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Figurinhas premiadas I

Hoje vou fazer a mediação de uma conversa entre os dramaturgos João Denys Araújo Leite e Luis Augusto Reis. A proposta da produção do Laboratório de Autoria Ascenso Ferreira é tratar da repercussão dos prêmios na vida e na obra dos autores.
É muito complexo esse processo de consagração. E é fascinante obter as impressões que os artistas têm desse reconhecimento e o impacto em suas criações. Vamos falar um pouco sobre criação e repercussão.

Na sexta-feira, dia 2, é a vez do escritor e jornalista Marcelo Pereira mediar a conversa com Ronaldo Correia de Brito e Cícero Belmar.

SERVIÇO:
Figurinha Premiada I, com João Denys e Luis Reis. Mediação: Ivana Moura
Quando: Hoje, 1º de setembro
Onde: Laboratório de Autoria Ascenso Ferreira, no SESC Santa Rita (Rua Cais de Santa Rita, 156. Em frente ao Terminal de ônibus do Cais de Santa Rita).
Horário: 19h
Entrada Gratuita

MINI CURRíCULO DOS AUTORES

João Denys Araújo Leite é professor e pesquisador do Departamento de Teoria da Arte e Expressão Artística, da Universidade Federal de Pernambuco. Encenador, dramaturgo, cenógrafo, figurinista, aderecista, maquiador e iluminador, é mestre em Teoria da Literatura, pelo Programa de Pós-Graduação em Letras da UFPE. Sua dissertação Um teatro da morte: transfiguração poética do Bumba-meu-boi e desvelamento sociocultural na dramaturgia de Joaquim Cardozo foi agraciada com o Prêmio Jordão Emerenciano, de Ensaio, do Conselho Municipal de Cultura em 2002, sendo publicada no ano seguinte, com o mesmo título. Tem publicada, ainda, a Trilogia do Seridó, que consta das peças Deus danado (1993), Flores D’América (2005) e A pedra do navio (1979), em edições separadas. Suas encenações mais recentes são O funâmbulo, de Jean Genet (2005), O canto do teatro brasileiro, de sua autoria (2005), Encruzilhada Hamlet, de sua autoria (2009) e Os fuzis da senhora Carrar, de Bertolt Brecht (2010). Seu foco de pesquisa nos últimos dez anos tem sido a dramaturgia de Joaquim Cardozo, a dramaturgia de Hermilo Borba Filho, Processos de criação dramatúrgica e Composição de textos teatrais.

Luis Augusto Reis É jornalista e professor do Departamento de Teoria da Arte e Expressão Artística da UFPE, onde coordena o curso de Licenciatura em Teatro. Mestre em Comunicação Social e Doutor em Teoria da Literatura, ambos pela UFPE. Sua dissertação de mestrado trata do fenômeno de comunicação deflagrado pelo sucesso do grupo teatral Trupe do Barulho, no Recife dos anos 1990. Sua tese de doutoramento, intitulada Fora de cena, no palco da modernidade: um estudo do pensamento teatral de Hermilo Borba Filho, foi publicada pela Editora da UFPE em 2009. Autor do livro-reportagem Cinderela, a história de um sucesso teatral dos anos 90. Co-autor do livro Luiz Mendonça – teatro é festa para o povo, em parceria com o ator e diretor teatral Carlos Reis. Escreveu a peça A Filha do teatro, vencedora do Concurso de Dramaturgia da Funarte no ano de 2003. Escreveu ainda as peças Thy name e A morte do artista popular. Iintegrou o Conselho Editorial da Companhia Editora de Pernambuco (Cepe).

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A Morte do Artista Popular em Blumenau

O espetáculo A Morte do Artista Popular, encenação de Antonio Cadengue para o texto de Luís Augusto Reis, vai participar do 24º Festival Internacional de Teatro Universitário de Blumenau, marcado para o período de 8 a 16 de julho. A montagem não está em competição, vai se apresentar como convidada.

O elenco formado por Biagio Pecorelli, Camilla Rios, Diogo Testa, Dolores Efrem, Evilasio de Andrade, Felipe Cavalcanti, Ingrid de Souza, Julyana Caminha, Mauro Monezi, Roberto Brandão, Thaysa Zooby e Tiago Gondim, fará duas sessões da peça no 11. No dia seguinte, o encenador Cadengue participa do seminário “Encontros com o teatro”, em que falará sobre o processo criativo do espetáculo.

A montagem conta com cenografia de Doris Rollemberg, Figurinos e Maquiagem de Adriana Vaz; Trilha sonora original de Eli-Eri Moura; Iluminação de Naná Sodré e Agrinez Melo; Coreografias e preparação corporal de Paulo Henrique Ferreira; Preparação voca de Leila Freitas; Máscaras de Manuel Carlos de Araújo e Programação visual de Claudio Lira.

Uma das cenas que mais gosto de A Morte do Artista Popular é o merengue do Cadengue. É um momento repleto de energia e provocação. O vídeo pode ser conferido abaixo.

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Nova temporada de A Morte do Artista Popular

Foto: Hans Van Manteffeud

Há um fôlego de renovação de atores no espetáculo A Morte do Artista Popular, com direção de Antonio Cadengue. Os intérpretes Roberto Brandão, Biagio Pecorelli, Ingrid de Souza, Camilla Rios, Mauro Monezi, Diogo Testa, Thaysa Zooby, Evilasio de Andrade, Tiago Gondim, Julyana Caminha, Felipe Cavalcanti e Dolores Efrem encaram a dobradura da representação, num espetáculo que percorre alguns estilos teatrais.

O dramaturgo Luís Augusto Reis criou uma farsa sobre editais e concorrências de verbas públicas para acultura e os bastidores desses processos com uma olhar agudo. Pensou numa farsa. O encenador criou uma montagem mais solene, talvez para não cair num riso fácil de um assunto tão sério, que define os destinos de muitos projetos culturais.

E com essa trupe, o mês de fevereiro também é de teatro. A Morte do Artista Popular faz uma breve temporada de 5 a 27 de fevereiro aos sábados e domingos, às 19h, no Teatro Marco Camarotti – SESC Santo Amaro.

A intenção do diretor é viajar com a peça pelo estado de Pernambuco e por outros festivais do país. O tema, apesar de chato, é necessário e merece discussão. A peça talvez possibilite outro debate sobre as verbas públicas para a cultura e seus editais. Seria interessante que os conselheiros de cultura assistissem ao espetáculo nesta temporada, para refletir sobre toda a questão.

SERVIÇO
A MORTE DO ARTISTA POPULAR
Onde: Teatro Marco Camarotti – SESC Santo Amaro (Praça do Campo Santo, s/nº, Santo Amaro.
Fone: 3361-00917)
Quando: Sábados e domingos, de 5 a 27 de fevereiro, às 19 h
Duração: 80 minutos
Classificação: 16 anos
Ingresso: Cr$ 5,00 (Cinco reais)

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Montagem arrojada de tema chato

Foto: Ivana Moura

O espetáculo A morte do artista popular é intrigante por muitos aspectos. Transforma em cena um assunto inóspito e chato: os concursos de editais. Mostra a parte burocrática da função e os bastidores, enquanto espaço de luta em que pares se digladiam para convencer os demais e fazer valer sua opinião. A montagem leva um grupo de 12 atores a encarar a discussão, com a tarefa de torná-la interessante. A encenação leva a assinatura de Antonio Cadengue, que passou quase um ano acompanhando a trupe de formandos do Sesc.

A finalização, com o texto de Luís Augusto Reis, deixa entrever que o processo foi rico e que os alunos passaram por um período de crescimento artístico e pessoal. A produção da peça é bem cuidada e não fica devendo nada a uma produção profissional.

A cenografia de Doris Rollemberg é bonita e engenhosa; os figurinos de Adriana Vaz buscam juntar o moderninho e o sofisticado; e a iluminação de Naná Sodré e Agrinez Melo ilumina caminhos nas mudanças de cenas.

Quanto ao texto, me soou irregular. Apesar da coragem de investir no tema tão pouco fascinante ao público e da ousadia de transitar por esse terreno minado, o autor parece que fica na dúvida entre mergulhar exatamente nos problemas que a situação exige ou ficar olhando da janela, fazendo comentários pouco lisonjeiros, irônicos ou desdenhosos a quem utiliza desses mecanismos para conseguir levantar sua obra.

Parece que o dramaturgo ocupa um lugar de quem julga os juízes, mas ao mesmo tempo sabe bem do que está falando, pois já participou de muitas comissões para escolher esse ou aquele projeto. E não fica claro se o objetivo é satirizar alguns grupos locais beneficiados, fazer uma crítica séria aos processos ou se é mais um exercício de ironia fina, a partir de um lugar elitista de quem sabe das exclusões, das subalternidade, dos periféricos, mas ainda questiona se esses pobres mortais têm direito também ao financiamento da cultura.

Nessa alegoria de um concurso de dramaturgia, o tema é o teatro. Se o assunto das metamorfoses do ator e do metateatro lhe são caros, o teor político de que a peça se reveste parece muitas vezes tão chato e burocrático quanto o enredo escolhido. Quanto ao artista do título, não captei a quem se refere essa conceituação. Nas ambiguidades, fica difícil saber para que lado pesa mais a balança: se para o preconceito ou defesa desse artista do título.

A direção chega à sofisticação de utilizar várias técnicas interpretativas. Dramático, épico, e os ismos da vida desfilam com as mudanças de quadros. Às vezes, ganham força, noutros momentos, parecem apenas uma demonstração, um desfile de técnicas, e só. Predomina a tonalidade épica, com sua divisão de quadros e projeção dos respectivos títulos.

Foto: Ivana Moura

Algumas marcas estilísticas do diretor estão lá. Mas também muitas surpresas. É engraçada a cena Cadengue no merengue, em que os alunos celebram o mestre. A dança do tango argentino espelha outros momentos de criatividade da trajetória do encenador.

A atuação dos intérpretes, no conjunto, é boa. É bom guardar os nomes dos atores: Biagio Pecorelli, Camilla Rios, Diogo Testa, Dolores Efrem, Evilasio de Andrade, Felipe Cavalcanti, Ingrid de Souza, Julyana Caminha, Mauro Monezi, Roberto Brandão, Thaysa Zooby,Tiago Gondim.

De qualquer forma, é muito saudável que os envolvidos na cultura, nos projetos, na burocracia e detentores da noção de arte na contemporaneidade assistam ao espetáculo, para engrossar a discussão, ou refletir sobre ética e pólis.

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