novas sobre a 24ª edição do Festival Recife do Teatro Nacional. A primeira é que a programação gratuita, que será realizada em novembro, pela Prefeitura do Recife, contará com a participação da companhia francesa Ktha, que fará sua estreia na capital pernambucana, apresentando-se em espaço público, acessível a todas as plateias, com o espetáculo A Gente Quer / On Veut. A segunda é que o grupo está em busca de elenco recifense para a curta temporada de dois dias, que fará durante o festival..”

Para se candidatar, os interessados devem enviar carta de interesse, foto e mini bio (não são necessários portfólio, nem vídeos) para o e-mail projetoagentequer@gmail.com, com cópia para festivalteatronacionalrecife@gmail.com, até o próximo dia 10 de setembro. Um aviso importante da organização: é necessário que os interessados tenham disponibilidade para trabalhar com a companhia, em tempo integral, de 10 a 23 de novembro, e também que tenham boa memória, porque o texto é longo. O resultado da seleção, feita pela própria companhia, será anunciado por e-mail. Uma reunião on-line já está agendada para o dia 24/09, às 9h30, com as pessoas selecionadas.

Outra versão de On Veut / A Gente Quer. Foto: Divulgação

A companhia Ktha, fundada em 2000 e credenciada pela Prefeitura de Paris, desenvolveu ao longo de mais de duas décadas uma linguagem teatral singular que acontece em espaços urbanos não convencionais. Seus espetáculos são realizados em contêineres, caminhões de mudança, telhados, túneis subterrâneos, estacionamentos, gramados de estádios, varandas e rotatórias, sempre com atores que se dirigem diretamente ao público, estabelecendo um contato visual direto e sem mediações. A companhia explora a cidade através de projetos coletivos e laboratórios de pesquisa, adotando um olhar engajado e ativista sobre questões urbanas contemporâneas.

O espetáculo que será apresentado no Recife é A Gente Quer, versão brasileira de On Veut. Descrito como uma longa lista de desejos e reivindicações, o espetáculo trabalha com a presença e o reconhecimento mútuo entre performers e espectadores. Desde sua criação em 2021, On Veut já passou por múltiplas versões e foi apresentado em mais de 15 cidades no  mundo, sempre integrando artistas locais ao núcleo francês e absorvendo as particularidades de cada contexto.

Seria interessante ter também Tu Es Là / Você está Aqui no Marco Zero, à beira do Rio Capibaribe, no Recife

On Veut / A Gente Quer em São Paulo. Foto: Reprodução

A experiência mais recente da Ktha no Brasil aconteceu em agosto na Casa do Povo, em São Paulo, durante o festival ERUV. Durante duas semanas intensas, seis artistas brasileiros trabalharam em residência artística para criar versões paulistas de A Gente Quer / On Veut e Tu Es Là / Você está Aqui, este último um espetáculo que mistura línguas e olhares com a plateia – seria lindo se Tu Es Là pudesse ser encenada no Marco Zero, na beira do rio Capibaribe! A programação incluiu apresentações na Casa do Povo e uma turnê pelos SESCs. Segundo relatos da própria companhia, a recepção foi entusiástica, com casas lotadas e ovações de pé, demonstrando a potência do diálogo entre a dramaturgia francesa e a realidade brasileira. A experiência paulista serviu como laboratório para o que será desenvolvido no Recife, onde a companhia pretende criar uma versão específica que dialogue com as particularidades locais.

A qui tu parles ? , um outro trabalho da companhia Ktha. Foto: Divulgação 

As primeiras reações à convocatória nas redes sociais revelaram questionamentos legítimos da classe artística local. Artistas como Daniel Barros comentaram: “Interessante a proposta, mas não vi nenhuma informação no post sobre a remuneração dos selecionados. É doação ou o que se ganha é ‘experiência’. Seria bom deixar claro quando se convoca a classe trabalhadora.” Paulo Pontes também perguntou diretamente: “Qual é o cachê dos aprovados?”, enquanto Mari Onduras completou: “Faltou o cachê!” A organização respondeu que as informações sobre remuneração seriam fornecidas após a seleção, garantindo que o festival não contrata artistas sem remuneração.

Contrapondo aos questionamentos, a artista Juliana Andrade observou que nunca viu “chamada de elenco de cinema, publicidade ou espetáculo divulgando cachê”, sugerindo que a prática de não anunciar valores antecipadamente é comum no mercado audiovisual e teatral. Esta observação levanta uma discussão interessante sobre as diferenças entre os setores e as expectativas de transparência em cada um deles.

Embora a discussão sobre cachê seja fundamental para a valorização e dignificação do trabalho artístico, outras questões financeiras e conceituais merecem igual atenção. Quanto custará o projeto completo ao Festival Recife do Teatro Nacional? Quais são os valores envolvidos na vinda da companhia francesa, incluindo deslocamentos, hospedagem e produção local? Quem está financiando efetivamente este intercâmbio – recursos municipais, federais, franceses ou uma combinação de fontes? Como se mensurar o retorno deste investimento em termos de “fertilização de subjetividades” e fortalecimento da cena teatral local?

A temporada do Ano Cultural Brasil-França 2025 representa uma oportunidade de intercâmbio cultural que já vem acontecendo, com eventos programados em diversas cidades brasileiras e francesas até o final do ano. O programa oficial articula colaborações em teatro, dança, música, artes visuais e cinema, movimentando recursos significativos de ambos os governos. Algumas ações já foram realizadas em território brasileiro, consolidando esta ponte cultural bilateral.

No caso específico da vinda da Ktha ao Recife, Giovana Soar atua como ponte fundamental entre as duas realidades, trazendo sua experiência como ex-avaliadora do Festival Recife e atual produtora da companhia no Brasil. Sua participação facilita o diálogo entre as expectativas francesas e as possibilidades locais, contribuindo para que este projeto específico se adapte melhor ao contexto pernambucano.

Inserido neste contexto maior de intercâmbio, o projeto A Gente Quer/On Veut no Recife pode configurar-se como um laboratório de experimentação teatral capaz de influenciar futuras produções locais e inserir a cidade na rede mundial de territórios que receberam esta dramaturgia nômade. A proposta de apresentações gratuitas em espaços públicos democratiza o acesso e alinha-se com a vocação da Ktha para o teatro urbano, potencialmente alcançando públicos que normalmente não frequentam espaços teatrais tradicionais.

Paralelamente às potencialidades artísticas do projeto, as questões levantadas pelos artistas nas redes sociais refletem um amadurecimento da classe artística em relação aos seus direitos e condições de trabalho, mas também evidenciam a necessidade de maior transparência em projetos culturais que envolvem recursos públicos. Como garantir que intercâmbios internacionais efetivamente fortaleçam a produção local ? De que forma mensurar o impacto real de projetos desta natureza além do aspecto imediato da experiência artística? Qual o equilíbrio adequado entre investimento em eventos pontuais e políticas culturais continuadas? E que mecanismos de acompanhamento e avaliação poderiam ser implementados para garantir que experiências como esta geram desdobramentos efetivos na formação e profissionalização dos artistas locais?

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A brincadeira mais querida do Natal
Crítica do Baile do Menino Deus

Foto: Hans von Manteuffel

Os Mateus Arilson Lopes e Sóstenes Vidal com o grupo de bailarinos. Foto: Hans von Manteuffel / Divulgação

Foto: Hans von Manteuffel

Praça do Marco Zero no Recife, elenco e público. Foto: Hans von Manteuffel / Divulgação

O Baile do Menino Deus – uma brincadeira de Natal é um dos mais emblemáticos eventos natalinos do Brasil, quiçá do mundo. Apresentado anualmente há 21 dezembros na Praça do Marco Zero, no centro do Recife, ele atrai milhares de espectadores em busca de uma experiência cultural singular. Escrito por Ronaldo Correia de Brito (também diretor da peça) e Assis Lima e com músicas de Antônio Madureira, esse auto de Natal habilmente entrelaça a narrativa universal do nascimento de Jesus com elementos da cultura popular nordestina. O resultado é irresistível. Então eu digo, o Baile do Menino Deus salva o Natal de muita gente.

Além de oferecer um refúgio coletivo ao calor intenso, com a brisa do mar à beira do Capibaribe, essa obra revitaliza o espírito comunitário. Transformando o espaço público em um palco potente, o espetáculo toca corações e mentes de maneira particular. Ele reúne na plateia pessoas de várias classes sociais, reafirmando a rua como um espaço de pertencimento e expressão popular ao ar livre.

Em um mundo onde o consumismo frequentemente ofusca o verdadeiro espírito do Natal, o espetáculo propõe uma vivência carregada da essência da data: o nascimento de Jesus, simbolizando esperança, renovação e amor. Ao se concentrar nesses valores, o Baile convida o público a refletir sobre o que realmente importa nesta época do ano.

Para tantos, o espetáculo é um elo de conexão com suas raízes e identidade cultural. Ao incorporar elementos das manifestações populares do Nordeste, como o maracatu, o frevo, o cavalo-marinho, o bumba meu boi, a ciranda, o pastoril, o coco, e outros, o Baile fortalece o senso de pertencimento e orgulho de territoridade. Ele salva o Natal ao reafirmar a riqueza e a diversidade da cultura brasileira, em um ato de resistência contra a homogeneização cultural.

Diante de tantos desafios e incertezas, o Baile do Menino Deus oferece uma alegria do presente e esperança renovada. A cada ano, ao atualizar suas referências e adaptar sua narrativa, a encenação reforça a ideia de que, apesar das adversidades, há horizonte. E inspira cada espectador a maravilhar-se com a vida, com cada nascimento.

Pego esse verbo, maravilhar-se para acompanhar essa montagem.

Foto: Hans von Manteuffel

José e Maria, ao fundo, na festa de casamento. Foto: Hans von Manteuffel / Divulgação

Como contar para uma pessoa que não conhece as tradições populares do Nordeste, nunca viu um bumba meu boi, um cavalo-marinho ou um reisado, o que é aquela lindeza do Baile do Menino Deus na Praça do Marco Zero? Seja uma francesa ou uma paulistana, como explicar que magia é essa? Ou mesmo para um recifense que ainda não foi ao Baile? Como traduzir em palavras o que se passa naquele palco imenso, com suas casinhas, com as passagens de tantos personagens, com tantas cenas simultâneas, tanta dança e canto, música e alegria?

A estrutura da peça é baseada no reisado e na lapinha do Cariri, manifestações culturais enraizadas no sertão do Ceará. Estas tradições, que envolvem a encenação do nascimento de Jesus, a adoração dos Reis Magos e a montagem de presépios, que encantaram Ronaldo Correia de Brito em sua infância, serviram como a principal fonte de inspiração para a criação deste trabalho, que agrega elementos de outros brinquedos do Nordeste.

O Baile é para saudar o Menino que nasceu. Os Mateus – um mais lírico, outro mais cômico, assumem um papel central como condutores da brincadeira e são acompanhados por um coro infantil –  Agatha Carille, Alice Vitória de Souza, Ayla Kristie, Ana Kostic, Anna Jardim, Heitor Miranda, João Guilherme, Karina Paes, Luan Rian, Madiba Florentino, Maria Clara Araújo, Rodrigo Travassos- que confere leveza na missão de avançar na história. Juntos, eles buscam abrir a porta fechada que “esconde” a Sagrada Família. Nesta busca, eles convocam um mundaréu de seres, tanto reais quanto fantásticos, cada um contribuindo de maneira única para o desenrolar da trama.

Foto: Hans von Manteuffel

Coro infantil. Foto: Hans von Manteuffel / Divulgação

Essa celebração da cultura brasileira é uma produção grandiosa. Realizada pela Relicário Produções sob a liderança de Carla Valença, a obra reúne um impressionante contingente de cerca de 300 profissionais, dos quais 70 são artistas, entre performers e criadores. Os realizadores afirmam que a encenação é assistida anualmente por mais de 70 mil pessoas.

A sacada genial deste espetáculo, concebido em 1981 (texto original e letras das canções de Ronaldo Correia de Brito e Assis Lima, e música de Antônio Madureira), foi eleger o Brasil como cenário e imaginário central. Os criadores devem ter visto pouco sentido em adotar elementos como neve, típicos de representações natalinas tradicionais de outros países, no Nordeste brasileiro. Em uma decisão deliberada e inovadora, os criadores excluíram figuras como Papai Noel com seus trenós, optando por valorizar as expressões dos três principais povos formadores da identidade brasileira: indígenas, negros e ibéricos. 

Desde sua estreia, – em 1983 , no  Teatro Valdemar de Oliveira lotado -, o Baile do Menino Deus passou por diversas fases e locais de apresentação. Mas foi a partir de 2004, com a mudança para o Marco Zero do Recife que o espetáculo ganhou a magnitude e a visibilidade que possui hoje. Neste ano de 2024 o Baile do Menino Deus foi reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial do Recife, título concedido pela Câmara Municipal. A encenação ocorre todos os anos nos dias 23, 24 e 25 de dezembro.

Lia de Itamaracá pela primeira no palco do Baile. Na foto, ao lado de Lucas dos Prazeres. Foto: Hans von Manteuffel

Maestros Forró e Spok. Foto: Hans von Manteuffel / Divulgação

Uma constelação de talentos garante o primor artístico do Baile, que inclui os atores Arilson Lopes e Sóstenes Vidal como os Mateus, com Paulo de Pontes e Daniel Barros como seus substitutos. Arilson e Sóstenes brilharam no primeiro e terceiro dias de apresentação, enquanto Paulo e Daniel assumiram os papéis com maestria no segundo dia, mantendo a energia e o carisma característicos dos personagens.

Os músicos estão posicionados no palco, integrando a música de forma mais direta à narrativa. A equipe musical, em plena vista do público, é composta pelos instrumentistas Karol Maciel no acordeom, João Pimenta no contrabaixo, Laila Campelo na viola, e Aristide Rosa alternando entre violão e viola nordestina formam o núcleo harmônico. A percussão, essencial para o ritmo pulsante do espetáculo, fica a cargo de Emerson Coelho, Jerimum de Olinda e José Emerson. Alexandre Rodrigues (Copinha) e Henrique Albino nos sopros adicionam camadas melódicas, enquanto o próprio Rafael Marques alterna entre bandolim e cavaco, dirigindo o conjunto do palco. Esta disposição cênica permite intercâmbios interessantes  entre músicos e atores. Um exemplo é a interação cômica entre um dos Mateus e um músico careca.

Foto: Hans von Manteuffel

Coreografias assinadas por Sandra Rino. Foto: Hans von Manteuffel / Divulgação

A coreógrafa Sandra Rino integra diferentes estilos de dança, do tradicional ao contemporâneo, criando uma movimentação visualmente fascinante. O elenco de dança, composto por Beatriz Gondra, Fernando Gomes, Gabi Carvalho, Isabela Loepert, Jonas Alves, José Valdomiro, Marcela Aragão, Marina Vidal, Pinho Fidelis e Tiago Vieira, ocupa o palco com graça e energia.

Este ano, a estreia de Lia de Itamaracá – nossa rainha cirandeira –  brilhou com intensidade singular (antes ela tinha atuado no no segundo filme do Baile). Sua presença magnética tocou fortemente a plateia, transformando sua participação em um momento verdadeiramente histórico para o Baile. Ao lado de Lucas dos Prazeres, Lia interpretou a música da burrinha Zabilin. O figurino de Lia, elaborado com as sete saias mencionadas na própria letra da música, acrescentou uma camada visual à sua performance.

As participações dos maestros de frevo Spok e Forró contribuíram para elevar o calibre musical desta edição. Spok, reconhecido por sua maestria instrumental, também apresentou suas habilidades vocais, na canção Romã, Romã. Ele confessou que sempre quis participar desse espetáculo. O Baile tem essa coisa desejante. Paralelamente, Forró, fiel à sua essência, impregnou o espetáculo com generosas doses de irreverência, adicionando um toque de humor e espontaneidade que se harmonizou perfeitamente com o espírito do Baile.

A riqueza musical do Baile foi ainda mais evidenciada pela atuação de diversos solistas. Silvério Pessoa, Isadora Melo, Surama Ramos, Carlos Filho, Sarah Leandro, Sue Ramos, Cláudio Rabeca, Elon Damaceno e Ricardo Pessoa criaram momentos de puro deleite sonoro. A jovem Júlia Souza, como solista adolescente, adiciona uma camada de frescor à produção.

Surama Ramos, preparadora vocal e solista. Foto: Hans von Manteuffel / Divulgação

Foto: Hans von Manteuffel

Laís Senna, a Maria do Baile do Menino Deus. Foto: Hans von Manteuffel / Divulgação

Nos papéis de Maria e José, temos a atriz, cantora e compositora Laís Senna e o poeta, brincante e sanfoneiro Lucas Dan.

Laís Senna, em sua segunda participação no espetáculo desde sua estreia em 2023, demonstra um crescimento significativo em sua performance. Sua presença cênica  mostra-se mais confiante e expressiva. Como atriz e cantora, ela consegue transmitir a complexidade emocional de Maria com delicadeza. Sua interpretação da música Acalanto é particularmente comovente, revelando suas habilidades vocais, como também sua capacidade de incorporar a essência maternal de sua personagem.

Por outro lado, Lucas Dan traz uma ternura ao papel de José. Sua formação como poeta, brincante e sanfoneiro enriquece sua interpretação. A cumplicidade e o entrosamento entre os atores são evidentes em cada interação, cada olhar trocado, cada gesto sutil. Esta sintonia expande a qualidade da atuação, reforça a credibilidade da narrativa, e envolve emocionalmente o público com a jornada do casal.

A sequência do casamento entre José e Maria exibe o casal sob uma luz mais romântica e humana. Ao fazê-lo, a produção consegue um equilíbrio delicado entre o sagrado e o secular, permitindo que o público se conecte com José e Maria não apenas como figuras divinas, mas como um casal enfrentando desafios e emoções muito humanos.

Hip hop do Okado do Canal e seu grupo PE Original Style. Foto: Hans von Manteuffel / Divulgação

O Baile do Menino Deus, embora profundamente enraizado na cultura nordestina e comprometido com a preservação de suas tradições, não se fecha para o mundo. Desde o ano passado, e com maior amplitude neste ano, a inclusão de bailarinos de breakdance, componentes centrais do movimento cultural do hip hop, trouxe um impacto visual e cultural significativo ao espetáculo, com Okado do Canal, nome artístico do multiartista Ellan Barreto, e seu grupo PE Original Style.

A integração do hip hop adiciona dinamismo ao espetáculo e traça uma ponte entre gerações. Os passos de break da Favela do Canal, no bairro do Arruda, trazem uma autêntica representatividade da periferia ao Baile.

Nos bastidores, o estafe de profissionais dedicados assegura a excelência em cada aspecto da produção. Quiercles Santana lidera a preparação de elenco e atua como assistente de direção; e Célia Oliveira faz a preparação do elenco infantil. Sandra Rino é responsável pela coreografia, enquanto Marcondes Lima e Sephora Silva comandam a direção de arte e cenografia. A iluminação cênica fica a cargo de Jathyles Miranda, e Tomás Brandão assume a direção técnica. Juntos, esses artistas e suas equipes contribuem para criar uma experiência visual e sensorial ampla.

Cláudio Rabeca e Lucas D’Ann  na abertura do espetáculo. Foto: Foto: Hans von Manteuffel / Divulgação

Silvério Pessoa, o Boi e Carlos Filho, observados pelos Mateus, Maria e José. Foto: Hans von Manteuffel

O Baile do Menino Deus inicia-se com um arranjo nordestino da festiva Hevenu Shalom Aleichem, tradicional canção folclórica hebraica cujo significado é “Trouxemos paz sobre vocês”. A parceria entre Cláudio Rabeca e Lucas D’Ann cria uma atmosfera de celebração, que segue até o término do espetáculo.

Uma série de cenas memoráveis trouxe esse Baile do Menino Deus de 2024. O dueto entre Carlos Filho e Silvério Pessoa, interpretando o Boi, é um ponto alto, complementado pela formosura da nova versão do boi confeccionada para esta edição. O solo de saxofone do maestro Spok, acompanhado por um passista lírico executando um frevo, cria um momento de pura magia cênica. A chegada majestosa dos Reis Magos e a risada contagiante do Mateus adicionam doses de encantamento à montagem, além de lances já citados e outros fragmentos que me abraçarão depois. Cada espectador tem a liberdade de eleger suas cenas prediletas dentre esse rico mosaico de momentos. Ao final, o público já anseia pela próxima edição em 2025, renovando a esperança que o espetáculo tão engenhosamente cultiva.

O Satisfeita, Yolanda? faz parte do projeto arquipélago de fomento à crítica,  apoiado pela produtora Corpo Rastreado, junto às seguintes casas : CENA ABERTA, Guia OFF, Farofa Crítica, Horizonte da Cena, Ruína Acesa e Tudo menos uma crítica

 

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Carne ou Vodka? distende a dor do outro

Daniel Barros, Hermínia Mendes e Eric Valença dividem a cena em Carne ou Vodka?

A barbárie marca o percurso da dita humanidade. Já a espetacularização da barbárie ganha menu variado em todas as mídias e é consumida com gosto por muitos ou enfiada goela abaixo. O espetáculo Carne ou Vodka? faz vibrar algumas manifestações dessas violências em três historietas.

A peça tem sessão extra de encerramento da temporada nesta quarta-feira (29/05) no Teatro Hermilo Borba Filho, no Bairro do Recife, às 20h.

A temática do abuso se desdobra em três eixos alçado ao limite do absurdo: feminicídio, pedofilia e violência contra idosos . Hermínia Mendes, Daniel Barros e Eric Valença dividem a criação coletiva na dramaturgia, na direção e interpretação. O trabalho vem sendo desenvolvido há um ano, sem patrocínios públicos ou privados, e está aberto a novos desdobramentos.

O trio adjunta a potência acusatória de Carne ou Vodka? na violência dos atos que chegam ao limite do suportável. Os corpos dos atores encaram o estado de tensão para provocar o espectador a um posicionamento mais ativo e com mais empatia pela dor do outro.

E sabemos que as possíveis associações entre as cenas do teatro e o acirramento da intolerância não são obras do acaso. Mas sim envenenamentos causados por atitudes preconceituosas do mandatário temporário no Brasil e seus asseclas. 

SERVIÇO
Carne ou Vodka
Quando: Nos dias 08 e 15 de maio às 20h
Onde: Teatro Hermilo Borba Filho – Cais do Apolo
Ingressos: R$ 40 inteira e R$ 20 meia entrada
Classificação Etária: 16 anos.

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Protagonismo da reflexão no Palco Giratório

Dinho Lima Flor em Ledores do Breu. Foto: Alécio Cézar/ Divulgação

Dinho Lima Flor em Ledores do Breu. Foto: Alécio Cézar/ Divulgação

O educador Paulo Freire (1921-1997) conecta as dramaturgias de PA(IDEIA) – pedagogia da libertação, do coletivo Grão Comum/ Gota Serena do Recife, e Ledores no Breu, da Cia do Tijolo, de São Paulo. Ambos os espetáculos integram a programação do projeto nacional Palco Giratório, que ocorre desta segunda-feira (24) até sexta (28) no Teatro Marco Camarotti, no Sesc Santo Amaro, no Recife. Além das peças, também estão agendados o Pensamento Giratório (troca de ideias sobre as duas montagens com os grupos), e um Seminário com pautas que versam sobre questões de gênero, sexualidade, dramaturgias, construção de narrativas, arte e ancestralidade.

O Palco Giratório Pernambuco, festival que acontecia geralmente no mês de maio, acabou em 2015 e não se fala mais nisso. Boca de siri. Um grande prejuízo para a recepção e produção artística do estado. Desde então, no Recife, esta é a maior ação do Palco nacional. A iniciativa do Sesc nacional é apontada como o maior projeto de circulação das artes cênicas no país e celebra 20 anos de atividades. E é realmente um fôlego chegar à cidade uma programação nesse formato, que amplifica a articulação do pensamento e a reflexão.

Daniel Barros e Júnior Aguiar atuam em Paideia

Daniel Barros e Júnior Aguiar atuam em Pa(ideia). Foto: Divulgação

Paulo Freire foi aquele filósofo e pedagogo que colocava em prática ideias como “Ninguém ignora tudo. Ninguém sabe tudo. Todos nós sabemos alguma coisa. Todos nós ignoramos alguma coisa. Por isso aprendemos sempre” ou “Não há saber mais ou saber menos: Há saberes diferentes”. Que falta faz esse homem neste mundo de tanto obscurantismo.

PA(IDEIA) – pedagogia da libertação, a segunda da Trilogia Vermelha, investe cenicamente na prisão de Paulo Freire em 1964, além de falar do Brasil de hoje. A peça ganha ainda mais força com o desmonte de um sistema de educação que ocorre no país. Os atores Daniel Barros e Júnior Aguiar ressaltam essas contradições para provocar um diálogo reflexivo com a plateia.

Com atuação de Dinho Lima Flor e direção de Rodrigo Mercadante, Ledores no Breu costura histórias de leitores que se debatem na lama da compreensão e analfabetos ainda no século XXI. O pensamento e a prática do educador Paulo Freire e as obras do poeta Zé da Luz e do ficcionista Guimarães Rosa são matéria-prima do espetáculo. Ledores no Breu narra episódios como a do homem que matou o seu amor porque não sabia ler uma carta ou de outro que reelabora seu afeto a partir das letras do seu nome.

Em 20 anos do Palco Giratório é a primeira vez que um seminário desse porte entra no projeto. Arte e Ancestralidade – Povos Indígenas é a mesa de abertura. Outras discussões estão focadas em Negros e Quilombolas; Questões de Gênero e Sexualidade -Trans-Posições Artísticas: Diversidade Sexual e Representatividade Política com a mediação de Robéyonce, primeira advogada Trans de Pernambuco; Dramaturgias e a Construção de Narrativas; Gestão Cultural e Curadoria na Experiência do Sesc: Desafios e Oportunidades; Mapeando experiências e articulando sentidos: o trabalho de críticos e curadores dos festivais cênicos; e Acessibilidade, Mediação Cultural e Formação de Público.

Serviço:
Seminário 20 anos do Palco Giratório
Quando:De 24 a 28 de julho
Onde: Teatro Marco Camarotti

Ledores do Breu reflete sobre as repercussões do analfabetismo

Ledores do Breu reflete sobre as repercussões do analfabetismo. Foto: Divulgação

PROGRAMAÇÃO

Espetáculos:
Dia 25 – Espetáculo Pa(IDEIA) – pedagogia da libertação | 20h | R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia entrada)
Dia 26 – Ledores do Breu | 20h | R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia entrada)
Dia 27 – Pensamento Giratório | 20h – Acesso gratuito

Seminário:
Inscrição gratuita:www.sescpe.org.br
24/07
14h | mesa –Arte e Ancestralidade – Povos Indígenas
Zeca Ligiéro, Vânia Fialho, Guila Xucuru e Fred Nascimento (mediação)
19h | mesa –Arte e Ancestralidade – Negros e quilombolas
Fernanda Júlia, Samuel Santos, Lara Rodrigues, Maria Bianca (mediação)

25/07
14h |Questões de Gênero e Sexualidade –Trans-Posições Artísticas: Diversidade Sexual e Representatividade Política
Dodi Leal, Marcondes Lima, Robeyoncé (mediação)

26/07
14h |Dramaturgias e a construção de Narrativas:(Des)territorializando espaços e (Re)inventando dramaturgias
Rodrigo Dourado, Mônica Lira, Eliana Monteiro, Anamaria Sobral (mediação)

27/07
14h| mesa 01 – Gestão Cultural e Curadoria na Experiência do Sesc: Desafios e Oportunidades
Maria Carolina Fescina, André Santana, Rita Marize e Raphael Vianna
16h| mesa– Mapeando experiências e articulando sentidos: o trabalho de críticos e curadores dos festivais cênicos
Michelle Rolim, Fábio Pascoal, Nara Menezes e mediação de Pedro Vilela

28/07
14h |Acessibilidade / Mediação Cultural / Formação de Público
Felipe Arruda, Bernardo Klimsa, Emanuella de Jesus e Andreza Nóbrega (mediação).

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