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Odin Teatret no Recife

Samuel, Eugenio, Agri, Julia e Naná: encontro do Odin no Recife. Foto: S.Santos

Samuel Santos, Eugenio Barba, Agri Melo, Julia Varley e Naná Sodré: encontro do Odin no Recife. Foto: S.Santos

“Dou ao ofício teatral um valor muito profundo”, comenta o encenador e teórico Eugenio Barba, 80 anos, numa mistura de português, espanhol e italiano. Referência incontestável para as artes cênicas desde meados do século 20 o pensador italiano é uma figura que os artistas da cena, estudantes ou espectadores cultos e interessados em artes sabem, ou deveriam saber, da importância. Barba ainda pensa o teatro de forma inovadora – da criação artística, passando pela pedagogia, pesquisa e reflexão ética. Fundador do Odin Teatret, localizado em Holstebro, na Dinamarca, em 1964 e criador da Antropologia teatral, um estudo comparativo das diferentes habilidades cênicas do ator, performer ou bailarino a partir da sua presença física e mental aperfeiçoadas em algumas partes do mundo, durante várias gerações.

Barba e a atriz e diretora inglesa Julia Varley, companheira de Eugenio, que está no grupo desde 1976, estiveram no Recife de segunda a quarta-feira, a convite do grupo O Poste Soluções Luminosas, cumprindo uma intensa programação no Teatro Hermilo Borba Filho e sede dO Poste) que incluiu o workshop de voz O Eco do Silêncio ministrado por Varley, com demonstração de trabalho; conversa com Eugenio Barba sobre Antropologia Teatral, o que é? e exibição do espetáculo Ave Maria, que tem a morte como tema e traz Mr. Peanut, um alter-ego de Varley, em diversas identidades.

O espetáculo dirigido por Eugenio, faz uma homenagem à atriz chilena María Canépa, amiga de Julia. Ave Maria leva para a cenas as impressões, vivências de Julia ao lado da atriz chilena, que recebeu o Odin em seu país pela primeira vez na época da ditadura de Augusto Pinochet. Ave Maria trata do sentido de fazer teatro e da figura singular que depositava uma grande confiança no ser humano.

A frequência às atividades do Odin no Recife não esteve à altura da relevância do grupo sediado na Dinamarca. A apresentação de Ave Maria foi a mais atingida. Ocorreu no dia seguinte à manifestação contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Teto dos Gastos Públicos, que começou pacífica, mas que terminou com depredações no centro da cidade e alguns detidos. O dia 14 de dezembro foi de comentários temerosos nas redes sociais (alguns anunciando arrastões), ruas do centro desertas e teatro esvaziado.  

Eugenio Barba e Julia Foto:

Eugenio Barba e Julia Foto: Marcelo Dischinger

O Odin veio à capital pernambucana em 2012, numa ação do projeto Palco Giratório, do Sesc, em que Eugenio participou de uma conversa pública e Julia expôs também O eco do silêncio.

O coletivo anfitrião também exibiu dois espetáculos que têm como norte alguns princípios da antropologia teatral: A Receita, solo com a atriz Naná Sodré que investiga a violência contra a mulher, e Ombela, dueto entre Naná e Agrinez Melo a partir da obra do escritor africano Manuel Rui, ambos dirigidos por Samuel Santos.

Barba tem mais de 20 livros publicados já dirigiu mais de 70 produções, entre as quais Ferai (1969), My Father’s House (1972), Brecht’s Ashes (1980), The Gospel according to Oxyrhincus (1985), Talabot (1988), Kaosmos (1993), Mythos (1998), Andersen’s Dream (2004), Ur-Hamlet (2006), Don Giovanni all’Inferno (2006), The Marriage of Medea (2008), The Chronic Life (2011), Ave Maria (2012) e A Árvore (2016).

Há nove anos o encenador participa com o seu Odin Teatret da residência intitulada A Arte Secreta do Ator, realizada em Brasília (DF) e produzida pela TAO filmes e da Cia. YinsPiração Poéticas Contemporâneas. 

A entrevista em vídeo foi concedida após a demonstração de trabalho O eco do silêncio, de Júlia Varley, e da palestra com Eugenio Barba, no saguão do Teatro Hermilo Borba Filho, no dia 13 de dezembro, terça-feira.  Contei com a colaboração do professor da UFPE Everson Melquíades.

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Vingança temperada na cozinha

 

Espetáculo A Receita, com Naná Sodré. Foto: Thais Lima

Espetáculo A Receita, com Naná Sodré. Foto: Thais Lima

A Receita, produção de O Poste Soluçōes Luminosas, com a atriz Naná Sodré, projeta a vingança de uma mulher comum, que ano após ano sofre com a violência, o descaso, o desamor e a intolerância masculina dentro da própria casa. A peça, que leva a assinatura de Samuel Santos na direção, dramaturgia, encenação e figurino, faz uma apresentação nesta terça-feira no Sesc de Casa Amarela, dentro da 9ª Mostra Capiba de Teatro.

Na chave do tragicômico, Naná Sodré expõe os desatinos dessa anônima de meia-idade como reação à brutalidade e ao abandono do marido e dos filhos.  Ela passa a maior parte do tempo na cozinha tentando temperar suas ilusões com sal, alho e coentro com cebolinha. Sua narrativa projeta as naturezas do seu ser no processo de intolerância, loucura e morte.

A plateia é cúmplice desse desabafo, em que palavras faladas disputam com os gestos em excesso.

A montagem A receita foi erguida a partir do embrião de cinco minutos, um experimento dirigido por Eugenio Barba e Julia Varley, no VI Masters-in-Residence, ocorrido em Brasília em 2013. Ao voltar ao Recife, Naná e o diretor Samuel Santos prosseguiram com a pesquisa, com o apoio do edital de ocupação do Teatro Joaquim Cardozo/UFPE, no período de maio a julho de 2014.

Com foco no teatro físico, Samuel Santos leva para cena teorias e técnicas de Michael Chekhov, Vsevolod Meyerhold e Eugenio Barba. A dramaturgia atorial[1] da peça, tenta dar conta dessa persona: mulher, negra, casada e mãe, que passa a maior parte de seu tempo na cozinha, sublimando, com a arte culinária, sua condição de oprimida.

Espetáculo nasceu de aula com Eugenio Barba

Espetáculo nasceu de aula com Eugenio Barba

Vestida de avental, a personagem transborda em metáforas e gestos situações do seu cotidiano infeliz. Samuel Santos quer traduzir nessa figura todas as mulheres que sofrem com maus-tratos em qualquer lugar do mundo. Ela sublinha, reforça situações, num ritual que se repete. Sua fala carrega a musicalidade de uma ladainha.

Como parte da investigação dos processos culturais de raízes africanas, também são incluídos cantos e orações de matizes africanas. Que se embaralham na composição de uma partitura sonora, que cruza as orações da cultura cristã.

A atriz investe nos seus recursos psicofísicos, para construir essa dramaturgia atorial  e despertar o interesse do espectador na vida dessas mulheres violentadas física e psicologicamente. A peça tem duração de 50 minutos.

[1] Composição atorial, intérprete-criador e dramaturgia corporal são algumas expressões que tentam dar conta do descentramento do discurso textual/verbal para processos de enunciação que emergem das interações complexas do corpo do ator – através de suas ações, gestos, estados, construções – com os demais elementos constitutivos da cena. Tais terminologias refletem também um processo de maturação criativa e propositiva por parte dos atuantes. CURI (UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA – BRASÍLIA/DF, BRASIL), Alice Stefânia. Dramaturgias de Ator: puxando fios de uma trama espessa. Revista Brasileira de Estudos da Presença, [S.l.], v. 3, n. 3, p. 907-919, set. 2013. ISSN 2237-2660. Disponível em: <http://www.seer.ufrgs.br/index.php/presenca/article/view/38126/27110>. Acesso em: 18 out. 2016.
A direção é de Samuel Santos

A direção é de Samuel Santos

Ficha Técnica
Direção, autoria, adereços, sonoplastia e iluminação:
Samuel Santos
Atuação, figurino e maquiagem:
Naná Sodré
Técnica em rolamento:
Mestre Sifu Manoel

SERVIÇO

A Receita, com Naná Sodré  (O Poste Soluções Luminosas) – Recife – PE
Quando: Nesta Terça, às 20h
Onde: Teatro Capiba. SESC Casa Amarela (Av. Professor José dos Anjos, 1190. Bairro: Mangabeira)
Ingressos: R$ 20 e R$ 10
teatrocapiba@gmail.com
81 – 3267-4410
Duração: 50’
Classificação etária: 16 anos

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Bordados de Agri

Histórias Bordadas em mim. Foto: Ivana Moura

Agrinez Melo mergulha na sua própria história. Fotos: Ivana Moura

Histórias Bordadas em mim. Foto: Ivana Moura

Afeto

Agrinez Melo é a personagem central de Histórias Bordadas em Mim, mas se desdobra em vozes de pessoas queridas, como figuras da família e amores passados. E nesses episódios tão à flor da pele ela aconselha calma na vida, paciência de esperar que algo de bom acontece. Sempre acontece. O espetáculo é atração desta segunda-feira da 9ª Mostra Capiba de Teatro de Casa Amarela.

Na encenação, música e poesia ajudam a atriz narrar episódios reais em tom aconchegante. Ela faz um convite para um chá acompanhado de tareco e passa a alinhavar histórias vividas no passado e no presente. São memórias da infância mescladas com momentos atuais.

Agri tira do baú suas vivências, inspirada na pesquisa do griot, povo ancestral que transmitia conhecimento através da oralidade. Uma trajetória de em que cabem alegrias, amor, dor, morte, vida e saudade… Ela é acompanhada por Cacau Nóbrega, que assina a trilha e efeitos sonoros.

Esse é a primeiro solo da intérprete, integrante do grupo O Poste Soluções Luminosas. A produção da peça não conta com nenhum patrocínio público ou privado e a atriz levantou o monólogo as suas própria expensas, Ela assume a produção, direção, dramaturgia, figurino e cenografia.

Histórias Bordadas em mim. Foto: Ivana Moura

Memória

Histórias Bordadas em mim. Foto: Ivana Moura

Leveza

Histórias Bordadas em mim. Foto: Ivana Moura

Alegria

Histórias Bordadas em mim. Foto: Ivana Moura

Esperança

Histórias Bordadas em mim. Foto: Ivana Moura

Saudade

Confira nossa breve crítica ao espetáculo 
Bordados de vida

Ficha técnica
Atuação, Produção, Dramaturgia, Figurino, Cenografia e Direção: Agrinez Melo
Assessoria em Dramaturgia: Ana Paula Sá
Assessoria em Direção: Naná Sodré, Quiercles Santana e Samuel Santos
Concepção Musical e Sonoplastia: Cacau Nóbrega
Assessoria em toadas: Maria Helena Sampaio (YaKêkêrê do Terreiro Ilê Oba Aganju Okoloyá)
Maquiagem: Vinicius Vieira
Execução Figurino: Agrinez Melo e Vilma Uchôa
Aderecista: Álcio Lins
Cenotécnico: Felipe Lopes
Foto, Áudio e Filmagem de teaser campanha do catarse: Lucas Hero
Direção e edição de vídeo teaser campanha catarse: Taciana Oliveira (Zest Artes e Comunicação)
Assistente de produção: Nayara Oliveira
Designer: Curinga Comuniquê

SERVIÇO
Histórias Bordadas em Mim – (Agrinez Melo – Doceagri) – Recife – PE
Quando: Nesta segunda-feira, às 20h
Onde: Teatro Capiba. SESC Casa Amarela (Av. Professor José dos Anjos, 1190. Bairro: Mangabeira)
Ingressos: R$ 20 e R$ 10
teatrocapiba@gmail.com
81 – 3267-4410
Duração: 60’
Classificação etária: Livre

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O açougueiro, com Alexandre Guimarães, aborda temas do preconceito social e seus danos

O açougueiro, com Alexandre Guimarães, aborda temas como o preconceito social e seus danos

Para compor seus personagens do espetáculo O açougueiro, o ator Alexandre Guimarães fez pesquisas para se apropriar dos procedimentos em matadouros público e informal. Isso incluía a postura do homem que abate o boi, as reações do animal durante o processo, os cheiros e os sons. O solo dirigido por Samuel Santos, do grupo O Poste Soluções Luminosas, utiliza as técnicas do teatro físico e antropológico para compor a cena. Alexandre foi busca na Zona Rural de Pernambuco a inspiração para esse corpo extra cotidiano e para romper com os automatismos da rotina urbana.

Sua investigação leva para o palco algumas manifestações culturais de Pernambuco como o aboio, a toada, o reisado, a velação do corpo antes dos enterros. A peça também é costurada por cânticos.

O Açougueiro participa da 9ª Mostra Capiba de Teatro, do Sesc Casa Amarela, que reúne nove montagens em torno da ideia de território do ator solidário e da vastidão proporcionada pelo palco. A programação traz nove espetáculos de Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro e Sergipe, até o dia 22.

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Guimarães se reveza em sete personagens, sendo o principal o sertanejo Antônio. A protagonista luta pelos sonhos de ser dono de um açougue e se casar com Nicinha. Mas a sociedade do entorno do casal exerce o poder de coerção e atua com preconceito para acabar com o relacionamento. E Antônio é abandonado por todos na cidade, menos pelo boi.

ENTREVISTA // ALEXANDRE GUIMARÃES

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Ator investiu suas economias no espetáculo, que não conta com patrocínios. Foto: Reprodução do Facebook

Primeiro gostaria de saber sobre a estética e a ética de O Açougueiro.
O Açougueiro é um ponto de virada. No final de 2014, eu vivia um daqueles momentos em que nos sentimos em dúvida sobre várias coisas. Tinha voltado de uma passagem pelo Sudeste onde fui aprofundar os estudos em audiovisual e tinha acabado de sair do grupo Cênicas, do qual participei por cinco anos. Sentia um vácuo… Mas desses questionamentos surgiu uma certeza que era o fazer teatral.
A estética do espetáculo é o jogo. Eu e Samuel Santos decidimos que esse trabalho era assumidamente um espaço para o intérprete. Buscamos trazer a simplicidade de elementos e cenário para que o público focasse nas nuances do intérprete em cada momento desse transformar. A peça acontece no Sertão, mas não queríamos trazer o óbvio, tipo carcaças de boi, mandacarus… A ideia é provocar a criação das imagens por parte do espectador.
Quanto à ética, sou ator, mas nesse momento da criação do projeto, quando percebi eu já estava produtor. E uma das decisões enquanto produtor foi aceitar que não posso abraçar tudo em um espetáculo. É preciso compartilhar funções… E tão importantemente quanto isso é saber que todos precisam ser pagos nessas funções. Isso cria e fortifica laços em um projeto. Convidei pessoas que de alguma forma tem ligação com minha história e que se identificaram com essa missão. Parece algo complexo mas é bem mais simples na prática. A chave é decidir fazer…

O que O Açougueiro trouxe para sua carreira?
Uma vez ouvi um amigo que disse que grandes ideias todos podem ter, mas a mágica está no concretizar.
Nesses 15 meses de vida do espetáculo já participei de festivais em Pernambuco, Paraná, Santa Catarina, Paraíba e agora estou em temporada até dezembro no Rio de Janeiro. Recebi alguns prêmios como o de melhor ator no Janeiro de Grandes Espetáculos JGE deste ano, o que pessoalmente é uma satisfação enorme. Mas isso também serve para alavancar ainda mais o espetáculo, para projetar ainda mais objetivos.
É um espetáculo quase camaleônico, se adapta às condições. Já fiz em grandes teatros tradicionais, espaços alternativos e até em praça pública no Interior de Pernambuco. Sinto um desejo quase que vital de levar meu ofício aos lugares onde não há acesso a esse teatro dentro da caixa cênica padrão. A peça fala de preconceito, intolerância, violência contra a mulher… Enfim, é preciso parar e falar desses temas com muita seriedade. O teatro tem essa característica de aguçar nossa reflexão através da arte. Mas depois de ir para tantos rincões eu também quis saber qual seria a resposta ao trabalho nos ditos grandes eixos da produção teatral (Rio-SP). E o Rio chegou antes… Foi bem difícil entrar nesse outro mercado…

A montagem é uma produção independente. Valeu investir praticamente todos os seus recursos no espetáculo?
Desde a montagem de O Açougueiro planejei um cronograma de ações que abarcasse 24 meses. E felizmente estou conseguindo cumprir as metas e o projeto segue vivo mesmo sem contar com leis de incentivo ou patrocínio. Adoraria tê-los, mas não tive sequer tempo de elaborar projetos de captação e decidi fazer com o investimento pessoal mesmo. Não era muito, na verdade era quase simbólico, mas o planejamento responsável fez toda a diferença. Como todo investimento, esse também envolve riscos, mas tenho conseguido seguir adiante financeiramente de maneira superpositiva e no lado do reconhecimento profissional tenho tido conquistas incríveis.

E então, o futuro.
O futuro é seguir focando nessa temporada no Teatro Poeira no Rio.
O Açougueiro tem a missão de propagar teatro…
Não sou um grupo ou coletivo. Sou um artista independente que buscava se colocar em um lugar onde a procura por pautas é gigante. Mas outra vez a característica de encontrar parceiros fez toda a diferença e graças ao ator e amigo Marcio Fecher, conheci um produtor no Rio que se encantou pelo projeto e entrou comigo nessa jornada em terras cariocas. Tudo isso gira muito, mas sempre volto ao pensamento original que me tocou há um ano: é preciso fazer. Ser ator é se colocar em sacrifício, e ser ator-empreendedor não foge a essa regra.

SERVIÇO
O Açougueiro – com Alexandre Guimarães – Recife – PE
Quando: Sábado, 15/10, às 20h
Onde: Teatro Capiba. SESC Casa Amarela (Av. Professor José dos Anjos, 1190. Bairro: Mangabeira) ​
Ingressos: R$ 20 e R$ 10
teatrocapiba@gmail.com
81 – 3267-4410
Duração: 45’
Classificação etária: 16 anos

O ATOR – Alexandre Guimarães é formado pela Escola Sesc de Teatro. Fez parte do grupo recifense Cênicas Cia de Repertório durante cinco anos. Em 2015, lançou sua primeira produção: O Açougueiro. Entre as montagens que participou estão Diabólica, com direção de  Antônio Rodrigues (2014); Auto do Salão do Automóvel, direção de Kleber Lourenço (2012); Senhora dos Afogados, direção de Érico José (2010/11); Pinóquio e Suas Desventuras, da Cênicas Cia de Repertório (2009); De Uma Noite de Festa, da Escola Sesc de Teatro (2009); Escola de Meninas, do Berlinda Tribo de Atuadores (2008).

Ficha Técnica
Intérprete: Alexandre Guimarães
Texto, encenação e plano Luz: Samuel Santos
Preparação vocal: Nazaré Sodré
Preparação corporal e figurino: Agrinez Melo
Maquiagem: Vinicius Vieira
Fotos/Ilustração: Lucas Emanuel

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Bordados de vida

 

 

Agri Melo confessa suas memória em espetáculo, acompanhada por Cacau. Foto Ivana Moura

Agri Melo confessa suas memórias em espetáculo, acompanhada por Cacau Nóbrega. Foto Ivana Moura

Histórias Bordadas em Mim flutua com as marcas da leveza e do carisma da atriz Agrinez Melo. Ela repassa com delicadeza suas memórias pessoais de mulher, negra, mãe, guerreira e trabalhadora no espetáculo que faz uma sessão hoje, às 20h30, Espaço O Poste, dentro da programação do Outubro ou Nada.

Em tom confessional Agri vai desfiando suas experiências da casa dos pais, dos amores antigos, dos atuais. Carrega a ancestralidade e a oralidade nos gestos e na voz, que se desdobram em  outros personagens.

Neste primeiro solo, a intérprete, que também assinada produção, direção, dramaturgia, figurino e cenografia, contou com o apoio dos consultores Ana Paula Sá – na assessora em dramaturgia, Samuel Santos, Quiercles Santana e Naná Sodré.

Acompanhada por Cacau Nóbrega, ao violão, e atuando nos efeitos sonoros, a atriz ganha o espectador com a simplicidade de quem já correu de pés descalços em chão batido, arranhou os joelhos e levantou muitas vezes com dignidade e alegria de viver.

É um encontro prazeroso com aquela figura magra e longilínea que oferece junto com a brejeirice e seus tarecos uma narrativa que traduz uma forma mais tranquila de encarar os desafios da vida,

O trabalho prossegue ainda na costura pela dramaturgia mais amarrada, por experimentações de episódios e supressão de outros, na busca pela construção do léxico mais preciso do discurso. Mas é um espetáculo tocante, singelo, de quem quer e merece um abraço. E os aplausos.

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Histórias bordadas em mim, com Agri Melo. foto Ivana Moura

FICHA TÉCNICA
Atuação, Produção, Dramaturgia, Figurino, Cenografia e Direção: Agrinez Melo
Assessoria em Dramaturgia: Ana Paula Sá
Assessoria em Direção: Naná Sodré, Quiercles Santana e Samuel Santos
Concepção Musical e Sonoplastia: Cacau Nóbrega
Assessoria em toadas: Maria Helena Sampaio (YaKêkêrê do Terreiro Ilê Oba Aganju Okoloyá)
Maquiagem: Vinicius Vieira
Aderecista: Álcio Lins
Cenotécnico: Felipe Lopes
Foto, Áudio e Filmagem: Lucas Hero
Direção e edição de vídeo: Taciana Oliveira (Zest Artes e Comunicação)
Assistente de produção: Nayara Oliveira
Designer: Curinga Comuniquê
Execução de figurino: Agrinez Melo e Vilma Uchoa
Assessoria de imprensa: Alessandro Moura

Serviço
Histórias bordadas em mim – dentro da programação Outubro ou Nada
Quando: Nesta sexta, às 20h30
Onde: Espaço O Poste Soluções Luminosas – Rua da Aurora, 529, Boa Vista
Ingressos: R$ 20 e R$ 10 (estudantes, professores e idosos)

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