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Marina, sereia

Companhia carioca PeQuod. Fotos: Ivana Moura

Marina, a sereiazinha é uma das atrações do festival Sesi Bonecos do Mundo, que começou na última terça-feira e segue até domingo. Um projeto instigante, que democratiza e nos aproxima de uma arte que é tão nossa.

O espetáculo foi apresentado na última quarta-feira, no Santa Isabel; e teve inclusive a versão adulta. É uma montagem bem linda, muito bem executada, que conta a história da sereia Marina, doida pra viver em terra. Ela se apaixona por um pescador que cai no mar e é capaz de quase tudo para viver esse amor. Mas há obstáculos no meio do caminho e até uma maldição caso ela não consiga cumprir o que deve.

Grupo apresentou o infantil Marina, a sereiazinha e a versão adulta do espetáculo

A história é inspirada no clássico do escritor Han Christian Andersen e as músicas de Dorival Caymmi se entrelaçam à dramaturgia com a trilha sonora cantada ao vivo.

Grande parte do espetáculo se passa dentro de aquários bem grandes – eles usam a técnica do Teatro Aquático de Bonecos do Vietnã. Uma estrutura que encanta pela dimensão mas, ao mesmo tempo, pela delicadeza.

Mas não necessariamente a PeQuod consegue tocar o público com a dramaturgia. É um espetáculo muito mais visual e para os ouvidos; do que realmente evoca emoções. Além disso, a montagem infantil, que teoricamente é para crianças a partir dos seis anos, não é nada fácil para os pequenos. A história é complicada de ser captada, o espetáculo é bastante escuro e tem um tempo mais dilatado, até pelas músicas.

Teve até cena de casamento! #liberdadesprosbonecos

Hoje tem mais Sesi Bonecos do Mundo no Santa Isabel. E amanhã e domingo no Parque 13 de Maio. Segue a programação. Tudo de graça!

09/nov (sexta-feira), às 19h e 21h
Companhia Art Stage San | Coreia
Espetáculo: A História de Dallae
Classificação: Adulto
Local: Teatro Santa Isabel

10/nov (sábado)

às 16h30, Performance de Abertura com o Grupo Giramundo | Torres Andantes | MG| Livre. Entre o público;
das 16h30 às 21h, Grupo Giramundo, com Exposição Autômatas | MG | Livre no Pavilhão da Exposição;
17h, 18h e 19h, Ateliê ao Vivo dos Mestres Mamulengueiros, com Mestres Zé di Vina, Chico Simões, Tonho de Pombos e Saúba | PE, DF e PE | Livre, na Tenda dos Mestres;
Entre 17h e 20h30, Gente Falante, com Circo Minimal | RS | Livre | Mini Circo;
17h, 18h, 19h e 20h, Girovago & Rondella, com Mão Viva | Itália | Livre, no Palco 3
17h, 18h, 19h e 20h, Fernan Cardama, com O presente | Argentina | Livre | Empanada
17h30, 18h30, 19h30 e 20h30, Story Box Theatre, com Punch and Judy | Inglaterra | Livre, no Palco 3;
17h, 17h20, 17h40, 18h, 18h30, 19h, 19h30, 20h e 20h20, Gente Falante, com Caixa de Música | RS | Livre | Tenda Teatro;
17h, Victor Antonov, com Circo em fios | Rússia | Livre, no Palco 1;
18h, Kakashi-za, com Sombras de mão | Japão | Livre, no Palco 2;
19h, Pia Fraus, com Gigantes de Ar | SP |Livre, no Palco 1;
20h30, Show do Patu Fu com o Grupo Giramundo | Música de Brinquedo | SP | Livre, no Palco 2;

11/nov (domingo)
Às 16h30, Performance de Abertura com o Grupo Giramundo, com as Torres Andantes |MG| Livre. Entre o público;
das 16h30min às 21h, Grupo Giramundo, com Exposição Autômatas |MG |Livre, no Pavilhão da Exposição;
17h, 18h e 19h, Ateliê ao Vivo dos Mestres Mamulengueiros, com Mestres Zé Lopes, Waldeck de Garanhuns e Tonho de Pombos | (PE, SP e PE) | Livre, na Tenda dos Mestres;
Entre 17h e 20h30, Gente Falante, com Circo Minimal | RS | Livre, no Mini Circo;
17h, 18h, 19h e 20h, Victor Antonov, com Circo em fios |Rússia |Livre, no Palco 3
17h, 18h, 19h e 20h, Fernan Cardama, com O presente |Argentina |Livre, na Empanada
17h30, 18h30, 19h30 e 20h30, Story Box Theatre, com Punch e Judy | Inglaterra| livre, no Palco 3;
17h, 17h20, 17h40, 18h, 18h30, 19h, 19h30, 20h e 20h20, Gente Falante, com Caixa de Música | RS | Livre, na Tenda Teatro;
17h, Casa Volante, com Operação Romeu mais Julieta | MG | Livre, no Palco 1;
18h, Girovago & Rondella, com Mão Viva | Itália | Livre, no Palco 2;
19h, Caixa do Elefante, com Histórias da Carrocinha| RS |Livre, no Palco 1;
20h, Mão Molenga, com Babau | PE | Adulto, no Palco 2;
21h, Art Stage San, com A história de Dallae | Coreia | 12 anos, no Palco 1

Muitas cenas foram realizadas em aquários

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Sejam bem-vindos, Bonecos do Mundo!

Babau, do Mão Molenga, participa do Sesi Bonecos

O festival Sesi Bonecos é um dos que mais gosto. Desde a primeira vez que assisti me apaixonei. Gosto da ideia de democratizar o “biscoito fino”, da ousadia da produtora Lina Rosa Vieira de não perguntar ao público se queria mesmo esse festival. Um parêntese – o que possivelmente NÃO iria acontecer. Talvez o que ganhasse a pesquisa fosse um festival de pagode ou de axé (sem nenhum preconceito com os dois gêneros, porque o mundo é grande). Mas bonecos, aqueles serezinhos mágicos que surpreendem até os seus atores-manipuladores, isso era tido como coisa de crianças. Digo era porque a iniciativa de Lina Rosa e sua equipe já mudou esse panorama.

Pois bem, Sesi Bonecos do Mundo volta ao Recife com 14 espetáculos nacionais e internacionais. Desta vez, o evento migrou do Marco Zero para o Parque 13 de Maio (e algumas apresentações no Teatro de Santa Isabel). Participam grupos do Japão, Coreia, Itália, Argentina, Inglaterra e Rússia. Além do Brasil, é claro. A programação vai de 7 de a 9 no Teatro de Santa Isabel e nos dias 10 e 11 no Parque 13 de Maio. A pré-estreia para convidados será no dia 6, no auditório da Fiepe.

Todos os espetáculos vão contar com audiodescrição e tradução simultânea em libras, que também é uma forma de democratizar o bem cultural.

Companhia japonesa Kakashi-za vem pela primeira vez ao Brasil com seu teatro de sombras

Pela primeira vez no Brasil, a companhia de Teatro de Sombras japonesa Kakashi-za é uma das grandes atrações. Sombras de mão é um espetáculo que apresenta várias silhuetas de animais e outras figuras criadas pelas mãos ágeis dos atores. Esse mundo é inventado com luz e mãos acrobatas. O grupo conta uma história de amor entre animais, com personagens projetados, em sucessão de cenas com paisagens exóticas. Hand shadow shows (Sombras de mão) é um espetáculo sem palavras.

Espetáculo A história de Dallae aborda a Guerra da Coreia (1950–1953) com fantoches

 

Esperança e a capacidade de superação são palavras de ordem do espetáculo A História de Dallae, do Grupo Art Stage San, da Coreia. Sob o olhar de uma criança – Dallae, a peça mostra os esforços de uma família durante a Guerra da Coreia. A peça mistura teatro de bonecos e dança com delicadeza.

Marina e Marina, a sereiazinha da companhia PeQuod

 

A companhia carioca PeQuod traz para o Sesi Bonecos Marina, espetáculo inspirado no clássico do escritor dinamarquês Han Christian Andersen. A montagem junta a secular técnica do Teatro Aquático de Bonecos do Vietnã com as composições de Dorival Caymmi, com direção e arranjos originais de Fabiano Krieger.

Marina é uma sereia que se apaixona por um pescador que cai na água depois que seu barco naufraga numa tempestade. Para viver esse amor, ela faz alguns sacrifícios. As cenas ocorrem, em sua maior parte, dentro de quatro enormes aquários que compõem o cenário e que juntos pesam três toneladas. Marina é a montagem adulta. Marina, a sereazinha é a versão infantil do PeQuod.

O festival Sesi Bonecos do Mundo engloba espetáculos de seis países que se apresentam em três capitais nordestinas no mês de novembro: Recife (do dia 6 ao 11), Fortaleza (de 14 a 18) e em Salvador (de 21 a 25

A banda Pato Fu (MG) e o grupo de teatro de bonecos Giramundo (MG) mostram o espetáculo Música de brinquedo nas três cidades. A apresentação no Recife está marcada para o sábado, dia 10/11, no Parque 13 de Maio. Depois, os mineiros tocam em Fortaleza (dia 17/11, no Dragão do Mar) e em Salvador (24/11, no Jardim de Alah).

 

SERVIÇO:

Sesi Bonecos do Mundo

De 7 a 9 de novembro, no Teatro de Santa Isabel, com apresentações às 19h e às 21h (os ingressos podem ser retirados na bilheteria do teatro a partir das 12h, nos dias dos espetáculos).

Dias 10 e 11 de novembro, no Parque 13 de Maio, das 16h30 às 20h30 (dia 10) e das 16h30 às 21h (dia 11).

Entrada Franca

 

SESI BONECOS – PROGRAMAÇÃO 2012 |  Recife

06/nov (terça-feira), às 20h30 (somente para convidados)

Companhia Kakashi-za | Japão

Espetáculo Sombras de mão | Classificação: livre

Local: Auditório da FIEPE

 

07/nov (quarta-feira), às 19h

Companhia Pequod | Brasil/RJ

Espetáculo Marina, a Sereiazinha

Classificação: a partir de 6 anos

Local: Teatro Santa Isabel

 

07/nov (quarta-feira), às 21h

Companhia Pequod | Brasil/RJ

Marina

Classificação: 16 anos

Local: Teatro Santa Isabel

 

08/nov (quinta-feira), às 19h e 21h

Companhia Kakashi-za | Japão

Espetáculo Sombras de mão

Classificação: Livre

Local: Teatro Santa Isabel

 

09/nov (sexta-feira), às 19h e 21h

Companhia Art Stage San | Coreia

Espetáculo: A História de Dallae

Classificação: Adulto

Local: Teatro Santa Isabel

 

10/nov (sábado)

às 16h30, Performance de Abertura com o Grupo Giramundo | Torres Andantes | MG| Livre. Entre o público;

das 16h30 às 21h, Grupo Giramundo, com Exposição Autômatas | MG | Livre no Pavilhão da Exposição;

17h, 18h e 19h, Ateliê ao Vivo dos Mestres Mamulengueiros, com Mestres Zé di Vina, Chico Simões, Tonho de Pombos e Saúba  | PE, DF e PE | Livre, na Tenda dos Mestres;

Entre 17h e 20h30, Gente Falante, com Circo Minimal | RS | Livre | Mini Circo;

17h, 18h, 19h e 20h, Girovago & Rondella, com Mão Viva | Itália | Livre, no Palco 3

17h, 18h, 19h e 20h, Fernan Cardama, com O presente | Argentina | Livre | Empanada

17h30, 18h30, 19h30 e 20h30, Story Box Theatre, com Punch and Judy | Inglaterra | Livre, no Palco 3;

17h, 17h20, 17h40, 18h, 18h30, 19h, 19h30, 20h e 20h20, Gente Falante, com Caixa de Música | RS | Livre | Tenda Teatro;

17h, Victor Antonov, com Circo em fios | Rússia | Livre, no Palco 1;

18h, Kakashi-za, com Sombras de mão | Japão | Livre, no Palco 2;

19h, Pia Fraus, com Gigantes de Ar | SP |Livre, no Palco 1;

20h30, Show do Patu Fu com o Grupo Giramundo | Música de Brinquedo | SP | Livre, no Palco 2;

 

11/nov (domingo)

Às 16h30, Performance de Abertura com o Grupo Giramundo, com as Torres Andantes |MG| Livre. Entre o público;

das 16h30min às 21h, Grupo Giramundo, com Exposição Autômatas |MG |Livre, no Pavilhão da Exposição;

17h, 18h e 19h, Ateliê ao Vivo dos Mestres Mamulengueiros, com Mestres Zé Lopes, Waldeck de Garanhuns e Tonho de Pombos | (PE, SP e PE) | Livre, na Tenda dos Mestres;

Entre 17h e 20h30, Gente Falante, com Circo Minimal | RS | Livre, no Mini Circo;

17h, 18h, 19h e 20h, Victor Antonov, com Circo em fios |Rússia |Livre, no Palco 3

17h, 18h, 19h e 20h, Fernan Cardama, com  O presente |Argentina |Livre, na Empanada

17h30, 18h30, 19h30 e 20h30, Story Box Theatre, com Punch e Judy | Inglaterra| livre, no Palco 3;

17h, 17h20, 17h40, 18h, 18h30, 19h, 19h30, 20h e 20h20, Gente Falante, com Caixa de Música | RS | Livre, na Tenda Teatro;

17h, Casa Volante, com Operação Romeu mais Julieta | MG | Livre, no Palco 1;

18h, Girovago & Rondella, com Mão Viva | Itália | Livre, no Palco 2;

19h, Caixa do Elefante, com Histórias da Carrocinha| RS |Livre, no Palco 1;

20h, Mão Molenga, com Babau | PE | Adulto, no Palco 2;

21h, Art Stage San, com A história de Dallae | Coreia | 12 anos, no Palco 1

 

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Retrô 2011

Os artistas aguardaram: apoio, resultados dos editais atrasados, pagamento de fomentos. Como – ainda bem-diz a música de Marcelo Camelo (Casa pré-fabricada), “nessa espera, o mundo gira em linhas tortas”. Os caminhos não serem retos não é, definitivamente, ruim para a arte. Se o atraso no resultado do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura) prejudicou a cena teatral pernambucana em 2011, serviu também ao propósito de mostrar que o teatro continua sendo uma arte de resistência; e que é possível sim levar ao palco produções de qualidade, a duras penas, mesmo sem incentivos oficiais. Para 2012, se as promessas e os prazos de editais forem realmente cumpridos, é bem provável que tenhamos um panorama de peças mais amplo, pelo menos em quantidade. Qualidade não foi o problema.

No Janeiro de Grandes Espetáculos, que começa na próxima quarta-feira, teremos pelo menos três estreias: Aquilo que meu olhar guardou para você, do grupo Magiluth, Caxuxa, da Duas Companhias, e O pássaro de papel, com direção de Moncho Rodriguez e produção de Pedro Portugal e Paulo de Castro. Para o Magiluth, que tem sete anos de atividades, 2011 foi um ano de aprimoramento e, mais ainda, de alargar as possibilidades criativas. Estrearam a peça O canto de Gregório, sem apoio estadual ou municipal, “o que não é um mérito, é porque fazer teatro é mais forte do que a gente, mas é muito difícil”, conta Pedro Wagner, que interpreta Gregório. Ainda participaram do projeto Rumos Itaú Cultural, que possibilitou, através de edital, intercâmbios entre grupos.

Magiluth vai estrear Aquilo que meu olhar guardou para você. Foto: Thaysa Zooby

O Magiluth trabalhou com o Teatro do Concreto, de Brasília. E daí surgiu o novo espetáculo, que tem direção de Luis Fernando Marques, do grupo paulista XIX de Teatro. O grupo passa por um momento limite. “Eles já não são um grupo ‘de novos’. E precisam se manter. Espero que eles consigam esse equilíbrio de produção. Além de ser artista, tem que ter estrutura de produção, gestão”, complementa o professor Luís Reis.
Caxuxa, outra estreia, é uma remontagem, uma adaptação do texto de João Falcão. “Foi uma ideia de Claudio Ferrario. Fizemos essa peça, um musical, há 20 anos”, conta Lívia Falcão, que fez parte do elenco de Divinas, ao lado de Fabiana Pirro e Odília Nunes, que estreou ano passado.

Luiza Fontes, Regina Medeiros e Sofia Abreu estão no elenco de O pássaro de papel. Foto: Pedro Portugal

Ao longo de 2012, outras produções estão previstas. Jorge de Paula, Thay Lopes e Kleber Lourenço devem trabalhar a partir de um texto de Luiz Felipe Botelho, com direção de Tiche Vianna, do Barracão Teatro, de Campinas. Rodrigo Dourado está na direção de Olivier e Lili – Uma história de amor em 900 frases, que tem no elenco Fátima Pontes e Leidson Ferraz. A Cênicas Companhia de Repertório, que fez o infantil Plutf – O fantasminha, está em fase de pré-produção do espetáculo baseado na formação de clowns, e deve montar outro infantil.

Cinema é uma coprodução entre a Cia Clara e o Espaço Muda. Foto: Nilton Leal

Jorge Féo, do Espaço Muda, está trabalhando em parceria com Anderson Aníbal, da Cia Clara, no projeto Cinema, com estreia prevista para abril. A Fiandeiros deve abrir o seu espaço, na Boa Vista, para a realização de temporadas, planeja fazer o infantil Vento forte para água e sabão, e ainda vai lançar o Núcleo de Teatro Novelo, com alunos saídos dos cursos ministrados pela companhia. Breno Fittipaldi e Ana Dulce Pacheco devem estrear, em maio, Encontro Tchekhov, também sem incentivos.

– Colaborou Tatiana Meira

Alguns registros:

Carla Denise fez documentário sobre Hermilo Borba Filho

Leda Alves, viúva de Hermilo Borba Filho, acalenta o projeto de lançar um livro sobre a obra de Hermilo e o Teatro Popular do Nordeste (TPN). “Seria uma obra envolvendo vários pesquisadores”, conta. No último mês de dezembro, a dramaturga e jornalista Carla Denise lançou o DVD Coleção Teatro – Volume 3 – Hermilo Borba Filho, que além de entrevistas com atores, diretores, pessoas que conviveram com Hermilo, traz ainda uma entrevista antiga com o próprio diretor.

O livro TAP – Sua cena & sua sombra: O Teatro de Amadores de Pernambuco (1941-1991), de Antonio Edson Cadengue, foi lançado em novembro. Esse regaste, fundamental para entender a trajetória do teatro em Pernambuco, está disponível em edição rica em detalhes e fotos. Outra publicação importante foi o livro Transgressão em 3 atos: Nos abismos do Vivencial, escrito por Alexandre Figueirôa, Stella Maris Saldanha e Cláudio Bezerra.

O Teatro Experimental de Arte de Caruaru comemora 50 anos em 2012 com muitos motivos para comemorar. Se neste ano o Festival de Teatro do Agreste (Feteag) não ocorreu por falta de apoio e recursos, a Câmara Municipal de Caruaru já aprovou, no mês de novembro, uma verba de R$ 100 mil para que a mostra seja realizada. O grupo deve ainda estrear O pagador de promessas e lançar um livro. Neste ano, pela primeira vez, o TEA participou do Festival de Curitiba.

A publicitária Lina Rosa Vieira está com a agenda lotada para 2012. Em junho, o Festival Internacional de Teatro de Objetos (Fito) será realizado em Belo Horizonte e deve passar por Florianópolis e Curitiba. Está quase certo que o Fito, que foi sucesso de público no Marco Zero, seja realizado aqui, em setembro, trazendo o espetáculo francês Transports Exceptionnels. Já está confirmado é que o Sesi Bonecos do Mundo virá a Pernambuco em novembro.

Lina Rosa Vieira deve trazer o Sesi Bonecos do Mundo e o Fito novamente ao Recife


Pé na estrada

O compromisso com o teatro de grupo está levando as produções pernambucanas para outras cercanias. Não são peças organizadas apenas para cumprir uma temporada, mas fruto da pesquisa, da investigação de uma linguagem e estéticas próprias de cada coletivo. O amor de Clotilde por um certo Leandro Dantas, que estreou em 2010, da Trupe Ensaia Aqui e Acolá, rodou vários festivais do país e deve circular em 2012.

O grupo já está em fase de pesquisa para o novo projeto, que encerra a trilogia em homenagem ao diretor e professor Marco Camarotti. “Crescemos esteticamente. Começamos como um coletivo, mas não tínhamos organização de grupo, gestão. E conseguimos perceber o quanto isso é importante. Nós nos mobilizamos e conseguimos levar o público ao teatro”, conta o diretor Jorge de Paula.

Já o grupo O Poste Soluções Luminosas está comemorando a aprovação nos editais do Myriam Muniz e Procultura, que vão possibilitar que o espetáculo Cordel do amor sem fim, que estreou também em 2010 e passou por vários festivais, faça circulação por lugares cortados pelo Rio São Francisco. Nessas cidades, o grupo também fará formação e já deve começar a pesquisar sobre os jogos e brincadeiras das crianças do Nordeste e as africanas.

Circuito

Valmir Santos, curador deste ano do Festival Recife do Teatro Nacional, fez uma mostra ousada. Em vez de trazer grupos renomados, que de alguma forma sempre fazem parte do festival, como o Galpão e a Armazém Companhia de Teatro, optou por trazer peças que dificilmente viriam ao Recife, por conta da falta de apoio e das distâncias, e que compõem o repertório de alguns grupos com propostas e trabalhos estéticos interessantes. Vimos por aqui, por exemplo, duas montagens que depois foram premiadas pela Associação Paulista de Críticos de Arte: Luis Antonio – Gabriela, da Cia Munguzá, e O jardim (Cia Hiato).

O Jardim, da Cia Hiato, de São Paulo, emocionou o público. Foto: Ivana Moura

Ainda assim, os grupos tradicionais não deixaram de vir ao Recife. A Armazém trouxe o novo trabalho Antes da coisa toda começar; bem antes disso, Marieta Severo e Andrea Beltrão apresentaram, finalmente, a peça de Newton Moreno, com direção de Aderbal Freire-Filho, As centenárias; Marco Nanini trouxe sua premiada Pterodátilos; e Júlia Lemmertz, Paulo Betti e Débora Evelyn vieram ao Recife com Deus da carnificina.

Para 2012, a produtora Denise Moraes já promete novas produções. Velha é a mãe, com Louise Cardoso e Ana Baird, e direção de João Fonseca, deve ser apresentada no Recife de 9 a 11 de março, no Teatro de Santa Isabel. Já de 11 a 13 de março, Denise Fraga encena Sem pensar, direção de Luiz Villaça.

Muitos planos, pouco tempo

Muitas promessas e projetos, mas um prazo apertado. Afinal, este ano é de eleição municipal. Só no último mês de agosto, o diretor de teatro Roberto Lúcio assumiu oficialmente a Gerência Operacional de Artes Cênicas da Fundação de Cultura da Cidade do Recife, e agora a correria é grande para que os projetos possam sair do plano das ideias. No fim de novembro, a gerência fez uma reunião com a classe (João da Costa nem de longe tem a aprovação dos artistas, como ficou claro nesse encontro). Maria Clara Camarotti, gerente de serviço de teatro, apresentou um plano que contempla, entre muitas ações, um seminário de políticas públicas para as artes cênicas, o lançamento de edital específico para ensaios dos grupos nos equipamentos da prefeitura, a elaboração de uma proposta de criação de uma escola técnica (que será apresentado ao governo do estado), a realização do Mascate: Mercado das Artes Cênicas, ações formativas em gestão, produção e elaboração de projetos, e a realização do Fórum dos Teatros.

Perdemos

José Renato Pécora
Faleceu em maio, aos 85 anos. Fundador do Teatro de Arena de São Paulo e responsável pela peça Eles não usam black-tie, que marcou os anos 1950. Morreu após sessão de 12 homens e uma sentença, dirigida por Eduardo Tolentino.

No mês de agosto, perdemos Ítalo Rossi


Ítalo Rossi

Mais de 400 montagens e 50 anos de carreira estão no legado de Ítalo Rossi, que morreu aos 80 anos, em agosto. Nascido em Botucatu, em São Paulo, seu último personagem foi no humorístico Toma lá dá cá, da Globo.

Enéas Alvarez
Jornalista, crítico de teatro, ator do Teatro de Amadores de Pernambuco (TAP), advogado, padre da Igreja Siriana Ortodoxa de Olinda, Enéas Alvarez morreu aos 64 anos, em 21 de novembro. Há 20 anos, sofria com problemas de saúde agravados pela obesidade.

Sérgio Britto
Considerado um mestre do teatro brasileiro, o ator e diretor Sérgio Britto faleceu no dia 17 de dezembro, de problemas cardiorrespiratórios. Tinha 88 anos e 60 anos de carreira. Atuou e dirigiu mais de 130 peças e apresentava na TV o programa Arte com Sérgio Britto.

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Bonecos repletos de beleza

Arnaldo Antunes levou música ao Sesi Bonecos. Fotos: Ivana Moura

Um espaço de encantamento foi armado no fim de semana no Parque do Ibirapuera, em São Paulo. O público teve oportunidade de apreciar a sofisticação técnica do russo Viktor Antonov, um virtuosi na manipulação das marionetes de fios; o teatro italiano Girovago & Rondella, que cria personagens excepcionais com as mãos; os Poemas visuais do espanhol Jordi Bertran, os divertidos personagens criados com partes do corpo dos grupos peruanos Hugo y Ines e La Santa Rodilla. Mas além dessas atrações internacionais, o Sesi Bonecos do Mundo reuniu bonequeiros populares como Chico Simões, do Distrito Federal, Mestre Tonho de Pombos, Mestre Zé de Vina de Glória do Goitá (considerado o mais vigoroso atualmente), Mestres Waldeck de Garanhuns e Josivan. Eles fizeram demonstração de como se constrói e manipula os mamulengos e divertiram com seus brinquedos nas barracas.

Mestres Amaro e Zé de Vina, de Glória do Goitá

O grupo paulista XPTO trabalha com uma estética mais contemporânea, mas desta vez o diretor Osvaldo Gabrieli foi buscar inspiração no popular. A trupe exibiu o espetáculo O teatrinho de Dom Cristóvão, um texto picante de Federico Garcia Lorca, em que expõem com humor figuras trapaceirass e traidoras, como o velho rabugento Dom Cristobal e Dona Rosinha. A encenação Caetana, da Duas Companhias, arrancou elogios da plateia que encarou a chuva no sábado, ao contar a história de Benta, que tenta driblar a morte.

XPTO buscou inspiração no popular

As chuvas e as temperaturas baixas alteraram a disposição dos paulistanos de sair de casa. O festival Sesi Bonecos do Mundo, que montou uma quadra cenográfica dentro no Ibirapuera, foi visitado por número bem menor do que era esperado.

“Oito mil pessoas assistiram ao Sesi Bonecos do Mundo em São Paulo. Se este número parece grande para as costumeiras plateias de teatro de marionetes, para o Festival que ampliou as possibilidades de acesso à arte titereteira é pequeno. É que, mesmo tendo escolhido o período de maior seca na região, uma frente fria surpreendeu a estação. Agora, o Festival segue para o Rio. E a previsão é de sol para o fim de semana”, diz a publicitária pernambucana Lina Rosa Vieira, idealizadora e produtora do evento.

Lívia Falcão e Fabiana Pirro apresentaram Caetana

As duplas sessões durante três dias no Teatro do Sesi, na Avenida Paulista, foram lotadas. No primeiro dia os grupos peruanos Hugo y Ines e La Santa Rodilla mostraram que há muitas possibilidades de exploração artísticas do corpo, transformando mãos, pés, joelhos, barrigas e outras partes em personagens da vida cotidiana. A trupe italiana Girovago & Rondella exibiu dois personagens absolutamente sedutores, apresentando números de circo. O russo Viktor Antonov deixou o público feliz com seu desfile de bonecos de fio: uma bailarina hindu, o halterofilista, macacos acrobatas, um camelo, os detalhes são preciosos para comunicar com a público.

Nas apresentações no teatro, o projeto adotou ações de libra e audiodiscrição. “Dentre tudo, o que mais me emocionou foi a inclusão dos cegos e surdos no projeto”, conta Lina. Ela chorou quando viu um garotinho cego feliz ao tocar nos bonecos do Viktor, enquanto sua mãe explicava quem era aquela criatura.

Uma baixa do Sesi Bonecos foi Gulliver, da Cia Viaje Inmóvel, do Chile. A trupe chegou, mas o grande cenário não.

A abertura com o desfile do grupo mineiro Giramundo levou seus monstros, princesa, dragão, sapo, entre outros personagens, para brincar com crianças e adultos e reforçou a ideia que cada um possui seus monstrinhos. O Giramundo apresentou suas Torres Andantes de Bonecos. O conjunto de 9 torres, 30 bonecos de vara e 2 bonecos de mochila, apresenta várias formas de construção de bonecos gigantes.

A exposição dos 40 anos do Giramundo também é deslumbrante. Personagens dos 33 espetáculos fazem parte da mostra, reunidos por peças e com dados históricos da montagem.

Exposição reúne bonecos dos 33 espetáculos do Giramundo

Giramundo está comemorando 40 anos

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