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Magiluth: uma nova peça para falar de amor

Magiluth comemora 15 anos com a estreia de Apenas o fim do mundo. Foto: Estúdio Orra

Grupo pernambucano comemora 15 anos com a estreia de Apenas o fim do mundo. Foto: Estúdio Orra

Desde os últimos dias do mês de março, o 13º andar do Sesc Avenida Paulista, inaugurado em abril do ano passado em São Paulo, é ocupado pelos atores do Magiluth. Através das paredes envidraçadas, a cidade se exibe, apressada e urgente, como sempre, a partir de uma das paisagens mais icônicas da capital. Do lado de dentro, apesar da aparente proteção em meio ao caos, também há urgências e a rotina está exaustiva. Prazerosa, desafiadora, mas exaustiva. Além de apresentar os espetáculos Aquilo que o meu olhar guardou para você e Dinamarca em semanas consecutivas e sessões sempre cheias, o grupo recebeu oficineiros que se inscreveram, interessados em acompanhar o processo de montagem do novo espetáculo, Apenas o fim do mundo, que estreia nesta quinta-feira (11), na mesma sala em que foi criado.  

A ação se passa em um domingo, ou ainda, ao longo de quase um ano inteiro, somos avisados logo no início do texto do francês Jean Luc-Lagarce. Talvez tenha sido mais ou menos assim a gestação de Apenas o fim do mundo. Em julho do ano passado, já tendo se aproximado da dramaturgia, o grupo fez uma residência artística no mesmo Sesc Paulista, aberta a interessados, com Giovana Soar, que traduziu o texto para uma montagem da Companhia Brasileira de Teatro em 2005, e Luiz Fernando Marques, Lubi, do grupo XIX. Em outubro, numa parceria com o Feteag, uma nova residência artística, desta vez no Centro Cultural Benfica, no Recife. Nos dois momentos, o processo contou com a apresentação de ensaios abertos ao público. Os atores passaram ainda duas semanas no sítio Valado, em Chã Grande, a 80 km da capital pernambucana, ao redor de uma mesa, dedicados ao texto.

Apesar de muito coerente com a trajetória do grupo, a escolha de montar essa dramaturgia é uma tarefa de grandes proporções para o Magiluth. “Como atores, eles nunca tinham encarado um texto com essa complexidade, tanto em tamanho quanto em profundidade e formalismo”, explica Giovana, que assume a direção ao lado de Lubi. A atriz, diretora e tradutora conheceu o grupo no Rumos Teatro, em 2011. Antes da estreia de Viúva, porém honesta, assistiu aos ensaios, mas trabalhou mais diretamente com os atores durante o processo de Dinamarca. Já com Lubi, a parceria vem desde a direção de Aquilo que o meu olhar guardou para você (2012).

Acostumados a trabalhar com dramaturgias próprias ou mesmo com adaptações, mas em processos mais livres, que permitiam, por exemplo, o improviso, os atores agora encaram palavras que precisam ser ditas com cuidado, para que não corram o risco de se perderem ou de não alcançarem a devida dimensão. “Eles estão acostumados a uma dramaturgia muito mais coloquial, a falar a palavra que querem, a colocar um caco, fazer piada com o cotidiano, e isso está proibido! Eu tenho sempre um chicote na mão!”, brinca Giovana.

Dramaturgia é do francês Jean Luc-Lagarce

Dramaturgia é do francês Jean Luc-Lagarce

Apenas o fim do mundo é um texto vertical, que esmiúça sentimentos a partir de uma relação familiar. Luiz decide reencontrar a mãe, o irmão e a irmã ao se deparar com a iminência da morte. Basicamente, é uma peça sobre o amor. Uma observação interessante é que Pedro Wagner e Mário Sérgio Cabral, irmãos na vida real, serão irmãos também na ficção. Pedro faz Luiz; Mário é Antônio; Erivaldo Oliveira é a mãe; Suzana, a irmã, é feita por Giordano; e a cunhada, Catarina, ficou com Bruno Parmera. Lucas Torres não está com nenhum personagem, mas é fundamental para o espetáculo, avisa Giovana. “Eles têm uma coisa louca de fazerem tudo! Não tem técnico de luz, de som, eles montam tudo, operam tudo! Por isso Lucas é uma peça primordial”.

Diante da iminência da morte, Luiz (Pedro Wagner) reencontra a família

Diante da iminência da morte, Luiz (Pedro Wagner) reencontra a família

Mesmo com o rigor no trabalho com a palavra, o jogo que é a base da performatividade do grupo se revela na construção das cenas. O espetáculo foi erguido a partir da ideia de site specific, da apropriação do espaço, explica o ator Giordano Castro. “Essa estreia será de muitas descobertas. Nunca vamos ter um espetáculo fechado: ele vai acontecer aqui em São Paulo, mas não necessariamente vai acontecer do mesmo jeito no Recife. Estamos usando o espaço, com o que ele nos proporciona. Em cada lugar que a gente chegar, vamos ter que repensar o trabalho novamente. Isso é muito doido!”, comenta.

A expectativa é que o Recife só veja a peça no segundo semestre. “Estamos terminando uma pesquisa sobre o bairro de São José, vamos fazer a criação de parte do roteiro de uma série em parceria com Hilton Lacerda, e ainda queremos fazer um novo espetáculo de rua. No meio disso tudo, tem a comemoração dos 15 anos do grupo. Pretendemos apresentar algumas peças do repertório e o trabalho novo”, adianta.

A temporada em São Paulo vai até 5 de maio. Antes disso, entre os dias 17 e 20 de abril, os atores ministram uma oficina intitulada “Jogo Total”. As inscrições já estão encerradas. No dia 17, às 20h30, haverá um bate-papo com Ivana Moura, uma das editoras do Satisfeita, Yolanda?, e o diretor do grupo Clowns de Shakespeare, de Natal, Fernando Yamamoto, sobre “Os últimos 15 anos de teatro no Nordeste”. A entrada é gratuita.

Ficha técnica

Direção: Giovana Soar e Luiz Fernando Marques
Assistência de direção: Lucas Torres
Dramaturgia: Jean Juc-Lagarce
Atores: Bruno Parmera, Erivaldo Oliveira, Giordano Castro, Mário Sérgio Cabral e Pedro Wagner
Desenho de luz: grupo Magiluth
Direção de arte: Guilherme Luigi
Fotografia: Estúdio Orra
Design Gráfico: Guilherme Luigi
Realização: Grupo Magiluth

Serviço:
Apenas o fim do mundo
Quando: de 11 de abril a 5 de maio, de quinta a sábado, às 21h, e aos domingos, às 18h
Onde: Sesc Avenida Paulista
Quanto: R$ 30 e R$ 15 (meia-entrada)
Duração: 1h40 min

 

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Magiluth no reino feliz da Dinamarca

Magiluth estreia Dinamarca, 9º espetáculo do grupo. Foto: Bruna Valença

Magiluth estreia Dinamarca, 9º espetáculo do grupo. Foto: Bruna Valença

Não é de hoje que o Magiluth pensava em enveredar por uma dramaturgia clássica. Lembro que, quando o grupo estava prestes a comemorar dez anos, o ator e dramaturgo Giordano Castro falava com entusiasmo em Otelo. A vida foi levando para outros caminhos, mas no processo de criação do espetáculo anterior, O ano em que sonhamos perigosamente (2015), eles chegaram a cogitar utilizar trechos de Shakespeare em meio ao caos fragmentado que se tornou a encenação; na ocasião, Tchékov se impôs, cabia perfeitamente, e ocupou quaisquer possíveis espaços. Ao decidirem continuar investigando o tempo presente, nas palavras do ator e diretor Pedro Wagner, “um terreno fértil para golpes, para uma direita extremamente conservadora que está tomando conta de todo os lugares do mundo”, chegaram a Hamlet.

Dinamarca, no entanto, que estreia nesta quarta-feira (2), no Teatro Marco Camarotti, no Sesc Santo Amaro, no Recife, não se trata de uma adaptação ou versão do bardo inglês. Shakespeare foi ponto de partida, mas pelas palavras dos integrantes do grupo, talvez funcione mais como esteio ou trampolim. Trechos, frases e sentidos de Shakespeare estão lá, mas não a linearidade, ou mesmo todos os personagens. “Dinamarca só existe porque existiu O ano. Entendemos que a maneira como a gente estava dialogando com o texto vinha da atmosfera e das coisas que tínhamos discutido enquanto dramaturgia ou exercício de cena para a criação do Ano“, explica Pedro Wagner, que assume a direção e, desta vez, não integra o elenco. “Não foi uma escolha inicial de ter um olhar de fora para dirigir. O que aconteceu foi que passei muito tempo durante os ensaios fazendo outros trabalhos, no audiovisual, no teatro com Felipe Hirsch e, quando voltei, o jogo entre os meninos já estava muito estabelecido. Era difícil conseguir me inserir. Foi incompetência minha mesmo”, brinca. Estão no elenco Giordano Castro, que também assina a dramaturgia, Erivaldo Oliveira, Lucas Torres, Mário Sérgio Cabral e o estreante Bruno Parmera (que já estava em cena substituindo Pedro Wagner em apresentações de Luiz Lua Gonzaga, mas ainda não tinha participado efetivamente de um processo de criação com o grupo).

O personagem disparador para as discussões que o grupo pretende levar à cena foi Claudius, tio de Hamlet, que casa com a cunhada um mês depois da morte do rei, pai de Hamlet. “Ele fala pro Hamlet que está tudo bem, que ele é como um filho, que Hamlet não pode ficar chorando pra sempre. Isso nos interessava, esse estado de saber que não está tudo bem, mas olhar no olho e fazer o outro acreditar nisso”, diz Wagner. No espetáculo, um grupo de pessoas participa de uma festa de casamento. Dizem beber, mesmo que não haja nenhuma bebida. Evitam conflitos. Querem viver momentos agradáveis. “No Ano, aquele grupo estava no epicentro de um furacão. Agora, estamos na periferia, e pensamos que esse furacão não nos afeta. Vivemos em bolhas. Você só vê o que quer ver, só lê o que quer, e aí desperdiçamos a possibilidade de diálogo, de crescimento, de perceber que existem pontos revelantes do outro lado. Essas bolhas não são privilégio da esquerda ou da direita”, defende Giordano Castro.

Há também uma tentativa de problematizar nossa identidade em relação ao que nos parece um modelo a ser seguido. “Elsinore não cabe na Dinamarca contemporânea, o povo mais feliz do mundo, que está em todas as listas de melhor distribuição de renda, qualidade de vida. O que seria tentar ser esse dinamarquês aqui? Vestir essa camisa que não me cabe, mas que eu tento vestir mesmo assim?”, questiona o diretor. O que pode significar, por exemplo, Erivaldo Oliveira dizer que é dinamarquês, tem olhos azuis e cabelos ruivos? Mesmo sendo óbvio que não? A felicidade a todo custo, que se instaura teoricamente pela ausência de conflitos, é uma das questões em Dinamarca.

Ainda que seja uma decorrência do O ano em que sonhamos perigosamente ( e não há a decisão sobre uma possível trilogia) a relação que o grupo vai tentar construir com o espectador é outra. Digamos…mais palatável. Talvez pela dramaturgia menos entrecortada, menos cheia de referências, por uma construção mais fluida de pensamento. Ainda assim, avisa Giordano Castro, “pedimos que as pessoas cheguem mais perto, mas não tão perto assim”, ri. De qualquer forma, as influências, seja do pop, do brega, de fácil identificação e adesão, presentes em muitos trabalhos do Magiluth, em certa medida estão de volta. Pode aguardar David Guetta ou Leonardo Sullivan, por exemplo. “Quando o amanhã chegar, vou te esperar sorrindo”, assumem em algum momento. Será mesmo?

Espetáculo é uma consequência da montagem anterior, O ano em que sonhamos perigosamente

Espetáculo é consequência da montagem anterior, O ano em que sonhamos perigosamente

Um dos destaques no trabalho deve ser a trilha sonora executada ao vivo pelo duo Pachka, formado pelos músicos Miguel Mendes e Tomás Brandão (os mesmos que trabalharam com a Remo Produções em Rei Lear). Eles fazem música não só com instrumentos, mas com dispositivos eletrônicos, e participaram de todo o processo de criação do espetáculo ao lado do Magiluth. O grupo também contou com a colaboração de Giovana Soar e Nadja Naira, da Companhia Brasileira de Teatro, como provocadoras, e voltaram a trabalhar na direção de arte com Guilherme Luigi.

Depois das poucas apresentações no Teatro Marco Camarotti (dias 2, 3, 5 e 6, às 20h), o Magiluth segue para o Barreto Júnior, no Pina. Provavelmente, no mês de setembro, o grupo faz uma temporada em São Paulo.

Ficha técnica
Direção: Pedro Wagner
Dramaturgia: Giordano Castro
Elenco: Bruno Parmera, Erivaldo Oliveira, Giordano Castro, Mário Sergio Cabral e Lucas Torres
Desenho de Som: Miguel Mendes e Tomás Brandão (PACHKA)
Desenho de Luz: Grupo Magiluth
Direção de Arte: Guilherme Luigi
Fotografia: Bruna Valença
Design Gráfico: Guilherme Luigi
Técnico: Lucas Torres
Realização: Grupo Magiluth

Serviço:
Dinamarca
Quando: Quarta (2), quinta (3), sábado (5) e domingo (6), às 20h
Onde: Teatro Marco Camarotti, Sesc Santo Amaro
Quanto: R$ 30 e R$ 15 (meia-entrada)
Duração: 1h20min
Classificação : 16 anos

 

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Aquilo que o meu olhar guardou para você, do grupo Magiluth

Aquilo que o meu olhar guardou para você

Aquilo que o meu olhar guardou para você

Aquilo que o meu olhar guardou para você

Aquilo que o meu olhar guardou para você

Aquilo que o meu olhar guardou para você

Aquilo que o meu olhar guardou para você

Aquilo que o meu olhar guardou para você

Aquilo que o meu olhar guardou para você

Aquilo que o meu olhar guardou para você

Aquilo que o meu olhar guardou para você

Aquilo que o meu olhar guardou para você

Aquilo que o meu olhar guardou para você

Fotos do espetáculo Aquilo que o meu olhar guardou para você, do grupo Magiluth, feitas no dia 11 de maio, durante sessão no Teatro de Contêiner Munguzá, em São Paulo, por Blenda Souto Maior.

*Blenda Souto Maior é pernambucana, atualmente moradora de São Paulo. Fotógrafa freelancer, também se dedica à arte-educação. No Recife, atuou como fotojornalista, integrando a equipe do jornal Diario de Pernambuco.

Ficha técnica do espetáculo:

Aquilo que o meu olhar guardou para você
Direção: Luiz Fernando Marques e grupo Magiluth
Dramaturgia: Giordano Castro
Atores: Erivaldo Oliveira, Giordano Castro, Lucas Torres, Mário Sérgio Cabral e Pedro Wagner Direção de Arte: Thaysa Zooby e Guilherme Luigi
Iluminação: Pedro Vilela
Projeto Gráfico: Guilherme Luigi
Produção e Realização: Grupo Magiluth

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Um festival inteiro pagando quanto puder

Magiluth promove festival de artes. Foto: Renata Pires

Magiluth promove festival de artes. Foto: Renata Pires

Quantas vezes você ouviu alguém dizer que não vai ao teatro porque é muito caro? A desculpa – que pode ser desconstruída rapidamente – perde completamente o sentido no IV Festival Pague Quanto Puder de Artes Integradas, promovido pelo grupo Magiluth deste sábado (6) ao dia 18 de agosto. Na realidade, a questão mais importante aqui é a ideia de delegar ao público a tarefa de decidir quanto deve (ou pode) pagar para assistir a um espetáculo. E, aliada a isso, a proposição de um festival que inclua as várias linguagens, música, dança, teatro, performance, artes visuais, cinema.

Em 2013, o Magiluth realizou o primeiro projeto Pague quanto puder, uma mostra de repertório no Teatro Marco Camarotti, que tinha o apoio do Funcultura. Desde então, algumas constatações ficaram mais claras ao grupo: “Percebemos que, financeiramente, o retorno era muito parecido ao de uma temporada normal, com os preços que cobramos habitualmente. E, ao mesmo tempo, os teatros estavam sempre lotados”, comenta o ator Giordano Castro. Um dos resultados dessa prática parece ser exatamente a atração de público. “Quem ia ver algum espetáculo, acabava voltando ao teatro e trazendo mais gente”, complementa Castro.

Além da mostra de repertório, durante as mostras Pague Quanto Puder, realizadas consecutivamente, o grupo sempre teve convidados, como o Coletivo Lugar Comum, a bailarina e performer Flávia Pinheiro, e o elenco de uma oficina que o próprio Magiluth ofereceu (que acabou montando o espetáculo War Nam Nihadan ou Qual o nome do suco?); mas não havia o conceito de festival. Para Giordano Castro, esse movimento tem muita relação com a instalação da sede do grupo no Edifício Texas, no Pátio de Santa Cruz, na Boa Vista, desde o ano passado. “Começamos a dialogar mais com outras influências. Sempre fomos consumidores, mas nunca tivemos um diálogo tão direto, por exemplo, com muita gente de banda”.

Sem patrocínio (o projeto está concorrendo ao edital do Funcultura) e sem uma proposta curatorial delineada de fato, o Festival Pague Quanto Puder de Artes Integradas foi sendo montado a partir das relações que se estabeleceram no entorno do Texas (alguns shows, por exemplo, já estariam na programação do bar) ou nas andanças do grupo pelo país. É o caso, por exemplo, de Carolina Bianchi, de São Paulo, que o Magiluth conheceu no Cena Brasil Internacional, no Rio de Janeiro. A artista de São Paulo participa com a oficina “Manifesto de um corpo delirante”. Outro convidado é Marcelo Castro, um dos integrantes do Espanca!, de Belo Horizonte, que também dá uma oficina e apresenta uma performance. Detalhe: todos os convidados de fora estão arcando com as passagens.

A abertura do Pague Quanto Puder será com duas apresentações de O ano em que sonhamos perigosamente, espetáculo mais recente do Magiluth, no Teatro Barreto Júnior. Todo o restante da programação acontece no Edifício Texas e no Largo de Santa Cruz.

Mesmo as oficinas são no esquema “pague quanto puder”. Para se inscrever, é preciso mandar carta de intenção e currículo para o e-mail oficinasmagiluth@gmail.com .

As apresentações de O ano em que sonhamos perigosamente já fazem parte da circulação nacional contemplada pelo prêmio Myriam Muniz de Teatro – Funarte. Além do Recife, o espetáculo também poderá ser visto em Porto Alegre, Belo Horizonte, Florianópolis e Salvador.

IV FESTIVAL PAGUE QUANTO PUDER DE ARTES INTEGRADAS

Sábado (6) e domingo (7):

O ano em que sonhamos perigosamente / Grupo Magiluth (PE)
Teatro Barreto Júnior | 20h

Domingo (7):

Dia de Brincar, com Gabriela Vasconcellos (PE)
Edf. Texas – Rua | 14h-17h

Contação de histórias, com a Cia Agora Eu Era (PE)
Edf. Texas – Rua | 16h

Segunda (8):

Oficina de Dramaturgia Nem tudo o que falei foi pensado, com Giordano Castro (PE)
Edf. Texas, 1º andar | 14h-17h

Terça-feira (9):

Oficina de Dramaturgia Nem tudo o que falei foi pensado, com Giordano Castro (PE)
Edf. Texas, 1º andar | 14h-17h

Oficina Manifesto de um corpo delirante, com Carolina Bianchi (SP)
Edf. Texas, 3º andar | 14h-17h

Performance Grupo Magiluth e Ex-Exus – Grupo Magiluth e EX-Exús (PE) –
Edf. Texas, 3º andar | 20h

Pernalonga. A banda de um homem só – Show
Edf. Texas (Bar) | 22h

Quarta-feira (10)

Oficina de Dramaturgia Nem tudo o que falei foi pensado, com Giordano Castro (PE)
Edf. Texas, 1º andar | 14h-17h

Oficina Manifesto de um corpo delirante, com Carolina Bianchi (SP)
Edf. Texas, 3º andar | 14h-17h

Espetáculo Elégun – Um corpo em trânsito
Com Jorge Kildery (PE)
Edf. Texas, 3º andar | 20h

Show com Publius
Edf. Texas (Bar) | 22h

Quinta-feira (11):

Oficina de Dramaturgia Nem tudo o que falei foi pensado, com Giordano Castro (PE)
Edf. Texas, 1º andar | 14h-17h

Oficina Manifesto de um corpo delirante, com Carolina Bianchi (SP)
Edf. Texas, 3º andar | 14h-17h

Espetáculo 1 TORTO
Grupo Magiluth – Solo de Giordano Castro
Edf. Texas, 3º andar | 20h

Festa Vodalevu
Edf. Texas (Bar) e Mundo Novo | 22h

Sexta-feira (12):

Espetáculo Alegria de Náufragos
Ser Tão Teatro (PB)
Edf. Texas, 3º andar | 20h

Alegria de Náufragos, do grupo Ser Tão Teatro. Foto: Divulgação

Alegria de Náufragos, do grupo Ser Tão Teatro. Foto: Rafael Passos

Festa Hellcife Sound System
Edf. Texas (Bar) | 22h

Sábado (13):

Abertura de exposição
Com Java Araújo, Priscila Lins, Raoni Assis, Nathália Queiroz, Hugo Castro.
Edf. Texas, 1º Andar | A partir das 18h e continuando ao longo da semana.

Espetáculo Alegria de Náufragos
Ser Tão Teatro (PB)
Edf. Texas, 3º andar | 20h

Tatuagem com Hugo Castro
Edf. Texas, 1º Andar | 18h

Semenre de vulcão – Show
Texas Café Bar | 19h

Forró na Caixa – Show
Texas Café Bar | 22h

Segunda-feira (15):

Oficina Suzuki, com Luciana Brandão (BH)
Edf. Texas, 3º andar | 9h – 12h

Terça-feira (16):

Oficina Suzuki, com Luciana Brandão (BH)
Edf. Texas, 3º andar | 9h – 12h

Espetáculo Leve cicatriz
Cia TEMO com Luciana Brandão (BH)
Edf. Texas, 3º Andar | 20h

Leve cicatriz, com Luciana Brandão. Foto: Divulgação

Leve cicatriz, com Luciana Brandão. Foto: Divulgação

Show com Juvenil Silva
Edf. Texas (Bar) | 22h

Quarta-feira (17):

Oficina Suzuki, com Luciana Brandão (BH)
Edf. Texas, 3º andar | 9h – 12h

Oficina Estranha Resistência, com Marcelo Castro (BH)
Edf. Texas, 3º Andar | 14h – 17h

Espetáculo Leve cicatriz
Cia TEMO com Luciana Brandão (BH)
Edf. Texas, 3º Andar | 20h

Aninha Martins – Show
Texas Café Bar | 22h

Quinta-feira (18):

Oficina Estranha Resistência, com Marcelo Castro (BH)
Edf. Texas, 3º Andar | 14h – 17h

Performance Ruído
De Marcelo Castro (BH)
Edf. Texas (Bar) | 17h

Cinema e Debate / Fincar: Narrativas experimentais
Curadoria de Maria Cardoso e Mariana Porto
Edf. Texas, 3º Andar | 19h

Festa de encerramento
Edf. Texas, Texas Café Bar | 22h

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E começou o Festival Recife do Teatro Nacional

Os gigantes da montanha, do grupo Galpão. Foto: Pollyanna Diniz

Os gigantes da montanha, do grupo Galpão. Foto: Pollyanna Diniz

O Festival Recife do Teatro Nacional começou neste último fim de semana com duas das suas principais atrações de fora: o Galpão, de Minas Gerais, e a Armazém Cia de Teatro, do Rio de Janeiro. A abertura foi com Os gigantes da montanha, do Galpão, na sexta-feira, para um bom público no Sítio da Trindade, depois de um discurso breve da secretária de Cultura Leda Alves. “Esta gestão tem uma política cultural traçada e que, aos pouquinhos, a gente está cumprindo, implantando, na medida do possível, uma cultura comprometida com a democracia, com possibilidades e oportunidades”, afirmou.

Foi um início de altos e baixos, tanto na qualidade da programação quanto com relação à lotação das casas. Se a Armazém teve um bom público no sábado no Teatro Barreto Júnior, sem nenhuma dificuldade para que as pessoas conseguissem ingresso, a montagem infantil pernambucana De Íris ao arco-íris, por exemplo, levou só 22 pessoas ao teatro no sábado. As Bufa, no Santa Isabel, teve pouca gente na plateia tanto no sábado quanto no domingo.

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Os gigantes da montanha – Grupo Galpão (MG)

Definitivamente, o texto de Luigi Pirandello não é fácil. Principalmente para uma montagem de rua, em que a dispersão se dá facilmente. Tanto em Garanhuns quanto aqui no Recife, no Sítio da Trindade, a proximidade com a plateia diminuiu a dificuldade de imersão na obra, mesmo que ela seja intrincada, tenha várias camadas: a realidade, o sonho, a loucura, a ficção, o mito, a peça dentro da peça. O Galpão não abriu concessões, não seguiu o caminho mais fácil, ao montar Os gigantes da montanha. Ao mesmo tempo, criou uma peça que encanta os sentidos – é plasticamente bela, com seus cenários e figurinos; e a trilha sonora tocada e cantada ao vivo é de músicas italianas.

Montagem tem texto de Pirandello

Montagem tem texto de Pirandello

A marca da água – Armazém Cia de Teatro (RJ)

A peça que comemora os 25 anos da Armazém Cia de Teatro nos surpreende pela plasticidade. O cenário tem um espelho de água, uma piscina em que os atores se molham, jogam água para cima e acabam construindo imagens que se somam às projeções e à iluminação de Maneco Quinderé. Apuro técnico e delicadeza visual que não necessariamente encontram paridade no texto. É a história de uma mulher, dos seus traumas e tragédias familiares, das suas relações, da memória, da loucura. Mas o texto não consegue de fato se aproximar do público, há um desnível nessa recepção. Patrícia Selonk assume o papel chave da montagem e a responsabilidade de segurar um elenco disperso, sem brilho, sem composições de destaque.

Armazém Cia de Teatro voltou ao Recife com A marca da água. Foto: Pollyanna Diniz

Armazém Cia de Teatro voltou ao Recife com A marca da água. Foto: Pollyanna Diniz

Luiz Lua Gonzaga – Magiluth (PE)

O Magiluth sempre foi um grupo de temáticas e escolhas muito “urbanas”. Então era mesmo um grande desafio falar sobre Luiz Gonzaga, mesmo que grande parte dos seus integrantes tenha vindo de lugares do interior, onde São João, forró e sanfona são elementos tão fortes. O Magiluth se aproxima de Gonzaga de maneira muito despretensiosa e conquista o público aos pouquinhos, com a inteligência na costura do enredo, que parte do mote de uma espera. Todos aguardam a chegada de um homem; enquanto isso, preparam a festa, desfiam memórias de lugares, de tradições, de cotidianos simples. O São João da infância de Giordano Castro serve para falar dos nossos próprios ou, porque não, a aversão à festa que tinha Pedro Wagner. Todos sentimos saudades e bebemos o morto. Celebramos a fartura e ficamos tristes na sequidão. Rimos e cantamos juntos as músicas tão clássicas que compõem o espetáculo. Mais uma vez, o que se sobressai no palco é o jogo entre os atores e a sensação de que eles nasceram para fazer aquilo. Que não estariam mais felizes em nenhum outro lugar, senão ali, fazendo o que acreditam. Ainda quero voltar a esse trabalho!

Peça Luiz Lua Gonzaga foi apresentada no Sítio da Trindade. Foto: Pollyanna Diniz

Peça Luiz Lua Gonzaga foi apresentada no Sítio da Trindade. Foto: Pollyanna Diniz

As Bufa – Casa de Madeira (RS)

Aline Marques e Simone De Dordi são as intérpretes de duas mendigas que ocupam um teatro abandonado. Um local de ratos, sujeira e decadência. Apesar do vigor das duas atrizes e da intensidade com quem se jogam nos papeis, é no texto que está o principal problema de As bufa. Nas escolhas dramatúrgicas que não vão além do óbvio, na costura de críticas tão claras e rasas que perdem o vigor. São caricaturas pelas caricaturas. A massificação, o consumismo, a falsa religiosidade, a globalização. Tudo isso de uma forma rasteira, sem raízes, sem aprofundamentos, sem sutilezas, nuances ou surpresas para o público.

As bufa fez humor raso e sem consistência. Foto: Pollyanna Diniz

As bufa fez humor raso e sem consistência. Foto: Pollyanna Diniz

Agenda desta noite:

Vestígios (Relicário / PE)
Onde: Teatro Apolo, às 19h

Hospital da gente (Grupo Clariô de Teatro / SP)
Onde: Espaço Fiandeiros, às 20h

As Três Irmãs (Traço Cia de Teatro / Companhia Zero/ SC)
Onde: Teatro Hermilo Borba Filho, às 21h

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