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O foco é o mito no teatro contemporâneo

Usina Teatral inclui debates, performances e apresentação de peças, como Agda. Foto: Claudia Echenique

Estão abertas somente até às 19h desta segunda-feira (8) as inscrições para o evento intitulado Usina Teatral, que pretende discutir o teatro contemporâneo. Em sua primeira edição, o tema escolhido foi “Teatro e Mito: o imaginário e a cena contemporânea”. A programação começa nesta terça-feira (9) e vai até 12 de junho. A realização é do Sesc Santa Rita, em parceria com a Universidade Federal de Pernambuco, a Universidade Federal do Rio Grande do Norte e o Centro Apolo-Hermilo. As atividades vão acontecer tanto no Centro de Artes e Comunicação (CAC) da Ufpe quanto no Teatro Hermilo Borba Filho.

Entre os pesquisadores e artistas que participam do evento está Luciana Lyra, atriz, diretora e professora da Unesp; Verônica Fabrinni, atriz e mestre em Artes Cênicas; Danielle Pitta, professora da UFPE e criadora do primeiro Centro de Pesquisas sobre o Imaginário do Brasil; Luís Reis, Doutor em Teoria da Literatura e coordenador do curso de Teatro da UFPE; Robson Haderchpek, professor pós-doutor da UFRN e pesquisador da área de Artes Cênicas.

O evento inclui ainda oficina (com inscrições esgotadas) e a apresentação dos espetáculos Agda e Fogo de Monturo. Fogo de Monturo tem dramaturgia e direção de Luciana Lyra e conta a jornada de Fátima, que está prestes a ser coroada como rainha do Maracatu, mas decide partir para a capital e estudar Direito. Com a sua migração, a pequena Monturo sofre com o retorno da assombração da prostituta Gaba Machado, morta por choques elétricos. No vilarejo, a energia de Gaba toma o corpo e o pensamento dos moradores, trazendo à tona seus mais recônditos desejos. Enquanto isso, Fátima, na Capital, envolve-se com o movimento estudantil e uma professora de Direito que poetiza a revolução contra o poder ditatorial dos militares. A Direção Musical é de Alessandra Leão, com Colaboração Artística de Robson Haderchpek. A realização é do Arkhétypos Grupo de Teatro e Unaluna – Pesquisa e Criação em Arte. Já Agda é um espetáculo dos grupos Matula e a Boa Companhia, de São Paulo, que leva à cena a história de uma mulher que rompe de tabus.

PROGRAMAÇÃO

TERÇA-FEIRA – 09/06

14h – Teatro Milton Bacarelli (térreo do Centro de Artes e Comunicação da UFPE)
Debate Teatro e Mito: o Imaginário e a Cena Contemporânea, com a atriz e mestre em Artes Cênicas pela Unicamp, Verônica Fabrinni, e a professora da UFPE e criadora do primeiro Centro de Pesquisas sobre o Imaginário do Brasil, Danielle Pitta. Mediação da atriz, diretora e professora de Artes Cênicas da UNESP, Luciana Lyra.

Agda é uma co-produção de Matula e Boa Companhia, Sesc Campinas e Instituto Hilda Hilst. Foto: Anabela Leandro

Agda é uma co-produção de Matula e Boa Companhia, Sesc Campinas e Instituto Hilda Hilst. Foto: Anabela Leandro

20h – Teatro Hermilo Borba Filho
Espetáculo Agda, com os grupos Matula e a Boa Companhia, ambos de São Paulo.
* Adaptação do conto homônimo de Hilda Hilst. Narra a história de uma mulher que rompe tabus e provoca a ira da comunidade onde vive.
Ficha Técnica
Atuação: Alice Possani, Aldiane Dalla Costa, Melissa Lopes e Verônica Fabrini
Texto Original: Hilda Hilst
Direção e Adaptação: Moacir Ferraz
Iluminação: Alice Possani e Moacir Ferraz
Figurinos: Juliana Pfeifer e Sandra Pestana
Cenografia: Juliana Pfeifer
Orientação Tango: Natacha Muriel e Lucas Magalhães
Trilha sonora: Mauro Braga e Silas Oliveira
Fotografia: Anabela Leandro e Claudia Echenique
Identidade Visual: Léo Ferrari
Produção: Anna Kuhl, Cassiane Tomilhero
Realização: Grupo Matula Teatro e Boa Companhia
Duração: 60 minutos
Classificação Etária: 18 Anos

QUARTA-FEIRA – 10/06 

Das 14h às 17h –  Sala de dança do Centro de Artes e Comunicação (CAC) Oficina Corpo e Mito – destinada a atores, bailarinos e estudantes de artes cênicas, com os grupos Matula e a Boa Companhia               * A partir das imagens arquetípicas da tríplice deusa – Diana, Vênus e Hécate – presentes na obra de Hilda Hilst, os participantes da oficina trabalham improvisações dirigidas a partir de investigações de imagens literárias e do Método da Análise Ativa de Michael Checkov para a materialização no corpo e na voz.

16h – Auditório do Niate CFCH/CCSA da UFPE   Debate O imaginário mítico de Hermilo Borba Filho, com a atriz e secretária de Cultura do Recife, Leda Alves, e do doutor em Teoria da Literatura e Coordenador do Curso de Teatro da UFPE, Luís Reis. Mediação do escritor e jornalista Raimundo de Moraes.

19h30 – no Jardim externo do CAC da UFPE

Intervenção poética pelo universo da obra de Hilda Hilst, com os grupos Matula e a Boa Companhia, a partir de poemas, fragmentos de contos e novelas . Duração: 60 minutos. Classificação indicativa: 14 anos.

QUINTA-FEIRA – 11/06 

14h as 17h –  Sala de dança do Centro de Artes e Comunicação (CAC) – UFPE
OficinaCorpo e Mito

19h30 – Teatro Milton Bacarelli, CAC
Aula-espetáculo Joana Apocalíptica, com a atriz, diretora e professora de Artes Cênicas da UNESP, Luciana Lyra.
* A performance poetiza a história da atriz que ritualiza por meio da máscara da guerreira mítica Joana d’Arc.

SEXTA-FEIRA-  12/06

Das 14h às 16h – Auditório Evaldo Coutinho, 2° andar do Centro de Artes e Comunicação (CAC) da UFPE
Debate Matizes da Cena Contemporânea – o Teatro e seus Reversos , com o professor pós-doutor da UFRN e pesquisador da área de Artes Cênicas, Robson Haderchpek, o doutor em Teoria da Literatura e Coordenador do Curso de Teatro da UFPE, Luís Reis, e a atriz Luciana Lyra. Mediação da atriz, mestra em Teatro e doutora em Comunicação, Anamaria Sobral.

Fogo de Monturo, espetáculo da Universidade do Rio Grande do Norte

Fogo de Monturo, espetáculo da Universidade do Rio Grande do Norte

20h – Teatro Hermilo Borba Filho
 Espetáculo Fogo de Monturo, do grupo Arkhétypos de Teatro, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
* A encenação traz como plano de fundo a assombração da prostituta Gaba Machado, morta por choques elétricos, cuja energia toma o corpo e os pensamentos dos moradores do vilarejo de Monturo, trazendo à tona seus desejos mais secretos.
Ficha Técnica
Dramaturgia – Encenação – Direção Geral: Luciana Lyra
Direção Musical: Alessandra Leão
Cenografia – Design De Luz: Ronaldo Costa
Indumentária: Paula Vanina
Trilha Sonora: Alessandra Leão, Rafa Barreto
Atores-Criadores: Aldemar Pereira, Alice Jácome, Clareana Graebner, Leila Bezerra, Marília Negra Flor, Paul Moraes, Tatiane Tenório
Colaboração Artística: Robson Haderchpek
Produção Geral: Paul Moraes E Leila Bezerra (Grupo Arkhétypos De Teatro)
Realização: Grupo Arkhétypos De Teatro; Unaluna – Pesquisa e criação em Arte
Classificação indicativa: 18 anos.

INSCRIÇÕES
Interessados em participar da Usina Teatral devem se inscrever presencialmente até às 19h do dia 8 de junho, na Central de Atendimento do SESC Santa Rita, munido de RG, CPF, Comprovante de Residência e Foto 3 x 4 para a confecção de carteira cadastral e beneficiária de serviços do SESC, item obrigatório para a inscrição na Usina Teatral. A carteira, com valor de R$ 6,00 para o público em geral e R$ 3,00 para comerciários, é emitida no ato da inscrição no evento.

Estudantes de Teatro da UFPE e do SESC-PE são isentos da taxa de inscrição, mas necessitam dirigir-se ao SESC Santa Rita para emitir a carteira e efetivar o cadastro. Aos demais participantes, a inscrição em todas as atividades propostas, nos quatro dias de evento, é mediante valor de R$ 80. Caso prefira, o usuário pode inscrever-se apenas nas atividades de interesse, com investimento de R$ 10 para cada palestra ou debate direcionado, R$ 60 para a oficina e R$ 12 para ingresso em cada espetáculo. Comerciários e estudantes de outros cursos e instituições interessados em participar da Usina Teatral tem meia-entrada nos valores apresentados, passando a pagar R$ 40, R$ 5, R$ 30 e R$ 6 respectivamente. A emissão do certificado de participação, com a carga horária do Usina Teatral, será feita durante o evento e entregue após a conclusão da última atividade do participante ao longo da semana.

Informações:
Sesc Santa Rita: (81) 3224.7577

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Os sentidos da maternidade

Cara da mãe explora o mundo dos afetos. Foto: Camila Sérgio /Divulgação

Cara da mãe explora o mundo dos afetos. Foto: Camila Sérgio /Divulgação

A maternidade é o tema central do espetáculo Cara da mãe, que faz duas sessões justamente neste fim de semana do Dia das Mães, às 17h, no Teatro Marco Camarotti, do Sesc Santo Amaro. É um apelo carinhoso. O Coletivo Cênico Tenda Vermelha convida o espectador a participar de uma experiência sensorial em um ambiente que lembra o útero, lugar de proteção, onde todos nós fomos alimentados e amados durante meses.

A encenação, que traça diálogo entre dança e teatro, estreou no Janeiro de Grandes Espetáculos deste ano. No palco estão as bailarinas Ana Luiza Bione, Íris Campos e Janaína Gomes, sob direção de Luciana Lyra. A montagem propõe reflexões pautadas pelos sentidos. A maternidade na contemporaneidade não descarta ancestralidade feminina.

O trio incorpora movimentos do início da vida: a posição fetal, o parto, as dores, os afetos. Mas amplia de este estado de graça – que é ser mãe – pela vida afora em gestuais da memória, sensibilidades, conflitos, inquietudes, mas sempre carregados de muita generosidade. A relação mães e filhos, a infância são convocados para o palco com delicadeza, num ritmo cênico de tempo ampliado.

SERVIÇO
Espetáculo de dança teatro Cara da mãe
Quando: amanhã e domingo, às 17h
Onde: Teatro Marco Camarotti, Sesc Santo Amaro.
Ingressos: R$ 20 e R$ 10 (meia).
Informações: 3216-1728

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Engolindo baratas: atriz questiona falta de pagamento da Prefeitura do Recife

Atriz apresentou leitura dramatizada em agosto e ainda não recebeu pagamento. Foto: Andréa Rêgo Barros/PCR

Atriz apresentou leitura dramatizada em agosto e ainda não recebeu pagamento. Foto: Andréa Rêgo Barros/PCR

Entra governo e sai governo e parece que as coisas mudam muito pouco. Aqui mesmo no Satisfeita, Yolanda? algumas (muitas) vezes já fizemos matérias cobrando pagamentos de cachês atrasados. Artistas que trabalharam e não tiveram suas atividades remuneradas; ou que levaram meses e passaram por muito constrangimento até conseguir o que era simplesmente um direito. Agora a história se repete. Mais uma vez. Luciana Lyra utilizou as redes sociais neste sábado (18) para protestar e fazer um apelo às autoridades. A atriz e diretora participou da abertura da programação da 12ª edição do Festival Recifense de Literatura A Letra e A Voz, realizado pela Prefeitura do Recife, através da Secretaria de Cultura e da Fundação de Cultura Cidade do Recife, com curadoria do jornalista Schneider Carpeggiani.

Sob direção de Newton Moreno, a atriz apresentou a leitura dramática A Paixão segundo GH que, inclusive, voltou aos palcos recentemente em São Paulo. A apresentação criada especialmente para o festival no Recife foi no mês de agosto do ano passado e, até agora, nem sinal de pagamento de cachê. “(…)Por meio da intensidade das palavras da escritora, engoli barata e ‘dei inocentemente a mão ao público, e porque eu a segurava é que tive coragem de me afundar’. Tive a competente direção de Newton Moreno respondendo ao convite delicado do curador Schneider Carpeggiani. Ainda para completar o cuidado todo dedicado à leitura dramática realizada em homenagem ao romance de Clarice, tive produção de Karla Martins, indumentária de Fabiana Pirro e música de Ricardo Braz”, escreveu Luciana Lyra.

“Infelizmente o mesmo cuidado que empregamos na lida com este lindo público e com o evento, não teve a Fundação de Cultura da Cidade do Recife, da Prefeitura do Recife, em fazer o pagamento desses artistas a espera há longos oito meses”, continuou. Segundo Luciana Lyra, há pelo menos seis meses uma nota fiscal foi entregue à Prefeitura, mas “não tivemos sequer retorno ou satisfação dos coordenadores do Festival acerca do pagamento por nossa atuação em terreno pernambucano”.

Schneider Carpeggiani durante entrevista coletiva que anunciou a programação do festival. Foto: Andréa Rêgo Barros/PCR

Schneider Carpeggiani durante entrevista coletiva que anunciou a programação do festival. Foto: Andréa Rêgo Barros/PCR

O jornalista Schneider Carpeggiani, que fez pela terceira vez a curadoria do festival, também usou as redes sociais para se manifestar. “Como curador passei um tempão tentando ajudar os convidados do festival, que não conseguiam informações de quando ou se iriam receber. Mas acabei ficando sem conseguir essas informações para repassar, tanto quanto os outros. (…) Compartilho aqui a indignação de Newton e de Luciana, porque como curador a minha principal moeda é justamente a confiança das pessoas que eu convido para o meu trabalho, confiança que tanto o conceito vai ser bom quanto que elas vão receber”, escreveu.

Em entrevista ao blog, Carpeggiani ressaltou a falta de capacitação da equipe que compõe a Fundação de Cultura. Segundo o seu relato, um dos autores que participou do festival recebeu um e-mail dois meses após o evento, informando que ele só receberia se enviasse fotos comprovando que participou da programação de fato. “É preciso haver uma capacitação das pessoas que fazem parte atualmente da Fundação de Cultura, para que elas entendam o que estão fazendo. Há uma percepção que eles contratam não pessoas especializadas, mas técnicos, pessoas de ação. Só que para a realização de um festival é preciso que esses técnicos tenham noção não apenas de ação, mas de com quem e em relação a que estão trabalhando”, pontuou o curador, afirmando que a parte operacional e de produção durante o festival é competente. “Eles precisam saber quem é um Newton Moreno ou o que é A paixão segundo GH de Clarice, porque isso facilita o processo”.

Para o curador, que disse ter conhecimento de que outros artistas também não receberam, “não é só honrar com os compromissos. Além disso, as pessoas não podem se sentir constrangidas quanto ao fato de procurarem informações em relação ao pagamento”, concluiu.

Enviamos um e-mail para a assessoria de imprensa da Prefeitura do Recife para tentar algum esclarecimento com relação ao não pagamento dos convidados do festival A Letra e A Voz.

Mas será mesmo que é só esse festival que está sofrendo com a falta de compromisso do poder público? Que outros eventos ainda aguardam pagamento? Se você é artista e também não recebeu, comente! Quem sabe não conseguimos ampliar esse clamor na luta por respeito e dignidade?

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Temporada de Obscena no Teatro Capiba

Solo com Fabiana Pirro. Fotos: Renta Pires

Solo com Fabiana Pirro. Fotos: Renta Pires

Libertária, enigmática, irreverente, densa, lírica, radical, sedutora, trágica, obscena, lúcida, amargurada, satírica, charmosa, estranha, subversora de conceitos. São tantas as facetas da escritora Hilda Hilst que os adjetivos se multiplicam. Sua obra causa assombros. E arrebatou atriz Fabiana Pirro, que mergulhou no universo poético de Hilda para construir Obscena, em temporada às sextas e sábados, às 20h30, no Teatro Capiba do SESC Casa Amarela, no Recife, até o final deste mês. O monólogo tem direção, dramaturgia e encenação de Luciana Lyra. A peça estreou no último Janeiro de Grandes Espetáculos.

Líria, uma mulher de 40 anos, que transborda de desejos, dialoga com presentes e as ausências. Esse desejo se expõe em convergência entre o sagrado e o profano. Como outros narradores-personagens de Hilst ela está mergulhada num fluxo de consciência fragmentado, num lugar em que surgem os homens fantasma de sua vida: Avô, Pai, Filho, Deus.

Como há ecos do encontro de Hilda com o pai, a esquizofrenia do poeta e ensaísta Apolônio de Almeida Prado Hilst de Apolônio; Pirro também enfrentar suas questões com o seu pai, traduzidas de forma poética na cena e no corpo da atriz.

E nessa experiência cênica, Fabiana Pirro também enfrenta suas assombrações existenciais. Pela primeira vez sozinha em cena para celebrar seus 15 anos de teatro.

O projeto, que não recebeu nenhum patrocínio público, é encampado pelos grupos artísticos Duas Companhias (PE), Unaluna (SP) e Coletivo Lugar Comum (PE). A direção de arte leva a assinatura da atriz Nara Menezes e a preparação corporal foi traçada pela bailarina/performer Silvia Góes. A direção musical, criação da trilha e paisagens sonoras são de Ricardo Brazileiro. Os figurinos são de Virgínia Falcão, design de luz de Luciana Raposo, filmografia de Ernesto Filho e Renata Pires.

Além das apresentações no Janeiro de Grandes Espetáculos de 2015, Obscena fez um ensaio aberto em outubro de 2014, no Teatro Capiba. Em julho a Duas Companhias, Unaluna e Coletivo Lugar Comum realizaram a Mostra Hilda Hilst: poesia e prosa, na Galeria Castro Alves, no Recife. A obra da autora foi investigada, discutida e corporificada em pequenas leituras dramáticas nas vozes da própria Fabiana Pirro, Luciana Lyra, Ceronha Pontes, Silvia Góes, Samarone Lima e Conrado Falbo.

Várias facetas do desejo são incorporadas pela intérprete

Várias facetas do desejo são incorporadas pela intérprete

SERVIÇO
Espetáculo Obscena
Com Fabiana Pirro
Quando: sextas e sábados, às 20h30, até o final de abril
Onde: Teatro Capiba do SESC Casa Amarela
Quanto: R$ 30,00 e R$ 15,00

FICHA TÉCNICA:

Idealização do projeto e atriz-criadora: Fabiana Pirro
Dramaturgia, encenação e direção: Luciana Lyra
Trilha sonora: Ricardo Brazileiro
Preparação corporal: Silvia Góes
Direção de arte: Nara Menezes
Design de luz: Luciana Raposo
Operação de luz: Leo Ferrario
Figurino: Virgínia Falcão
Colaboração artística: Conrado Falbo
Produção: Fabiana Pirro e Lorena Nanes
Filmografia: Ernesto Filho e Renata Pires
Design gráfico: Tito França
Fotos: Renata Pires
Realização: Duas Companhias, Unaluna e Coletivo Lugar Comum

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Encontro com Hilda Hilst

Fabiana Pirro estreou primeiro monólogo. Foto: Renata Pires

Fabiana Pirro estreou primeiro monólogo. Foto: Renata Pires

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A peça teatral contraria o seu próprio título e é pouco pornofônica, lasciva, desbocada, devassa, libidinosa, indecente, despudorada, escandalosa. Outro jeito de ser Hilda Hilst. A obra da criadora paulista é rica e ampla, escapa de rótulos. Seus textos estão além, porque ela é múltipla. É certo que a fase mais popular de escritura de Hilda é de conteúdo deliberadamente erótico e pornográfico. Mas a encenação cria deslocamentos e lembra que a palavra “Obscena” também remete para aquilo que está fora da cena.

O espetáculo agrega trechos dos escritos e de entrevistas de Hilst, rasgos de memória e dos estudos da atriz Fabiana Pirro e de Luciana Lyra (atriz, diretora e dramaturga pernambucana radicada em São Paulo, que assina a dramaturgia e encenação) para criar sua poética cênica.

Os questionamentos íntimos da intérprete vão buscar ressonância na elaboração criativa da escritora, que articula um eixo propagador de invenção no teatro – e através do teatro. É assim que a relação com os homens de sua vida, principalmente o pai, passa por ajustamento ficcional e friccional da composição de personagens de teatro, que estabelecem diálogos e buscam respostas.

Na cena, as complexas relações com Deus, com o pai, com a natureza, com os animais são apresentadas em camadas. A personagem Líria, uma mulher de mais de 40 anos, investiga desejos e lacunas; revezando com a figura da própria Fabiana, que dá espaço para a voz narrativa da atriz em solilóquio ou em diálogos com interlocutores fictícios.

A representação de uma árvore assume as forças divinas e da natureza, de extrema importância para o desenvolvimento da encenação, seja como cenografia ou elemento articulador do discurso.

No espetáculo, Fabiana Pirro vive Líria

No espetáculo, Fabiana Pirro vive Líria

Obscena é o primeiro solo de Fabiana Pirro e costura sentimentos. É um espetáculo de desenho bonito no palco, palavras fortes. A montagem apresenta uma intérprete que se jogou de cabeça nesse projeto. Que faz reluzir desejos, vindos da experiência. Que cresceu como atriz. A montagem deve amadurecer. Mas já nasceu bonita.

A expressividade da atriz ainda pede uma modulação mais definida do seu repertório vocal que, em muitos momentos, está impregnada das vozes de espetáculos anteriores. Não vejo acréscimo nos breves momentos de nudez e isso me fez lembrar um show de Gal Costa dirigido por Gerald Thomas, em que a cantora aparecia de peitos à mostra.

As sutilezas também podem ser intensificadas com uma possível temporada e o azeitamento do espetáculo. A poesia inundou a equipe de criação, mas a emoção, a intensidade, o que arde de misto de loucura e invenção, amor e desejo são comportas que não foram liberadas totalmente para atingir o público nas duas sessões.

Obscena foi apresentada no Teatro Marco Camarotti, como parte da programação do Janeiro de Grandes Espetáculos.

Montagem tem direção e dramaturgia de Luciana Lyra

Montagem tem direção e dramaturgia de Luciana Lyra

Ficha técnica:

Idealização do projeto e atriz-criadora – Fabiana Pirro
Dramaturgia, encenação e direção – Luciana Lyra
Trilha sonora – Ricardo Brazileiro
Preparação corporal – Silvia Góes
Direção de arte – Nara Menezes
Design de luz – Agrinez Melo
Operação de luz – Leo Ferrario
Figurino – Virgínia Falcão
Colaboração artística – Conrado Falbo
Produção – Fabiana Pirro e Lorena Nanes
Filmografia – Ernesto Filho e Renata Pires
Design gráfico – Tito França
Fotos – Renata Pires
Realização – Duas Companhias, Unaluna e Coletivo Lugar Comum

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