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Caixas de afeto

Peça trata da dificuldade de comunicação entre pai e filho. Fotos: Ivana Moura

O Homem Que Amava Caixas é um emocionante espetáculo para as crianças de ontem e os adultos de amanhã. A peça mostra a dificuldade de um filho de se aproximar do pai. Ele é pequeno e tem seus medos e fantasias. Já o adulto, aficcionado por caixas de todos os tipos e tamanhos, também não consegue se aproximar do garoto.

O homem do título parece tímido e com certeza não tem muitas habilidades comunicativas. Mas eles se amam e esse obstáculo será ultrapassado no decorrer da encenação.

A peça é inspirada no livro do australiano Stephen Michael King e A Cia. de Teatro Artesanal investe na beleza plástica da montagem: todo o visual é muito cuidadoso, como as roupas do eleneco.

O trio de atores é Márcio Nascimento, que representa o pai, Bruno Oliveira e Marise Nogueira, que trabalham com manipulação de bonecos. Eles utilizam com maestria a técnica de manipulação direta e conseguem congregar o universo mágico dos títeres com a cena de atores humanos e suas máscaras. O resultado é muito bonito. Em determinado momento, parece que o menino virou gente de verdade, com todas as suas pequenas falhas – medo de criança, receio de ser repreendido ou rejeitado. A ternura emana das mãos dos atores e contagia os bonecos.

Montagem é da Cia de Teatro Artesanal, do Rio de Janeiro

O espetáculo tem poucas falas e silêncios que dizem muito. A montagem, que tecnicamente é muito bem resolvida, dialoga com o cinema como a criação de planos, simultaneidade de ações. Uma sequência belíssima é quando o pai ator sai de cena para entrar o ambiente do bonecos e as ações de empinar pipa passa na janela. Ressalta aí também a distância de mundos. Numa mesma casa em que vivem o pai, o filho e o cachorro (sem nenhuma presença feminina) parece que eles habitam em universos diferentes. O claro escuro da peça remete à estética do cinema expressionista.

O Homem que amava caixas aposta no universo minimalista com canções curtas, sons onomatopeicos enquando expande as possibilidades imagéticas e sensoriais da cena. A música original e o desenho de som são de Daniel Belquer e o desenho de luz, que salienta a temperatura das relações, é assinado por Jorginho de Carvalho. Algumas das imagens dessa peça vão se alojar na memória afetiva.

Grupo fez duas sessões no Recife

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O homem que amava caixas no Festival da Criança

O homem que amava caixas abriu programação do festival infantil. Fotos: Ivana Moura

O homem que amava caixas merece os adjetivos delicado, lúdico, sensível. O espetáculo da Cia. de Teatro Artesanal, do Rio de Janeiro, inspirado no livro do australiano Stephen Michael King, está em cartaz ainda neste domingo, no Teatro Marco Camarotti, dentro da programação do 8º Festival de Teatro para Crianças de Pernambuco.

A trupe imprime beleza plástica à encenação para tratar de um tema preocupante: a dificuldade que pai e filho têm para se aproximar. A Companhia mistura interpretação de atores, bonecos e máscaras para contar essa história com poucas palavras e muitos silêncios que falam, que emocionam.  A trilha sonora composta exclusivamente para a montagem faz reverberar os climas de tristeza ou de solidão do menino e as limitações de comunicação do pai.

Grupo do Rio de Janeiro faz última sessão hoje à tarde

O cenário é formado por caixas de vários tamanhos, que se transformam em castelo, montanha e aviões. A iluminação dá ritmo à narrativa, nos seus jogos de esconder e mostrar. Vestidos como num conto de fadas, o trio de atores desempenha com maestria suas funções. São eles Márcio Nascimento, que representa o pai, e Bruno Oliveira e Marise Nogueira, que manipulação de bonecos. A direção de O homem que amava caixas é de Gustavo Bicalho e Henrique Gonçalves.

Serviço:

O homem que amava caixas, Com a Cia. de Teatro Artesanal, do Rio de Janeiro, no 8° Festival de Teatro para Crianças de Pernambuco
Quando: hoje, às 16h30
Onde:  Teatro Marco Camarotti (Sesc Santo Amaro – Praça do Campo Santo, Santo Amaro)
Ingressos: R$ 20 e R$ 10 (meia)
Classificação:Livre
Duração média: 45 minutos
Informações: (81) 3216-1728

Confira vídeo da companhia:

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Frank, um monstrinho terrível

A história de terror Frankenstein, que já foi adaptada inúmeras vezes para o teatro, televisão, cinema e quadrinhos, da escritora britânica Mary Shelley, é mais uma vez levada aos palcos. Desta vez, pela Cia. Polichinello, especializada em teatro de bonecos. “Brincamos com essa ideia de que Frankenstein era um livro de terror. Isso era lá em 1818, mas hoje é muito mais um drama. A história é sobre uma criatura que é abandonada, sofre preconceito e, de repente, fica perigosa. Mas quem de nós nunca foi monstrinho em algum momento?”, questiona o diretor Márcio Pontes.

Na versão da companhia paulista fundada em 1997, a história virou uma mistura de aventura, drama e terror. “Como é principalmente para as crianças, a partir dos seis anos, nós tiramos as mortes. E nos prendemos muito mais ao livro do que às versões cinematográficas famosas. É um espetáculo de ‘terror’, mas não existe nada agressivo, pelo contrário”, complementa. O grupo faz duas apresentações dentro do festival Palco Giratório: hoje e amanhã, às 16h30, no Teatro Marco Camarotti, no Sesc Santo Amaro.

Grupo paulista vai circular por 18 estados

Para esse espetáculo, a Cia. Polichinello usa bonecos de manipulação direta, sem o uso da vara. Então, as mãos do ator funcionam como as mãos do próprio boneco. Em cena, estão Betto Marx, Márcio Pontes, Ricardo Dimas e Carolina Jorge. A encenação não é realista. Não há, por exemplo, diálogos “compreensíveis”. “Os bonecos se expressam muito mais pelo som. Claro que tem um roteiro, mas que prima muito mais pela ação. Pelos gestos e ações as pessoas compreendem. Além disso, temos também uma projeção com alguns textos e a voz de um narrador, bem grossa, que remete às histórias de terror”, explica o diretor.

Pernambuco será o oitavo estado a receber o espetáculo dentro do festival Palco Giratório. Ao todo, o grupo vai circular por 18 estados. Na última quinta-feira, por exemplo, os atores apresentaram a montagem em Porto Alegre. “O espetáculo fica sempre aquecido, os atores estão mais envolvidos, a sensibilidade aflorada”, conta Pontes. “É porque no teatro de bonecos, se você fica muito tempo sem encenar, sem pegar no boneco, quando você volta a lidar com ele, ele parece um corpo estranho. E agora não, estamos com intimidade com os bonecos, então os movimentos são melhores, a montagem é melhor”.

O grupo, que tem sede em Araraquara, interior de São Paulo, decidiu que seguiria pela linguagem do teatro de bonecos em 2001. De lá para cá, já são nove espetáculos no repertório, sendo dois adultos. Esta é a primeira vez que a Cia. Polichinello vem ao Recife. Os ingressos para a apresentação custam R$ 10 e R$ 5 (meia-entrada).

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