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Os paraquedas coloridos do Gambiarra
Crítica dos espetáculos O Último Encontro do Poeta com a sua Alma e Avós

 

Avos, um solo com Olga Ferrario, do  Cineteatro Gambiarra. Foto: Dea Ferraz / Divulgação

Olga Ferrario e Cláudio Ferrario e em A invenção da palavra. Foto: Divulgação

Em meio à pandemia e ao descaso do antigo governo federal com a cultura, quatro artistas confinados num sítio em Gravatá, no interior de Pernambuco, acionaram – em julho de 2020 – , os paraquedas coloridos (imagem-proposta de grande força vital de Ailton Krenak). Essa visão diz muito das nervuras desses últimos anos no Brasil e da postura dessa trupe – o ator Cláudio Ferrario, a atriz Olga Ferrario, o músico Hugo Coutinho e a cineasta Dea Ferraz – que criaram o Cineteatro Gambiarra. O projeto marca neste janeiro sua despedida do formado unicamente virtual com a exibição ao vivo pelo YouTube dos espetáculos A Reinvenção da Palavra, Avós, O Último Encontro do Poeta com a sua Alma e Martelada.

O título escolhido para o coletivo traduz alguns dos procedimentos do grupo e experimentos propostos. Gambiarra é um ato de improvisar, de encontrar soluções materiais para resolver (ou remediar) uma questão. É também um mecanismo de subversão, com criatividade, dentro do sistema capitalista.

Existe uma intimidade entre essas pessoas, de afeto e amor, pois se trata de um coletivo artístico-familiar. Olga é companheira de Hugo e filha de Cláudio, que é companheiro de Dea. E para animar essa festa ainda tem o menino Davi, que enfrentou a pandemia, e o pequeno Tom, que chegou há pouco, rebentos de Olga e Hugo.

A trupe investiu dois anos e meio nesse formato híbrido, entre imbricações de teatro, cinema e tecnologia, com a produção de seis montagens, que renderam cerca de 30 sessões e mais de 4 mil espectadores pagantes. É evidente que nas primeiras exibições os afetos eram mais inflamados, existia uma sofreguidão por parte do público, o que podia ser conferido nos debates calorosos após as peças.

Avós.

O palco do Gambiarra ganha dimensões diferentes a cada peça. Além da disposição das cenas, a câmera faz os pequenos milagres do cinema com teatro. Em Avós, o espaço passeia espiralado no tempo. O voal, o caminho de pedras e as luzes amarelas contribuem com o clima de mergulhos ancestrais, no solo de atriz Olga Ferrario. É o primeiro texto de Olga, com contribuição da atriz Lívia Falcão (sua mãe), de Dea Ferraz e da jornalista e poeta Sílvia Góes. 

A câmera da cineasta Dea Ferraz se multiplica em dramaturgias. Com seus planos-sequências, closes, enquadramentos e zooms, ela sinaliza possibilidades, registra imagens e insinua composições, com o sangue correndo acelerado nas veias do ao vivo, da respiração ligeira, do risco. A ação de Dea sintetiza as tramas desse teatro de quatro artistas para administrar tantos desafios.

Nos relatos das avós, as palavras se alojam em lugares diferentes do corpo e se inquietam e mudam de lugar e viram lampejos. Os depoimentos dessas avós.– materna e paterna – foram colhidos em momentos distintos. A atriz faz um mergulho do que ela chama dentro. A intérprete assume qualquer coisa de uma ou de outra. Repete frases soltas, assume no corpo ancestralidade.

“Isto não é uma história”, avisa Olga. As falas são entrecortadas, confundem os fios do percurso. Existe uma evidente escolha pela leveza, sem perscrutar grandes depressões ou agonias. A vida segue um fluxo de lutas, de pequenas alegrias, As avós foram boas parideiras, Olga também teve seus filhos Davi e Tom de forma rápida e natural. Isso é pontuado na peça entre idas e vindas.

Os olhos da atriz ficam maiores para fazer confidências. As conversas gravadas com as duas mulheres se cruzam no presente futuro para tratar do passado das suas lidas. Hugo Coutinho cuida do ambiente sonoro, da trilha, da iluminação, acrescentando outras camadas a essa viagem ancestral.

Fertilidade, feminino, fluxos, água, essas ideias e imagens se sucedem e propõem ao espectador que acrescente suas próprias memórias e desejos enquanto o espetáculo anda. E dá uma vontade de correr para o colo da avó, ou sentir saudade. 

O último encontro do poeta coms sua alma

O Último Encontro do Poeta com a sua Alma integra a Trilogia das Dualidades do ator e dramaturgo Cláudio Ferrario. As duas personagens entabulam um diálogo que vai do raso ao profundo. E embora não se sustente em profundidades filosóficas, se alarga na tensão dos questionamentos sobre a morte, a criação artística e as escolhas.

Nessa peça, Ferrario parte da premissa de que existe uma Alma como ser independente da pessoa em si. No caso do Poeta, elas convivem em íntima ligação, mas não se misturam, têm posições próprias e algumas divergências.

O Poeta fica sabendo que lhe restam poucas horas de existência na Terra. A Alma, interpretada por Olga Ferrario, propõe que nesse tempo eles façam juntos uma espécie de inventário, avaliando a trajetória.

A dramaturgia textual se aproxima dos autos vicentinos, no eixo da sátira e da lírica. E por uma perspectiva moral. Mas também carrega uma agitação interna dos teatros de rua, apresentados em feiras populares.

Os diálogos utilizam expressões populares como “… a porca torce o rabo”, “… alma sai pela boca” como mecanismo de adesão do público (esses ditos populares nem sempre funcionam, ou pelo menos, não provocam o efeito esperado em todos os momentos) . O Poeta e sua Alma passeiam de um tema de conversa a outro: tempo, vaidades de artista, significados de sucesso, honestidade artística, inferno, vender a alma ao diabo. Às vezes intensa, outras enfadonha, é a narrativa desse percurso.

A peça fecha com uma moral edificante da poesia, do teatro e do futuro.

Martelada, com Cláudio Ferrario. Foto Ricardo Lima / Divulgação

Quem inventou a palavra: Deus ou Capeta? É a pergunta que gera A Reinvenção da Palavra, a primeira montagem do Cineteatro Gambiarra,  uma adaptação da peça de teatro A Invenção da Palavra, de 2015, que teve encenação de Moncho Rodriguez.

Martelada encena as narrativas fantásticas de Martelo, o Mateus de Cavalo-Marinho mais antigo em atuação em Pernambuco Ele aponta que foi três vezes ao inferno e voltou para contar as histórias.

Essa temporada gratuita foi patrocinada pelo Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura PE). Neste 31 de janeiro é exibido o último experimento, Martelada, pelo YouTube do Cineteatro Gambiarra: https://www.youtube.com/@cineteatrogambiarra

Este texto integra o projeto arquipélago de fomento à crítica, com apoio da Corpo Rastreado.

 

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Poética de Hilda Hilst abre Festival Gambiarra

Fabiana Pirro em Obscena – Um Encontro com Hilda Hilst. Foto: Divulgação

Quarteto do Coletivo Gambiarra: Hugo Coutinho, Olga Ferrario, Dea Ferraz e Cláudio Ferrario. Foto Reprodução do Facebook

No horizonte, atualizada praticamente em tempo real pelas redes e telas, uma guerra esdrúxula ameaça a todes, em camadas diversas. Tempos medonhos, sem Carnaval, com pandemia, com o infame brasileiro e seus asseclas a prosseguir o desmonte político das artes e da cultura, da ciência e da cidadania, a ameaçar a floresta, violar direitos dos povos originários. Enquanto a fome de alimentos, de dignidade, de vergonha na cara se alastra pelo país, os partidários da necropolítica atentam contra a vida com suas canetadas e votações imorais de projetos de lei, fundos eleitorais com o Supremo com tudo…

Mas nesse cenário é preciso despertar corações e mentes, ficar atentes porque bombas explodem de todo lado.
Nesse cenário é preciso fazer o que se sabe de melhor.
O Coletivo Gambiarra, com sede em Gravatá – Pernambuco, abriu os paraquedas coloridos (imagem-proposta de Ailton Krenak, em Ideias para adiar o fim do mundo) e articula o Festival Gambiarra.

Uma investigação poética da obra de Hilda Hilst abre os caminhos. Obscena – um encontro com Hilda Hilst, interpretado pela atriz Fabiana Pirro é apresentado na plataforma Zoom nesta sexta-feira (04/03), com ingressos esgotados, e sábado (05/03), à 20h. O Festival Gambiarra conta ainda com as atrações O Último Encontro do Poeta com a sua Alma, com Claudio Ferrario e Olga Ferrario (18/03, sexta-feira, às 20h), Avós, com Olga Ferrario (08/04, sexta-feira, às 20h) e Opá, com Lívia Falcão (22/04, sexta-feira, às 20h).

Fabiana Pirro trabalha a loucura e a estranheza das figuras de Hilda Hilst. Foto Divulgação

Líria, personagem interpretada por Fabiana Pirro, é uma mulher madura, incendiada de desejos; uma figura independente, febril e poderosa como as figuras femininas criadas por Hilda Hilst. No seu fluxo de consciência fragmentado, a personagem-narradora experimenta os ânimos do sagrado e do profano, em cruzamentos de presenças e ausências.

A vida da escritora traz disparadores para a atriz somar com sua vivência, das referências da força masculina de pai, filho e Deus. “Quando em 2013 comecei a adentrar na poesia da Hilda, fiquei muito impressionada. Vi que ela se tornou escritora para dar continuidade à obra do pai Apolonio de Almeida Prado Hilst, como eu também queria fazer algo no teatro para o meu pai. Ela veio como uma luz”, testemunha Fabiana Pirro.

O projeto de Obscena começou em janeiro de 2014 com uma minuciosa pesquisa sobre a poética de Hilda Hilst feita por Fabiana Pirro e Luciana Lyra. Intérprete e diretora passaram uma temporada na Casa do Sol – chácara em Campinas (SP) onde a escritora viveu, e que hoje funciona como o Instituto Hilda Hilst. Obscena estreou no Recife em janeiro de 2015. No mesmo ano viajou para a Paraíba, Portugal e Ceará.

Coletivo Gambiarra: criação em família, arte e transformação. Foto Divulgação

O Coletivo Gambiarra foi criado em 2020, em Gravatá, Pernambuco, no auge do isolamento social causado pela pandemia da Covid-19 para desenvolver experimentações de linguagens em formato híbrido, da interseção entre a tecnologia, o teatro e o cinema.

O quarteto do Gambiarra é composto pelo ator Cláudio Ferrario, pela atriz Olga Ferrario, pelo músico Hugo Coutinho e pela cineasta Dea Ferraz.  Eles apontam que a experiência é como um atravessamento entre teatro e cinema, feita pelo jogo cênico da câmera de Dea Ferraz (Câmara de EspelhosSete Corações), que filma ao vivo, em plano sequência como “um olho-corpo presente e atuante”. A imagem ganha contornos sensoriais, que permite uma aproximaçãode presença, apesar da virtualidade.

As imagens são construídas, decupadas e ensaiadas como cenas de um filme, mas tudo ao vivo, compartilhado com o público, com o risco do erro e da falha, próprios do teatro.

O Festival Gambiarra foi aprovado na Lab Recife, Edital Joel Datz.

PROGRAMAÇÃO

Fabiana Pirro. Foto: Divulgação

Obscena – Um Encontro com Hilda Hilst – Fabiana Pirro
4 e 5 de março (sexta-feira e sábado), às 20h

Criado para o teatro, o espetáculo Obscena – um encontro com Hilda Hilst, com a atriz Fabiana Pirro, chega ao CineTeatro Gambiarra e ganha nova leitura. Agora traduzido para essa linguagem híbrida entre o teatro e o cinema.

Claudio Ferrario e Olga Ferrario. Foto: Divulgação

O Último Encontro do Poeta com a Sua Alma – Claudio Ferrario e Olga Ferrario
18 de março (sexta-feira), às 20h

Num diálogo intenso e profundo, acompanhamos o poeta num encontro com a sua alma. Ele repassa a vida que teve, seus caminhos, os medos, as escolhas amorosas e suas entregas.

Olga Ferrario. Foto: Déa Ferraz / Divulgação

Avós – Olga Ferrario
8 de abril (sexta-feira), às 20h

A vida é uma espiral em movimento e a peça faz um mergulho em sentimentos, aprendizados, nascimentos e mortes. Uma experimentação poética sobre os ciclos.

Lívia Falcão em Opá. Foto Divulgação.

Opá – Lívia Falcão
22 de abril (sexta-feira), às 20h

A Palhaça de Lívia Falcão, Xamãe Zanoia, é uma benzedeira antiga, descendente direta da xamã mais velha, de terras distantes. Um lugar de abundâncias e milagres, de onde veio sua voz e a sua Opá. Xamãe Zanoia usa de seus poderes mágicos e entra na virtualidade para conectar-se com os inúmeros mundos à sua volta, fazendo de sua Opá um lugar de encontro, riso, leveza, cura e amor.

Serviço:
Obscena – um encontro com Hilda Hilst (solo com a atriz Fabiana Pirro)

Quando: Sábado (5 de março), às 20h
Quanto: R$ 15 (social), R$ 30 (sugerido) e R$ 50 (abundante)
Bilheteria virtual: wapp (81) 995297939
Mais informações no perfil do Instagram @cineteatrogambiarra.

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Protagonismo da palavra

Filha, Olga Ferrario e pai, Cláudio Ferrario, atuam juntos em espetáculo. Foto: Divulgação

Filha, Olga Ferrario e pai, Cláudio Ferrario, atuam juntos em espetáculo. Foto: Divulgação

Quem inventou a palavra: Deus ou Capeta? Eis é a peleja de dois velhos brincantes, que podem ser encarados como loucos, mendigos, palhaços, ou qualquer outra coisa que o espectador pensar. Esse é o miolo do espetáculo A Invenção da Palavra com o ator Cláudio Ferrario e sua filha, a atriz Olga Ferrario. A montagem é resultado de um de um intercâmbio artístico com o diretor espanhol Moncho Rodriguez. A montagem estreia hoje no Teatro Capiba (Sesc de Casa Amarela), às 20h, onde fica em cartaz até o fim do mês, as sextas e sábados.

A peça vai na contramão da espetacularização da vida, de todas as ações da contemporaneidade e aposta na arte do ator, na força do gesto e na repercussão da palavra. Enfim, um espetáculo minimalista.

A encenação foi gestada na cidade de Fafe, no Norte de Portugal, onde funciona o projeto Fafe Cidade das Artes, coordenado por Moncho. A cena A Invenção da Palavra nasceu dessa imersão. Além da atuação, da direção, a música – criada por Rafael Agra, de São Paulo, e Narciso Fernandes, de Portugal – é outro elemento forte da dramaturgia.

Serviço:
Peça A Invenção da Palavra
Onde: Teatro Capiba – Sesc Casa Amarela
Quando: Sextas e Sábados, às 20h.
Ingressos: R$ 20, R$ 10 (meia entrada)

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Duas vezes leitura

Lívia Falcão e Fabiana Pirro realizam hoje e amanhã, no Centro Cultural Correios, no Bairro do Recife, mais uma edição do programa de leituras Que Comédia!. O projeto está promovendo leituras dramáticas de textos que marcaram a Commedia Dell´Arte.

Nesta edição, o texto escolhido foi O marido, do italiano Flamínio Scala. A peça é um canovaccio – “um tipo de roteiro sobre o qual se desenvolvia um espetáculo cômico” -, explicam as atrizes. A direção da leitura é do ator e produtor Ésio Magalhães, um dos fundadores do Barracão Teatro, de Campinas. A adaptação do texto é de Tiche Vianna, com quem Ésio fundou sua companhia.

No elenco, além de Lívia e Fabiana, Anderson Machado, Cláudio Ferrario, Eduardo Rios, Luíza Fontes, Márcio Carneiro, Marina Duarte, Odília Nunes e Olga Ferrario. A entrada é gratuita, mas limitada à lotação do auditório. As duas sessões serão realizadas às 20h.

Odília Nunes, Lívia Falcão e Fabiana Pirro estão no elenco da leitura nos Correios. Foto: Ivana Moura

Mais leitura – Nesta terça, também vai acontecer mais uma edição do Leia-se: terça!, no Espaço Muda, em Santo Amaro. O texto será Fando & Lis, de Fernando Arrabal. Na história, Fando empurra a cadeira de rodas de Lis, mas oscila entre acessos de violência e amor. Eles dois encontram três personagens: Mitaro, Namur e Toso. A leitura do texto de Arrabal será feita em parceria pelo grupo Anjos de Teatro e Cia de Teatro Enlassos. A direção é de Jorge Féo e o elenco será formado por Mayara Millane, Elilson Duarte, Márcio Fecher, Charles Pierre e Marcela Mariz. O Leia-se: Terça! será às 20h e não é cobrado ingresso, só uma contribuição espontânea.

Texto de Fernando Arrabal será lido no Muda. Foto: Nilton Leal

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Espertezas de Arlequim

Arílson Lopes como Arlequim

Divertidíssima a primeira leitura dramática do projeto Que comédia!, promovida pela Duas Companhias, na noite desta segunda-feira, no Centro Cultural dos Correios, no bairro do Recife. A trupe quer explorar nesta temporada obras da Commedia Dell´Arte e o texto da noite foi Arlequim, servidor de dois patrões, do italiano Carlo Goldoni.

O pequeno auditório estava lotado para conferir o primeiro experimento dessa segunda edição do projeto, que começou ano passado com uma série de leituras do Teatro do Absurdo.

O autor de Arlequim, servidor de dois patrões, peça dividida em três atos, nasceu no vigor criativo do século XVIII, em Veneza, Itália, em 1707. É a partir desse lugar que ele vai falar.

Como se trata de uma leitura dramatizada, não tem cenário. O público tem que contribuir com sua imaginação. No pequeno tablado do espaço cultural, podemos projetar a casa do Pantaleão, o velho avarento.

Os jovens apaixonados preparam o noivado até que alguém bate à porta. Uma virada do clima de festa e celebração. Arlequim aparece com um estranho recado: o antigo noivo da moça, que todos acreditavam que estava morto, está de volta. A vida complicou.

Além das trapaças, artimanhas, espertezas, mentiras e paixões, Goldoni com seu Arlequim, utilizou a Commedia Dell’ Arte para criticar a sociedade italiana do seu tempo.

A Itália vivia comprimida pela guerra entre a Áustria e Espanha. Para respirar economicamente, ora recorria a um país ora a outro. O próprio dramaturgo foi convidado para organizar montagens teatrais tanto para espanhóis quanto para austríacos. Itália e Goldoni serviam a dois patrões para sobreviver. Essa crítica foi projetada na peça.

O saltitante Arlequim de Goldoni ganhou um chapéu de couro na leitura, com o talento de Arílson Lopes. Ele comanda essa exploração dos vícios e virtudes com sobressaltos e muita graça. Esse servo desajeitado cria as maiores confusões para ganhar uns trocados a mais. Fabiana Pirro apresenta Briguela e Tito França dá voz a um Criado.

Fabiana Pirro e Tito França

Claudio Ferrario e Odília Nunes

Jorge Clésio

Anderson Machado e Olga Ferrario

Livia Falcão usa sua criatividade na pele de uma criada astuta e charmosa, a Esmeraldina. Odília Nunes explora os cacoetes do Doutor Lombardi com sua retórica vazia. Olga Ferrario e Anderson Machado vivem os mal-entendidos do amor.

Claudio Ferrario explora um Pantaleão dos Bisonhos mais engraçado. Jorge Clésio nos lembra de todo seu talento (que estava totalmente a serviço do MinC) e nos diverte com Florindo Aretusi e Marina Duarte passeia como Beatriz Rasponi disfarçada de homem na maior parte do tempo.

Adelvane Neia dirigiu a leitura. Ela coordenou recentemente o projeto de formação de palhaças, com mulheres na Zona da Mata.

Tem mais uma sessão da leitura de Arlequim, servidor de dois patrões, hoje, às 20h, com entrada gratuita, no Centro Cultural Correios, no Recife Antigo.

Lívia Falcão e Arílson Lopes

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