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É urgente ouvir Paulo Freire

Daniel Barros e Júnior Aguiar atuam em Paideia

Daniel Barros e Júnior Aguiar atuam em pa(IDEIA) – Pedagogia da Libertação

A pedagogia de Paulo Freire para alfabetizar adultos com consciência foi recebida como uma arma mortífera pela ditadura militar brasileira. Seu método defende que “não basta saber ler que Eva viu a uva. É preciso compreender qual a posição que Eva ocupa no seu contexto social, quem trabalha para produzir a uva e quem lucra com esse trabalho”.

E foi com esse intuito que, em 1963, 300 trabalhadores foram alfabetizados em 40 horas, no município de Angicos (RN). Uma ação revolucionária que ficou conhecida como “Método Paulo Freire” e passou a inspirar o pensamento pedagógico em outros países. Mas no Brasil o programa não durou muito. Menos de três meses depois, já sob o regime militar, a iniciativa foi extinta. A proposta foi considerada subversiva pelos militares e Paulo Freire ficou encarcerado no 14º Regimento de Infantaria, no Recife.

Foram 72 dias na prisão. Certa vez, um capitão do presídio lhe fez o pedido de aplicar o método para os recrutas, pois disse que havia muitos analfabetos entre eles. Ao que o educador respondeu que era exatamente por conta do método que estava ali.
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pa(IDEIA) – Pedagogia da Libertação trata da prisão do educador no Recife, seu exílio por 16 anos pela América Latina, Europa e África e narra suas experiências na volta ao Brasil. É o segundo espetáculo da Trilogia Vermelha, do Coletivo Grão Comum / produtora Gota Serena. A primeira é h(EU)stória – o tempo em transe, com foco em Glauber Rocha; e a terceira – pro(FÉ)ta – O bispo do povo – vai visitar a trajetória de Dom Helder Camara.

Os atores Daniel Barros e Júnior Aguiar protagonizam esse espetáculo político, que defende a educação como canal de mudança da humanidade. O espetáculo faz uma sessão hoje (22), no Espaço O Poste, às 20h.

A peça parte de uma longa declaração prestada por Paulo Freire em 01/07/1964 e registrada no inquérito. O pedagogo narra sua trajetória acadêmica e, principalmente, sua posição no mundo como ser crítico, reflexivo e atuante. No espetáculo, a plateia integra uma grande sala de aula. A montagem também utiliza áudios de depoimentos como o do ex-governador de Pernambuco, Miguel Arraes.

A prática dialética defendida por Paulo Freire nos mais de 40 livros salvou milhões da alienação.
A atual situação da educação brasileira, com os constantes retrocessos promovidos pelo presidente catapultado por um golpe e seus asseclas – como a reforma do ensino médio feita sem consulta à sociedade – mostram a necessidade urgente de ouvir a voz de Paulo Freire. Ele que tanto lutou pelo diálogo, pelo caráter democrático da educação.

Em 2009, a Comissão de Anistia do Ministério da Justiça considerou o educador pernambucano como anistiado político, com pedido de desculpas oficiais pelos erros cometidos pelo Estado contra ele. No ano passado, o governo golpista de Temer tentou manchar o nome do educador com algumas manobras na biografia de Paulo Freire. Ficamos com uma frase do pedagogo: “Num país como o Brasil, manter a esperança viva é em si um ato revolucionário.”

 Ficha Técnica

pa(IDEIA) – pedagogia da libertação

Atores: Daniel Barros e Júnior Aguiar
Pesquisa, Roteiro, Encenação e Iluminação: Júnior Aguiar
Música Original: Juliano Muta, Leonardo Vila Nova e Tiago West. Com participações de Glauco César II, Aline Borba, Otiba, Geraldo Maia, Paulo Marcondes, Rodrigo Samico, Publius, Hugo Linnis e Amarelo
Operação de áudio e luz: Roger Bravo
Identidade Visual do cartaz: Arthur Canavarro
Terapeuta Corporal: Mônica Maria
Maquiadora: Luanna Barbosa
Vídeo: Ricardo Maciel
Teaser: Nilton Cavalcanti
Fotografias:  Rogério Alves, Amanda Pietra e Diego di Niglio
Idealização e Produção Geral: Coletivo Grão Comum e Gota Serena
Parceiros e Colaboradores: Márcio Fecher (Gota Serena), Asaías Lira (Zaza), Ingrid Farias, Alexandra Jarocki, Amanda Cristal, Isabelle Santos, Daniel Fialho, Charles Firmino, Jeferson Silva, Quiercles Santana, Rafael Amâncio, Espaço Cênicas, Centro Apolo-Hermilo, Teatro Arraial Ariano Suassuna, Galeria MauMau – Sala Monstro.

Serviço

PA(IDEIA) – PEDAGOGIA DA LIBERTAÇÃO

Quando: 22 de abril (sábado), às 20h
Onde: Espaço O Poste (Rua da Aurora, 529, Boa Vista)
Quanto: R$ 30 e R$ 15 (meia)
Informações: (81) 9 8484-8421

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Sessão de Espaçamento na UFPE

Dança e arquitetura se cruzam em espetáculo experimental[

Dança e arquitetura se cruzam em espetáculo experimental

A ideia de juntar dança e arquitetura poderia soar incongruente. Afinal, a dança de natureza estética que traça na efemeridade o movimento através do tempo; e a arquitetura formada por materiais inorgânicos e que tem a estaticidade como marca, têm características muito distintas. O pesquisador, bailarino e coreógrafo pernambucanoCláudio Lacerda propôs cruzar essas propriedades e o resultado é o espetáculo experimental Espaçamento, que faz apresentação nesta terça (9), às 17h, o hall de entrada do Centro de Artes e Comunicação (CAC/UFPE), na Cidade Universitária.

Além do próprio Cláudio Lacerda dançam os bailarinos Juliana Siqueira e Jefferson Figueirêdo. A trilha sonora, neste dia, será produzida ao vivo pelos músicos Thiago Fournier, Publius, João Vasconcelos e Tiago Araújo.

A exibição finaliza a temporada nacional iniciada em 2013 e retomada no ano passado com sessões no espaço Octógono, da Caixa Cultural, e no Festival Cena Cumplicidades. Durante o mês de maio foram realizadas apresentações no Teatro Marco Camarotti. O projeto tem incentivo do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura – Funcultura.

Cláudio Lacerda

Jefferson Figueirêdo, Claudio Lacerda e Juliana Siqueira

O espetáculo parece o mesmo, mas vai mudando a cada nova apresentação. Altera o espaço. O acompanhamento sonoro, que, no início foi o silêncio, ganhou outras propostas: as trilhas podem ter músicas de J. S. Bach; composição eletrônica a partir de samples; intervenção de músicos ao vivo e subjetividade dos dançarinos, com narração em off. Além de projeção de vídeo, com imagens de obras arquitetônicas, gravações de ensaios e apresentações.

Claudio Lacerda destaca que o espectador torna-se autor, a partir de escolhas de pontos de vista e interpretações. “Ficou bastante claro que não podemos nunca subestimá-los –– com suas subjetividades, memórias corporais e bagagem de seus contextos socioculturais ––, independente de faixa etária, condição social, portador ou não de necessidades especiais, conhecedor ou não de artes. A experimentação ganha projeções a partir do contato com eles(as), gerando significados no mundo”, escreveu o pesquisador no artigo apresentado no VII CONGRESSO – ABRACE – Tempos de memória: Vestígios, Ressonâncias e Mutações, em Porto Alegre, em outubro de 2012.

SERVIÇO
Espetáculo Espaçamento
Quando: Terça (09/06), às 17h
Onde: Centro de Artes e Comunicação – CAC/UFPE
Duração: 50 min
Classificação: Livre
Entrada gratuita

Ficha técnica
Concepção, Direção e Coreografia: Cláudio Lacerda.
Bailarinos: Cláudio Lacerda, Jefferson Figueirêdo e Juliana Siqueira.
Iluminação: Eron Vilar.
Figurinos Paulinho Ricardo e o grupo.
Produção Executiva: Clarisse Fraga / Bureau de Cultura.
Trilhas sonoras/Composição eletrônica: Thiago Fournier.
Edição de som / trilha Bach e trilha subjetividade dos bailarinos João Vasconcelos.
Direção e Edição de Vídeo e fotografias: Val Lima.
Consultores durante o projeto de pesquisa: Jonatas Ferreira, Gentil Porto Filho e Arnaldo Siqueira.
Design gráfico; Fernanda Lisboa.

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