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Artistas discordam sobre uso de teatro pela polícia

Teatro Santa Isabel. Foto: Marcelo Lyra

Teatro de Santa Isabel. Foto: Marcelo Lyra

Quando a atriz e produtora Paula de Renor soltou um post no Facebook com a marcação de mais de 60 pessoas, pensei: Aí vem bomba. Virou o principal assunto do pessoal de teatro e das pessoas ligadas à cultura de Pernambuco nesta terça-feira. O Teatro de Santa Isabel foi cedido, na semana passada, para a festa dos 199 anos da Polícia Civil de Pernambuco. A reação da classe artística foi imediata e inundou de críticas as redes sociais quanto à postura da Prefeitura do Recife, em especial da Secretaria de Cultura do Recife e da titular da pasta, Leda Alves.

No decreto municipal de maio de 2006 está registrado que o palco do Teatro de Santa Isabel é exclusivamente dedicado a atividades de caráter cultural, “especialmente nas linguagens artísticas da música, do teatro, da dança e da ópera”.

Não é a primeira, nem a segunda, nem a terceira vez que o governo do estado ou a prefeitura do Recife, desta ou de gestões anteriores, utilizam (ou cedem) o teatro-monumento para ações que não pertencem ao campo artístico stricto sensu. A casa de espetáculos já abrigou ritual de nomeação de guardas municipais do efetivo que atua no trânsito do Recife, em 2012; Programa de Aceleração de Estudos de Pernambuco – Travessia e aniversário de empresa jornalística, entre outros eventos.

A cerimônia comemorativa da Polícia Civil contou com apresentação da Banda Sinfônica do Recife. E é neste ponto que a Secretaria de Cultura arma sua defesa. Em nota à imprensa explicou que a festividade “não desrespeitou o decreto, uma vez que a solenidade foi marcada pela apresentação da Banda Sinfônica do Recife. Sempre que houver uma apresentação artística é uma norma de ocupação de pauta no teatro”.

Entrega das medalhas pelo governador. foto: Foto: Roberto Pereira/ SEI

Entrega das medalhas pelo governador. Foto: Foto: Roberto Pereira/ SEI

O governador Paulo Câmara destacou no seu discurso “a integração entre as diferentes instituições que atuam no combate à violência”. Isso foi publicado na página da Secretaria da Casa Civil Pernambuco do dia 29 de abril. O evento ocorreu na quinta-feira (28/04), no Teatro de Santa Isabel, às 17h.

O gestor – que não é visto prestigiando as produções teatrais pernambucanas – comandou a entrega das Medalhas de Honra ao Mérito Policial – classe Ouro a pernambucanos que sua administração destaca na promoção da segurança pública. O estado condecorou 200 personalidades: figuras da sociedade civil, oficiais civis, militares bombeiros e polícia cientifica, entre eles o deputado federal que votou a favor do impedimento da presidenta Dilma Rousseff, Francisco Tadeu Barbosa de Alencar.

Reprodução do Facebook

Reprodução do Facebook

“Quinta (28/04) passada tomei um susto ao ver tanto policial civil na porta do teatro [de Santa Isabel]. Achei que alguma confusão estava se armando por ali. Fiquei sabendo, então, que era a comemoração do Aniversário da Polícia Civil com celebração dentro do teatro”
                  Paula de Renor – atriz e produtora cultural

O decreto que regulamento a ocupação do Santa Isabel tem como critérios (1) a excelência da qualidade artística da programação cultural a ser apresentada; e (2) a comprovação da trajetória dos eventos mencionados e/ou da equipe de criação do espetáculo, já testada e devidamente comprovada com base em filmes, crítica em jornais ou revistas, fotografias, CD’s DVD’s, etc.

Paula de Renor questionou em sua conta pessoal no Facebook.

“O Santa Isabel é o único que está funcionando AINDA bem: teatros do Parque e Barreto Júnior fechados, Apolo e Hermilo se ultimando, sem ar, sem equipamentos. Agora estão voltando as carteiradas que conhecemos muito bem, e a Secretaria de Cultura sob pressão, se obriga a ceder o nosso teatro monumento para eventos não culturais, desrespeitando o Decreto nº 21.924 de 2006, que trata exatamente da utilização do teatro, permitindo exclusivamente sua ocupação para eventos culturais?!

Desde quando niver da Polícia Civil é cultura? Só porque uma banda musical tocou no meio da cerimônia?! Se pautas estão sobrando, cedam para ocupação de espetáculos (não falta quem queira!)”.

Banda Sinfônica. Foto: Andrea Rego Barros

Banda Sinfônica. Foto: Andrea Rego Barros

DECRETO Nº 21.924 DE 10 DE MAIO DE 2006
EMENTA: Regulamenta a ocupação da pauta do Teatro Santa Isabel.
O PREFEITO DO RECIFE, no uso de suas atribuições constantes no Art. 54, IV, da Lei Orgânica do Recife,
CONSIDERANDO a necessidade de definir regras para ocupação da pauta do Teatro Santa Isabel;
CONSIDERANDO a importância do estabelecimento de critérios para a definição da programação do referido Teatro;
DECRETA:
Art. 1º A Pauta do palco do Teatro Santa Isabel deverá ser ocupada exclusivamente por atividades de caráter cultural, especialmente nas linguagens artísticas da música, do teatro, da dança e da ópera.
Art. 2º Além do observado no artigo anterior, deverão ser considerados os seguintes critérios:
I – Excelência da qualidade artística da programação cultural a ser apresentada;
II – Comprovação da trajetória dos eventos mencionados e/ou da equipe de criação do espetáculo no Art. 1º, já testada e devidamente comprovada com base em filmes, crítica em jornais ou revistas, fotografias, CD´S, DVD´s, etc;

teatro-santa-isabel foto Marcelo lyra

Foto: Marcelo Lyra

Repercussão

“Vergonha”, “absurdo”, “vamos compartilhar” foram as frases mais publicadas nas redes sociais. O sentimento de indignação vem na esteira de uma política cultural débil, que não prioriza a cultura como aposta na economia. Mas, ao mesmo tempo, esses gestores estaduais e municipais utilizam da imagem de um estado e de uma cidade de efervescência cultural para projetar suas gestões, mesmo não incentivando devidamente essas “minas de ouro”. É uma contradição.

“Falta respeito aos que fazem cultura. Ouvi uma vez do prefeito que iria trabalhar para os artistas daqui não precisarem ir embora da cidade… Estamos neste lugar e trabalhando aqui há anos e vamos continuar realizando, mesmo que ele ao invés de criar política pública, tire de nós o pouco que ainda temos!!!”
Mônica Lira Coreógrafa e bailarina, fundadora e diretora do Grupo Experimental, que integrou o Conselho de Cultura da Prefeitura da Cidade do Recife (2001-2003), e mais recentemente, ocupou o cargo de gerente de dança da Fundação de Cultura Cidade do Recife.

“Quando Diego Rocha, Presidente da Fundação de Cultura Cidade do Recife, diz que “Cultura não é prioridade”, nós vamos para onde depois disso?”
Maria Paula Costa Rêgo Coreógrafa e bailarina, fundadora e diretora do Grupo Grial de Dança.

“Quando pedimos autorização à Prefeitura para fazer rodas de leitura voluntárias do meu livro Bichos Vermelhos, na Praça de Casa Forte, para uma escola pública estadual, só liberaram o asfalto. Fizemos na grama por teimosia. Já imaginou as crianças sentadas na pedra quente? Isso porque os livros foram doados, viu? É assim que tratam bens imateriais e patrimônios materiais”.
Lina Rosa Vieira Publicitária, diretora de criação da Aliança Comunicação e Cultura, escritora e idealizadora e diretora do Sesi Bonecos do Mundo.

“Isso é uma completa falta de respeito, de compromisso, de consideração com a população, com a comunidade. Infelizmente o poder público deveria se envergonhar cada vez que temos que passar por situações como essa. Infelizmente a classe artística, de pesquisa sofre com esse descaso”.
Fernando Tranquilino Professor

“É assustador como os politiqueiros desse feudo chamado Recife andam tratando os artistas e os equipamentos de cultura. Uma vergonha. Lamentável!!! Bora gritar!!!”
Waldomiro Ribeiro Produtor e diretor de teatro do Grupo Longânime, Ator e Professor de Música

“Absurdo! Tratam os espaços públicos como se fossem suas casas (da mãe Joana!) É preciso que tomemos uma atitude!”
Ana Elizabeth Japiá Mota Dramaturga, professora e diretora teatral

“É realmente um absurdo. Abram o teatro para à infância e juventude!”
Benedito Jose Pereira Ator e diretor de teatro, Tv, cinema e publicidade

“Temos que saber quais os meios pra entrar com uma denúncia formal contra a Prefeitura e a Secretaria de Cultura. Eles não podem agir nessa cara de pau e ficar por isso. Leda Alves, minha filha? Que porra é essa?”
Iara Campos Atriz e bailarina

“O Teatro de Santa Isabel é “para as linguagens artísticas da música, do teatro, da dança e da ópera”. Exigimos isso!”
Leidson Ferraz Jornalista, pesquisador, ator, diretor e professor

“Fazem o que querem como quem sabe que nada vai acontecer com eles. Se “nossos políticos” “cuidam” do bem público, quem cuida dos nossos políticos?”
Luiz Felipe Botelho Dramaturgo, Diretor de teatro e cinema, professor

“É uma vergonha a maneira como a cultura está sendo tratada em nosso Estado. A degradação total dos aparelhos públicos e a redução de incentivos é uma afronta a todos os artistas e produtores. Pernambuco tem se tornado uma verdadeira ditadura, com sua política cultural aos cacos e um Governo, nos parecendo, cada vez mais preocupado em restringir o direito de acesso à arte, artifício este de uso frequente em outros governos ditatoriais como maneira de subjugar uma população.”
Fabio Pascoal Diretor e produtor teatral.

“Creio que a falta de uma classe organizada em prol do Teatro e da cultura vai de encontro às propostas dos governantes que quase sempre são depreciativas ao teatro e à cultura… E ir de encontro aos governantes ninguém quer, nem sindicatos, nem produtoras, nem grupos… pois todos mamam nas tetas, seja leite tipo A ou leite azedo. Todos mamam!
Ninguém quer se indispor com os senhores gestores e perder uma pauta livre (leite azedo) ou um cargo comissionado (leite tipo A)… Melhor deixar pra lá e ir levando…
Os que falam são rotulados como loucos, faladores, polemizadores…
Tem um mói de gente que meteu a boca no trombone outrora é hoje, anos depois, viraram gestores de diversos escalões e vivem caladinhos… O que era errado antes consertou-se e tá tudo bem? É isso? Claro que não. Resumindo: não vejo previsão de uma classe unida e organizada. Cada um só defende o seu! E é o que inclusive vou fazer agora: O Mascate, A Pé Rapada e Os Forasteiros estreia nesta sexta no Espaço Cênicas e fica em temporada todas sextas e sábados sempre às 20h”
Diogenes D.Lima Ator e produtor teatral

“Engraçado que esta mesma polícia tem um Teatro só deles que não abrem pra ninguém, o Teatro do Derby. Boraaaa cair na real, políticos, vão ver as leis e ponham em prática. … Até porque outubro está chegando…”
Sharlene Esse Atriz, participou do Grupo Vivencial

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Uma peça densa e uma sala com problemas

Marieta Severo em Incêndios. Foto: Leo Aversa/Divulgação

Marieta Severo em Incêndios. Foto: Leo Aversa/Divulgação

As condições de um equipamento teatral podem influenciar de forma decisiva na recepção de um espetáculo. Há montagens que propositalmente buscam o desconforto do espectador como parte da experiência da encenação. Mas não é o caso de Incêndios. Em cartaz no Teatro de Santa Isabel, no Recife, a peça foi vítima das condições desfavoráveis de um aparelho municipal com problemas técnicos. Na sexta-feira, durante a apresentação, algumas pessoas abandonaram a sala porque não suportaram o calor. Entre cinco e dez pessoas pediram (e receberam) o dinheiro de volta. O problema no ar condicionado atingiu a plateia como um todo, que reclamou muito ao término da sessão.

Na estreia de Incêndios, na quinta-feira, outro incidente: a mesa de luz quebrou e os técnicos tiveram que buscar uma substituta em outro teatro municipal (o Hermilo Borba Filho). Bem, todos nós sabemos que o Santa Isabel é um teatro-monumento, cartão-postal do Recife e orgulho dos artistas e da população pernambucana. Portanto autoridades da cultura, prefeito e etc., é preciso cuidar melhor do equipamento. Esses problemas atrapalham os artistas e seu público. E pega mal para a cidade junto à produção que circula pelo país.

Elenco afinado na montagem dirigida por Aderbal Freire-Filho

Elenco afinado na montagem dirigida por Aderbal Freire-Filho

Mas vamos falar da peça.

Incêndios, com texto do escritor libanês Wajdi Mouawad, traduzido por Angela Leite Lopes e com direção de Aderbal Freire-Filho é um quebra-cabeças, uma tragédia contemporânea, com Marieta Severo no papel principal. A história de Nawal Maruan se abre em dobras. Depois de sua morte ela ainda deixa um enigma para ser decifrado por seus filhos gêmeos. No passado Nawal encontrou e perdeu um amor, gerou um filho que foi arrancado de seus braços, deixou para trás sua aldeia para ampliar seu universo, fez justiça com as próprias mãos, e sofreu de violência extrema até adotar o silêncio como regra.

O encenador trabalha com maestria o cruzamento de planos e de tempos. Os gêmeos Jeanne (Keli Freitas) e Simon (Felipe De Carolis) recebem de herança uma missão e dois envelopes. Encontrar um pai que pensavam morto e um irmão que não sabiam da existência. A peça intercala passado da busca de Nawal por esse filho perdido, durante uma guerra civil em um país árabe, com um futuro em que ela não está mais lá.

Esse passado da protagonista é investigado e revelado aos poucos, nos passos de Édipo Rei. A bifurcação da ação e o tratamento fragmentário criam uma rede de acontecimentos individuais da protagonista que são misturados com as questões de uma guerra.

São muito potentes as imagens construídas na peça. O balde é um elemento de cena com funções simbólicas e de composição, inclusive de proteger e revelar os filhos de Nawal. No cruzamento de planos há simultaneidades que imprimem alternâncias de ritmos, como quando Jeanne fala sobre a teoria dos grafos e Simon se prepara para a luta. Há muitas tensões temporais que dão densidade à história.

Kelzy Ecard, como Sawda e Marieta Severo como Nawal

Kelzy Ecard, como Sawda e Marieta Severo como Nawal

Apesar dos terríveis acontecimentos revelados, há algo que acalenta esperanças: a amizade entre Sawda (Kelzy Ecard) e Nawal. Nawal ensina a Sawda a ler e escrever. Enquanto Sawda ensina a Nawal a cantar. Uma cumplicidade para enfrentar as injustiças do mundo.

O diretor dosa bem as revelações do texto, deixando suas marcas nessa tragédia contemporânea. E a aproxima as dores dessa mulher para que o público brasileiro possa sentir como algo próximo, muito próximo.

O elenco vai bem. Fabianna de Mello e Souza em várias personagens. Kelzy Ecard como Sawda. Júlio Machado, o palhaço performático e carrasco. Os dois irmãos Felipe De Carolis (Simon) e Keli Freitas (Jeanne). E Marieta Severo contida na dor da personagem a iluminar os porões da memória e da tortura.

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Macbeth em essência

<i>Macbeth</i>. Fotos: Pollyanna Diniz

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O general Macbeth volta vitorioso de uma guerra. Em recompensa é condecorado pelo rei Duncan, da Escócia. As bruxas fazem vaticínios a respeito do futuro de Macbeth e anunciam que ele será rei. Banquo, outro general do exército do rei Duncan, recebe a notícia de que não será rei, mas pai de uma poderosa dinastia. Macbeth fica insuflado pelas profecias das bruxas e a ideia do assassinato lhe perturba o espírito; e, instigado pela mulher, a pérfida Lady Macbeth, mata o rei e assume o trono. Depois tece uma fileira de crimes. A trama revela o lado mais perverso do homem. O enredo é conhecido e cada encenador o conduz da sua forma.

Macbeth é considerada a peça mais soturna de William Shakespeare (1564-1616). A tragédia deve ter sido escrita entre 1603 e 1607, com a primeira encenação em 1611. Nessa época, as mulheres não atuavam no teatro. Gabriel Villela, diretor da montagem apresentada neste fim de semana no Teatro de Santa Isabel, optou por um elenco somente de homens, como ocorria nas encenações shakespearianas. Dessa forma, o casal Macbeth é interpretado por Marcello Antony e Claudio Fontana, que dividem a cena com Helio Cicero, Marco Antônio Pâmio, Carlos Morelli, José Rosa, Marco Furlan e Rogerio Brito. Os intérpretes são maduros e o elenco é harmonioso.

A encenação de Gabriel Villela é compacta. O diretor cria um narrador (Carlos Morelli), inexistente no Macbeth original. A montagem valoriza a narrativa e o narrador convoca o espectador a imaginar. O narrador traz um livro na mão, e é como se a encenação saísse das páginas daquele livro. A tradução do inglês de Marcos Daud opta pela prosa direta e isso facilita uma narrativa límpida.

O espetáculo tem uma teatralidade bem demarcada. Villela reduziu as situações dramáticas. A movimentação coreográfica dos atores cria uma beleza e traça desenhos no palco e de postura. O corpo e os gestos são contidos. A utilização de recursos do teatro Nô japonês permite que algumas ações sejam apenas sugeridas. O sangue vertido aparece na forma de fiapos de lã vermelha. O diretor nesta montagem prioriza o texto e a poética de Shakespeare. As bases centradas na voz dos atores e nas palavras do bardo inglês.

Para regular a voz, o encenador contou em sua equipe com a italiana Francesca Della Monica, que desenhou a concepção de voz do espetáculo. Ela desenvolveu uma prática que denomina de antropologia da voz e que articula a espacialização da voz e de abertura da textura vocal para o campo dos mitos. A ideia é que a plateia desenhe as imagens enquanto ouve os atores. Mas tem muito mais gente nos bastidores para garantir a clareza desse belo espetáculo. Babaya é responsável pela direção de texto. A musicalidade da cena ficou a cargo de Ernani Maletta. Gabriel Villela contou com três assistentes de direção, César Augusto, Ivan Andrade e Rodrigo Audi.

Marcello Antony dá o texto sem nenhum coloquialismo. Da sua boca saem palavras graves e fortes e sua postura apresenta a deterioração do espírito do seu personagem. Claudio Fontana interpreta Lady Macbeth com brilhantismo. Ele evita a caricatura e o falsete. E o resultado é impressionante. Fontana se apropria da imagem de uma gueixa. O ator expressa feminilidade deslizando pelo palco. Ele usa uma máscara branca de gueixa e uma túnica negra esvoaçante. Marco Antônio Pâmio está forte na pele de Banquo. Rogerio Brito, Marco Furlan e José Rosa fazem as três bruxas e arrancam humor e ironia de várias situações.

O figurino tem muito de Gabriel Villela e ele assina o figurino em parceria com Shicó do Mamulengo, que também esteve com o diretor na montagem Sua Incelença, Ricardo III. A indumentária de guerra (coletes, armaduras e escudos) foi confeccionada a partir de 30 malas antigas de couro e papelão.

Pilares compostos a partir de teares mineiros sobrepostos formam uma grande torre. O cenário é de Marcio Vinicius. As cadeiras que ocupam o centro do palco em algumas cenas são de um cinema desativado de Carmo do Rio Claro, cidade natal do diretor. A iluminação é de Wagner Freire e a direção de movimento de Ricardo Rizzo.

Foram três apresentações de Macbeth no Recife, no Teatro de Santa Isabel, com casa lotada. Um ótimo Gabriel Villela. E como já disse Shakespeare: “A vida não passa de uma história cheia de som e fúria, contada por um louco e significando nada”.

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Ópera de Albéniz é apresentada pela 1ª vez na América Latina

José Renato Accioly é o diretor musical e regente de Pepita Jiménez. Fotos: Festival Debussy/Albéniz

O Teatro de Santa Isabel recebe hoje e amanhã, às 20h, a ópera Pepita Jiménez. É uma comédia lírica em dois atos, composta pelo espanhol Isaac Albéniz, a partir da novela homônima do político, diplomata e escritor argentino Juan Valera. “É uma comédia lírica, mais popular. Conta a história de uma viúva que se apaixona por um seminarista, mas está prometida ao pai dele”, explica a pianista Elyanna Caldas, diretora artística do festival Debussy-Albéniz, que foi realizado durante todo o mês de setembro e será encerrado com a ópera.

Esta é a primeira vez que essa ópera é apresentada na América Latina. “O argumento de Pepita Jiménez gira em torno do despertar do amor do jovem seminarista Luis de Vargas, que antes de pronunciar seus votos regressa a seu povoado para passar o verão. Ali conhecerá a jovem viúva, Pepita, pela qual se enamora e com a qual o seu pai pretende se casar. A luta entre o amor e a vocação – tema que vai aparecer também em La Dolores, de Tomás Breton –, e a figura paterna, em quem Don Luis vê um rival, atormentam o jovem futuro sacerdote, que trata de se distanciar de sua amada e do povoado. Mas quando Pepita ameaça suicídio, caso ele vá para longe dela, se impõe um final feliz e os enamorados terminam juntos”, antecipa Maria Luz González Peña, diretora do Centro de Documentação e Arquivo da Sociedade Geral de Autores e Editores de Madri, no programa do festival Debussy-Albéniz.

Cantores, músicos e atores se dedicam desde março para que a obra possa sair do plano das ideias. A direção de cena é assinada por Marcelo Gama, paulista que mora há 20 anos na Europa e assina o segundo trabalho deste porte no Brasil (o primeiro foi Dido e Eneas em São Paulo, em 2009). A direção musical e regência são de José Renato Accioly: ele vai reger a Orquestra Sinfônica Jovem do Conservatório. Quem fará Pepita é Anita Ramalho, que já participou de quatro óperas; o elenco tem entusiastas da ópera no Recife, como a mezzosoprano e professora Virgínia Cavalcanti.

As duas apresentações são gratuitas. Os ingressos podem ser retirados com uma hora de antecedência na bilheteria do teatro. A produção solicita que o público leve um quilo de alimento não-perecível, que será doado a instituições carentes.

Ficha técnica:

Pepita Jiménez (Comédia Lírica em dois atos)
Libreto de Francis B. Money-Coutts com tradução para o castelhano de José Soler

Virgínia Cavalcanti está no elenco da ópera

Anita Ramalho – soprano (Pepita)
Virginia Cavalcanti – mezzo soprano (Antoñona)
Jadiel Gomes – tenor (Don Luis)
Charles Santos – baixo (O Vigário)
Eudes Naziazeno – tenor (Don Pedro)
Hedielson Rodrigues – tenor (O Conde)
Daniel Francisco – tenor (1º Oficial)
Amaury Veras – tenor (2º Oficial)
Marcelo di Paula – bailarino

Orquestra Sinfônica Jovem do Conservatório Pernambucano de Música
José Renato Acioly – regente

Coro lírico
Sopranos I: Clara Natureza | Florisbela Campos | Josiane Emmanuele | Natália Duarte | Kellyta Martins | Tarcyla Perboire
Sopranos II: Ângela Barbosa | Amanda Coelho | Amanda Mangueira | Mariane Mariz | Norma Lopes
Contraltos e Mezzo-Sopranos: Débora Barros | Rafaela Almeida | Vanessa Santana | Waldcelma Silveira | Surama Ramos
Tenores: Amaury Veras (2º Oficial) | Daniel Francisco (1º Oficial) | Lucas Melo | Manoel Theophilo | Sealtiel Sergio
Baixos e Barítonos: Adriano Sampaio | Adriano Soares | Alysson Dinoá | André Arruda | Ricardo Alves | Riva Gervásio

Equipe artística
Diretor musical e regente: José Renato Accioly
Diretor de cena: Marcelo Gama
Direção do balé: Lucia Helena Gondra e Ruth Rosenbaum
Preparadora do balé: Jane Dickie
Preparadores do coro: Armindo Ferreira e Virginia Cavalcanti
Pianistas correpetidores: Rachel Casado e Glauco César
Bailarinas: Alunas do Stúdio de Danças
Cenografia e figurino: Marcondes Lima
Iluminação: Luciana Raposo Recebemos a informação de que a iluminação foi, na realidade, de Cleison Ramos e Dado Sodi

SERVIÇO:
Pepita Jimenez
Quando: Sábado (1) e domingo (2), às 20h
Onde: Teatro de Santa Isabel (Praça da República, s/n, Recife)
Quanto: Gratuito. Os ingressos podem ser retirados com uma hora de antecedência na bilheteria do teatro
Informações: (81) 3355-3323

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Nelson Rodrigues no Arraial

Viúva, porém honesta será encenada na Rua da Aurora. Foto: Pollyanna Diniz

Nelson Rodrigues ainda está rendendo nos palcos pernambucanos, ainda bem! Desta vez, no Teatro Arraial, na Rua da Aurora, 457, Boa Vista. Hoje, às 19h, o grupo Magiluth e os diretores Cláudio Lira e Carlos Bartolomeu participam de uma mesa redonda. Vão discutir o tema “Nelson Rodrigues nos palcos recifenses”. Já amanhã e sexta-feira, também às 19h, o Magiluth volta a apresentar a sua versão de Viúva, porém honesta. E no sábado, no mesmo horário, a Cia. Macambira de Teatro faz uma leitura dramatizada seguida de roda de diálogo do texto Perdoa-me por me traíres. Toda essa programação é gratuita, mas está sujeita à lotação da sala (94 lugares).

Escrevemos sobre Viúva, porém honesta.

E queria publicar um teaser do espetáculo O beijo no asfalto, direção de Cláudio Lira, que estreou no centenário de Nelson Rodrigues no Teatro Dulcina, no Rio de Janeiro, e será apresentado em outubro, no Teatro de Santa Isabel.

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