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Programe-se para o fim de semana

A noite dos palhaços mudos, da Cia La Mínima. Foto: Carlos Gueller

A noite dos palhaços mudos – Da Cia La Mínima. A história é uma adaptação retirada do álbum Os piratas do Tietê e outras barbaridades, de 1994. A montagem é regida pela lógica do absurdo e o humor sem palavras, transportando para o palco tanto o universo das histórias em quadrinhos quanto os problemas do cotidiano dos grandes centros urbanos, cercados de intolerância e opressão. Sexta, sábado e domingo, às 20h, no Teatro Apolo (Rua do Apolo, 121, Bairro do Recife). Ingressos: R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada).

Cuia – Do Grupo Oficarte (CE). Direção: Frank Lourenço. Espetáculo ritual que narra a origem do mundo, a criação e saga do homem, contada pela ótica da cultura afro-brasileira; a relação do homem-ancestral com os deuses ou orixás, tendo a cuia como elo de ligação. Sexta-feira, às 19h, no Espaço Coletivo (Rua Tomazina, Bairro do Recife). Entrada gratuita.

Texto de Arrabal em cartaz no Teatro Joaquim Cardozo

Piquenique no front – Com a Cia de Teatro Eu, tu, nós e bando. Texto: Fernando Arrabal. Direção: Charles Firmino. O espetáculo conta, de forma bem humorada, original e absurda a história do soldado incompetente Zapo. Em combate, ele recebe num domingo a inesperada visita dos seus pais para um piquenique em sua trincheira. Sem entender a situação de seus pais, Zapo acompanha essa atividade familiar com acontecimentos insólitos, um piquenique no meio de uma guerra, entre bombas, tiros e rajadas, como a prisão do soldado inimigo Zepo e a visita de farejadores à procura de feridos. Sábados e domingos, às 20h, no Teatro Joaquim Cardozo (Centro Cultural Benfica). Ingressos: R$ 10 (preço único).

Dança

Buquê, com o grupo Margaridas Dança. Foto: Patrick Grosner

Buquê – Do grupo Margaridas Dança (DF). Coreografia e direção: Laura Virgínia. A obra – que estreou em outubro de 2011 na capital federal – é baseada no livro homônimo da coreógrafa, diretora, bailarina e escritora, Laura Virgínia, e, além de possibilitar emoções mescladas com a palavra propriamente dita, promove uma divertida mistura de estilos, do balé clássico, moderno, contemporâneo e jazz – influências de sua trajetória –, que resulta numa estética bem própria intitulada “dança kitsch”, tendo como ponto de partida estados energéticos diversos como fúria, prazer, leveza, amor e paixão. Sexta-feira, às 20h, no Teatro Arraial (Rua da Aurora, 457, Boa Vista). Ingressos: R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada). No sábado, o grupo apresenta Mostra de Videodança Dança Para Tela, dividida em duas sessões de uma hora cada. Na primeira parte, exibição dos videodanças dirigidos pela coreógrafa do Margaridas Dança, Laura Virgínia: De água nem tão doce; Retina; Abs8 -S3-x0, eixo monumental dos prazeres, saída sorte e a série Pequenas Criaturas, quatro videodanças realizados pela coreógrafa em várias residências artísticas em Portugal e no Brasil. E, na segunda parte, exibição dos videodanças dos criadores: Entre Passos – Gustavo Fataki (São José dos Campos/SP); Súbito – Cia. Etc. (Recife/PE); Só no Sapatinho, de Luna Dias (Salvador/BA); e Borboleta, de Camila Oliveira e Olívia Aprigliano Orthof (Brasília/DF).

Festival de Teatro para Crianças de Pernambuco

Algodão doce – Do Mão Molenga. Direção: Marcondes Lima. Espetáculo de teatro de animação e dança, onde atores-manipuladores, bailarinos, bonecos e objetos ilustram o processo de construção da chamada civilização do açúcar. As situações dramáticas e as criações coreográficas estão inspiradas nesse rico imaginário. São três histórias narradas: Comadre Fulozinha, As desventuras de Ioiozinho e O Negrinho do Pastoreio. Sábado e domingo, às 16h30, no Teatro de Santa Isabel (Praça da República, s/n). Ingressos: R$ 24 e R$ 12 (meia-entrada).

Nem sempre Lila – Do grupo Quadro de Cena. Era uma vez Lila, uma menininha (não tão menininha), que caiu num buraco depois de viver uma história sem “o feliz pra sempre” dos contos de fadas: a separação dos pais. Num dia de domingo, guiada por pensamentos e questionamentos, Lila embarca na brincadeira de ser a história: ela mergulha no universo das princesas, da Moura Torta e do Amor entre Recife e Olinda, entrelaçando e costurando esses contos com a sua própria vida. Sábado e domingo, às 16h30, no Teatro Marco Camarotti (Sesc Santo Amaro). Ingressos: R$ 24 e R$ 12 (meia-entrada). A sessão do sábado contará com audiodescrição e tradução em libras.

Nem sempre Lila, do grupo Quadro de Cena. Foto: Rodolfo Araújo

Minha cidade – Do Grupo Teatro Marco Zero. A plateia é convidada pelos personagens Luana e Gabriel para participar da criativa e divertida construção de uma cidade imaginária. Na trama, cada aspecto da vida da cidade é posto em questão como peça dessa construção: paisagem natural, paisagem transformada, moradia, transporte, trabalho, governo, escola, lazer. O espetáculo utiliza formas animadas. Sábado e domingo, às 16h30, no Teatro Barreto Júnior (Rua Estudante Jeremias Bastos, s/n, Pina). Ingressos: R$ 24 e R$ 12 (meia-entrada).

Protocolo Lunar – Uma história contada por atores, bonecos e objetos. Do Grupo Os Imaginários (BA). Encenação e direção: Sonia Rangel. A história se desenvolve a partir do encontro entre uma menina e uma velha. A velha traz em suas malas uma biblioteca inusitada, com livros que nem parecem livros. Dentre os que a velha mostra, encontra-se o pergaminho Protocolo Lunar, no qual se lê sobre a origem da Lua e histórias de amor – com a própria Lua em papel de destaque. A velha narra histórias de quando a Lua ficava tão perto da Terra, mas tão perto, que se podia chegar até ela por uma escada portátil que se desenrolava no céu. O fio condutor é uma história de amor que vai evoluindo e se transformando em novas e intrigantes situações, todas elas representadas cenicamente por objetos, bonecos, cenas filmadas, efeitos de computação gráfica e outros materiais. Sábado e domingo, às 16h30, no Teatro Luiz Mendonça (Parque Dona Lindu). Ingressos: R$ 24 e R$ 12 (meia-entrada).

Espetáculo Protocolo lunar será encenado no Luiz Mendonça

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Depois de quase um ano e meio, Prefeitura paga fomento

Recebi uma ligação do ator Tatto Medinni dando uma boa notícia: finalmente, um ano e cinco meses depois de ter o seu resultado divulgado, o Prêmio de Fomento às Artes Cênicas da Prefeitura do Recife foi pago. A premiação contempla cinco propostas com R$ 20 mil cada. Mesmo que o valor seja pequeno, é um apoio que não pode ser perdido pela classe.

Neste caso específico, algumas montagens até já foram realizadas, como é o caso de Minha cidade, de Ana Elizabeth Japiá. A diretora inclusive fez um empréstimo para fazer a produção, contando com o fomento. Ana tinha me contado um tempo atrás que já tinha nova temporada prevista no Marco Camarotti, mas não sabia se iria conseguir cumprir por conta da grana.

Outra produção contemplada foi Um rito de mães, rosas e sangue, com direção de Claudio Lira, que estreou em maio do ano passado e coincidentemente está voltando em temporada este fim de semana, no Teatro Hermilo Borba Filho. A montagem é formada por três quadros com adaptações de Bodas de sangue, Yerma e A casa de Bernarda Alba, todos de Federico Garcia Lorca. A peça que tem um elenco numeroso – Ana Maria Ramos, Auricéia Fraga, Andrêzza Alves, Daniela Travassos, Luciana Canti, Sandra Rino, Lêda Oliveira, Lano de Lins e Zé Barbosa – fica em cartaz sábados e domingos, às 20h, até 28 de agosto. Ingressos: R$ 15 e R$ 7,50.

Auricéia Fraga em Um rito de mães, rosas e sangue. Foto: Tuca Siqueira

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Peças do 8º Festival de Teatro para Crianças de Pernambuco

Encantadores de histórias, do Grupo Caixa de Elefante de Porto Alegre

A construção de uma cidade imaginária, os ímpetos de liberdade de uma abelhinha, dois mambembes que saem pelo mundo a contar histórias, a amizade entre o palhaço e uma garota e muita imaginação fazem parte dos enredos das peças do 8º Festival de Teatro para Crianças de Pernambuco deste fim de semana.

No palco do Teatro Marco Camarotti, do Sesc de Santo Amaro, o Grupo Teatro Marco Zero apresenta Minha cidade. Na peça, duas crianças constroem uma cidade imaginária. Para isso, além de criatividade, elas usam peças do jogo Brincando de Engenheiro e solicitam ajuda da plateia.

A colorida montagem Meu reino por um drama, da pernambucana Métron Produções, ocupa o palco do Teatro Luiz Mendonça, no Parque Dona Lindu. O público acompanha a saga de uma abelhinha que resolveu conhecer o mundo e sai em busca de aventuras fora da colmeia.

De Porto Alegre, Rio Grande do Sul, vem a elogiada encenação Encantadores de histórias, a companhia Caixa do Elefante Teatro de Bonecos. Eles mostram no Teatro Barreto Júnior o percurso de dois mambembes que saem pelo mundo transportando uma carroça, munida de uma bateria musical. Eles apresentam dois contos de Hans Christian Andersen: O soldadinho de chumbo e Tudo está bem quando acaba bem.

E tem início também a programação gratuita do Polo Praças. A sede da Escola Pernambucana de Circo, na Macaxeira, Zona Norte do Recife, abriga duas peças no domingo. A primeira é Popularesco e a menina do canto livre, às 15h30, que com elementos da cultura popular nordestina conta a amizade entre um palhaço e uma garota. A segunda, da Cia. Enlassos, Assim me contaram, assim vou contando, às 17h30, explora personagens de livros de fábulas, como o porquinho Comilão e a centopeia Doroteia.

SERVIÇO
8º Festival de Teatro para Crianças de Pernambuco

Espetáculo Minha cidade, com o Grupo Teatro Marco Zero
Quando: Hoje e amanhã, às 16h30
Onde: Teatro Marco Camarotti, Sesc de Santo Amaro
Quanto: R$ 20 e R$ 10 (meia)
Duração: 50 minutos

Espetáculo Meu reino por um drama, da Métron Produções
Quando: Hoje e amanhã, às 16h30
Onde: Teatro Luiz Mendonça, Parque Dona Lindu
Quanto: R$ 20 e R$ 10 (meia)
Duração: 50 minutos

Espetáculo Encantadores de histórias, do Grupo Caixa do Elefante Teatro de Bonecos, de Porto Alegre (RS)
Quando: Hoje e amanhã, às 16h30
Onde: Teatro Barreto Júnior
Quanto: R$ 20 e R$ 10 (meia)
Duração: 50 minutos

Espetáculo Popularesco e a menina do canto livre
Quando: domingo às 15h30,
Onde: sede da Escola Pernambucana de Circo, na Macaxeira, Zona Norte do Recife
Informações: (81) 3088-6650

Espetáculo Assim me contaram, assim vou contando, Cia. Enlassos
Quando: domingo às 17h30
Onde: sede da Escola Pernambucana de Circo, na Macaxeira, Zona Norte do Recife
Informações: (81) 3088-6650

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Política não vai ao teatro

Peça Minha cidade foi contemplada, mas ainda não recebeu o fomento às artes cênicas da Prefeitura do Recife

Há um paradoxo na cadeia produtiva do teatro no Recife. Mais ousados para experimentar e construir uma linguagem cênica própria, os grupos tomam força, iniciativas alternativas surgem; os festivais conseguem se consolidar. Economicamente, no entanto, essa arte dos palcos e das ruas está enfraquecida. Relegada a segundo plano pelas políticas culturais, principalmente por parte da Prefeitura do Recife.

“Isso é um angu de caroço que não tem tamanho. Porque ao menos o Governo do Estado, através da Fundarpe, tem o Funcultura, que embora precise ser aprimorado, é um modelo melhor. Na prefeitura, o regime é outro. O diálogo inexiste. O Sistema de Incentivo à Cultura (SIC) aprova projetos para que possamos captar junto à empresas e aí ela tem desconto de ICMS (ISS/erro nosso e não do entrevistado!). Na esfera federal, com empresas do porte da Petrobras, isso pode funcionar. Mas não na esfera municipal, com produções e empresas menores”, explica André Filho, diretor da companhia Fiandeiros.

“Nós discutimos o SIC há dez anos e nada acontece”, diz Paula de Renor, uma das produtoras do Janeiro de Grandes Espetáculos (festival realizado pela Associação de Produtores de Artes Cênicas de Pernambuco). “A Secretaria de Cultura do Recife não tem dinheiro e, consequentemente, não tem força e nem autonomia. Há um distanciamento visível entre a Fundação de Cultura, que detém o dinheiro, e a secretaria. Nesse governo, não se encontrou o lugar da cultura”, complementa.

As reclamações sobre o SIC são apenas a ponta do iceberg. A Prefeitura do Recife também acumula dívidas. O Prêmio de Fomento às Artes Cênicas, que destina anualmente uma verba de R$ 100 mil para ser dividida entre cinco produções – que podem ser teatro, dança e circo – está com o seu pagamento atrasado há mais de um ano. O resultado da edição 2009 foi divulgado em março do ano passado, mas até agora os contemplados não receberam os pagamentos.

O valor de R$ 100 mil é o mesmo desde que o fomento foi criado, em 2001, pelo ex-prefeito João Paulo. “Quando falamos nos festivais pelo país afora que o nosso fomento tem esse valor, as pessoas não acreditam! Destinar R$ 20 mil para realizar uma montagem é um desrespeito com a classe”, afirma André Filho.

Ainda sem ter o prêmio depositado na conta bancária, Ana Elizabeth Japiá decidiu que continuaria o projeto de montar o espetáculo infantil Minha cidade, que estreou em setembro do ano passado. Resultado: está pagando um empréstimo e ainda tem dívidas para quitar. “Acreditei que a Prefeitura do Recife honraria suas dívidas. Nós só conseguimos pagar a estrutura material da peça, mas não os serviços. É um constrangimento e nós perdemos o nosso crédito”, diz.

Mesmo com o pagamento do fomento de 2009 atrasado, a Prefeitura lançou o de 2010, que teve as suas inscrições encerradas, de acordo com o edital, no dia 28 de fevereiro. “Nós pretendemos reunir os contemplados de 2009 e entrar com uma ação para que esse edital de 2010 seja cancelado até que o anterior seja pago, o que é lógico”, finaliza.

Espetáculo Ato, do Magiluth, nunca recebeu a verba de circulação do projeto Recife Palco Brasil

Como é difícil fazer cultura no Recife

Já faz parte do cotidiano da produtora Paula de Renor. Ela acorda, senta na mesinha ao lado do telefone. As ligações são para a Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe) e para a Prefeitura do Recife, que estão devendo ao festival Janeiro de Grandes Espetáculos. “Nós realizamos projetos, assinamos convênios. E, embora seja previsto, não existe um prazo real para que os pagamentos sejam feitos”, avalia.

“Há uma cobrança de profissionalismo por parte dos produtores, mas o governo não faz o mesmo. Todos os grupos locais que participaram do festival ainda esperam pagamento. As pessoas acreditam que o governo não pagou, porque confiam na gente. Mas, ainda assim, diariamente recebemos e-mail, as pessoas querem prazos e nós não temos”, diz. O Governo do Estado deve R$ 250 mil ao festival e a Prefeitura do Recife quitou 60% da dívida total de R$ 85 mil.

Os grupos pernambucanos que se destacaram no Janeiro de Grandes Espetáculos também aguardam outra decisão da Prefeitura do Recife. Luciano Alabarse, coordenador do Porto Alegre em Cena, fez um convite para que fosse realizada uma mostra paralela só com espetáculos de teatro, dança e música do Recife durante o festival gaúcho. As passagens seriam pagas através do convênio Recife Palco Brasil, idealizado para que grupos pernambucanos pudessem fazer uma circulação nacional, mas a Secretaria de Cultura ainda não deu uma posição definitiva.

O Recife Palco Brasil foi a concretização de um pleito feito por anos pelos artistas da cidade. Foi criado em 2007, no governo do ex-prefeito João Paulo. No primeiro ano, disponibilizou R$ 50 mil para serem divididos entre três grupos; e R$ 100 mil em 2008, para 15 companhias. Em 2009, quando João da Costa assumiu a prefeitura, houve a promessa de que a Apacepe receberia R$ 30 mil para viabilizar o projeto, o que não aconteceu.

O Grupo Magiluth, em atuação há sete anos na cidade, aguarda desde então o pagamento do Recife Palco Brasil. O grupo receberia verba de passagens para apresentar o espetáculo Ato em Porto Alegre, Brasília, Maranhão e Fortaleza. A companhia gastou cerca de R$ 15 mil, mas não recebeu o valor. “Nunca ganhamos incentivo público para montar nenhum espetáculo e tiramos esse valor do nosso próprio bolso, com a promessa de que seria pago”, conta o ator Giordano Castro.
“Em 2010, o convênio foi realizado através de passagens e quatro grupos conseguiram circular, mas o valor não aumentou. Este ano, ainda não temos resposta. É um retrocesso para a classe que lutou tanto por esse convênio”, afirma Paula.

Pouco investimento se reflete nos equipamentos

Os poucos investimentos da administração municipal no teatro se refletem também nas condições das casas de espetáculos. O grupo Magiluth fez uma temporada recente com o espetáculo O canto de Gregório no Teatro Hermilo Borba Filho e pode comprovar a precariedade dos equipamentos. “Os refletores e o som estão defasados, sucateados”. conta o ator Giordano Castro.

“Os teatros Apolo e Hermilo precisam dividir os poucos equipamentos que têm. Além disso, as pessoas que trabalham nesses locais precisam de aperfeiçoamento técnico”, conta Viviane Bezerra, que fez uma residência de três meses ano passado no Apolo Hermilo com a Trupe de Copas para a montagem de Quase sólidos.

Com o Teatro do Parque fechado para uma reforma que ainda não começou, o recém-inaugurado Teatro Luiz Mendonça precisaria abarcar uma demanda de produções que não tem espaço na cidade, mas a casa ainda não dispõe de uma equipe técnica e administrativa completa para operar.

Ano passado, durante as comemorações pelos 160 anos do Teatro de Santa Isabel, a classe artística já mostrava a insatisfação diante da “ausência” de uma política cultural específica para a área por parte da Prefeitura do Recife. O estopim da crise foi a programação da semana comemorativa, que não contemplava as artes cênicas pernambucanas. “Mas esse foi apenas o ponto de partida. A nossa manifestação, que reuniu uma parcela significativa da classe artística, foi para que a prefeitura estruturasse uma política pública”, afirma o diretor Samuel Santos.

Confira o e-mail enviado para a Prefeitura do Recife pela reportagem e as respostas da secretaria de Cultura do Recife:

1) Qual a previsão para que o fomento às artes cênicas, que teve o resultado divulgado em março do ano passado, seja pago? Existe alguma previsão do montante desse fomento – R$ 100 mil, para ser dividido entre cinco grupos – ser aumentado?

O prêmio de Fomento às Artes Cênicas será pago até o final desse mês. A ampliação do prêmio para a próxima edição será proposta pela Secult/FCCR ao Conselho Municipal de Política Cultural.

2) Existe algum projeto para que o Recife Palco Brasil seja institucionalizado, alguma verba pré-definida para este apoio? Este ano, o diretor do festival de Porto Alegre propôs aos artistas da cidade, durante o festival Janeiro de Grandes Espetáculos, a realização de uma semana de artistas pernambucanos durante o festival, que é internacional, um dos maiores do país. A Prefeitura disse que apoiaria com passagens para os artistas, mas até agora isso não se concretizou. Vocês vão ajudar de alguma forma? Qual a importância de uma ação dessas?

O Recife Palco Brasil é um projeto de Apacepe em parceria com o Janeiro de Grandes Espetáculos, logo, não cabe à Prefeitura institucionalizar o projeto. Como fazemos desde 2007, vamos apoiar mais uma edição do Palco Brasil. O valor do apoio será definido de forma a permitir a participação dos artistas pernambucanos no Festival de Porto Alegre.

3) Ainda há uma dívida do ano de 2009 do Recife Palco Brasil, quando artistas viajaram (como o grupo Magiluth) e a prefeitura prometeu que apoiaria. Mas isso nunca foi feito. Existe alguma previsão para que esse pagamento seja realizado?

Em 2009, o Recife Palco Brasil recebeu, via Apacepe, um apoio da Prefeitura no valor de R$ 30 mil (empenho de número 3784). O referido empenho, no entanto, foi cancelado porque a entidade não entregou a prestação de contas referente ao patrocínio.

4) Sabemos que os nossos teatros estão sucateados. Soube, por exemplo, que está sendo realizada uma licitação para a compra de duas mesas de luz – uma para o Santa Isabel e outra para o Teatro Apolo; mas só o Centro Apolo Hermilo tem dois teatros e não um. A última reforma da casa, inclusive com compra de equipamentos técnicos, foi em 2000. Existe alguma previsão de compra de material técnico suficiente para essas casas?

Nenhum teatro administrado pela prefeitura está “sucateado”. O Santa Isabel e o Luiz Mendonça estão à altura, em termos de conservação, dos melhores palcos do país. O Barreto Júnior e o Apolo/Hermilo têm problemas pontuais, mas que, nem de longe, os transformam em casas de espetáculo “sucateadas”. Além das duas mesas de som/luz já licitadas, vamos investir no reforço da iluminação do Apolo/Hermilo e na reforma e ampliação da caixa cênica do Teatro do Nascedouro.

5) O teatro do Parque está fechado (o que dificulta ainda mais que as montagens circulem pela cidade), mas até agora a reforma não começou. Porque? Existe uma previsão?

A reforma do Teatro do Parque começará no segundo semestre de 2011 e abrigará, entre outras obras, a recuperação da caixa cênica, do telhado e da cabine cinematográfica. O término das obras está previsto para janeiro de 2012.

6) O Teatro Luiz Mendonça está funcionando com pessoal emprestado, principalmente do Santa Isabel. Existe alguma previsão para que o Teatro Luiz Mendonça tenha a sua própria equipe administrativa e técnica?

Só poderíamos contratar funcionários para o Dona Lindu depois da aprovação, pela Câmara de Vereadores, da criação dos cargos correspondentes à sua estrutura funcional. Isso se deu apenas na semana passada. Os funcionários serão contratados nos próximos dias.

7) Os artistas reclamam que, há dez anos, discutem o SIC. Existe alguma previsão para que o SIC seja reavaliado? Vocês estudam alguma mudança nesse modelo?

Embora o assunto tenha sido tratado na matéria publicada na edição de hoje (16/05) do DP (Diario de Pernambuco), reiteramos que já está em atuação uma comissão de reformulação do Sistema de Incentivo à Cultura, iniciativa do Conselho Municipal de Política Cultural, e que inclusive já se iniciou o debate sobre o tema, em consonância com as diretrizes do Ministério da Cultura.

O Janeiro de Grandes Espetáculos, realizado em janeiro deste ano, só recebeu 60% do apoio financeiro prometido pela Prefeitura. Qual a previsão para que esse pagamento seja realizado?

O Janeiro de Grandes Espetáculos recebeu 70% do pagamento em março. A parcela final, condicionada à prestação de contas, foi encaminhada para pagamento no dia 12 de maio. O total do patrocínio é de R$ 85 mil.

Confira também a resposta da Fundarpe sobre o atraso no pagamento da verba destinada ao Janeiro de Grandes Espetáculos:
“Desse valor devido, R$ 100 mil já foram empenhados e pagos no início do ano. Falta o pagamento de R$ 150 mil que está entre as pendências da Fundarpe, mas isso está sendo estudado e a previsão é de que, até junho, esteja tudo pago”.

(Essa matéria faz parte da série Dívida cultural, que está sendo publicada no Diario de Pernambuco e no www.diariodepernambuco.com.br)

Aproveite para votar na nossa enquete! Deixe a sua avaliação sobre a política pública para a área de artes cênicas empreendida pela Prefeitura do Recife.

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Prêmio de fomento ainda sem pagamento

Antes pouco do que nada. Mesmo que os artistas recifenses sempre tenham brigado por um aumento no valor do Prêmio de Fomento às Artes Cênicas da Prefeitura do Recife, era assim que a categoria encarava a verba de R$ 100 mil concedida anualmente pelo órgão a cinco propostas de montagem de espetáculo. O valor é dividido por cinco projetos, ou seja, R$ 20 mil para cada projeto. O problema é que nem o compromisso do ‘pouco’, a PCR tem honrado.

O resultado do prêmio foi divulgado no mês de março do ano passado e, até agora, nenhum dos contemplados recebeu o seu prêmio. O ator Tatto Medinni, por exemplo, é um dos que teve o projeto, intitulado Jr., aprovado. ´Nós já tínhamos até data para estrear. Seria no dia 15 de outubro. Tinha agendado pauta no Espaço Muda, mas tive que desmarcar`, explica. O espetáculo seria uma parceria entre Medinni e Jorge de Paula. Os dois estariam em cena e assinariam a direção. O texto foi escrito por Marcelino Freire para Tatto Medinni.´O projeto trata sobre o conceito de fronteira. Nas funções mais técnicas, como cenário, figurino, luz, iríamos trabalhar com pessoas que não são do teatro, mas sem dinheiro não deu para prosseguir`, lamenta.

Ana Elizabeth Japiá ainda está pagando o empréstimo que fez para saldar dívidas adquiridas durante o processo de montagem e temporada do espetáculo infantil Minha cidade. ´Nós estreamos, mas fica o constrangimento de adiar pagamentos. É muita burocracia, desorganização e desinformação. Depois eles cobram qualidade, como foi na programação dos 160 anos do Santa Isabel, que não agregou nenhuma montagem daqui`. A peça deveria entrar em cartaz novamente, mas a incerteza com relação à liberação do fomento adiou os planos. ´É um desrespeito, desde o próprio secretário de Cultura, Renato L, que é desconectado do fazer teatral`, critica.

A peça Um rito de mães, rosas e sangue, que tem dez pessoas no elenco, também já estreou. ´Acabei pagando muitas coisas do meu próprio bolso, principalmente da parte técnica`, explica o diretor Claudio Lira. ´Acho lamentável. Cultura não é só carnaval, maracatu. Teatro tem que ser contemplado. Sentimos o desprezo nas políticas públicas`, finaliza Lira.

Promessa – Ao ser procurada pela reportagem do Diario, a Secretaria de Cultura deu um prazo para a liberação do pagamento. ´É a primeira vez que o prêmio de Fomento às Artes Cênicas será pago pelo Fundo Municipal de Cultura (antes era pago pela própria Secretaria) e isso gerou alguns entraves burocráticos que já estão sendo solucionados. Dentro de, no máximo, dez dias o pagamento da premiação será efetuado`, diz a nota. (Matéria minha publicada na edição desta quinta-feira (10), no Diario de Pernambuco)

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