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O Recife dança com desenvoltura

Grupo mineiro abre programação com espetáculo Entre os Céus e as Serras. Foto: Guto Muniz

Grupo mineiro abre programação com espetáculo Entre os Céus e as Serras. Foto: Guto Muniz

mbd-22233A 12ª edição da Mostra Brasileira de Dança começa hoje com uma programação que inclui mais de 30 apresentações de grupos e companhias de nove estados brasileiros. A abertura oficial no Santa Isabel, às 20h, conta com o espetáculo Entre os Céus e as Serras, com direção cênica de Cristina Machado. A Cia. de Dança Palácio das Artes explora diversas referências culturais do período barroco e da formação da identidade do povo mineiro. A religiosidade, o domínio português e a resistência da cultura negra, o contato do homem com a natureza e os desdobramentos dessas vivências ganham forma nos corpos dos bailarinos e nas coreografias do grupo.

Desde o dia 27 de julho que a Mostra Brasileira de Dança (MBD) realiza algumas atividades culturais como parte da movimentação pré-Mostra. Até 15 de agosto serão totalizadas cerca de 50 atividades culturais em nove equipamentos da cidade. Confira as programação completa dos espetáculos abaixo.

Paulo de Castro e Íris Macedo, produtores da MBD. Foto: Rogério Alves

Paulo de Castro e Íris Macedo, produtores da MBD. Foto: Rogério Alves

Nesse momento de crise é um feito manter a estrutura do festival, organizado pela diretora Íris Macedo e pelo produtor cultural Paulo de Castro. A iniciativa conseguiu R$ 650 mil em dinheiro e em serviços: Patrocínio master dos Correios, no valor de R$ 350 mil, e apoios em serviços da Prefeitura do Recife (R$ 40 mil) e do Governo do Estado (R$ 30 mil), além de incentivo da Fundação Nacional de Arte (Funarte).

O evento preza pela diversidade, inclui na programação grupos locais e grandes companhias que têm dificuldade de acesso e circulação. A maior característica da mostra é não ter caráter competitivo. A expectativa de público é de 15 mil pessoas, contra 12 mil do ano passado. Os ingressos para todos os espetáculos custam R$ 20 e R$ 10 (meia).

Saudades de mim é dirigido pelo coreógrafo da comissão de frente da Unidos da Tijuca, Alex Neoral Foto: Paula Kossatz

Saudades de mim é dirigido pelo coreógrafo Alex Neoral Foto: Paula Kossatz

Saudade de mim, é uma montagem que faz parte das celebrações de 15 anos da Focus Cia de Dança. Nessa encenação, o coreógrafo Alex Neoral junta vários personagens de várias músicas de Chico Burarque. Pedro, Maria, Bárbara, Juca, Nina, entre outros que passam a se relacionar entre as canções Construção, Olha Maria, Trocando em miúdos, Valsinha. O espetáculo cruza pinturas históricas de Cândido Portinari – como O espantalho, Casamento na roça e O mestiço – para construir a narrativa.

Cantata é inspirada na cultura italiana. Foto: Mauro Bigonzetti / Divulgação

Cantata é inspirada na cultura italiana. Foto: Mauro Bigonzetti / Divulgação

O Balé da Cidade de São Paulo comparece com três coreografias: Uneven, do catalão Cayetano Soto; o duo O Balcão de Amor, do israelense Itzik Galili; e Cantata, do italiano Mauro Bigonzetti. Convite praticamente irresistível. Uneven apresenta o sentimento de estar fora do eixo, esboçando o sentido de desequilíbrio físico. O Balcão de Amor é peça cheia de energia, um dueto sexy e com ingredientes absurdos, inspirada pela música homônima, do cantor cubano Pérez Valdez (1916-89). Já Cantata é uma explosão coreográfica com as cores vibrantes do sul da Itália. A relação amorosa é repleta de gestos apaixonados que evocam uma beleza selvagem do Mediterrâneo.

A MBD também é uma oportunidade de conferir espetáculos pernambucano que estiveram por pouco tempo em cartaz. Três Mulheres e Um Bordado de Sol, da Compassos Cia. de Danças investe em três personalidades femininas da música, das artes plásticas e da literatura. Uma pernambucana nascida na Ucrânia, Clarice Lispector; a francesa Edith Piaf e Frida Kahlo, que transformou sua dor em cores do México.

O Grupo Experimental de dança faz sessões do Breguetu (brega é tu). O espetáculo investiga, a partir de uma narrativa de dança-teatro o universo brega na música, moda ou dança, buscando também despertar um pensamento crítico sobre o gênero.

Imagens Não Explodidas, da Cia. Etc. com direção de Marcelo Sena (E)

Imagens Não Explodidas, da Cia. Etc. com direção de Marcelo Sena (E)

Imagens Não Explodidas, da Cia Etc tem como uma das inspirações o livro Filosofia da Música, do filósofo Giovanni Piana. O espetáculo busca estabelecer um diálogo entre o pensamento musical e o coreográfico, a partir das experiências e estudos do bailarino Marcelo Sena.

A religiosidade do compositor baiano Dorival Caymmi, filho de Xangô, menino abandonado pela mãe quando contava três anos e que foi educado num terreiro de candomblé para ser o obá (um tipo de coordenador do terreiro), são ingredientes do espetáculo Dorival Obá. A coreografia do grupo Vias da Dança é assinada pelo ator e bailarino Juan Guimarães. No elenco estão Thomas de Aquino Leal, Júlia Franca, Natália Brito, Rayssa Carvalho e Simone Carvalho.

PROGRAMAÇÃO

Entre o céu e as serras tem direção de . Foto: Guto Muniz

Entre o Céu e as Serras tem direção de Cristina Machado. Foto: Guto Muniz

05/08 – 20h
Onde: Teatro de Santa Isabel
Entre o Céu e as Serras
Cia. de Dança Palácio das Artes (Belo Horizonte/MG)
Direção: Cristina Machado

06/08- 19h
Onde: Teatro Hermilo Borba Filho
Três Mulheres e Um Bordado de Sol
Compassos Cia. de Danças (Recife/PE)
Direção: Raimundo Branco

06/08 – 20h30
Onde: Teatro de Santa Isabel
Entre o Céu e as Serras
Grupo: Cia. de Dança Palácio das Artes (Belo Horizonte/MG)
Direção: Cristina Machado

07/08 – 19h
Onde: Teatro Hermilo Borba Filho
Caminhos
Grupo:Fábio Soares (Condado/PE)
Direção: Fábio Soares (Fabinho)

Dança embalada pelos sons de Chico e os tons de Portinari. Foto: Bel Acosta

Dança embalada pelos sons de Chico e os tons de Portinari. Foto: Bel Acosta

07/08 – 21h
Onde: Teatro Luiz Mendonça (Parque Dona Lindu)
Saudade de Mim
Grupo:Focus Cia. de Dança (Rio de Janeiro/RJ)
Direção: Alex Neoral

08/08- 19h
Onde: Teatro Apolo
Toque
Grupo: Aria Social (Jaboatão dos Guararapes/PE)
Direção: Carla Machado

08/08- 19h
Onde: Teatro Apolo
Les Sylphides
Grupo: Academia Fátima Freitas (Recife/PE)
Direção: Fátima Freitas

08/08- 19h
Onde: Teatro Apolo
Pé de Raiz
Grupo: Step Evolution (Recife/PE)
Direção: Levi Costa

08/08 – 19h
Onde: Teatro Apolo
Mostra Coreográfica de Grupos Em FormaçãoTudo Em Um Corpo Por Liberdade
Grupo: Grupo InterCruzados (Recife/PE)
Direção: Carla Santana

08/08 – 19h
Onde: Teatro Apolo
Mostra Coreográfica de Grupos Em FormaçãoLa Fille Mal Gardée / II Ato
Grupo: Ballet Cláudia São Bento (Recife/PE)
Direção: Cláudia São Bento

08/08 – 19h
Onde: Teatro Apolo
Nêga, Que Baque é Esse?
Grupo: Núcleo de Formação de Bailarinos da Cia. Nós em Dança (Paulista/PE)
Direção: Élide Leal

08/08- 19h
Onde: Teatro Apolo
Alegria Em Movimento
Grupo: Rafael Guimarães (Recife/PE)
Direção: Rafael Guimarães

08/08 – 19h
Onde: Teatro Apolo
Suíte Clássica
Grupo: Grupo de Ballet Stúdio de Danças (Recife/PE)
Direção: Cláudia São Bento

08/08 – 19h
Onde: Teatro Apolo
Catirinada
Grupo: Cia. Pé-Nambuco de Dança (Recife/PE)
Direção: Wagner Max

08/08 – 19h
Onde: Teatro Apolo
O Duelo
Grupo: Cia. Cadências (Recife/PE)
Direção: Liliana Martins

08/08 – 19h
Onde: Teatro Apolo
Muito Obrigado Axé
Grupo: Cia. Malungo (Recife/PE)
Direção: Marina Souza

08/08 – 19h
Onde: Teatro Apolo
Graciosa
Grupo: Babi Johari (Recife/PE)
Direção: Babi Johari

08/08 – 19h
Onde: Teatro Apolo
Mostra Coreográfica de Grupos Em FormaçãoVariações Clássicas
Grupo: Aria Social (Jaboatão dos Guararapes/PE)
Direção: Maria Inêz Lima

08/08 – 20h30
Onde: Teatro de Santa Isabel
Uneven – O Balcão do Amor – Cantata
Grupo: Balé da Cidade de São Paulo – BCSP (São Paulo/SP)
Direção: Iracity Cardoso

09/08 – 16h30
Onde: Teatro Luiz Mendonça (Parque Dona Lindu)
Lágrimas da Lua – Um Musical Villa-Lobos
Grupo: Cia. Sopro-de-Zéfiro/Cecília Brennand e Aria Social (Jaboatão dos Guararapes/PE)
Direção: Cecília Brennand

09/08 – 18h e 20h
Onde:: Espaço Experimental
Breguetu
Grupo: Grupo Experimental (Recife/PE)
Direção: Mônica Lira

09/08 – 20h
Onde: Teatro de Santa Isabel
Uneven – O Balcão do Amor – Cantata
Grupo: Balé da Cidade de São Paulo – BCSP (São Paulo/SP)
Direção: Iracity Cardoso

12/08 – 19h
Onde: Teatro Apolo
Imagens Não Explodidas
Grupo: Cia. Etc. (Recife/PE)
Direção: Marcelo Sena

12/08 – 20h
Onde: Teatro de Santa Isabel
Plagium?
Grupo: Cia. Dançurbana (Campo Grande/MS)
Direção: Marcos Mattos

13/08 – 19h
Onde: Teatro Hermilo Borba Filho
Dorival Obá
Grupo: Cia. Vias da Dança (Recife/PE)
Direção: Juan Guimarães

13/08 – 20h
Onde: Teatro Luiz Mendonça (Parque Dona Lindu)
Naipí & Tarobá – A Lenda das Cataratas do Iguaçú
Grupo: Cia. Eliane Fetzer de Dança Contemporânea (Curitiba/PR)
Direção: Eliane Fetzer

14/08 – 19h
Onde: Teatro Hermilo Borba Filho
Diafragma: Dispositivo Versão Beta
Grupo: Coletivo Mazdita (Recife/PE)
Direção: Flávia Pinheiro

14/08 – 21h
Onde: Teatro de Santa Isabel
A Sagração da Primavera
Grupo: Corpo de Dança do Amazonas – CDA (Manaus/AM)
Direção: Getúlio Lima

15/08 – 19h
Onde: Teatro Apolo
Mostra Coreográfica de Grupos Profissionais Suíte Clássica
Grupo: Ballet Cláudia São Bento (Recife/PE)
Direção: Jane Dickie

15/08 – 19h
Onde: Teatro Apolo
Mostra Coreográfica de Grupos Profissionais8 BITZ
Grupo: Animatroonicz (Recife/PE)
Direção: Will Robison da Silva

15/08 – 19h
Onde:: Teatro Apolo
Mostra Coreográfica de Grupos Profissionais – Trecho do espetáculo Pangeia
Grupo: Grupo Acaso (Recife/PE)
Direção: Bárbara Aguiar e Fran Nunez

15/08 – 19h
Onde: Teatro Apolo
Mostra Coreográfica de Grupos ProfissionaisAusências
Grupo: Grupo Peleja (Recife/PE)
Direção: Tainá Barreto

15/08 – 19h
Onde: Teatro Apolo
Mostra Coreográfica de Grupos ProfissionaisClown
Grupo: Cia. de Dança Fátima Freitas (Recife/PE)
Direção: Fátima Freitas

15/08 – 20h
Onde: Área externa do Parque Dona Lindu
Performance Reflexos
Grupo: Acupe Grupo de Dança (Recife/PE)
Direção: Paulo Henrique Ferreira

15/08 – 21h
Onde: Teatro Luiz Mendonça (Parque Dona Lindu)
Zhu
Grupo: Cia. Mário Nascimento (Belo Horizonte/MG)
Direção: Mário Nascimento

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Entidades discutem crise na cultura

Desde que a Prefeitura do Recife divulgou oficialmente, no dia 29 de outubro, a notícia de que o Festival Recife do Teatro Nacional (FRTN) não seria realizado em 2014 e passaria a acontecer em edições bienais, sendo alternado com o Festival Internacional de Dança, muita coisa já se passou. A Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2015, por exemplo, foi aprovada na Câmara de Vereadores com uma redução de 16% nos recursos conjuntos da Secretaria de Cultura e da Fundação de Cultura Cidade do Recife (FCCR), o que significa R$ 17 milhões a menos para a cultura. Por outro lado, finalmente o prefeito Geraldo Júlio assinou a autorização para o início das obras no Teatro do Parque, fechado desde 2010.

Mas antes que a LOA fosse assinada e o anúncio com relação ao Teatro do Parque realizado, a equipe de Cultura da Prefeitura do Recife precisou apagar um incêndio. A secretária de Cultura, Leda Alves, e o presidente da FCCR, Diego Rocha, além de Carlos Carvalho, responsável pelo Apolo-Hermilo e, consequentemente, pela realização do FRTN, e Romildo Moreira, gestor de artes cênicas, se reuniram, no dia 10 de novembro, com as entidades representantes do setor de Artes Cênicas. Queriam atenuar a crise gerada pelo anúncio da não realização do festival sem que a classe artística fosse, ao menos, ouvida.

Foi depois dessa reunião que o Satisfeita, Yolanda? conversou com os representantes oficiais da classe. Participaram dessa conversa Paulo de Castro, presidente da Associação de Produtores de Artes Cênicas de Pernambuco (Apacepe), Ivonete Melo, presidente do Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversão no Estado de Pernambuco (Sated-PE), Feliciano Félix, presidente da Associação de Realizadores de Teatro de Pernambuco (Artepe), e Roberto Xavier, presidente da Federação de Teatro de Pernambuco (Feteape). Na entrevista, eles falaram não só sobre o atual momento na cultura do Recife, mas também se posicionaram com relação à questões polêmicas, como a crise na representatividade das entidades perante os artistas.

Nesta terça-feira (9), as associações e sindicatos vão novamente se reunir com Leda Alves e com Diego Rocha. Garantiram que, depois da conversa, vão convocar a classe artística.

Entidades e associações da classe artística vão conversar com Leda Alves nesta terça-feira. Foto: Ivana Moura

Entidades e associações da classe artística vão conversar com Leda Alves nesta terça-feira. Foto: Ivana Moura

Entrevista // Entidades representativas das Artes Cênicas em Pernambuco

Qual foi o caminho para que essa primeira reunião com a secretária de Cultura e o presidente da Fundação de Cultura tenha acontecido?

Feliciano Félix – Depois que saiu a notícia de que não haveria o festival de teatro do Recife, toda a classe artística começou a se movimentar; começaram a acontecer reuniões em vários segmentos. As próprias entidades se juntaram e fizeram uma nota de repúdio. Foi feita uma reunião no Espaço Caramiolas, com vários artistas de várias linguagens, onde foi tirado um documento contundente. Tudo isso chegou, obviamente, ao conhecimento da secretária. Ela convocou as entidades para conversar. Recebemos ofício por escrito assinado pela própria secretária para todas as entidades de artes cênicas. Na verdade, ela chamou a gente depois que o mal estar e a movimentação estavam instalados na cidade.

Como foi essa reunião?

Feliciano Félix – Na reunião, a secretária, o presidente da Fundação de Cultura do Recife e Carlos Carvalho tentaram explicar, justificar. Mas era para ter feito isso antes de ter dito que o festival seria cancelado. As entidades puderam falar e todas foram contundentes no sentido de que não concordam que os festivais de teatro e de dança sejam bienais.

Houve um pedido de desculpas formal para a classe? A secretária se desculpou por não ter ouvido a classe antes de tomar uma decisão dessas?

Ivonete Melo – Ela se desculpou, dizendo que era uma pessoa democrática, que antes de tudo era atriz, portanto não sabe como isso aconteceu e nem o porquê, já que ela é da área.

Ela disse que vai acatar o pensamento da classe?

Ivonete Melo – Não. Ela marcou uma reunião para o dia 9.

Paulo de Castro – O festival tem que voltar ano que vem. Agora a gente vê que é absurdamente ilógico fazer um festival. A gente compreende. Pela incompetência deles, mas compreendemos. A discussão é que, no próximo ano, as coisas sejam normalizadas. Mas acho que precisamos sair das questões culturais e ir para as questões políticas. Não temos que estar discutindo se é Carvalho (Carlos), se é Leda (Alves), se é aquele presidente que eu não sei nem o nome. A gente tem que focar no prefeito. Está claro que a ideia do prefeito é que ele não tem nada a ver com a cultura. Todas as situações culturais da cidade, e eu não falo só da dança e do teatro, falo da cultura pernambucana, ele cortou tudo, em todos os âmbitos. Até os ciclos! Se era um gasto x, está menos x. Porque isso? Porque a gente não fala, não grita, não chama o prefeito para uma ação mais contundente. O prefeito tem que entender o que é cultura, porque eu sei que ele não entende, e também não é obrigado a entender não. Mas ele é obrigado a compreender. E a gente não pode continuar como na prefeitura anterior. Perdemos quatro anos. Mas também já perdemos dois agora. São seis anos perdidos. É a hora de chegar para o prefeito e dizer: “prefeito, a gente precisa falar com você”. Ainda mais nessa época?! Era bom que ele viesse vestido de Papai Noel, para falar com a gente. Talvez surtisse algum efeito, ele entendesse do quê a cultura precisa. Já que o Natal é uma época tão boa e o Papai Noel um personagem importantíssimo. Eu acho, prefeito, que você deveria convocar os artistas da cidade para uma conversa, até para você entender o processo. Porque você tem uma mulher na secretaria que sabe tudo, mas não tem poder. Aí não adianta, prefeito. Você tem um cara que você colocou na Fundação que é uma pessoa sua, mas não entende do métier. É necessário que você respalde essas pessoas, para que elas tenham um convívio decente com a classe. Principalmente em se tratando de uma mulher como Leda Alves, uma mulher que sabe exatamente o que pode fazer. A questão hoje está centralizada no senhor prefeito. Ele tem que dizer alguma coisa. A gente não pode viver de bicicletas. É preciso ter algo mais do que bicicletas.

Beto Xavier – Teve uma questão colocada na reunião do Conselho Municipal de Cultura que é bem interessante. Essa questão do Festival foi só a cereja do bolo. Porque vem acontecendo várias coisas, teatros fechados, reformas que não tem data nem para começar e nem para terminar, os editais dos ciclos culturais, que não incluem teatro. E nós, enquanto Feteape, temos uma preocupação mais geral. Esse festival sendo transformado em bienal, pode causar o esfriamento e a descontinuidade disso. A Feteape tem como exemplo o projeto Todos Verão Teatro, que sempre aconteceu em janeiro. Depois houve um acordo para que ele fosse para março e, quando chegou março, a prefeitura disse que não tinha dinheiro por causa do carnaval. E deu-se esse esfriamento. Temo que isso aconteça agora.

Qual a posição de vocês na próxima reunião? Já que é uma questão muito mais ampla e não estamos discutindo pessoas?

Feliciano Félix – O posicionamento das entidades é dizer que não concorda que esses festivais sejam bienais. A outra questão que temos que ficar atentos é que existe um Plano Municipal de Cultura para a cidade do Recife, que foi aprovado em 2009. É um plano para dez anos, válido até 2019, e está sendo descumprido pela Prefeitura do Recife. Se você tem um Plano Municipal de Cultura que diz quais são as políticas estruturadoras que devem ser implementadas e lá fala que os festivais não anuais, fora os outros eventos que foram cancelados… Na hora que a Prefeitura não cumpre um plano que é lei, ela corre, inclusive, o risco de ser enquadrada por improbidade administrativa.

Essa é uma questão complicada. Esse plano realmente foi aprovado e sancionado por João da Costa em 2009, mas não há nenhum decreto regulamentando esse plano. Então, juridicamente, esse plano não teria valor. Diante disso, o que vocês pretendem fazer?

Feliciano Félix – Juridicamente é uma questão para ver com quem entende. Mas politicamente é muito ruim descumprir um documento que é fruto da luta, da batalha. Foram muitas reuniões, incansáveis, escutas com o movimento cultural, finais de semana inteiros discutindo, com todas as entidades, não só de artes cênicas. Politicamente, independente dessa questão jurídica, tem uma importância muito grande na construção da política pública de cultura, na democratização do acesso, do fomento, da formação. Isso tem que ser levado em consideração.

Paulo de Castro – E será levado, Félix. Se a gente admitir que nos quatro anos do outro prefeito, ele conseguiu fazer, como é que esse que veio com toda força política, o homem que veio abrir todas as portas do crescimento…eu não acredito! Quando ele for comunicado e entender o que está acontecendo, ele não vai fazer uma besteira desses. O festival de teatro, por exemplo, é insignificante financeiramente, inclusive. Um projeto de R$ 1 milhão, que é nacional, que abre mercado de trabalho. Mas a gente também não disse ao prefeito o mercado de trabalho que a gente abre. O prefeito pode achar que abriu centenas de vagas com as bicicletas. Eu diria a ele que nós abrimos milhares com nossos processos culturais. Muito mais que a Fiat, por exemplo! Quantos empregados tem a Fiat? Quantas pessoas nós empregamos por ano? Então essas coisas, numa discussão aberta, tranquila, sem nenhuma violência, sem nenhum sentido de direita e esquerda, de A ou B. A gente discute cultura. Não quero discutir teatro, quero discutir a cultura como um todo, puxando do Estado o dever que é dele e que está no Plano.

Feliciano Félix – Se existir uma decisão política, vontade política, não precisa Plano nenhum. É só fazer. Outra coisa que a gente observa é que os recursos para a cultura estão diminuindo ano a ano. A gente está até com um documento: Carta ao povo do Recife pela retomada e fortalecimento das políticas públicas de cultura na cidade do Recife. Esse foi o documento escrito a partir da reunião de artistas de várias linguagens no Caramiolas. Foi feito um levantamento e a cultura tem sofrido cortes. E há uma projeção de redução de 16% em relação a esse ano.

Essa situação, já que o próprio Feliciano está dizendo que os valores destinados à cultura foram diminuindo ao longo do tempo, e pensando que essa prefeitura está aí há dois anos, chegamos a essa situação por quê?

Paulo de Castro – Pela fragilidade da própria classe, claro. O governador e o prefeito eles não têm culpa de nada. Porque o foco deles é outro. Até porque eles não entendem de cultura e nem acham que política cultural dá voto. Quem tem que mostrar isso a ele somos nós. Nunca vou dizer que fulano de tal, que é o governador, o prefeito, é culpado das coisas. Eu posso até dizer coisas piores a eles, mas jamais isso. Porque isso é uma questão de discussão própria da categoria e é uma exigência. Afinal de contas, pagamos os tributos normais e somos as pessoas que criamos a cultura desse país. Não é qualquer coisa não. Nós temos um valor que deve ser mensurado, pensado e repensado, e respeitado, antes de tudo.

Feliciano Félix – Concordo, mas há falta de sensibilidade por falta do governo e atenção para a cultura. Porque se eles tivessem atenção, por mais que houvesse a fragilidade da classe…a coisa não estaria como está. Porque a ausência deles na reunião do Conselho Municipal de Cultura?

Paulo de Castro – Porque não interessa! Eles não vêem aí nenhuma motivação. E outra coisa, os secretários vão tomar conta das suas secretarias para criar e deixar as marcas deles, como se as marcas deles fossem uma coisa importante para a cidade, quando muito mais importante seria eles verem o que a população quer e fazer os projetos que a população necessita, seja em qualquer setor, no esgoto ou na cultura, no que for. Mas aí vem um secretário, cria uma história, é eleito com não sei quantos milhões de votos; e a sociedade se abestalha e não diz: não é isso que a gente quer não, pelo amor de Deus, a gente quer outras coisas. Agora a gente tem que dizer, porque senão eles não vão ouvir, não vão saber.

Quero fazer uma pergunta nesse sentido. Vocês esperaram que a Prefeitura divulgasse, e muito mais motivada pela imprensa, quase em novembro, que não haveria festival. Quando todo mundo já falava sobre isso, já havia um burburinho na cidade, isso corria à boca miúda. Porque vocês esperaram ver que o festival não ia acontecer para tomar uma atitude?

Ivonete Melo – Eu mesma só vim saber depois que saiu na imprensa. Até então, nem boca miúda eu tinha escutado.

Então as associações não estão acompanhando o que está acontecendo na cidade…. Porque um festival nacional gera articulações…

Feliciano Félix – A gente não acreditava que houvesse esse descaso.

Paulo de Castro – A questão não é essa. A questão é articulação. As entidades elas não podem estar desarticuladas entre si e elas estão. E não tem problema de dizer isso.

Ivonete Melo – E você sabia que não ia ter o festival através de quem?

Paulo de Castro – Através do jornal, dos amigos.

Se você está em novembro e nada aconteceu…

Paulo de Castro – Se a gente está articulado, a gente sabe disso antes. Quando eles falassem no festival, a gente pediria uma reunião. O que vai ter? A gente tem que estar cobrando. É uma surpresa e o milagre acaba sendo dela, porque foi Leda quem convocou a gente. A gente ia meter o pau no jornal e ia ficar por isso mesmo e não ia ter. Então, nesse ponto, tenho que argumentar que Leda foi a salvação da história, porque ela viu, é uma mulher democrática, uma mulher que respira cultura, da classe, viu: “pô, como é que se faz isso sem nem convocar, para saber o que se pensa?”. O erro é nosso, porque temos que voltar a ter articulação como tínhamos há 20 anos. Nada acontecia nessa cidade sem a gente saber. Quando Jarbas (Vasconcelos) tentou, imaginou, que ia pegar os teatros da cidade para vender, não deu 24 horas, a gente deu uma pressão nele, parou tudo. Agora não adianta se mobilizar só quando tiver o crime. Quer dizer, só depois que uma pessoa morre, nós chegamos? É preciso também que a gente chame a categoria que não está participando, que é a maioria, até porque desacredita, mas se desacredita é um problema deles, eles têm que ver e abrir os horizontes, porque a gente precisa estar junto, presidente de entidade não resolve nada sozinho não.

Os artistas não se vêem representados pelas entidades – tanto é que surgiram vários movimentos, diferentes reuniões aconteceram desde o anúncio que não haveria festival. Como é que vocês vão lidar com essa falta de representatividade?

Ivonete Melo – O sindicato não é só os presidentes não. Paulo tem razão. Porque a classe falar é uma coisa e chegar até as entidades e dizer o que quer, como quer e vamos agir, é outra coisa, entendeu? Os presidentes sozinhos não resolvem nada não. Resolvem com a classe. Por exemplo: se a classe sabia disso há muito tempo, porque não foi lá? A classe não falou lá, na avaliação, quando terminou o festival ano passado?

Mas quem deveria ter permanecido cobrando isso não eram as entidades? Como pessoas jurídicas?

Paulo de Castro – Também. Mas a classe também tem todo o direito, assim como temos de tirar um governante, a classe tem direito de tirar um Paulo de Castro, por exemplo. Mas há também de se dizer que, de uns quinze anos para cá, a classe só pensa no umbigo. O que é que eu tenho? O que é que eu posso? Até porque a situação financeira está ruim. Quero só fazer um parêntese de que a situação financeira do Brasil é realmente muito ruim e ficará pior e quem pensa que é brincadeira vai se dar mal. Voltando à categoria, tenho todas as culpas do mundo, mas estou aberto a discussões. Mas não pode querer só abraçar teatro. Não se resolve política cultural abraçando teatro.

Ivonete Melo – E sozinho, fazendo as coisas sozinho.

Paulo de Castro – E discutindo as questões em mesa de bar. Tem que fazer uma assembleia e chamar quem você acha que está errado. Convoque uma assembléia da Apacepe, do Sindicato, pra ver se nós não fazemos?

Ivonete Melo – Nunca nos negamos.

Paulo de Castro – Mas o mundo hoje é outro. Há 30 anos, não tinha nem o celular. E a gente combinava uma reunião em 24 horas. Hoje a gente tem isso aqui e não consegue juntar cinco pessoas, porque cinco pessoas têm duzentas coisas pra fazer. O mundo virou. Essa tecnologia afastou as pessoas.

Voltando à questão: o que vocês pretendem na próxima reunião na Prefeitura do Recife?

Paulo de Castro A gente vai lá provar por A+B que não há o menor problema da Fundação ou da Secretaria fazer o festival anualmente, porque o problema financeiro não é verdade. O problema é a gestão entender que é importante e colocar a grana na Loa, entendeu? Como quando eles querem, colocam. Quando o governo quer fazer uma ação, o dinheiro chega antes. Quando o governo, seja Prefeitura, Governo do Estado ou Federal, ele quer fazer uma ação que precisa pagar antes as pessoas, ele arruma o dinheiro e paga. Agora, quando não quer, só pode pagar com 60 dias, com 90 dias. Ai vira essa brincadeira. Porque a coisa mais fácil do mundo é dizer que o órgão é emperrado. Claro que o órgão é emperrado. Mas quando a pessoa quer decidir politicamente, desemperra tudo em 24 horas.

Mas e para além dos festivais, as outras questões, como o SIC, o Fomento?

Paulo de Castro Essa é a próxima reunião. A gente não vai discutir só festival não. A gente tem que discutir: “olhe, essa grana que estava aqui e faz tanto tempo que não entra. E agora vocês dizem que vai ser R$ 33 mil?” Não pode ser dessa forma. Então a gente tem que discutir isso. Mas não é só isso não. Tem uma série de coisas que não são mais feitas. Não se faz mais nada, acabou tudo.

Ivonete Melo – O Hermilo mesmo tinha. O Aprendiz Encena, O solo do outro, que isso tudo é formação, oficina. Tem uma série de coisas que nada mais acontece.

Paulo de Castro – Mas veja bem. Lá no Hermilo, tem várias oficinas. Podem não ser as que já estavam na cabeça da gente. Mas está lá. O problema é de quem está no Hermilo e que olhar ele quer pro Hermilo. Isso passa também por quem está dirigindo. E se ele está só e não tem nenhuma cobrança, se a gente não vai atrás, ele vai fazendo, é natural. Dizer: “olha, a gente precisa fazer um curso com os técnicos. Os técnicos estão morrendo aí e não estão repassando para os jovens”. Só que essa coisa toda requer muito tempo da gente e a gente não ganha um tostão pra isso. E chega um momento que, por exemplo, “hoje eu não posso, porque vou fazer um palhaço na casa de alguém pra ganhar 300 contos”. E você na mesma hora dissipa a discussão. Isso acontece direto. Se você colocar uma reunião agora à noite e conseguir juntar 20 pessoas, você sobe aos céus.

Diante dessa falta de mobilização, o que vocês vão fazer? Vocês pretendem acionar o Ministério Público?

Feliciano Félix – O cancelamento dos festivais foi apenas a gota d´água. Tem uma série de problemas que vem há muito tempo. O Teatro do Parque fechado há tanto tempo; o Barreto Júnior não recebe espetáculos por causa do ar condicionado. A gente não tem casas de espetáculo pra fazer nossos espetáculos. Na minha opinião falta planejamento, falta previsão orçamentária para cobrir essas ações. Acho que falta clareza da política pública pensada por essa gestão para que a gente possa entender e acompanhar.

Paulo de Castro – Não tem. O cara está no teatro, faz a política para o lugar. Mas não é um pensamento, uma ideia que seja jogada para a sociedade, esse é o pensamento geral.

Esse não seria um problema da secretária, não seria ela a responsável por pensar ou chamar as pessoas, os estudiosos, a academia, e traçar esse plano para a sociedade discutir?

Feliciano Félix – E não precisa começar do zero, porque já existe o Plano Municipal de Cultura.

Paulo de Castro Porque esse pensamento, do maior grau que é a secretária, ele não é verdade. O pensamento tem que ser o da categoria. O que é que nós queremos que a secretária faça? Eu vejo que é diferente. Não é o que a secretária vai fazer para a gente e sim o que nós queremos que ela faça. Se ela traz uma coisa boa e que nos interessa, claro que a gente vai , mas a gente não tem que ouvir a secretária. Ela é que tem que nos ouvir. Ela é paga para ouvir e fazer o trabalho. Outra coisa: ela não é paga para executar o trabalho não. Ela tem que contratar as pessoas certas da cidade para produzir determinado evento ou espetáculo, porque a qualificação deles lá não é essa.

Vocês pretendem acionar o Ministério Público?

Paulo de Castro – No momento, na minha opinião, de jeito nenhum. O Ministério Público é para pessoa física. Como entidade, tem que pensar, discutir, pra ver quais são as possibilidades. Se for para partir para a briga depois, nós partimos.

Paulo de Castro, Roberto Xavier, Ivonete Meo e Feliciano Félix

Paulo de Castro, Beto Xavier, Ivonete Meo e Feliciano Félix

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Oficinas da Mostra Brasileira de Dança

Kiran de Souza é o coordenador pedagógico da Mostra

Kiran de Souza é o coordenador pedagógico da Mostra

A Mostra Brasileira de Dança (MBD), chega a sua 11ª edição, com apresentações de 1º a 10 de agosto, de grupos profissionais, amadores e escolas de dança, nos mais diversos estilos (balé clássico, dança contemporânea, dança popular, dança de salão, dança de rua, dança árabe e outros). O programa é organizado por Iris Macedo e Paulo de Castro e conta com patrocínio dos Correios, Governo Federal, Funcultura/Governo do Estado de Pernambuco, programa O Boticário na Dança e Prefeitura do Recife. Este ano a homenageada é Mônica Japiassú.

Além da exibição de espetáculos completos e coreografias isoladas, a MBD oferece um série de oficinas de iniciação e reciclagem (no período de 28 de julho a 1º de agosto de 2014 -segunda a sexta-feira), seminários, exposições e exibição de vídeos sobre a arte do dançar.

As oficinas estão com inscrições abertas até sexta-feira, 25 de julho e podem ser feitas no próprio local das aulas ou pelo e-mail: pedagogico@mostrabrasileiradedanca.com.br (com dados e contatos do interessado). A coordenação pedagógica é Giorrdani de Souza – Kiran (PE). Outras informações: (81) 3421 8456 ou www.mostrabrasileiradedanca.com.br

OFICINAS DE INICIAÇÃO

Pele e Ossos – Corpos Fluidos, com José W. Júnior (PE). Número de vagas: 15. No Espaço Experimental (Rua Tomazina, 199, 1º andar, Recife Antigo. Fone: 3224 1482), das 19 às 21h. Gratuita.

Videodança: Contribuições Entre o Corpo e o Vídeo, com Marcelo Sena (PE). Número de vagas: 15. No Espaço Experimental (Rua Tomazina, 199, 1º andar, Recife Antigo. Fone: 3224 1482), das 15 às 17h. Gratuita.

Oficina Contemporânea de Dança Para Jovens Inspiradores, com André Aguiar (PE). Número de vagas: 25. Na sede da Umarle (Rua Deputado Luiz Dias Lins, s/n, Lagoa Encantada. Fone: 8768 5147), das 18 às 20h. Gratuita.

Iniciação à Dança em Cadeiras de Rodas, com Liliana Martins (PE). Número de vagas: 20, entre cadeirantes e andantes. Na Faculdade Uninassau (Rua Fernando Lopes, 778, sala 102, Bloco Capunga, Graças. Fone: 8867 5202), das 16 às 18h. Gratuita.

Andantes e cadeirantes podem participar da Oficina de Iniciação à Dança em Cadeiras de Rodas

Andantes e cadeirantes podem participar da Oficina de Iniciação à Dança em Cadeiras de Rodas

OFICINAS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL (para artistas já experientes)

Técnica Clássica Como Processo de Autoconhecimento, com Valéria Mattos (SP). Número de vagas: 25. No Studio de Danças (Rua das Pernambucanas, 65, Graças. Fone: 3231 4884), das 9 às 12h. Valor: R$ 30,00.

Videodança (Movimentos Para a Câmera), com Sofía Orihuela (Bolívia). Número de vagas: 25. No Teatro Hermilo Borba Filho (Av. Cais do Apolo, s/n, Bairro do Recife. Fones 3355 3321 / 3320), das 14 às 17h. Valor: R$ 30,00.

Danças Entrelaçadas – Dança Moderna (técnica de José Limón) e Dança Contemporânea, com Airton Tenório (PE/RJ). Número de vagas: 25. No Teatro Hermilo Borba Filho (Av. Cais do Apolo, s/n, Bairro do Recife. Fones: 3355 3321 / 3320), das 9 às 12h. Valor: R$ 30,00.

Danças Urbanas, com Octávio Nassur (PR). Número de vagas: 20. Na Academia Fátima Freitas (Rua Desembargador João Paes, 214, Boa Viagem. Fone: 3467 1140), das 9 às 12h. Gratuita, com seleção por currículo. Realizada graças à parceria entre a MBD e o Programa de Oficinas de Capacitação Artística e Técnica em Dança da Funarte 2014.

Professor paranaense Octávio Nassur. Foto: Espelho de Papel.

Professor paranaense Octávio Nassur. Foto: Espelho de Papel.

Dança Contemporânea, com Mário Nascimento (MG). Número de vagas: 20. Na Academia Fátima Freitas (Rua Desembargador João Paes, 214, Boa Viagem. Tel: 3467 1140), das 14 às 17h. Gratuita, com seleção por currículo. Realizada graças à parceria entre a MBD e o Programa de Oficinas de Capacitação Artística e Técnica em Dança da Funarte 2014.

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Janeiro de Grandes Espetáculos divulga montagens locais

Viúva, porém honesta, do grupo Magiluth. Foto: Pollyanna Diniz

Saiu a lista dos espetáculos pernambucanos que vão participar do Janeiro de Grandes Espetáculos, que será de 9 a 27 de janeiro.

Dança:

ENCONTRO OPOSTO – TRÊS MOVIMENTOS EM UM ATO (IVALDO MENDONÇA EM GRUPO)
PARA JOSEFINA (GRUPO ACASO)
TU SOIS DE ONDE? (GRUPO PELEJA)

COMISSÃO DE SELEÇÃO: Anderson Henry, Rogério Alves, Saulo Uchôa e Will Robson.
REPRESENTANTE DO FESTIVAL: Paula de Renor

Teatro Adulto:

AUTO DO SALÃO DO AUTOMÓVEL (PAGINA 21)
AUTO DA COMPADECIDA (TEATRO EXPERIMENTAL- TEA)
A PENA E A LEI (TEATRO POPULAR DE ARTE- TPA)
CINEMA (CLARA MUDA- INTERCÂMBIO RECIFE/BH)
DAQUILO QUE MOVE O MUNDO (PEDRO DE CASTRO E VISÍVEL NÚCLEO DE CRIAÇÃO)

Daquilo que move o mundo traz no elenco Kleber Lourenço, Jorge de Paula e Tay Lopez. Foto: Ivana Moura

DUAS MULHERES EM PRETO E BRANCO (REMO PRODUÇÕES ARTISTICAS)
MARÉMUNDO (COLETIVO Á VIDA PRODUÇÕES)
OLIVIER E LILI: UMA HISTÓRIA DE AMOR EM 900 FRASES (TEATRO DE FRONTEIRA)
O BEIJO NO ASFALTO (ANDREZZA ALVES)
VIÚVA, PORÉM HONESTA (GRUPO MAGILUTH).
VESTÍGIOS (CARLOS LIRA)

Vestígios tem direção de Antonio Edson Cadengue. Foto: Pollyanna Diniz

COMISSÃO DE SELEÇÃO: Augusta Ferraz, Fábio Pascoal, Júnior Aguiar e Sebastião Simão Filho.
REPRESENTANTE DO FESTIVAL: Carla Valença

Teatro para Infância:

– PALHAÇADAS- HISTÓRIAS DE UM CIRCO SEM LONA (CIA. 2 EM CENA DE TEATRO, CIRCO E DANÇA).
CANTARIM DE CANTARÁ (GRUPO DRAMART PRODUÇÕES)
AS LEVIANINHAS EM POCKET SHOW PARA CRIANÇAS (CIA. ANIMÉE).

A Companhia Animée apresenta a versão infantil de As levianas. Foto: Luciana Dantas

COMISSÃO DE SELEÇÃO: André Filho, Carlos Amorim, Samuel Santos e Sandra Possani.
REPRESENTANTE DO FESTIVAL: Paulo de Castro

Carla Valença, Paulo de Castro e Paula de Renor, produtores do Janeiro de Grandes Espetáculos. Foto: Pollyanna Diniz

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De janeiro a janeiro, tem festival!

Essa febre que não passa (foto) e Aquilo que meu olhar guardou para você estarão no Festival de Curitiba. Foto: Ivana Moura

Duas montagens pernambucanas – Essa febre que não passa, do Coletivo Angu de Teatro, e Aquilo que meu olhar guardou para você, do grupo Magiluth – estão na programação da mostra oficial do Festival de Teatro de Curitiba. Depois do Janeiro de Grandes Espetáculos e do hiato no mundo das artes – para tudo que não é música e folia carnavalesca, claro – é Curitiba quem abre o calendário de festivais de teatro no país.

De janeiro a janeiro, tem festival em vários lugares do Brasil, com enfoques e objetivos diferentes, mas sempre proporcionando a circulação dos espetáculos e, geralmente, o acesso do público a montagens que dificilmente conseguiriam ser vistas sem o suporte de um festival – já que não há patrocínio para todas as peças e bilheteria definitivamente não garante a possibilidade dos grupos viajarem.

Conversamos com diretores e curadores dos principais festivais do país – Festival de Curitiba, Porto Alegre em Cena, Londrina, Festival de São José do Rio Preto, Festival Internacional de Artes Cênicas da Bahia (Fiac), Cena Contemporânea e Tempo_Festival. Procuramos saber quais as propostas para este ano e, mais ainda, tentamos revelar os méritos de cada um deles para, de alguma forma, contribuir para que os nossos próprios festivais (ao menos os três maiores) – Janeiro de Grandes Espetáculos, Palco Giratório e Festival Recife do Teatro Nacional (esses também foram ouvidos, obviamente) – consigam avançar (ou também servir de espelho) em diversos aspectos.

Curitiba, por exemplo, recebe muitas críticas de que prioriza e incentiva na cidade a proliferação do teatro comercial. Apesar disso, o festival que já vai para a 21ª edição é, indiscutivelmente, um dos mais bem-sucedidos do Brasil. Consegue reunir produções de qualidade na cena nacional, inclusive muitas estreias acontecem lá, e ainda fomentar o experimentalismo, graças à mostra paralela intitulada Fringe, que foi inspirada no Festival Internacional de Edimburgo, na Escócia. Este ano, o Fringe deve ter 368 espetáculos. O grupo Magiluth, que nunca participou do festival, além de estar na mostra oficial, apresenta outros dois espetáculos: 1 Torto e O canto de Gregório, numa mostra dentro do Fringe organizada pela Companhia Brasileira de Teatro, que será realizada no Teatro HSBC.

Los pájaros muertos abre festival no Paraná

A mostra oficial do festival, que acontece entre 27 de março e 8 de abril, terá 29 espetáculos de seis estados brasileiros – São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia e Pernambuco -, além de dois internacionais – da Espanha e da Inglaterra. “Apesar dessas atrações, não queremos ser um festival internacional. O nosso grande mote é a produção nacional e mantemos esse foco”, explica Leandro Knopfholz, um dos criadores e diretor geral do evento.

A abertura da mostra será com a peça espanhola Los pájaros muertos; mas o festival tem ainda duas remontagens da companhia carioca Os Fodidos Privilegiados – O casamento e Escravas do amor -, as duas textos de Nelson Rodrigues; a estreia de Eclipse, do grupo Galpão; e de Licht & Licht, da Cia de Ópera Seca; e ainda montagens como Gargólios, de Gerald Thomas; O idiota, de Cibele Forjaz; e O libertino, de Jô Soares.

Recorte holandês no Rio de Janeiro

Qual o teatro feito na Holanda? Você já se fez essa pergunta? Os diretores e curadores Márcia Dias, Bia Junqueira e César Augusto, do Tempo_Festival das Artes – Festival Internacional de Artes Cênicas do Rio de Janeiro, já. Tanto que um recorte dessa cena teatral poderá ser visto entre 5 e 12 de outubro no chamado 2° Tempo do festival. “O festival é realizado em três tempos: o primeiro é dedicado ao pensamento – trazemos artistas internacionais para fazer residência, debates, encontros com filosófos, pessoas de outros segmentos. Já o segundo é aquele dedicado à programação artística propriamente dita. E há ainda o Tempo_Contínuo, que é o site, um suporte permanente”, conta Márcia.

Para quem duvida sobre o quanto o teatro na Holanda é profícuo, Márcia Dias responde: “Estou com material de mais de 60 espetáculos, entre teatro e dança, para que possamos fazer a curadoria”. Ano passado, o Tempo fez um recorte da cena argentina – inclusive co-produziu (com o Festival Internacional Santiago a Mil, o Festival d’Automne de Paris e a Maison des Arts et de la Culture de Créteil, na França), O vento num violino, do Teatro Timbre 4, que esteve pela primeira vez no Recife no último Janeiro de Grandes Espetáculos.

Espetáculo do grupo argentino Timbre 4 foi co-produzido por festival carioca

Londrina tem o festival de teatro mais antigo do Brasil

O festival de teatro mais antigo do Brasil é o Festival Internacional de Londrina – Filo. São 44 anos (a mostra só não foi realizada uma única vez e, por isso, o festival vai para a sua 43ª edição) e a programação inclui não só teatro, mas dança, circo, música. “Tentamos montar uma programação diversificada. E conseguimos uma média de 80, 90 e até 100 mil pessoas por edição”, conta o diretor da mostra, Luiz Bertipaglia.

A relação do Filo com a cidade, explica Bertipaglia, é bastante especial. “O festival tem 44 anos e a cidade 77. O festival foi crescendo com Londrina. As pessoas entendem que o festival faz parte da história da cidade”. Outra facilidade com relação à público é que Londrina não é tão grande – tem cerca de 600 mil habitantes e aí as ações conseguem ser mais efetivas junto ao espectador.

Segundo o diretor, a cena teatral londrinense foi impulsionada pelo Filo. “Muitas companhias foram criadas em função do festival. E acho que foi fundamental também para a criação, em 1998, do curso de Artes Cênicas da Universidade Estadual”.

Grupo belga vai encenar texto de Alejandro Jodorowsky no Filo

As inscrições para os grupos nacionais no Filo terminaram no dia 9 de fevereiro. A curadoria dos internacionais é feita pelo próprio Luiz Bertipaglia. Em primeira mão, o diretor nos confirmou a apresentação de The ventriloquist’s school, do grupo belga Poit Zero (um texto de Alejandro Jodorowsky), e Translunar paradise, montagem do grupo da Inglaterra Theatre Ad Infinitum (uma história sobre vida, morte e amor eterno que começa depois que a esposa de William morre e ele vai para uma ilha da fantasia, das suas memórias passadas). O festival será realizado entre 8 e 30 de junho.

Teatro africano no Distrito Federal

Geralmente o festival Cena Contemporânea, de Brasília, é realizado em agosto ou setembro. Esse ano, no entanto, será um pouco mais cedo: de 17 a 29 de julho. Guilherme Reis, coordenador do festival, diz que a mudança é por conta de um convite da Universidade de Brasília (UnB), que está completando 50 anos. “Vamos fazer uma edição especial, voltada para América Latina e África. Em 1987 e 1989, a UnB realizou o Festival Latino Americano. Por isso essa ação”, explica Reis que garante que terá liberdade para realizar suas escolhas, de forma independente da universidade.

El rumor del incendio, do México, estará no Cena Contemporânea

“Tenho uma oferta grande de espetáculos africanos e algumas co-produções que passam também por Portugal, Canadá e Espanha”. A grade de programação ainda não está fechada, mas o coordenador adianta que devem ser 12 ou 13 espetáculos internacionais, sendo seis ou sete latino-americanos e o restante de espetáculos africanos, além da produção nacional com a presença de montagens de diretores como Henrique Dias e Cibele Forjaz. Dos internacionais, estão confirmados The butcher brothers, da África do Sul, e El rumor del incendio, do México.

O Cena é um festival privado que nasceu em 1995, mas está indo para a 13ª edição. “Em alguns anos, não conseguimos realizar. Mas desde 2003 não paramos mais. Brasília tem uma situação atípica com relação a apoio. Pela primeira vez, ano passado, recebemos incentivo do Distrito Federal”, conta Reis. Um dos méritos do Cena é envolver a cidade – mesmo quem não vai ao teatro, não fica ileso ao Ponto de Encontro, um espaço montado na Praça do Museu Nacional da República, que abriga apresentações musicais.

Teatro de dois em dois anos

O Festival Internacional de Teatro Palco & Rua de Belo Horizonte (FitBH), em Minas Gerais, acontece de dois em dois anos. “Essa já era a proposta desde que ele foi criado, em 1994. Era para ter fôlego mesmo, para fazer sempre um grande festival”, explica Marcelo Bones, diretor do evento que, ao lado da diretora Yara de Novaes e da atriz Grace Passô, fará a curadoria da mostra. O evento está marcado para acontecer entre 12 e 24 de junho. A grade de programação ainda não está fechada, mas já há algumas definições. Bones adianta que devem ser 12 espetáculos internacionais, 15 nacionais e ainda 10 montagens de Belo Horizonte – que ocupam não só os palcos dos teatros, mas também as ruas.

“Vamos trabalhar a partir de três conceitos: o teatro e a cidade; o teatro e outras linguagens artísticas; e a cooperação e o intercâmbio entre criadores”, explica Marcelo Bones. O festival, que vai para a 11ª edição, é realizado pela Prefeitura de Belo Horizonte – responsável por 60% dos custos do evento. “Apesar de depender da agenda política, é um evento consolidado, importante para a cidade. Todas as pessoas sabem que o evento está acontecendo, gera movimentação”, diz o diretor.

Expandindo fronteiras

Where were you on January 8th? integrou programação do festival em São José do Rio Preto ano passado

O teatro contemporâneo é sempre o mote do Festival Internacional de Teatro de São José do Rio Preto (Fit). Cerca de 40 companhias participam da programação que, este ano, vai de 4 a 14 de julho. Para se ter uma ideia, o festival recebeu 570 inscrições de grupos interessados em participar – desses, seis são pernambucanos. A curadoria é formada por Kil Abreu (que, durante quatro anos, foi curador do Festival Recife do Teatro Nacional), Sérgio Luis Venitt de Oliveira, Beth Lopes e Natália Noli Sasso. “Como festival internacional, estamos indo para a 12ª edição, mas o festival já tem 43 anos. Só na época da ditadura militar é que a programação não aconteceu uns dois ou três anos”, conta Marcelo Zamora, diretor do Fit.

“A gente achava que o festival precisava do recorte internacional”, complementa Zamora. O festival é realizado pela prefeitura, embora, o órgão seja responsável por apenas 10% do orçamento. “Somos um festival que vai atrás de propostas mais radicais, conceituais, com riscos maiores. E isso é sempre uma provocação para o nosso público”, diz o diretor. 60% da programação do festival em São José do Rio Preto, em São Paulo, é gratuita.

Relacionamento internacional

Em 18 anos, o festival Porto Alegre em Cena conseguiu estabelecer uma relação invejável com grupos internacionais. Muitas companhias vêm ao Brasil apenas para se apresentar lá. Ano passado, por exemplo, o diretor Bob Wilson só passou por Porto Alegre com A última gravação de Krapp, em que ele mesmo está em cena. “O trabalho sério e de respeito aos grupos ampliou muito os contatos do festival. É um meio onde as informações circulam. Então hoje conversamos com o mundo inteiro e, quando há um cenário propício, convidamos esses grupos”, diz Luciano Alabarse, que além de diretor é muito da alma do festival de Porto Alegre.

Bob Wilson era o diretor e o ator de A última gravação de Krapp, espetáculo apresentado no último POA em Cena. Foto: Mariano Czarnobai/Divulgação

Apesar de toda dedicação de Alabarse, a mostra não é privada, mas realizada pela Secretaria de Cultura da cidade. “A equação da qualidade é um grande desafio. Harmonizar a burocracia pública com a agilidade requerida por um festival internacional de grande porte é difícil. Há momentos em que penso em pegar em armas”, brinca Alabarse. “Importante é que não haja concessões artísticas. O festival não flerta com sucessos televisivos, celebridades duvidosas, peças de apelo comercial. O que está em jogo é a discussão cênica que faz diferença. Essa postura estabelece limites”, complementa.

Como um festival que já tem uma carreira consolidada, as negociações para que os grupos participem do POA em Cena podem durar anos. “Em 2012, o Berliner Ensemble vai visitar Porto Alegre pela primeira vez. O compositor inglês Michael Nyman, da mesma forma. E o Fuerza Bruta, sucesso mundial, vai aterrisar nos pampas. Essas são atrações já confirmadas”, adianta Luciano Alabarse.

O mais jovenzinho entre os festivais

O Festival Internacional de Artes Cênicas da Bahia (Fiac) só teve quatro edições e, ao que parece, um longo percurso pela frente. A data da próxima edição já está marcada: será de 28 de setembro a 6 de outubro. “Como nos anos anteriores, não direcionaremos a seleção em torno de um conceito pré-definido. Adotamos um caráter mais panorâmico, buscando alcançar uma mostra caracterizada pela diversidade e levando espetáculos que, de alguma forma consideramos, significativos, seja pela proposta de inovação na linguagem, aposta em um processo artístico ou experimentação, ou pelo ineditismo de grupos ou artistas importantes”, explica Ricardo Libório, coordenador do Fiac.

Um dos desafios do festival, aliás, não só dele, mas de praticamente todos no Brasil, é a formação de plateia. “Estamos amadurecendo algumas ações, que vão desde a ampliação do número de sessões por espetáculos, o fortalecimento de nossa coordenação de formação de platéias e a busca de parcerias estratégicas com a Secretaria de Educação, além de buscar modelos de promoção focada em grupos específicos que tenham potencial de ampliar o público ‘consumidor’ de teatro, para beneficiar não apenas o alcance do Festival em si, mas a atividade teatral em Salvador ao longo de todo o ano”, finaliza. A grade do festival ainda não foi definida.

OS PERNAMBUCANOS

Janeiro de Grandes Espetáculos faz escala em Portugal

O próximo Janeiro de Grandes Espetáculos pode ser aberto por uma montagem idealizada na ponte áerea Recife – Portugal. A ideia é que cinco atores daqui façam um intercâmbio com o Centro Póvoa de Lanhoso, que fica na vila de mesmo nome no distrito de Braga. O projeto é de Paulo de Castro, um dos produtores do festival, ao lado de Paula de Renor e Carla Valença. “Ainda estamos fechando os detalhes; porque devemos lançar uma seleção para essa escolha. Queremos proporcionar essa vivência com um centro internacional”, explica Paula de Renor.

Curadores do Janeiro pensam em estruturar intercâmbios e parcerias

Desde 2011, o Janeiro de Grandes Espetáculos é um dos integrantes do Núcleo de Festivais Internacionais do Brasil. “Aqui em Pernambuco, somos o único festival internacional. E o que queremos realizando parcerias é melhorar a programação e ainda trabalhar o público para essas montagens, porque as pessoas ainda têm receio da qualidade; talvez pela língua, embora as montagens tenham legenda sempre que preciso”, comenta Paula.

Realmente, não são todas as montagens internacionais que empolgam o público mesmo – ao contrário da programação das peças locais. É delas, independente de quantos meses ficaram em cartaz durante o ano anterior, o maior público do festival. “Esse é realmente o nosso foco. Dar visibilidade à produção local e possibilitar melhorias na cadeia do teatro para o resto do ano”, complementa Paula.

Além do intercâmbio com Portugal, provavelmente começam aqui as comemorações dos 20 anos da companhia Clowns de Shakespeare, do Rio Grande do Norte, no Janeiro do próximo ano. “Queríamos fazer uma residência com atores daqui e talvez com outros grupos. O Teatro Timbre 4, por exemplo, da Argentina, quer voltar com outros dois espetáculos. Achamos que talvez o formato de vivência seja mais interessante do que a oficina”, diz a produtora.

Espetáculo de Petrolina abre o Palco Giratório em maio

É do Sesc o festival que proporciona a maior circulação de espetáculos no país – o Palco Giratório. Em Pernambuco, além de promover a exibição de montagens em vários locais do estado, em maio, Recife recebe uma edição especial do Palco Giratório. Será praticamente um mês inteiro de programação – incluindo os espetáculos que estão circulando nacionalmente e ainda montagens convidadas, entre elas espetáculos internacionais. Este ano, o Palco Giratório no Recife será aberto no dia 4 de maio, com o espetáculo Eu vim da Ilha, da Companhia de Dança do Sesc Petrolina, no Teatro Barreto Júnior, que ganhou o Prêmio Apacepe 2012 de melhor espetáculo de dança pelo júri oficial – por conta da apresentação no Janeiro de Grandes Espetáculos.

Dois motes especiais: 15 anos e Nelson Rodrigues

Este ano, o Festival Recife do Teatro Nacional vai comemorar 15 primaveras. Como “adolescente” está no momento de repensar o seu papel para a cidade. “Sou positivo, otimista. Espero um festival muito bom. Nas conversas internas, a ideia é que a gente proponha que o mote para o festival seja essa data: os 15 anos”, explica Vavá Schön-Paulino, coordenador da mostra, promovida pela Prefeitura do Recife. Um dos desafios é agregar público; fazer parte do calendário não só para os artistas, mas para a cidade.

Segundo Vavá, Nelson Rodrigues não será o homenageado do festival – porque já foi uma vez, mas os eventos especiais devem lembrar a efeméride dos 100 anos de nascimento do dramaturgo pernambucano. “Tudo ainda vai ser conversado, mas existe sim a possibilidade de termos algum espetáculo de Nelson na grade”, complementa. A data do festival ainda não está fechada, mas deve ser provavelmente entre 15 e 30 de novembro.

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