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Terreira do Magiluth se alimenta de culturas e afetos

Casarão de número 465 na Rua da Glória é inaugurado nesta quarta-feira (15) como espaço cultural. Na foto, os atores Erivaldo Oliveira, Giordano Castro, Mário Sérgio Cabral, Bruno Parmera, Wellington Gomes (produtor), Pedro Wagner e Lucas Torres. Foto: Acervo Magiluth/ Divulgação

O Grupo Magiluth ganha o mundo com seus trabalhos, mas finca os pés no Recife, berço dos primeiros afetos, para criar arte, exercitar democracia, difundir cultura, re-existir. Nesta quarta-feira (15), a trupe abre as portas do espaço cultural, porque é mais que uma nova sede, território com quase mil metros quadrados, na região central da capital pernambucana, próximo ao tradicional Mercado da Boa Vista. O desejo e a intenção são de que o espaço tenha uma atuação cultural ampla na cidade, agregando outras pulsações e outras linguagens de música, dança, teatro exposições e outras artes. PC Silva e Martins comandam o show de abertura da terreira.

O casarão de número 465 da Rua da Glória tem história nas suas salas e no quintal arborizado. O local já foi palco de encenações, festas-encontros, ensaios. Até eu já ensaiei por lá quando tive a honra de dirigir junto com a atriz e diretora Lúcia Machado as atrizes Maria de Jesus Baccarelli e Leila Freitas na peça Os Desastres de Sofia. Muitas lembranças boas nesse pedaço da Boa Vista.

De 1993 a 2014, lá funcionou o Espaço Inácia Rapôso Meira, tocado na base da perseverança e da dedicação pela atriz Socorro Rapôso. Socorro interpretou Nossa Senhora na primeira montagem do Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna, em 1956, encenação que projetou nacionalmente Suassuna como dramaturgo. Ela integrou o elenco de outra montagem da peça, que ficou em cartaz por quase 20 anos. Devido a um aneurisma que a mantém acamada há anos, ela se afastou das atividades do espaço.

Vida longa ao novo espaço do Magiluth. Foto: Reprodução do Facebook

O Magiluth decidiu ocupar e revitalizar o extenso imóvel depois da gravação da série Chão de Estrelas, de Hilton Lacerda, no final de 2019. O trabalho audiovisual trata justamente do uso do espaço abandonado por uma trupe teatral e que brevemente será exibido pelo Canal Brasil.

Não é passe de mágica e a revitalização do espaço ainda precisa de muitos reparos. O Magiluth investiu mais de R$ 20 mil do fundo de caixa, mas vai correr atrás de apoio do poder público e de empresas privadas para que o casarão tenha uma vida longa e atuação plena de cultura. Sugestões são bem-vindas e podem ser enviadas para casaraomagiluth@gmail.com

Os rapazes do Magiluth sabem que é uma empreitada arriscada. Mas eles gostam desse exercício. O coletivo busca transformar o espaço em local de convivência e de trocas artísticas, afetivas, políticas. Aceita e anseia o engajamento da população para efetivas melhorias físicas do lugar. Nossos corações festejam mais uma conquista desses aguerridos aristas.

PROGRAMAÇÃO DO MÊS

Quarta-feira (15/01), às 20h
Show de abertura do casarão, PC Silva e Martins

De quinta (16/01) a sábado (18/01), às 20h; domingo (19/01), às 18h
Aquilo Que o Meu Olhar Guardou Pra Você, espetáculo do repertório do Magiluth

Sábado (18), às 14h
Oficina de maquiagem para Carnaval com Cris Malta (R$ 100, com material para a prática incluído)

Dia 22, às 20h
Show de Una (Aninha Martins) com Jonatas Onofre

Dias 23 e 24, às 20h
O Canto de Gregório, espetáculo do repertório do Magiluth

Dias 25 e 26, às 18h
Luiz Lua Gonzaga, espetáculo do repertório do Magiluth

Dia 29, às 20h
Lançamento do frevo Quer Mais o Quê?, da Banda de Pau e Corda, com Marcello Rangel

Serviço:

Onde: Casarão Magiluth (Rua da Glória 465, Boa Vista)
Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia entrada), à venda pelo Sympla. Moradores da rua da Glória com comprovante de residência em mãos têm desconto

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Não sei, só sei que foi assim que eles chegaram tão longe

Auto da Compadecida é encenado pela Dramart Produções há 20 anos. Fotos: Pollyanna Diniz

A ideia é que, quando eles completassem 18 anos encenando o texto Auto da Compadecida, encerrassem a carreira. Mas Ariano Suassuna estava no teatro naquelas que seriam, supostamente, as últimas apresentações. E aí, um pedido dele fez a atriz e produtora Socorro Rapôso retroceder. “Socorro (Rapôso), quem faz 18 anos apresentando um espetáculo faz 20”. Pois bem, os 20 realmente chegaram e agora um novo adeus é ensaiado pelo elenco da Dramart Produções. As derradeiras apresentações estão marcadas para hoje, às 20h, e amanhã, às 19h, no Teatro de Santa Isabel.

A peça sempre foi sucesso por onde passou – foram mais de 350 mil espectadores. “Viajamos o país inteiro. Passávamos muito tempo fora e, quando a gente chegava aqui, era para fazer longas temporadas. Ficamos em cartaz no Santa Isabel, no Parque, no Barreto Júnior”, conta Williams Sant’Anna, que está no elenco há 19 anos como Chicó. O ritmo de temporadas só diminuiu um pouco quando o ator Sóstenes Vidal, que faz João Grilo, assumiu compromissos fora do Recife. Os projetos pessoais do elenco – no palco são 15 atores – levaram o grupo a decidir encerrar o ciclo – embora, que fique claro, isso não é consenso. E todos, aí sim, sem exceção, têm um carinho enorme pela peça.

Quem pensou em montar o Auto da Compadecida foi o diretor Marco Camarotti, falecido em 2004. As marcas da direção, aliás, ainda são as mesmas que ele deixou – até hoje, não foi substituído na ficha técncia. “Ele é a alma desse espetáculo. Minha função é zelar pelo que ele fez, ir polindo. Ele queria uma peça assim: circense, com comunicação direta com o público, nada sofisticado”, complementa Sant’Anna, que também assina a assistência de direção.

O texto mais famoso de Ariano Suassuna (principalmente depois que virou minissérie e filme) é respeitado na íntegra. “Ele só autorizava que eu e Sóstenes (Vidal, que interpreta João Grilo), que somos os bufões, colocássemos ‘cacos’ no texto. Dizia que Ariano não precisava de coautor”, relembra. “Muito antes da minissérie e depois do filme, nós já lotávamos casas no Brasil inteiro”, comenta o João Grilo.

Do elenco original, restaram Sóstenes Vidal, Hélio Rodrigues (palhaço), Cleusson Vieira (sacristão), Luiz César (Padre João), Célio Pontes (Severino do Aracaju) e, claro, Socorro Rapôso (A Compadecida). Aos 80 anos, a produtora e atriz é a principal entusiasta do espetáculo. “Ela fez com que estivéssemos juntos até hoje, no palco. Esse mérito é dela”, diz o ator Hélio Rodrigues.

O ator e jornalista Leidson Ferraz, que interpreta o frade e o demônio, lembra que estreou no espetáculo em 1995. “O Santa Isabel estava lotado, até a torrinha. A sensação de ver aquele teatro lotado ficou em mim”, rememora. “O texto é ótimo, o elenco também. E é um espetáculo muito querido pelo público. A plateia é muito receptiva”, complementa.

A “caloura” no elenco é Maria Oliveira, que faz a mulher do padeiro há dois anos (inclusive, no domingo, quem vai interpretar o papel é Margarida Meira, que encenou esse personagem por vários anos). Maria não concorda que o espetáculo seja encerrado. “Agora que estava no melhor da brincadeira! Acho que deveríamos repensar”.

Bom, cá para nós, eu também não acredito que eles consigam encerrar. Acho que amanhã, Ariano vai chegar de mansinho e, mais uma vez, ninguém terá como negar um pedido do mestre. Até porque, mesmo aos 80 anos, Socorro Rapôso tem energia e disposição para levar esse espetáculo por mais uns 20 anos. E que ninguém duvide.

Será que eles conseguem encerrar a carreira do espetáculo?

ELENCO: Socorro Rapôso (A Compadecida), Sóstenes Vidal (João Grilo), Williams Sant’Anna (Chicó), Luiz César (Padre João), Cleusson Vieira (sacristão), Maria Oliveira (mulher do padeiro), Luiz de Lima Navarro (padeiro), Max Almeida (bispo), Leidson Ferraz (frade e demônio), Buarque de Aquino (Antônio Moraes e Encourado), Célio Pontes (Severino do Aracaju), Márcio Moraes (Galego, o Cabra), Hélio Rodrigues (Palhaço) e Didha Pereira (Manuel) e ainda cinco músicos da banda Querubins de Metal.

Serviço:

Auto da CompadecidaQuando: Hoje, às 20h, e amanhã, às 19h
Onde: Teatro de Santa Isabel
Quanto: R$ 20 e R$ 10 (meia)
Informações: (81) 3355-3323

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Uns recebem resultado, todos aguardam pagamento

Saiu no Diário Oficial no último dia 19, o resultado do Prêmio de Fomento às Artes Cênicas 2010 concedido pela Prefeitura do Recife. Cinco projetos são contemplados e cada um recebe R$ 20 mil para executar a sua proposta. Engraçado é que, mesmo sendo uma “ação positiva” do governo, não recebemos nenhum e-mail da Prefeitura fazendo a divulgação do resultado. Fiz uma rápida busca no site da PCR e também não vi nada por lá…

Se a boa notícia é que o fomento continua mantido, a ruim é que os contemplados com o Prêmio de 2009 ainda não receberam a quantia de R$ 20 mil. O resultado foi divulgado em março do ano passado e várias vezes a Prefeitura e o próprio secretário Renato L já prometeram quitar a dívida.

No fim de maio, publicamos uma matéria em que eles mandaram um e-mail dizendo que pagariam até o fim daquele mês. Bem antes disso, numa outra matéria publicada no Diario de Pernambuco no dia 10 de Fevereiro, a Secretaria de Cultura assumia o compromisso de quitar a dívida em até 10 dias. No dia 28 de Fevereiro, a data já era outra: 18 de Março.

Será que com o fomento de 2010 vai acontecer a mesma coisa?

Bom, aqui está a publicação do Diario Oficial. Parabéns aos contemplados!

“19/Jul/2011 :: Edição 83 ::
Cadernos do Poder Executivo
Secretaria de Cultura
Secretário: Renato Braga Lins
Resultado do Edital Prêmio de Fomento à Produção das Artes Cênicas 2010

RESULTADO DO EDITAL PRÊMIO DE FOMENTO À PRODUÇÃO DAS ARTES CÊNICAS 2010.

O Sistema de Incentivo à Cultura através do Fundo de Incentivo à Cultura comunica para efeitos legais e a todos os interessados, os vencedores do Prêmio Fomento à produção das Artes Cênicas 2010: “Entre Quatro Paredes” (50 pontos) sob a responsabilidade da Artes Cênicas Ltda ; “Palhaços” (50 pontos) sob a responsabilidade de Maria do Socorro Raposo Meira-ME; “Investigação Sobre a Capoeira Angola Disposição para a Improvisação em Tempo Real” (50 pontos), sob a responsabilidade da Sra. Gabriela Cavalcanti; “O Pássaro de Papel” (48 pontos), sob a responsabilidade do Sr. Pedro Portugal; “Olivier e Lili – Uma História de Amor em 900 Frases” (48 pontos), sob a responsabilidade do Sr. Rodrigo Carvalho Marques Dourado.

Renato Braga Lins
Secretário de Cultura ”

O pássaro de papel foi encenada no último Janeiro de Grandes Espetáculos por atrizes portuguesas. Agora, deve ser remontada com brasileiras no elenco. Foto: Pedro Portugal

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Palhaços – O reverso do espelho em imagens

Estreia de Palhaços – O reverso do espelho. Sexta-feira, 13 de maio de 2011.

Sóstenes Vidal e Williams Sant`Anna

Palhaços foi escrito em 1974 pelo dramaturgo paulista Timochenco Wehbi.

A direção é de Célio Pontes e a produção de Socorro Raposo

Palhaços faz questionamentos sobre o que é ser artista

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Auto da Socorro

Durante uma entrevista à TV Cultura, a crítica de teatro Barbara Heliodora citou Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna, como uma obra tipicamente brasileira; dizia que esse tipo de encenação é nossa especialidade e que era muito difícil encontrar uma montagem da peça que não tivesse qualidade. Em Pernambuco, pelo menos um grupo confirma a teoria da crítica. Há 19 anos ininterruptos, a Dramart produções encena Auto da Compadecida.

Para comemorar, o grupo faz mais uma apresentação neste sábado, dia do aniversário do Recife, às 19h30, no Teatro de Santa Isabel, na Praça da República. Os ingressos custam R$ 20 e R$ 10. No domingo, a montagem participa da Mostra Rui Limeira Rosal de Teatro e Dança, no Sesc Caruaru, às 20h. A peça, aliás, já circulou muito. Aqui em Pernambuco, foi vista em quase 30 cidades; e no Brasil, em muitos lugares, como Manaus, São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.

Socorro Rapôso interpretou a Compadecida pela primeira vez em 1957; em 1992, assumiu novamente o papel, com direção de Marco Camarotti, que faleceu em 2004. “Ainda assim, o nome dele continua na direção. É uma forma de homenageá-lo. Quem assume a assistência de direção é Williams Sant’Anna, que também está no elenco como Chicó”, explica Socorro.

Foto: Jorge Clésio

Mesmo com tantos anos em cartaz, são poucas as mudanças no elenco. O segredo? “É o respeito mútuo. Nós nos tornamos uma família grande e unida. Há divergências, mas mesmo numa casa com duas crianças, isso acontece”, complementa. A atriz principal, que em junho completa 80 anos, diz que o público é fundamental. “No palco, é uma energia única. O espetáculo funciona, porque percebemos a resposta imediata da plateia”. No elenco, são 15 pessoas e a música é ao vivo, com a participação da banda Querubins de metal.

Foto: Priscilla Buhr

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