Velho Buk inspira montagem

Bukowski Blues Bar, 2º episódio encerra Mostra A Porta Aberta. Foto: Fernando Figueiroa

Bukowski Blues Bar, 2º episódio encerra Mostra A Porta Aberta. Foto: Fernando Figueiroa

“É este o problema com a bebida, pensei, enquanto me servia dum copo. Se acontece algo de mau, bebe-se para esquecer; se acontece algo de bom, bebe-se para celebrar, e se nada acontece, bebe-se para que aconteça qualquer coisa”. Charles Bukowski (1920-1994) poeta e escritor alemão que viveu e morreu nos Estados Unidos é o inspirador do espetáculo Bukowski Blues Bar, 2º episódio, que encerra a 17ª Mostra de Artes Cênicas – A Porta Aberta – 2016.2, da Escola Municipal de Arte João Pernambuco, nesta sexta-feira, às 19h. 

O último escritor “maldito” da literatura norte-americana, apontado como autor beat honorário, deixou uma obra de caráter extremamente autobiográfica, com seus personagens marginais e afinidade com os excluídos e perdedores. O velho Buk deu voz aos que negaram ou recusaram o ‘sonho americano’, os solitários, os loucos, e sua descrença na humanidade.

Seu senso de humor ferino auto irônico e cáustico estão impressos em mais de 45 livros de poesia e prosa.

Sendo seis romances: Cartas na rua (1971), Factótum (1975, 2007), Mulheres (1978), Misto-quente (1982, 2006), Hollywood (1989, 2000) e Pulp (1994, 1995). Oito livros de contos e histórias: Ereções, ejaculações e exibicionismos (1972), Crônica de um amor louco e Fabulário geral do delírio cotidiano (2006) , South of No North: Stories of Buried Life (1973), Tales of Ordinary Madness (1983), Hot Water Music (1983), Bring Me Your Love (1983), Numa fria (1983), There’s No Business (1984) e Septuagenarian Stew (1990).

E mais de 30 livros de poesias, entre eles Flower, Fist and Bestial Wail (1960), You Get So Alone at Times that It Just Makes Sense (1996), grande parte inédita no Brasil. Fora as antologias publicadas posturmanente. 

Patríca Casavelha e Fabiano Leão. Foto: Fernando Figueirôa

Patríca Casavelha e Fabiano Leão. Foto: Fernando Figueirôa

O espetáculo Bukowski Blues Bar é um experimento de teatro seriado, composto por dois episódios com dramaturgia processual e fragmentada assinada por Fred Nascimento. A primeira parte foi apresentada ontem.

Criada a a partir de uma colagem poética e com encenação também de Fred, a montagem arrisca com os princípios de tempo/espaço, dividido em cenas do ‘presente’ e do ‘passado’. 

Vários atores dividem o papel do velho Buk, num rodízio, em interação com personagens extraídos de seu universo. As cenas do ‘presente’ ocorrem no espaço cênico do Bukowski Blues Bar, uma cenografia/instalação, mixando realidade e ficção.

Já as cenas do passado, articuladas a partir dos contos A Mulher Mais Linda da Cidade e Traga-me Seu Amor, são exibidas algumas passagens da vida do escritor e suas relações embaraçadas com as mulheres.

Clássicos do blues compõem a trilha sonora. O figurino foi inspirado na fase azul de Pablo Picasso.

O 2º episódio do Bukowski Blues Bar também funciona como prova pública para os formandos do Curso Profissional de Teatro, com a presença do SATED Pernambuco.

SERVIÇO
Bukowski Blues Bar
Dramaturgia e direção Fred Nascimento
Onde: Escola Municipal de Arte João Pernambuco/PCR (Av. Barão de Muribeca, 216 – Várzea – Recife – fone: 3355-4093 / 4094)
Quando: 16 dezembro 2016, às 19h
Aberto ao público

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