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Robert Wilson em Porto Alegre

Robert Wilson assina a direção e atua na peça de Beckett

O Porto Alegre em Cena – Festival Internacional de Artes Cênicas chega à maioridade. E em setembro a capital gaúcha se transforma num verdadeiro paraíso para os amantes das artes.

A programação é extensa e ocupa muitos espaços entre os dias 6 e 27 de setembro. É quase um mês inteiro de apresentações de peças teatrais, show musicais, espetáculos de dança. A diversidade é um reflexo da coerência estética do curador Luciano Alabarse.

Ano passado assisti no Poa em Cena o espetáculo Dias felizes, com direção de Bob Wilson e atuação de Adriana Asti. Dias felizes é uma das principais peças do irlandês Samuel Beckett. Fernanda Montenegro, que já havia feito a peça na década de 1970, traduzida Oh! Que belos dias, ao lado de Sadi Cabral, voltou a interpretar Winnie na década de 1990, ao lado do marido, Fernando Torres. E tenho impressão que a peça foi apresentada no Teatro de Santa Isabel, no Recife.

Bem, além da peça com Asti, Bob Wilson também mandou para Porto Alegre sua exposição Video Portraits, videorretratos curiosos de Brad Pitt, Johnny Depp, Isabelle Huppert, Norman Fleming, Black Panther, Isabella Rosellini, Mikhail Baryshnikov, Robin Wright Penn, Jeanne Moureau, Steve Buscemi, Gao Xingjian, Lucinda Childs, Dita Von Teese, Zhang Huan, William Pope L e Mariane Faithfull. Numa junção de fotografia, filme, literatura e som, com uma linguagem de movimentos mínimos e gestos coreografados.

Wilson é uma das principais atrações do festival gaúcho

Mas neste ano é o próprio Wilson quem comparece com um dos mais conhecidos textos de Samuel Beckett, Krapp’s last tape, numa coprodução Itália/Eua. As sessões estão marcadas para os dias 23 e 24 às 21h; e 25 às 18h, no Theatro São Pedro. Robert Wilson é ator e diretor do solo. O protagonista mantém uma conversação com o seu passado através de uma gravação que fez 30 anos antes. Já velho, no dia do seu aniversário, ele prepara uma nova gravação e se depara com o passado, talvez feliz. E já com outras qualidades – azedo e irônico e às vezes engraçado, ele não se reconhece naquela voz de juventude.

“Eu sempre senti uma afinidade com o mundo de Beckett. De certa forma, é muito próximo ao meu trabalho. Mas agora, depois de 35 anos, decidi enfrentar o desafio e fazê-lo”, escreveu o multiartista no programa do 50st International Theatre Festival MESS, Sarajevo, Bosna i Hercegovina.

“Quando eu dirijo um trabalho, eu crio uma estrutura no tempo. Finalmente, quando todos os elementos visuais estão no lugar, eu crio uma estrutura para os artistas preencherem. Se a estrutura é sólida, então se pode estar livre nele. Aqui, na sua maior parte, a estrutura é dada, e eu devo encontrar a minha liberdade dentro da estrutura de Beckett. Tudo está escrito.”

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