Arquivo da tag: Marcelino Dias

Ainda restam vestígios de humanidade?

Roberto Brandão e Carlos Lira em cena de Vestigios. Foto: Américo Nunes

Ele tinha ensaiado com o elenco até às 3h da madrugada. Por isso quando cheguei à casa de Antonio Edson Cadengue, no fim da manhã de ontem, o diretor ainda estava com cara de sono. E pediu desculpas… cansado é sempre mais difícil fazer sínteses. Principalmente para perguntas que trazem muitas pessoas, referências, histórias à cabeça – como: “quando você conheceu Aimar Labaki?”. Foi ao Festival Recife do Teatro Nacional, na época em que chamou Labaki para compor uma espécie de curadores consultores, à São Pauo e a uma amiga muito querida que tinham em comum, aos tempos de orientando de Sábato Magaldi. É, realmente. Esse encenador carrega muitas histórias dentro de si. Porque querer a síntese? E é lindo ver a dedicação dele a mais um projeto – o entusiamo, o brilho do olhar. É nesse clima – e ele diz que os ensaios correram maravilhosamente bem – que Cadengue estreia hoje à noite o espetáculo Vestígios.

Apesar da amabilidade de todo o discurso e processo, não foi nada fácil. Até porque o texto faz com que nos deparemos com as atrocidades que o humano é capaz de cometer. Que eu e você somos capazes de cometer. Porque violência, afinal, não é só o que aconteceu na época da escravidão, da Ditadura Militar, do Estado Novo…a violência está dentro de nós mesmos. Lugar comum, eu sei.

No elenco da montagem, que tem texto de Aimar Labak, estão Carlos Lira, Marcelino Dias (que fazem dois investigadores-torturadores) e Roberto Brandão, um professor de história. Pela manhã, o professor acorda com a cabeça de uma mulher na cama; não lembra o que aconteceu; deixa aquela cabeça no IML, mas termina preso e precisa revelar mais do que supostamente sabe.

Cadengue e Carlos Lira, idealizador do projeto, já tinham trabalhado juntos em 1988, quando Cadengue o dirigiu em O burguês fidalgo, de Molière. Nunca mais se encontraram nos palcos depois disso. Já era o momento do reencontro e de aparar arestas mesmo. Já com Roberto Brandão, Cadengue trabalhou em A morte do artista popular. Roberto foi aluno de Cadengue no Sesc Piedade e é com lágrimas no olhos que o diretor nos conta uma linda experiência – em que Roberto finalmente perdeu quaisquer pudores que poderia ter no palco, numa encenação de um conto de Dalton Trevisan.

Na ficha técnica de Vestígios estão Rudimar Constâncio (assistente de direção), Doris Rollemberg (cenografia), Anibal Santiago (figurinos), Eli-Eri Moura (trilha sonora original), Luciana Raposo Saulo Uchôa(iluminação e operação) – desculpas, Saulo! Foi a ficha técnica que recebemos da assessoria de imprensa da peça! -, Paulo Henrique Ferreira (direção de movimentos e preparação corporal), Flávia Layme (prepação vocal), Claudio Lira (programação visual), Kleber Macedo, Rafael Firmino e Fábio Fonseca (assistência de cenotécnica), Marinho Falcão (operação de som), Elias Vilar (assistência de produção/contrarregragem).

Vestígios
Quando: sábados e domingos, às 20h, até o fim de setembro
Onde: Teatro Barreto Júnior (Rua Estudante Jeremias Bastos, s/n, Pina)
Quanto: R$ 10 e R$ 5 (meia-entrada)

Diretor Antonio Edson Cadengue trabalha com texto de Aimar Labak pela primeira vez

Postado com as tags: , , , , , , , , , , , , , , , , , , ,

Mestres da alegria

Eles são inacreditáveis. Encantam não só as crianças, mas os adultos – que ficam surpresos e se sentem prestigiados por um espetáculo inteligente, interessante, que traz referências diversas (sejam musicais, estéticas, textuais). Palhaços em ConSerto, montagem dos Doutores da Alegria Recife, está em cartaz no Teatro Marco Camarotti, no Sesc Santo Amaro, aos sábados e domingos, às 16h30. E é bom chegar cedo, porque é uma briga por ingresso!

O espetáculo é um musical. São médicos “besteirologistas” que se encontram para ensaiar um concerto; mas ali somente a musicista Rosemary Oliveira “leva o propósito à sério”. Os palhaços se revezam ao microfone e mostram os seus “dotes” musicais. Geralmente, eles são inversamente proporcionais à capacidade de nos fazerem rir. Através de um olhar, uma careta, uma piada, uma situação inusitada. E é um espetáculo em que todos têm a oportunidade de brilhar. É um elenco muito bom de atores/palhaços e uma seleção musical de fazer gosto – vai de Michael Jackson ao cancioneiro popular.

Se for para destacar alguém, só por força do hábito, não há como esquecer Arilson Lopes (dr. Ado); e Tâmara Lima, a palhaça Tan tan, que tem um apelo mágico com as crianças. Mas todos têm o seu charme (porque talento já é indiscutível nesta trupe!): Anderson Machado (dr.Cavaco), Eduardo Filho (dr. Dud Grud), Enne Marx (dra Mary En), Greyce Braga (dra Monalisa), Juliana Almeida (dra Baju), Luciano Pontes (dr. Lui), Marcelino Dias (Dr. Nicolino) e Fábio Caio (dr. Eu). A direção é de Fernando Escrich e a coordenação artística é de Enne Marx. A ficha técnica tem ainda Luciana Raposo (técnica de Luz), Carlos dos Prazeres (técnico de som), Enne Marx (também na coordenação de produção), Tâmara Lima (produção executiva) e Nice Vasconcelos (assistente de produção).

Além das apresentações no teatro, os Doutores estão visitando os hospitais com Palhaços em ConSerto. No dia 17, às 10h30, eles estarão no Hospital da Restauração e, no dia 24, no Imip, no mesmo horário.

Palhaços em ConSerto
Quando: sábados e domingos de agosto, às 16h30
Onde: Teatro Marco Camarotti (Sesc Santo Amaro)
Quando: R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada)
Informações: (81) 3216-1708

Postado com as tags: , , , , , , , , , , , , , , ,