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Algumas opções teatrais do fim de semana

O-Lançador de Foguetes faz sessão gratuita domingo às 16h30, no Marco Zero, no Bairro do Recife. Foto: Raquel Durigon/ Divulgação

Espetáculo gaúcho faz sessão gratuita domingo às 16h30, no Marco Zero. Foto: Raquel Durigon

O Lançador de Foguetes integra o repertório do Grupo de Teatro De Pernas pro Ar – da cidade gaúcha de Canoas – desde 2006. A montagem com o ator Luciano Wieser (que também assina a direção e cenografia) está na programação do 18º Circuito Palco Giratório Sesc.

A trupe faz várias apresentações gratuitas em Pernambuco e a primeira delas é no domingo às 16h30, no Marco Zero, no Bairro do Recife.

O bando borra as fronteiras de técnicas circenses, formas animadas e música para realizar seus experimentos de linguagens. Em O lançador de foguetes a cenografia, figurinos excêntricos e bonecos com mecanismos de manipulação únicos colaboram para a comunicação com o espaço urbano. O protagonista procura um lugar ideal para sua experiência cientifica. Ele anda no seu triciclo abarrotado de elementos cênicos, calcula os fenômenos físicos e busca encontrar a energia da plateia.

SERVIÇO
Espetáculo gaúcho O Lançador de Foguetes
Quando: domingo às 16h30
Onde: Marco Zero, no Bairro do Recife
Quanto: Grátis

Outras apresentações do espetáculo O Lançador de Foguetes em PERNAMBUCO – Palco giratório 2015
02/06 – BELO JARDIM (PE)
03/06 – BUIQUE (PE)
05/06 – BODOCÓ (PE)
06/06 – OURICURI (PE)
07/06 – ARARIPINA (PE)
11/06 – PETROLINA (PE)

Algodão doce faz apresentação dentro do projeto Palco Giratório. Foto: Ivana Moura

Algodão doce faz apresentação no Teatro Marco Camarotti. Foto: Ivana Moura

O grupo Mão Molenga (PE), também está no Palco Giratório com a encenação em teatro de bonecos Algodão doce. A apresentação está marcada para às 16h do sábado, no Teatro Marco Camarotti (Rua do Pombal, s/n, Santo Amaro).

A montagem foi erguida a partir da chamada Civilização de Açúcar e da textura de algodão dos bonecos, em variados tamanhos e técnicas de manipulação. Além da dança inspirada na tradição cultural pernambucana, principalmente o cavalo-marinho São narradas três histórias de assombração, Comadre Fulozinha, As desventuras de Ioiozinho e O Negrinho do Pastoreio.

A direção cênica e direção de arte são de Marcondes Lima. O argumento e roteiro são assinados por Marcondes Lima e Carla Denise. O elenco é formado por Elis Costa, Íris Campos, Fábio Caio, Fátima Caio e Marcondes Lima. O espetáculo é indicado para crianças a partir de 8 anos. O ingresso custa R$ 20 e R$ 10 (meia).

SERVIÇO
Espetáculo Algodão doce
Quando: Sábado (30/05) às 16h
Onde: Teatro Marco Camarotti (Rua do Pombal, s/n, Santo Amaro)
Quanto: R$ 20 e R$ 10 (meia)

Espetáculo Acontece enquanto você não quer ver inicia nova temporada

Espetáculo Acontece enquanto você não quer ver inicia nova temporada

ACONTECE ENQUANTO VOCÊ NÃO QUER VER
A nova temporada do espetáculo Acontece enquanto você não quer ver, começa amanhã, no Espaço Caramiolas (Avenida Dantas Barreto, 324, 7º andar, Santo Antônio). A encenação foi criada para um espaço de teatro domiciliar, e está dividida em dois atos: Bem guardado e Rua Garopaba, 410. A produção avisa que a peça faz um desafio à moralidade vigente e mostra situações que podem ser consideradas desagradáveis. No elenco estão Daniel Barros e Fábio Calamy
SERVIÇO
Espetáculo Acontece enquanto você não quer ver
Onde: Espaço Caramiolas (Avenida Dantas Barreto, 324, 7º andar, Santo Antônio)
Quando: 30 de maio, 06, 13 e 20 de junho, sextas, às 20h.
Ingresso: R$ 20 e R$ 10 (meia).
Informações: 9790-8251.

NA BEIRA
Amanhã, sábado, às 19h30, é a última sessão desta temporada do monólogo Na beira. A peça é inspirada em histórias risíveis e comoventes da vida do ator Plínio Maciel. As reservas devem ser feitas pelo email teatrodefronteirape@gmail.com. O endereço completo do espetáculo, na Boa Vista, será fornecido na confirmação da reserva. A capacidade da casa é de 20 espectadores.Ingresso: R$ 20 (inteira).

OBSESSÃO
A rivalidade entre duas ex-amigas chega às raias da desrazão. A vingança é o tema da comédia Obsessão, com texto de Carla Faour e direção de Henrique Tavares, em cartaz no Teatro Boa Vista. Com Simone Figueiredo, Nilza Lisboa, Silvio Pinto, Diógenes Lima e Tarcísio Vieira.
SERVIÇO
Espetáculo Obsessão
Onde: Teatro Boa Vista (Colégio Salesiano)
Quando: sábado (30), às 21h.
Ingressos: R$ 60, R$ 30 (meia) e R$ 20 (promocional, à venda na bilheteria do teatro até às 17h).
Informações: 2129-5961.

H(EU)STÓRIA – O TEMPO EM TRANSE
A partir das cartas escritas para o poeta Jomard Muniz de Britto e o ex-governador Miguel Arraes foi erguido o espetáculo, que projeta as relações do cineasta baiano Glauber Rocha com o estado de Pernambuco.
SERVIÇO
Espetáculo H(Eu)stória – O Tempo em Transe
Onde: Teatro Arraial (Rua da Aurora, 457, Boa Vista).
Quando: Sextas e sábados, às 20h (até o dia 20 de junho).
Ingresso: R$ 20 (inteira) R$ 10 (meia).
Informações: 3184-3057

A RECEITA
A receita apresenta uma mulher que tempera sua vida de abandono e violência com comida. O solo é com a atriz Naná Sodré, do grupo O Poste Soluções Luminosas. O texto e a encenação são de Samuel Santos.
SERVIÇO
Espetáculo A receita
Onde: Espaço O Poste (Rua da Aurora, 529, loja 1, Boa Vista).
Quando: De 29 de maio a 26 de junho, todas as sextas, às 20h.
Ingresso: R$ 20 e R$ 10 (meia).
Informações: 8484-8421.

VIVA RAUL – O TRIBUTO
A carreira de Raul Seixas é revisitada pelo ator e músico Renato Ignácio, junto com uma banda no espetáculo Viva Raul – o Tributo.
SERVIÇO
Espetáculo Viva Raul – O tributo
Quando: 30 de maio, às 21h.
Onde: Teatro Guararapes (Avenida Professor Andrade Bezerra, S/N, Salgadinho, Olinda).
Ingresso: Plateia R$ 120 e R$ 60 (meia). Balcão: R$ 100 e R$ 50 (meia).
Informações: 3182-8020

Última semana desta temporada de Em Nome do pai. Foto: Zé Barbosa

Última semana desta temporada de Em Nome do pai. Foto: Zé Barbosa

EM NOME DO PAI
Os caminhos tortuosos para estabelecer uma relação amorosa entre pai e filho é exibida no drama Em nome do pai, escrito pelo mineiro Alcione Araújo. O espetáculo marca a estreia na direção de Cira Ramos. Última semana.
SERVIÇO
Espetáculo Em nome do pai
Onde: Teatro Eva Herz (Livraria Cultura do RioMar Shopping. Avenida República do Líbano, 251, Pina).
Quando: De 25 de abril a 31 de maio. Sextas e sábados, às 20 horas.
Ingresso: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia).
Informações: 3256-7500 ou 9157-5555

DANÇA

Percussionista Lucas dos Prazeres e Anne Costa em Abô

Percussionista Lucas dos Prazeres e Anne Costa em Abô

ABÔAbô é o nome do banho de ervas que purifica o corpo e afugenta os maus espíritos na prática do candomblé e umbanda. O espetáculo Abô tem direção e coreografia de Maria Paula Costa Rêgo e conta com o percussionista Lucas dos Prazeres, estreando como bailarino profissional e a bailarina Anne Costa no elenco.

O Grupo Grial leva para a cena um olhar bem peculiar sobre os movimentos das celebrações religiosas afro-brasileiras, mas tendo como base a estética e a linguagem da dança contemporânea. Fala sobre a poética dos orixás. O trabalho recebeu patrocínio do Prêmio Afro 2014, da Petrobras.
SERVIÇO
Espetáculo Abô
Onde: Sítio Trindade (Estrada do Arraial, s/nº, Casa Amarela).
Quando: de 28 a 31 de maio, às 19h30.
Ingresso: Entrada gratuita

ELÉGÙN – UM CORPO EM TRÂNSITO
A corporeidade e a performatividade são os dois elementos de pesquisa do espetáculo Elégùn. O título remete àquele que incorpora um arquétipo em sete cenas.
SERVIÇO
Espetáculo Elégùn
Onde: Teatro Arraial (Rua da Aurora, 457, Boa Vista).
Quando: Sextas e sábados (até o dia 18 de julho), sempre às 19h.
Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia).
Informações: 3184-3057

Espetáculo retrata vida e obra de Dorival Caymmi. Foto: Paula Alencastro/ Divulgação

Espetáculo retrata vida e obra de Dorival Caymmi. Foto: Paula Alencastro/ Divulgação

DORIVAL OBÁ
O compositor baiano Dorival Caymmi cresceu dentro de um terreiro de candomblé, onde era preparado para ser o obá (um tipo de coordenador do terreiro). Abandonado pela mãe quando tinha 3 anos, foi no candomblé que ele praticou sua religiosidade, e se descobriu filho de Xangô.

O grupo Vias da Dança homenageia o baiano no espetáculo Dorival Obá, que tem coreografia do ator e bailarino Juan Guimarães. No elenco estão Thomas de Aquino Leal, Júlia Franca, Natália Brito, Rayssa Carvalho e Simone Carvalho.

O Vias da Dança, da diretora Heloísa Duque, utiliza depoimentos de Dorival em áudio, a partir de entrevistas, além de músicas e trechos de percussão do repertório do cantor como É doce morrer no mar, Samba da minha terra, O que é que a baiana tem e Canto de Nanã.
SERVIÇO
Espetáculo Dorival Obá
Onde: Espaço Experimental (Rua Tomazina, 199, 1º andar, Bairro do Recife).
Quando: 30 de maio, às 20h.
Ingresso: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia).
Informações: 3224-1482.

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Mental disorder

O silêncio e o caos. Foto: Renata Pires

O silêncio e o caos. Foto: Renata Pires

O performer Dielson Pessôa

O performer Dielson Pessôa

O silêncio e o caos

Dielson provoca interação com o espectador

Palco Giratório

O olho, o gesticular dos dedos e da cabeça, o movimento desordenado que se irradia por todo o corpo. Dielson Pessôa é um louco, um desajustado passando por um surto psicótico, no solo O silêncio e o caos, que estreou ontem (28), no Teatro Marco Camarotti, dentro da programação do Palco Giratório.

O corpo parece não encontrar o equilíbrio e vai se quebrando diante dos espectadores ao som da potência da música de Renato da Mata (A trilha é, na realidade, de AD Ferreira. A ficha técnica divulgada no catálogo do Palco está errada!). O performer provoca a “normalidade” e nos coloca quase como espectadores de uma experiência científica, acompanhando os passos de um rato de laboratório que pode nos desconsertar pela capacidade de expor o que nos dá repulsa. Os dedos lambidos, o olhar que amedronta, a presença que se instaura independentemente das barreiras.

O espaço limitado pelas pessoas é quebrado pela “invasão” de Dielson. Algumas vezes, ele apenas passa ao lado se exibindo ao espetáculo da apreciação; mas é muito mais provocador quando chega perto, quando parece que vai encostar ou realmente toca o público. Sempre com um olhar perturbador, na iminência de uma ação que pode não nos deixar intactos. Que certamente não nos deixa.

Noutro momento do espetáculo, o próprio performer coloca os ganchos das cordas no figurino. Como se estivesse atando-as ao corpo. A camisa de forças reprime, a música clássica se mistura à eletrônica, a potência da loucura na arte se irradia. Mas essa loucura é vista como prisão; com um peso que o personagem não consegue carregar.

Quais são os limites entre a sobriedade e a loucura? A linha parece muito tênue; como se todos, em algum momento da vida, estivéssemos a um passo do transtorno mental. A loucura, aliás, é medida em relação a uma dita normalidade, definida por padrões sociais, humanos. Escrevendo para a Cult de outubro do ano passado, o psicanalista, psiquiatra e professor Mário Eduardo Costa Pereira fala sobre os manuais de diagnóstico psiquiátricos. “É interessante observar que apesar de se servirem decisivamente da noção de ‘mental disorder‘ (transtorno mental), definida de maneira pragmática, nenhuma edição do DSM (Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais, da Associação Psiquiátrica Norte-Americana) preocupou-se em delinear a ‘order‘ face à qual determinado comportamento ou estado mental constituiria uma ‘disorder‘.”

Em O silêncio e o caos, ainda são os estereótipos do que conhecemos como loucos, as características externas, o olhar, o gesto, a inquietude, que denunciam o que virá na cena – é fato que essa não se limita a tais parâmetros, se expande, toma força. Mas de que forma esses conceitos pré-estabelecidos (ou seriam mesmo características intrínsecas ao transtorno mental, das quais o espetáculo não poderia fugir?) são desestabilizados pela obra de arte?

Outra questão diz respeito à loucura como detonadora de potências, como o estopim da sensação de liberdade, mesmo que falsa, mesmo que esse conceito de liberdade possa ser bastante discutido. Quando o surto se instaura, não agimos mais de acordo com regras e convenções. Mesmo assim, não há o ensaio dessa liberdade no solo, mas sempre o aprisionamento, a angústia, a opressão sem escapatória.

Dielson Pessôa é um pernambucano de 29 anos que dançou por oito na Cia de Dança Deborah Colker e passou ainda pelo Balé da Cidade de São Paulo. Em 2007, ganhou o prêmio de melhor bailarino pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA). A presença efetiva de Dielson em cena é o que mais se sobressai no espetáculo: o seu domínio do discurso que se reflete no corpo, em conseguir que o outro entenda esse universo, mesmo que ele seja tão particular, tão impenetrável. Dielson expôs a sua própria bipolaridade, mas não fez do espaço cênico local de terapia. Transformou a experiência e o conhecimento em obra de arte – e, por isso mesmo, capaz de nos levantar tantos questionamentos, de nos fazer querer discutir sobre.

O encontro entre Dielson e Maria Paula Costa Rêgo, que assina a direção do espetáculo, é provocador. Não tem como deixar de lembrar que, ano passado, Maria também ganhou um APCA por seu solo Terra. Os dois são criadores capazes de friccionar as próprias certezas, de brincar com as possibilidades do corpo, da cena, da mensagem.

Além da música de Renato da Mata AD Ferreira, também se mostra fundamental para a dramaturgia que se estabelece a iluminação de Jathyles Miranda – como ele conseguiu compreender e traduzir em luz a movimentação de Dielson em cena. É de uma beleza que desconcerta, ao chegar com tanta definição somente ao local desejado, ao se espalhar como sangue ou se incorporar ao cenário de Dantas Suassuna. O figurino, que também se mostra um elemento dramatúrgico, tem a assinatura de Gustavo Silvestre.

Em O silêncio e o caos a intensidade é a da loucura. Da eletricidade que percorre não só o corpo, mas principalmente a mente. Que desestabiliza e nos tira as certezas. Loucura que é como a própria arte – provocadora, inquietante, instável. E mesmo quando as luzes acendem, as palmas ecoam e o espaço começa a ficar vazio, é difícil retomar o ritmo da “normalidade”. Não faz mal. Talvez ela nem exista mesmo – seja na arte ou na própria vida.

Performer se relaciona com alguns espectadores de forma direta

Performer se relaciona com alguns espectadores de forma pessoal

Música é de Renato da Mata e iluminação de Jathyles Miranda

Música é de Renato da Mata AD Ferreira e iluminação de Jathyles Miranda

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