Arquivo do Autor: Ivana Moura

Dança das origens
Crítica do espetáculo À un endroit du début

Germaine Acogny em À un endroit du début. Foto: Thomas Dorn / Divulgação

Germaine dança para seu pai, sua avó paterna e suas heranças africanas. Foto: Thomas Dorn / Divulgação

A performance multimídia À un endroit du début (Em Algum Lugar no Início), de Germaine Acogny, se move junto à biografia dessa dançarina e coreógrafa africana de carreira singular. Nesse solo, seus movimentos envolvem uma vida;  atravessam várias gerações; e ainda, abarcam memórias de colonialismo, origens e antepassados, tradição, identidades múltiplas, questionamentos contemporâneos.

As palavras de seu pai, um funcionário colonial; as vivências da sua avó, sacerdotisa vudu do Dahomey  (um reino africano que existiu entre 1600 e 1904, foi derrotado pelos franceses e o país foi anexado ao império colonial francês), abrem caminhos no tempo. Por gestuais e falas dessa artista de 76 anos, de vitalidade invejável, À un endroit du début exibe-se como um espetáculo desconcertante, de incrível força, visceral e emocionante.

Germaine Acogny entra em cena, senta-se no palco e lê um trecho do diário Narrativas de Aloopho. “Terminando de escrever sua biografia, meu pai diz”:

Permitam-me formular um desejo: que os homens, todos os homens, independentemente das suas origens e concepções religiosas ou filosóficas, se conheçam complementares uns dos outros e estabeleçam o diálogo indispensável. Veremos que os preconceitos cairão uns após os outros e que a terra será propriedade de todos. Viena, 10 de Agosto de 1979, Togoun Servais Acogny.

Em seguida, a artista apaga uma vela e olha para a foto projetada do pai, que parece lhe sorrir.

Togoun Servais Acogny foi administrador das colônias no Senegal dos anos 1950 e exerceu a função de diplomata em Viena. No livro paterno – não publicado – ele fala de coisas que o afetaram na época. A mãe de Togoun, Aloopho, uma sacerdotisa Yoruba, deu à luz aos 60 anos. Germaine conclama essas duas figuras para traçar sua história pessoal e familiar, provocando intepretações sobre o papel da mulher na África.

A dançarina lê em voz alta, canta, escreve palavras no ar, se desloca no espaço, honra seus antepassados convocando os rituais da avó, reclama memórias de infância submersas em enigmas.

Toi, Aloopho, ma mère, aujourd’hui tu n’est plus, ton souvenir s’efface, tu es Dieu toi même… tu as eu foi en tes Dieux et cela a suffit pour m’enggendrer. Si je remarque des erreus sur la route que tu m’as tracée, je sais au moins qu’elle ne t’a point conduit, toi, à une vie dépravée. Togoun Servais Acogny.

Tu, Aloopho, minha mãe, hoje já não és mais, a tua memória está a desvanecer-se, tu és Deus tu mesma… tiveste fé nos teus Deuses e isso foi o suficiente para me atormentar. Se eu reparo nos erros do caminho que me traçaste, pelo menos sei que ele não te conduziu, a ti, a uma vida corrompida. Togoun Servais Acogny.

A um lugar do início denuncia a negação feita pelo pai da artista aos costumes cerimoniais ancestrais senegaleses – defendidos por sua avó -, influenciado pelo colonialismo e pela conversão ao catolicismo. Ela exprime uma sociedade em guerra de valores em movimentos fortes, que passam inevitavelmente pela fúria contra os brancos e pontos de inadequação com sua própria comunidade. 

No coração dessa cena, uma dançarina feminista denuncia a violência contra as mulheres e acusa a poligamia, defendida por seu pai “convertido”. Celebra a herança abjurada, com seus cantos e danças mágicos. Ela vai ao seu lugar de início. E questiona o apagamento da memória comunitária, de uma identidade fraturada.

Moi, Togoun Sevais Acogny, j’avais 9 ans quand on m’a inculqué l’idée que les Dieux de ma mère, Aloopho, étaient des démons. “Le fétiche de Python” , me disait-on, s’est transformé en homme et a fait manger la fruit défendu à Eve . Tout cela a fini par provoquer en moi la haine des fetiches de ma mère. 

Eu, Togoun Sevais Acogny, tinha nove anos quando fui ensinado que os deuses da minha mãe, Aloopho, eram demônios. “Le fétiche de Python” , diziam-me, transformou-se em homem e fez Eva comer o fruto proibido. Tudo isso acabou por me fazer odiar os amuletos da minha mãe.

Facas projetadas refletem o corte das tradições. A artista se move angustiada entre as escolhas de seu pai e as ações de sua avó. Germaine traduz outros conflitos íntimos com sua dança. Foto Thomas Dorn

Germaine Acogny gosta de se apresentar como “uma mulher negra, nascida em Bénin, etnia yoruba, crescida no Senegal, divorciada com dois filhos, recasada com um alemão”. Desde a montagem do solo autobiográfico À un endroit du début, em 2015, ela prefere chamar-se “Germaine Marie Pentecôte Salimata Acogny”. Ela nasceu no dia de Pentecostes em 1944, e foi batizada duas vezes, na religião católica e mulçumana. 

O questionamento feminista de Germaine é espiralado nesse espetáculo em que a mulher sofre, se revolta, exalta, desconstrói paradigmas culturais, reconstrói atos contemporâneos, mas não larga as essências da tradição impregnadas nas suas células ancestrais e familiares. Sua dança está carregada dessa porosidade. Entre mutações e influências do tempo, em movimentos coloniais, religiosos, sociais.

as ideias de seu pai, que expõe os inconvenientes da monogamia e do casamento na igreja

A encenação do franco-alemão Mikael Serre cruza a dança, a narração, o teatro e a projeção de fotografias e de filmes (captações documentais e criações de Sébastien Dupouey). Mikael Serre já disse que “Germaine encarna o que quase todos nos tornamos, humanos em trânsito, exilados, convertidos e reconvertidos”.

O vocabulário gestual da bailarina está carregado das figuras tradicionais da dança africana e do contemporâneo, inspirados ainda nos bamboleios do trabalho de campo ou de casa. Um solo, com o palco vazio, repleto de uma população. Da família de Acogny, da herança africana, do multiculturalismo. Passa por diversos estados emocionais, da contemplação, transe, cólera, oração. Uma cortina de fios, na qual  são projetados  testemunhos e imagens do pai de Germaine, serve de provocação cognitiva de orgulhoso e rebeldia.

A música composta por Fabrice Bouillon alimenta a mudanças de pulsação coreográfica. São potentes os movimentos de seus braços e quadris fortes, sublinhando nos seus passos as forças ancestrais. Ela manipula com vigor a parte inferior do seu vestido longo criando outras formas. 

Filmagens de ações culturais no Senegal.

As influências de Germaine são complexas, dos estudos da dança em centros importantes da Europa às heranças artísticas e identitárias. Em 1960 ela se mudou de Dakar, Senegal, para a França em busca de dança moderna e treinamento de balé. Entre 1977 e 1982, Germaine dirigiu a Mudra Afrique, em Dakar, uma escola de dança idealizada por Maurice Béjart (1927-2007) e pelo primeiro presidente senegalês (1960 a 1980), Leopold Senghor (1906 – 2001) – poeta que cunhou, junto com o poeta antilhano Aimé Césaire (1913 – 2008), o termo “negritude”. Em 1998, Germaine cofundou a l’École des Sables (Centro internacional de danças tradicionais e contemporâneas africanas), em Toubab Dialaw, Senegal, com seu marido Helmut Vogt.

Essa autobiografia dançada forte e impactante, no entanto, não se oferece fácil na escolha plural de linguagens: memória; ficção; posicionamentos existenciais, poéticos e políticos, nessa profusão de imagens e textos, narrativas e reportagens sobre o Senegal, coreografia e questionamento social.

Depois de passar por diversos estados e tempos no palco, Germaine Acogny aparece com uma fantasia de gris gris (amuleto feito por um feiticeiro para dar sorte e conjurar os maus feitiços), uma sinalização de que é preciso preservar a memória. Mas também se despe da alegoria, lembrando que a tradição não deve engessar seus passos.

As suas últimas palavras, dirigidas ao seu pai, “Perdoo-te”, são de grande poder. Ela que se autoproclama “réincarnation” de sua avó Aloopho diz: 

Papa,
Je suis ta mère.
je te baptise.
je te pardonne

O espetáculo teve transmissão em vídeo gravado e exibido no contexto do Festival Janeiro de Grandes Espetáculos, do Recife. Não me pareceu a melhor filmagem do espetáculo. A produção do festival também não considerou que seria necessário legendar a montagem, o que causou prejuízo na recepção. À un endroit du début é um espetáculo de dança, teatro, vídeo, e mais, falado em francês, repleto de referências autobiográficas, de uma artista muito importante da dança mas, possivelmente, não tão conhecida do público deste JGE. Realmente uma falha.

Confira a programação do Janeiro de Grandes Espetáculos.

Bem, para quem se interessar pelo trabalho de Germaine Acogny existe uma filmagem disponível, recente, de dezembro último, feita pelo Théâtre de la Ville de Paris, em francês, uma gravação de qualidade, com contraplanos, zoons, closes, que corta menos as projeções dos textos. O ponto negativo da gravação é a permanência do logo da TV e do programa em letras grandes. O do teatro também está lá, mas é discreto e não incomoda.

Sim, a filmagem inicia com a apresentação do diretor do Théâtre de la Ville, Emmanuel Demarcy Mota, uma fala do cofundador da l’École des Sables e companheiro de Germaine, Helmut Vogt, e do diretor da peça, Mikael Serre. Além de uma pequena reportagem com Germaine Acogny. O espetáculo em si começa aos 12 minutos e 39 segundos da gravação.

 

Sombras e fantasmas

Ficha técnica:

À un endroit du début (Num lugar do início), com Germaine Acogny
Coreografia e interpretação: Germaine Acogny.
Direção: Mikael Serre.
Assistente coreógrafo: Patrick Acogny.
Cenografia: Maciej Fiszer.
Figurino: Johanna Diakhate-Rittmeyer.
Música composta e interpretada: Fabrice Bouillon «Laforest».
Vídeo: Sébastien Dupouey.
Luzes: Sebastian Michaud

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Ação do Teatrojornal celebra a crítica digital

Ator Luiz André Cherubini em São Manuel Bueno, Mártir, do Grupo Sobrevento. A imagem de 2004 foi escolhida para representar a ação Biocrítica, que celebra os 10 anos do site Teatrojornal. Foto Biel Machado

Valmir Santos assiste à ação formativa Corpos da Exceção, no FIT São José do Rio Preto 2019. Foto: João Cordioli

Valmir Santos, idealizador e fundador do site Teatrojornal – Leituras de Cena, alimentava um sonho lá no início dos anos 2000: formar uma rede de jornalistas e críticos de teatro em tempos digitais para conectar as artes cênicas desse imenso e tão diverso Brasil. Isso não se concretizou (ainda) em sua totalidade. Mas os diálogos são criados e renovados constantemente para reavivar nossas crenças no teatro.

Da soberania da crítica feita para o papel-jornal ao território reiteradamente provocante do digital muitas mudanças ocorreram. Outras formas de encarar, de observar, de acalentar os teatros e seus artistas são experimentados por blogs individuais ou sites coletivos de críticos que se formaram ao longo da última década. Acompanhando as mudanças de paradigma no coração das artes cênicas, com o rasgar e costurar das práticas da cena e suas subversões, a crítica teatral experimenta novas miradas.

Aquele olhar agregador do Valmir do começo do século ressoa neste janeiro de 2021. A vontade de fazer junto inspirou o Teatrojornal a construir, de forma generosa, uma ação comemorativa que junta 10 grupos de pesquisadores de várias partes do país. Para celebrar seus dez anos, o site Teatrojornal propôs essa prática coletiva: o dossiê Biocrítica. Trata-se de um conjunto de artigos que iluminam as histórias de dez espaços “empenhados na crítica de teatro na internet, mais a trajetória do próprio Teatrojornal”. “Os textos foram escritos pelas pessoas que idealizaram essas iniciativas em oito estados, num movimento oposto ao declínio da crítica jornalística na mídia impressa” explica Valmir. Os artigos são publicados a partir deste 8 de janeiro, sempre às sextas e terças-feiras.

Nós, do blog Satisfeita, Yolanda?, estamos presentes e orgulhosas de participar dessa atividade. Nosso texto, que também serve à celebração dos nossos 10 anos, comemorados agora em 2021, será publicado no dia 15 de janeiro.

O primeiro artigo no ar é o da Questão de Crítica – Revista Eletrônica de Crítica e Estudos Teatrais, do Rio de Janeiro (RJ), criada em março de 2008.

A sequência de publicação adota a ordem de fundação das casas eletrônicas. Então, depois da QC vem o Teatrojornal – Leituras de Cena, que foi erguido em março de 2010, em São Paulo, SP; o Satisfeita, Yolanda?, criado em janeiro de 2011, no Recife; Macksen Luiz, também lançado em janeiro de 2011, no Rio de Janeiro; o Antro Positivo, concebido em outubro de 2011, em São Paulo. A série prossegue com Horizonte da Cena, criado em setembro de 2012, em Belo Horizonte(MG); o Tribuna do Cretino, que surgiu em julho de 2013, em Belém (PA), Quarta Parede, lançado em abril de 2015, no Recife (PE), Agora Crítica Teatral, criado em julho de 2015, em Porto Alegre (RS); Revista Barril, concebida em março de 2016, em Salvador (BA); e Parágrafo Cerrado, registrada em novembro de 2016, em Cuiabá (MT).

O Teatrojornal sugeriu que os convocados falassem “das motivações e ambições de início, as mutações de percurso, o pensamento editorial, o modo como o espaço é estruturado, a equipe envolvida e a percepção para o futuro da prática da crítica a partir do contexto de sua cidade”.

Com a proposta do Teatrojornal, nos reconhecemos, nos confraternizamos – apesar das diferenças e das divergências – com as grandezas estéticas, éticas, políticas, existenciais das artes cênicas, que sempre queremos vivas.  Essas vozes trazem um panorama relevante da cena e de sua recepção crítica a partir do seu lugar de fala.

Além dos autorretratos, o dossiê também conta com uma análise conjuntural, elaborada por três pensadores da cena: a pesquisadora e tradutora Fátima Saadi (RJ), editora da revista Folhetim da coleção Folhetim/Ensaios no âmbito da companhia Teatro do Pequeno Gesto; o jornalista e crítico Kil Abreu (SP), curador de teatro do Centro Cultural São Paulo e editor do site Cena Aberta – Teatro, Crítica e Política das Artes; e a bailarina Rosa Primo (CE), professora da Universidade Federal do Ceará, criadora de trabalhos solos em colaboração com outros artistas e ex-crítica de dança do jornal O Povo.

No epílogo da ação em fevereiro, a Biocrítica publicará uma avaliação da passagem da crítica em jornal para o território digital, assinada pela jornalista e crítica Maria Eugênia de Menezes, da equipe do Tetrojornal e também colaboradora do jornal O Estado de S.Paulo.

O site Teatrojornal – Leituras de Cena, anfitrião da ação Biocrítica, foi lançado em 20 de março de 2010 pelo jornalista e crítico Valmir Santos. Há alguns anos fazem parte da equipe editorial as jornalistas e críticas Beth Néspoli e Maria Eugênia de Menezes. E mais recentemente também a jornalista e agitadora cultural Neomisia Silvestre responsável pelas Mídias Sociais.

É um site que trafega por reportagens, críticas, entrevistas, crônica de vários colaboradores, Acervo com textos dos autores do site desde 2010 e as ações, como Encontro com Espectadores e Crítica Militante

Participam da ação Biocrítica :

Questão de Crítica – Revista Eletrônica de Crítica e Estudos Teatrais (desde março de 2008, Rio de Janeiro, RJ)
www.questaodecritica.com.br

Teatrojornal – Leituras de Cena (março de 2010, São Paulo, SP)
www.teatrojornal.com.br

Satisfeita, Yolanda? (janeiro de 2011, Recife, PE)
www.satisfeitayolanda.com.br/blog

Macksen Luiz (janeiro de 2011, Rio de Janeiro, RJ)
www.macksenluiz.blogspot.com

Antro Positivo (outubro de 2011, São Paulo, SP)
www.antropositivo.com.br

Horizonte da Cena (setembro de 2012, Belo Horizonte, MG)
www.horizontedacena.com

Tribuna do Cretino (julho de 2013, Belém, PA)
www.tribunadocretino.com.br

Quarta Parede (abril de 2015, Recife, PE)
www.daquartaparede.com

Agora Crítica Teatral (julho de 2015, Porto Alegre, RS)
www.agoracriticateatral.com.br

Revista Barril (março de 2016, Salvador, BA)
www.revistabarril.com/

Parágrafo Cerrado (novembro de 2016, Cuiabá, MT)
www.paragrafocerrado.com.br

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Batendo Texto na Coxia entrega abaixo-assinado ao prefeito do Recife

Ato contra extinção do DRT de artista, foto na porta do Teatro de Santa Isabel

Ato contra extinção do DRT de artista, foto na porta do Teatro de Santa Isabel

uma das reuniões do BTC. Foto Roberto Ramos

Fazer teatro no Recife é uma luta permanente. Ora, direis, em qualquer lugar do Brasil. Pode ser. Mas no Recife tem algumas peculiaridades. Depois de duas gestões do PT (João Paulo Lima e Silva, 2001-2008) com conquistas relevantes para a área cultural, outra do PT (João da Costa, 2009-2012) bastante criticada, o PSB assumiu a prefeitura com Geraldo Júlio (2013-2020) implantando uma política cultural cada vez mais restritiva.

Começamos 2021 com mais uma administração do PSB, desta vez sob o comando do jovem João Campos, filho e herdeiro político de Eduardo Campos e que pertence ao mesmo partido do governador de Pernambuco, Paulo Câmara.

Há três anos foi criado no Recife o Movimento de Teatro Batendo Texto Na Coxia (em 6 de dezembro de 2017), que reúne atores, técnicos e produtores independentes com o intuito de fortalecer esse segmento cultural de Pernambuco. Esse grupo de atuação aberto já promoveu 30 encontros presenciais (suspensos em 2020 devido à pandemia do Coronavírus) para refletir sobre a potência artística na cidade e deliberar operações. O primeiro encontro presencial foi realizado na sede da Métron Produções por iniciativa do ator e produtor Paulo de Pontes e da atriz, diretora e produtora, Augusta Ferraz.

O trabalho do Batendo Texto na Coxia discute estratégias para ampliar o raio de atuação e ações que colaborem para melhorar a política cultural do Recife e de Pernambuco. O grupo reforçou o movimento da sociedade civil pela reabertura do Teatro do Parque, atuou contra a extinção da exigência do registro profissional dos artistas, se posicionou com uma Carta Aberta de repúdio contra a censura ao espetáculo O Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu, de Renata Carvalho, no Festival de Inverno de Garanhuns, em julho de 2018.

Também apresentou uma carta aos candidatos ao cargo de governador de Pernambuco (2018), traçou ações de diálogo junto a Secult e Prefeitura. se insurgiu contra a censura velada, assinou juntamente com as entidades representativas uma nota de repúdio contra o cancelamento de apresentações do espetáculo Abrazo, do grupo Clowns de Shakespeare, pela Caixa Cultural Recife.

Nesta semana, o Batendo Texto na Coxia entrega ao prefeito João Campos um abaixo-assinado em que estão destacadas as principais preocupações e reivindicações do setor das artes cênicas do Recife. 

Abaixo o documento, na íntegra:

Link DIÁLOGO PELO RESGATE E INCREMENTO DO TEATRO RECIFENSE – PROPOSTAS AO PREFEITO DO RECIFE – MOVIMENTO DE TEATRO BATENDO TEXTO NA COXIA

https://peticaopublica.com.br/psign.aspx?pi=BR118006

Ofício nº 004/2020
Recife, 26 de dezembro de 2020.

Exmo. Sr.
João Henrique de Andrade Lima Campos
Prefeito da Cidade do Recife
NESTA

Excelentíssimo Senhor Prefeito,

O Movimento de Teatro Batendo Texto na Coxia é um coletivo de artistas, técnicos e produtores independentes, que vem trabalhando pelo resgate da credibilidade e incremento da cadeia produtiva do Teatro em Pernambuco. Considerado por décadas como o terceiro polo de produção teatral do Brasil, seus realizadores, testemunharam, ao longo dos anos, o setor teatral sendo desconstruído, e que se agravou durante a Pandemia da Covid 19. Agora, com a nova gestão, é inadiável a necessidade de resgatar o diálogo para garantir a intensidade e efervescência da cena recifense. Na oportunidade, registramos a urgência na construção de uma Política Cultural direcionada ao TEATRO. Propomos um protagonismo da Prefeitura da Cidade do Recife nessa ação.
A Pandemia da Covid 19, mostrou como os nossos artistas criadores vivem em situação vulnerável. É preciso mudar essa realidade! Somos muitos e não podemos deixar morrer uma arte milenar, uma das mais importantes formas de expressão que toca as pessoas, pois é ao VIVO! Temos que ter alternativas ao mundo tecnológico. O Teatro não pode ser esquecido e a sociedade precisa ter ofertas que possam estimular as pessoas a voltarem ou aprenderem a vivenciar as sensações e reflexões que a arte teatral propicia.

A partir do exposto e esperando que vossa excelência esteja comprometido com os artistas que trabalham no árido solo nordestino, apresentamos abaixo, propostas que poderão fazer um novo começo na cena da nossa Veneza Brasileira.

Propostas para a retomada do crescimento do Teatro Recifense

– Instituir por Lei Municipal, o Sistema Municipal de Cultura da Cidade do Recife, conforme determina o § 4° do Art. 216-A da Constituição Federal e assegurar o pleno funcionamento de todos os seus componentes;

– Promover uma política de fomento ao Teatro, por meio de editais específicos para o setor, e a consolidação do Sistema de Incentivo à Cultura (SIC), com a destinação de um percentual das receitas correntes do município para o Fundo de Incentivo à Cultura e o Mecenato de Incentivo à Cultura;

– Garantir um percentual das receitas correntes do município, por meio do Plano Plurianual (PPA) e da Lei Orçamentária Anual (LOA), para a pasta da cultura e suas políticas públicas, onde o fomento, formação e divulgação do Teatro estejam garantidos, onde o uso do recurso público seja acompanhado diretamente por representantes de entidades de classe e do Movimento de Teatro Batendo Texto Na Coxia;

– Desenvolver políticas de financiamento por meio da criação de edital específico para o Teatro, haja vista a grande demanda de realizadores do segmento que têm deixado de trabalhar devido à falta de incentivos e/ou patrocínio;

– Criar uma ouvidoria para acolher e encaminhar as necessidades dos fazedores de Teatro, estabelecendo uma ponte com a pasta da cultura para os devidos procedimentos cabíveis. Isto, deve-se ao fato da extinção do Departamento de Artes Cênicas na gestão do Prefeito Geraldo Júlio, impossibilitando um canal de diálogo com a categoria (artistas, produtores e técnicos);

– Garantir espaço de diálogo e escuta entre o poder público municipal e o Movimento de Teatro Batendo Texto Na Coxia, seja através do Conselho Municipal de Cultura da Cidade do Recife, que assegura na Lei Municipal número 18.659/2019 a presença de um representante de teatro eleito democraticamente, bem como asseverar diálogo e escuta em reuniões sistemáticas diretamente com o secretário da Cultura e o Prefeito;

– Promover a gestão compartilhada por meio de um modelo contemporâneo de governança dos equipamentos públicos de Teatro, com a participação da sociedade civil organizada, a exemplo do Movimento de Teatro Batendo Texto na Coxia e representantes de entidades de classe na administração, na gestão de recursos e na promoção artística;

– Fortalecer a integração do Teatro, por meio da Secretaria de Cultura, com diversas secretarias municipais como: turismo, educação, desenvolvimento econômico, tecnologia, considerando a transversalidade da Arte e da Cultura no desenvolvimento da cidade do Recife;

– Garantir a manutenção dos Teatros e espaços culturais pertencentes ao município, visando a recuperação, restauração, e revitalização dos equipamentos e seus entornos;

– Manter, valorizar e ampliar o calendário cultural da cidade, considerando o fortalecimento dos Festivais criados pelo município, bem como por produtores de Teatro da cidade, consolidando o Recife no circuito nacional e internacional da Arte Teatral;

– Promover a cultura do Teatro, assim como todas as outras linguagens das Artes Cênicas, como expressão e afirmação da identidade do cidadão recifense;

– Inserir e garantir o Teatro, assim como todas as outras linguagens das Artes Cênicas no processo econômico da cidade como fonte de geração de trabalho e distribuição de renda;

– Dar visibilidade, estimular, descentralizar e viabilizar a produção de Teatro local e sua rede criativa;

– Estimular por meio do Teatro, assim como todas as outras linguagens das Artes Cênicas, o exercício da cidadania, a autoestima, bem como a formação crítica dos cidadãos recifenses;

– Resgatar e garantir o prêmio “Auxílio Montagem” e o apoio aos grupos, companhias ou produtoras teatrais por meio de subsídio financeiro que permita a participação de espetáculos em festivais e mostras nacionais e internacionais;

– Garantir por meio de processo de convocação pública a ocupação de todos os teatros municipais, com taxas ou percentuais menores para a ocupação das produções locais, onde a participação das entidades representativas e a participação de um representante do Movimento de Teatro Batendo Texto Na coxia, estejam garantidos;

– Fortalecer e garantir recursos para o Centro de Formação e Pesquisa das Artes Cênicas Apolo/Hermilo como espaço de formação e pesquisa do Teatro, através de intercâmbio e troca de experiência entre artistas; por meio do incentivo à produção local. Desse modo, o espaço poderá concretizar sua meta maior que foi definida desde sua inauguração que é torna-se um centro de referência das Artes Cênicas, regional, nacional e internacional;

– Garantir e valorizar a participação dos artistas profissionais que tenham DRT nos processos de seleções públicas e projetos direcionadas ao Teatro;

– Otimizar o funcionamento e ocupação dos Teatros municipais nos períodos e turnos que não estejam ocupados pela seleção pública para apresentação dos espetáculos, bem como das atividades inerentes aos equipamentos;

– Realizar Concurso Público para os técnicos que sejam fundamentais para o funcionamento dos teatros municipais (iluminador, sonoplasta, maquinista, camareira, bilheteiro, porteiro, indicador de plateia, entre outros) uma vez que hoje, a grande maioria são contratados por empresas terceirizadas e estão em desvio de função. Levar em consideração a necessidade dos teatros terem no mínimo duas equipes técnicas para garantir o funcionamento dos espaços nos três expedientes.

Na certeza de contarmos com vosso empenho, elevamos votos de estimas e distintas considerações.

Atenciosamente,

Movimento de Teatro Batendo Texto na Coxia
(Coletivo de artistas, técnicos e produtores independentes)

Com os apoios:

Associação de Realizadores de Teatro e Dança de Pernambuco (ARTEPE)

Associação dos Produtores de Teatro de Pernambuco (APACEPE)

Federação de Teatro de Pernambuco (FETEAPE)

Grupo de Gestores de Espaços Culturais de Pernambuco

Movimento Virada Cultural Teatro do Parque

Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversão do Estado de
Pernambuco (SATED – PE)

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Teatro Viradalata, de São Paulo, celebra 15 anos com mostra infantil gratuita, com sessões presenciais e online

História do Brasil é uma das peças da programação, que é realizada graças a 1ª Edição do Prêmio Aldir Blanc de Apoio à Cultura da Cidade de São Paulo

Coquetel de fadas, às segundas; Os 3 Mosqueteiros, às terças; Viralatas – o Musical, às quartas; História do Brasil, às quintas; Medinho Medão, às sextas. Com sessões híbridas (presencial e online), o Teatro Viradalata celebra 15 anos de trajetória com essa mostra de repertório infantil neste janeiro de 2021. Os cinco espetáculos infantis da companhia entram em cartaz no Teatro Viradalata a partir de 4 de janeiro e ficam em temporada até dia 29 de janeiro. A programação ocorre de segunda a sexta-feira, às 16h, com acesso gratuito e é executada por meio da 1ª Edição do Prêmio Aldir Blanc de Apoio à Cultura da Cidade de São Paulo.

Fundada em 2005 por Alexandra Golik, a Cia Viradalata tem como uma das suas principais características a utilização dos fundamentos do teatro físico, além de estar intimamente ligada ao cômico e a técnica do palhaço.

Alexandra Golik se autoquestiona por que fazer teatro infantil. A resposta não é simples. Mas ela lembra que o teatro infantil permite que as crianças, através do jogo lúdico, possam compreender “algumas das questões mais profundas da vida como o respeito, a amizade, a compaixão, a tolerância, a justiça, o amor, a dignidade, a honestidade, a força de vontade, o senso de humor, assim como a raiva, o egoísmo, a intolerância, a injustiça, a discriminação, a desonestidade, a falta de respeito, a inimizade, e tantas outras “.

Com formação em Interpretação Teatral pela Escola de Comunicação e Artes de São Paulo – ECA-USP e estudos na École Internationale de Théâtre de Jacques Lecoq e na École Philippe Gaulier, ambas em Paris, Alexandra Golik pondera sobre o lugar ocupado pelas artes cênicas feitas para os pequenos. “Embora com uma grande produção na cidade de São Paulo, o teatro para crianças ainda é considerado como uma arte de menor importância, tanto pelos órgãos públicos da cultura e da educação como pelos patrocinadores e até mesmo pelos artistas, na sua grande maioria, encarando-o muitas vezes como arte para o início de carreira”.

Ela pensa que isso é resultado de uma visão estreita que ainda prevalece em relação ao tema e à sua importância no conjunto das artes, da educação e da cultura. Alexandra entende que o grande desafio é ampliar o campo de compreensão e de reconhecimento do valor do teatro para crianças.

Coquetel de Fadas, com Rennata Airoldi e Bebel Ribeiro. Foto: Natalia Angelieri

Coquetel de fadas
Segundas-feiras, às 16h

Chapeuzinho Vermelho, Cinderela e Branca de Neve estão na floresta, apressadas, correndo de volta para casa. Chapeuzinho se perdeu ao procurar a casa da avó, Cinderela se perdeu porque se atrasou ao sair do baile e Branca de Neve se perdeu ao fugir da bruxa malvada. Na corrida, as três personagens perdem um de seus sapatos. Agora, além de precisarem chegar ao lugar desejado, elas precisam recuperar o pisante perdido.

Ficha técnica
Texto e Direção: Alexandra Golik
Elenco: Rennata Airoldi e Bebel Ribeiro
Cenário: Paula de Paoli e Alexandra Golik
Trilha Original Composta: Gus Bernardo
Supervisão Musical: Marco Boaventura
Letra das Músicas: Alexandra Golik
Figurino: Luciano Ferrari
Sapatos: Alexandra Golik
Adereços: Beto Silveira
Programação Visual e Ilustrações: Paula de Paoli
Iluminação: André Lemes
Fotos: Natalia Angelieri
Contra-regra: Fernando Sagas
Produção e Realização: Cia. Viradalata

Os 3 Mosqueteiros, baseada no livro de Alexandre Dumas. Foto: Natalia Angelieri

Os 3 Mosqueteiros
Terças-feiras, às 16h

Adaptação livre do livro Os 3 mosqueteiros de Alexandre Dumas. A França de 1625 vive uma grande convulsão política e religiosa. O Rei Luís XIII e seu conselheiro, O Cardeal Richellieu, querem manter a qualquer custo o controle de seus compatriotas protestantes na defesa dos interesses franceses. D’Artagnan, um jovem provinciano, sai de sua terra natal no Sul da França em direção a Paris com a intenção de se tornar um fiel mosqueteiro do rei. No entanto, antes de atingir seu objetivo, muitas peripécias acontecem, entre intrigas, romances e segredos. O perigo é constante neste universo de espiões e delatores, mas ao juntar-se aos mosqueteiros Athos, Porthos e Aramis, D’Artagnan faz com que até o impossível se torne possível, tamanha é a força desta união. “Um por todos e todos por um” resume alguns dos grandes significados desta história: a luta pelo poder e a importância capital da amizade.

Ficha técnica:
Texto e direção: Alexandra Golik
Assistente de direção: Bebel Ribeiro
Elenco: Bebel Ribeiro, Marco Barretto e Renatta Airoldi
Figurinos: Luciano Ferrari
Produção de figurinos: Elen Zamith
Cenário: Alexandra Golik, Michele Rolandi e Tide Nascimento
Trilha sonora original: Gus Bernard e Alexandra Golik
Letras das músicas: Alexandra Golik
Adereços e desenho gráfico: Victor Poeta
Iluminação: André Lemes
Fotos: Lenon Bastos e Natalia Angelieri
Administração: André Oliveira
Direção de produção e produção executiva: Cia Viradalata
Realização: Cia Viradalata

Viralatas discute a situação dos animais abandonados. Foto: Natalia Angelieri

Viralatas, o Musical
Quartas-feiras, às 16h

O musical discute a questão da adoção de animais abandonados. Na peça, Fifi é uma lady paparicada por sua dona e passeia com frequência na badalada Rua Oscar Freire. Mesmo cercada de todo “luxo” se sente muito sozinha. Ela faz amizade com alguns vira-latas que dão um choque de realidade para Fifi e a colocam em uma grande enrascada, que desencadeia sua devolução ao Pet Shop. Muito arrependidos, os colegas criam um plano para resgatar a cachorrinha.

Ficha técnica
Texto e Direção: Alexandra Golik
Assistente de direção: Bebel Ribeiro
Elenco: Bebel Ribeiro, Diego Rodda, Marco Baretho
Cenário e Figurino: Paula de Paoli
Trilha Sonora Original: Gus Bernard
Iluminação: André Lemes
Fotos: Natalia Angelieri
Direção de Produção e Produção Executiva: Cia Viradalata

 

História do Brasil. Foto: Natalia Angelieri

História do Brasil
Quintas-feiras, às 16h

De forma lúdica e musical, a peça expõe alguns acontecimentos históricos do Brasil, desde a chegada de Pedro Álvares Cabral até os dias atuais. Com leveza e humor o espetáculo passeia pelos períodos da Colônia, Reino Unido, Império e República, por cada uma das sete Constituições que já vigoraram e pelas algumas das principais mobilizações populares que existiram ao longo de nossa história.

Ficha técnica
Texto e direção: Alexandra Golik
Assistente de direção: Bebel Ribeiro
Elenco: Diego Rodda, Humberto Morais, Joice Jane Teixeira, Marco Barretho e Rennata Airoldi
Cenário e design gráfico: Paula de Paoli
Figurinos: Luciano Ferrari
Produção de Figurino: Lord Lu Entreterimento
Iluminação: André Lemes
Vídeos: Dani Taks
Projeção Mapeada: Eduardo Artoud
Música e Letras: Alexandra Golik
Arranjos das Músicas: Gus Bernard
Trilha Incidental: Diego Rodda
Operador de Som e Vídeo: Fernando Sagas
Adereços: Michelle Rolandi
Fotos: Natalia Angelieri

 

Medinho Medão

Medinho Medão ressalta como enfrentar os medos. 

Medinho, Medão
Sextas-feiras, às 16h

Rafa sofre com a ausência de seus pais, que vivem na correria do trabalho. O menino desenvolve medo de muitas coisas: de elevador, de formiga, de cair da cama, de barata, de barulho, de ficar sozinho, do escuro, do fundo, do fogo, do frio, da professora de matemática, de monstro e de minhoca. Esquecido na escola, certa vez, Rafa dorme e sonha com um espaço diferente, onde ter medo não é uma vergonha, mas um desafio e enfrentá-lo pode ser até divertido.

Ficha técnica
Texto, direção e cenário: Alexandra Golik
Elenco: Diego Rodda e Marco Barretho
Programação visual e ilustração: Paula di Paolli
Trilha sonora – trilha original, composição e arranjos: Guga Bernardo
Supervisão musical: Marco Boaventura
Letras de músicas: Alexandra Golik
Figurino: Kleber Montanheiro
Iluminação: André Lemes
Adereços: Beto Silveira
Fotos: Natalia Angelieri

Ficha Técnica da Mostra de Repertório

Direção Artística: Alexandra Golik
Direção de Produção: André Oliveira
Produção: Natalia Angelieri
Designer: Giulia Vilaverde
Operador de Som: Bianca Livorno e Fernando Freitas
Operador de Luz: André Lemes
Coordenação e Prestação de Contas: Michelle Gabriel
Assessoria de Imprensa: Pombo Correio

Serviço:

De 4 a 29 de janeiro de 2021 – de segunda a sexta-feira, às 16h
Gratuito – retirar ingresso na bilheteria ou acessar o canal do youtube do Teatro Viradalata
** A bilheteria abre duas horas antes das apresentações.
Rua Apinajés 1387 – Perdizes
11 3868-2535

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Como viver plenamente? pergunta Tchekhov na montagem da cia. brasileira de teatro

O elenco é composto por Camila Pitanga (foto), Cris Larin, Edson Rocha, Josy.Anne, Kauê Persona, Rodrigo Bolzan (foto), Rodrigo Ferrarini e Rodrigo de Odé. Foto de Nana Moraes / Divulgação

A peça trata de temas recorrentes na obra de Tchekhov, como o conflito entre gerações, as transformações sociais através das mudanças internas do indivíduo, as questões do homem comum e do pequeno que existem em cada um de nós. Foto Nana Moraes / Divulgação

Por Que não Vivemos tem direção de Márcio Abreu Foto Nana Moraes

Qual o momento em que abandonamos potências pessoais? Abdicamos de sonhos? Abrimos mão da plenitude da vida? O espetáculo Por que não vivemos?, adaptação de Platonov, primeiro texto escrito pelo dramaturgo russo Anton Tchecov (1860-1904) persegue essas perguntas. A encenação da cia brasileira de teatro é a primeira montagem no Brasil desse texto identificado após a morte do autor e publicado em 1923.

Com direção de Marcio Abreu, a temporada foi interrompida em São Paulo devido à covid-19. Adaptada para o formato digital, a peça está dividida em três atos, exibidos um por dia em duas sessões diárias (11, 12 e 13 de dezembro, às 18h e às 21h), em apresentações gratuitas, com reservas pela Sympla.

“São pessoas que gostariam de estar em outro lugar, mas não fizeram nada para isso. Mostra como a trama da vida vai se desenrolando e as pessoas vão caindo na armadilha de ficar onde estão” Giovana Soar, assistente de direção.

Os atores Camila Pitanga, Cris Larin, Edson Rocha, Josy.Anne, Kauê Persona, Rodrigo Bolzan, Rodrigo Ferrarini e Rodrigo de Odé movimentam a cena de uma história que ocorre num lugar indefinido, uma propriedade rural de uma jovem viúva. Platonov, um aristocrata falido, se tornou professor por despeito e para camuflar sua revolta contra seu falecido pai e a sociedade. Bem articulado, brilhante e sedutor, ele é admirado e invejado. Seu reencontro com Sofia, um amor de juventude, reaviva seu desespero.

“É o primeiro texto de Tchekhov, um texto muito jovem, mas muito revisitado em diversos países porque tem nele o que depois vem a ser o cerne do Tchekhov”, Márcio Abreu, diretor.

Dessa galeria de personagens é possível identificar pessoas do nosso convívio. A provocação existencial é destaca de um desses encontros entre Platonov (Rodrigo dos Santos) e Sofia (Josi Lopes). Ele levanta a bola: por que não vivemos como poderíamos ter vivido?

A reunião se torna um hábito entre o grupo, e passa a acontecer todos os anos após a passagem do inverno, prolongando-se por dias. Desta vez, numa festa, determinadas tensões, até então ocultas, vêm à tona, deflagrando um conflito marcado pela pergunta-chave da peça, um dilema para uma aristocracia em decadência. Afinal, por que todos não poderiam ter sido ou vivido ou amado como desejaram certa vez?

Por que não vivemos? estreou em julho de 2019 no CCBB do Rio de Janeiro, fez temporada no CCBB Brasília no mês de setembro e no CCBB Belo Horizonte em novembro do mesmo ano. Em 2020, o espetáculo chegou a São Paulo, no Teatro Municipal Cacilda Becker, desta vez com patrocínio do Banco do Brasil e Eletrobras Furnas, mas teve sua temporada interrompida após a realização de 10 sessões.

A adaptação digital de Por que não vivemos?

As pesquisas sobre a escuta, a manipulação e detalhe do som, em especial àquele aliado às palavras, às dramaturgias – que a cia brasileira de teatro iniciou em junho de 2020 – renderam duas peças sonoras da série Escutas Coletivas: Maré, uma reação artística ao real sobre o Complexo da Maré, localizado no Rio de Janeiro, e Luto, um exercício sonoro a partir da peça Rubricas, de Israël Horovitz.

“A montagem tem um foco muito específico nas personagens femininas. São elas que causam transformação, que caminham, que querem mudanças, contravenções e que enfrentam conceitos pré-estabelecidos na sociedade da época”, Giovana Soar, assistente de direção.

Essa experiência da Escuta Coletiva é retomada no primeiro ato da transposição de Por que não vivemos? para a versão digital. Neste episódio – com duas sessões, no dia 11 de dezembro – o destaque é para o formato da ESCUTA COLETIVA, sem imagens e com a apresentação, pelo elenco, de suas personagens e relações na obra, além da “festa de reencontro”, proposta na dramaturgia de Tchekhov.

O segundo ato, dia 12 de dezembro, imprime outros significado às imagens gravadas para o espetáculo presencial, com cenas executadas ao vivo pelos atores, o que torna mais próxima a experiência realizada digitalmente.

O terceiro e último ato, programado para dia 13 de dezembro, focaliza atores e atrizes, a partir de suas casas, em super closes narrando as ações/cenas para o desfecho da peça.

Ficha Técnica
Por que não vivemos?
Da obra Platonov, de Anton Tchekhov
Direção: Marcio Abreu
Assistência de Direção: Giovana Soar e Nadja Naira
Elenco: Camila Pitanga, Cris Larin, Edson Rocha, Josy.Anne, Kauê Persona, Rodrigo Ferrarini, Rodrigo de Odé e Rodrigo Bolzan
Adaptação: Marcio Abreu, Nadja Naira e Giovana Soar
Tradução: Pedro Augusto Pinto e Giovana Soar
Direção de Produção: José Maria
Produção Executiva: Cássia Damasceno
Assistência de Produção: Leonardo Shamah
Iluminação: Nadja Naira
Trilha e efeitos sonoros: Felipe Storino
Direção de movimento: Marcia Rubin
Cenografia: Marcelo Alvarenga | Play Arquitetura
Figurinos: Paulo André e Gilma Oliveira
Direção de arte das projeções: Batman Zavareze
Edição das imagens das projeções: João Oliveira
Câmera: Marcio Zavareze
Técnico de som | projeções: Pedro Farias
Assistente de câmera: Ana Maria
Operador de Luz: Henrique Linhares e Ricardo Barbosa
Operador de vídeo: Marcio Gonçalves e Michelle Bezerra
Operador de som: Bruno Carneiro e Felipe Storino
Contrarregragem: Hevaldo Martins e Alexander Peixoto
Máscaras: José Rosa e Júnia Mello
Fotos: Nana Moraes
Programação Visual: Pablito Kucarz
Assessoria de Imprensa São Paulo: Canal Aberto
Difusão Internacional: Carmen Mehnert | Plan B
Produção: companhia brasileira de teatro
Projeto realizado por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura
Apoio: Secretaria Municipal da Cultura
Patrocínio: Banco do Brasil e Eletrobras Furnas
Realização: Centro Cultural Banco do Brasil, Secretaria Especial da Cultura, Ministério do Turismo e Governo Federal e companhia brasileira de teatro
Direção de Produção: Giovana Soar e José Maria
Administrativo e Financeiro: Cássia Damasceno
Assistente Administrativo: Helen Kaliski

Serviço
Por que não vivemos?
Temporada Digital: 11, 12 e 13 de dezembro de 2020
Dia 11 de Dezembro – Sexta – 1º Episódio – sessões às 18h e 21h. Duração: 60 minutos
Dia 12 de Dezembro – Sábado – 2º Episódio – sessões às 18h e 21h. Duração: 30 minutos
Dia 13 de Dezembro – Domingo – 3º Episódio – sessões às 18h e 21h, seguidas de bate-papo com elenco, direção e produção sobre a obra e sua experiência digital. Duração: 90 minutos
Gênero: Comédia Dramática
Classificação indicativa: 16 anos
Grátis

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