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A música ao redor

Jean-Jacques Lemêtre, do Théâtre du Soleil, ministrou oficina no Espaço Coletivo. Fotos: Tadeu Gondim

Jean-Jacques Lemêtre, do Théâtre du Soleil, ministrou oficina no Espaço Coletivo. Fotos: Tadeu Gondim

Este último fim de semana foi intenso e proveitoso para quem acompanhou a oficina do artista Jean-Jacques Lemêtre, do Théâtre du Soleil, promovida pelo Angu de Teatro e pela Atos Produções, com a parceria do Sesc-PE, no Espaço Coletivo, no Bairro do Recife. Não é a primeira vez que o Angu traz ao Recife um dos integrantes da trupe de Ariane Mnouchkine. Em 2011, houve aqui alguns dias de trabalho com o ator e diretor Maurice Durozier que, inclusive, veio novamente no último mês de abril para uma oficina que teve como tema o teatro japonês.

Como só acompanhamos por fotos e relatos nas redes sociais a oficina de Jean-Jacques, pedimos uma colaboração ao encenador Quiercles Santana (obrigada!), que nos escreveu contando um pouquinho sobre a experiência de participar do workshop:

“Quem disse que 20 horas, divididas em três dias, não podem mudar a forma como a gente se percebe no mundo e como enxerga o próprio ofício? Jean-Jacques Lemêtre, multi-instrumentista francês, compositor responsável desde 1978 pelas criações musicais do Théâtre du Soleil, esteve este último fim de semana no Recife para ministrar a oficina “O Corpo Musical”, graças a uma iniciativa do Coletivo Angu de Teatro.

Apesar da barreira da língua e da turma por demais esfuziante, Lemêtre, sempre com generosidade e bom humor, nos pôs frente a frente com nossos limites e resistências (tanto corporais quanto psíquicas). Embaralhando as coordenações motoras, os andamentos, fez o corpo soar no espaço criador.

Mais uma vez a dificuldade de compreendermos em nós mesmos a música que nos habita, a forma como usamos o tempo, como nos movemos no palco, como lidamos com o outro. Mais uma vez os obstáculos racionais que impedem que a música fale por si, que a ouçamos com todo o ser. Mais uma vez os limites auto-impostos e a sensação de que existem outros níveis de compreensão (não realistas, não psicológicos, poéticos, necessários e urgentes) de se estar na cena e de que há outras verdades, sim, e nem tudo é só razão.

Mas essa ética, essa po-ética do Soleil, em que a imaginação tem papel preponderante, continuará sendo ainda um mistério para nós, mesmo depois do encontro com Lemêtre. A diferença é que agora (felizmente) a gente sabe que pode ir mais longe, de que pode ser também multi-instrumentistas e fazer música.”

Oficina integrou projeto Mexendo o Angu

Oficina integrou projeto Mexendo o Angu

Alunos da oficina O corpo musical

Alunos da oficina O corpo musical

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O mago do Théâtre du Soleil no Recife

multiinstrumentista, compositor e luthier Jean-Jacques Lemêtre vem pela primeira vez ao Recife ministrar oficina. Fotos: Divulgação

Jean-Jacques Lemêtre vem pela primeira vez ao Recife ministrar curso. Fotos: Divulgação

Grande parte da beleza, da força e da emoção dos espetáculos do Théâtre du Soleil (FR) vem da atuação do artista Jean-Jacques Lemêtre. Ele é um verdadeiro mago do som, que assina e executa as composições ao vivo. Com suas trilhas, o multiinstrumentista, compositor e luthier desperta as sensibilidades do público, cria texturas e atmosferas das montagens assinadas por Ariane Mnouchkine.

Quem assistiu aos espetáculos da companhia francesa no Brasil – Les Éphémères e Les Naufragés du Fol Espoir (Os Náufragos da Louca Esperança) ou ja foi à Cartoucherie de Vincennes (sede do grupo, nos arredores de Paris) sabe do peso do trabalho de JJ nas encenações da trupe. Existe uma ligação perfeita entre cena e música, como revelação onírica da montagem. A teatralidade se afina com a música.

Eu que tive o prazer de conferir três vezes o deslumbrante Les Éphémères (duas no Brasil e uma na sede) e Les Naufragés me emociono só de lembrar. É pura arte digna deste nome. É desconcertante o trabalho desse homem.

Oportunidade de conhecer um pouco mais do processo criativo do grupo francês dirigido por Ariane Mnouchkine

Oportunidade de conhecer um pouco mais do processo criativo do grupo francês dirigido por Ariane Mnouchkine

Para sorte de quem estiver no Recife nos dias 16, 17 e 18 de agosto (semana que vem, para ser mais exata) Lemêtre vai ministrar a oficina O corpo musical . Serão horas preciosas para desenvolver a consciência corporal/musical. O gênio dos vários instrumentos vai versar sobre a “música interior”, a relação entre a música e o teatro a partir de princípios como o “corpo melódico”, o “corpo harmônico” e o “corpo rítmico”. Ele vai coordenar exercícios corporais e de voz, improvisações coletivas e individuais, além de explicar sobre o processo de criação de suas trilhas.

Para Lemêtre, a música é como se fosse um terceiro pulmão do ator. Por seu trabalho musical ele recebeu o Prêmio Molière francês na categoria Música para Teatro. Desde 1978, Lemêtre faz as trilhas do Théatre du Soleil, inventa instrumentos musicais e executa mais de 2.800 objetos sonoros. Em suas viagens pelo mundo ele coletou gravações em mais de de 1.800 línguas e dialetos e, a partir desse material, criou o poema sinfônico, Babel, que estreou no Canadá, em novembro de 2012.

Lemêtre também compõe trilhas para o cinema – um dos diretores com quem ele trabalhou foi David Lynch. “Toco bastante instrumentos, mas acho que nenhum pode representar todos os sentimentos humanos. Transmitir, para mim, é quase um dever. Quero ensinar e repassar meus conhecimentos a fim de que eles tenham uma continuidade em qualquer parte no mundo – no Brasil, na Argentina, no Afeganistão”, já comentou JJ em suas passagens pelo país.

Serviço
Oficina O corpo musical,com Jean-Jacques Lemêtre.
Quando: Dias 16, 17 e 18 de agosto de 2013
16 de agosto (Sexta), das 18h às 22h
17 de agosto (Sábado), das 10h às 18h
18 de agosto (Domingo), das 10h às 18h
Onde: Espaço Coletivo (Rua Tomazina, 199 – Bairro do Recife)
Informações: 81 9735-4241 / 81 8929-8114 ou infos.angu@gmail.com
Investimento: R$150,00 (Cento e cinquenta reais)
Realização: Sesc-PE, Atos Produções Artísticas e Coletivo Angu de Teatro/AFE! (Angu de Formação e Eventos)

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Colóquio sobre festivais de teatro

Um festival de teatro pode ser muito mais que um evento, pode se transformar em um instrumento poderoso de políticas públicas. Esse é o tema do Colóquio Internacional No Reino dos Festivais, que será realizado nos dias 24 e 25 deste mês em Salvador. As inscrições gratuitas encerram hoje (sábado).

O programa ocorre no âmbito do FIAC (Festival Internacional de Artes Cênicas da Bahia).

O time de palestrantes é para não ter dúvidas em pegar o avião. Estarão lá Bernard Faivre d’Arcier (Presidente da Bienal de Lyon e ex-diretor do Festival de Avignon – considerado o maior festival de teatro do mundo), Vitor Ortiz (secretário executivo do Minc), Jean-Jacques Lemêtre (compositor do Théâtre du Soleil desde 1979), Eliane Costa, Gerente de Patrocínios da Petrobras; Vitor Ortiz, Secretário Executivo do Ministério da Cultura; Luciano Alabarse criador e diretor do Festival Internacional de Teatro Porto Alegre Em Cena; Rejane Reinaldo, Diretora do Programa de Formação do Festival Nordestino de Teatro de Guaramiranga (CE); Paulo Miguez, Coordenador do Programa de Pós-Graduação Multidisciplinar em Cultura e Sociedade (IHAC-UFBA); Nehle Franke, Diretora da Fundação Cultural da Bahia; Carlos Paiva, Superintendente de Promoção Cultural da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia e Ricardo Libório, Coordenador Geral do Festival Internacional de Artes Cênicas da Bahia.

Ainda dá tempo de fazer inscrições pelo site http://www.noreinodosfestivais.blogspot.com.

A iniciativa parte da inquietação, e dos contatos, da pesquisadora e especialista no Teatro du Soleil, Deolinda Vilhena, agora também professora do Universidade Federal da Bahia, presidente da comissão organizadora do evento.

O I Colóquio Internacional No Reino dos Festivais é uma realização de três unidades da Universidade Federal da Bahia – Escola de Teatro, FACOM e IHAC, sob a coordenação da Profa. Dra. Deolinda Vilhena. Patrocínio: SECULT (Secretaria de Cultura do Estado da Bahia), pela CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e pelo Bureau de Salvador – SCAC Recife – Embaixada da França. Apoio: TAG Arts, Pousada dês Arts e Maddá.

PROGRAMA

24 DE OUTUBRO

9h – ABERTURA: Deolinda Vilhena (Presidente da Comissão Organizadora – Escola de Teatro UFBA), Felipe de Assis (Diretor do FIAC), Daniel Marques (Diretor da Escola de Teatro UFBA), Giovandro Marcus Ferreira (Diretor da FACOM-UFBA), Sérgio Farias (Diretor do IHAC-UFBA), Patrice Bonnal (Cônsul Geral da França para o Nordeste), Vitor Ortiz (Secretário Executivo do Ministério da Cultura), Albino Rubim (Secretário de Estado da Cultura – BA) e Dora Leal Rosa (Reitora da Universidade Federal da Bahia).

10h – CONFERÊNCIA DE ABERTURA – Panorama e importância dos festivais na Europa
Por Bernard Faivre d’Arcier – Diretor da BFA Consultoria, Consultor internacional, Presidente da Bienal de Lyon e Diretor do Festival de Avignon (1980-1984/1993-2003)

11h30 – DEBATE COM PÚBLICO MEDIAÇÃO DEOLINDA VILHENA

12h30 – ALMOÇO

15h – MESA REDONDA – Cultura, identidade e organização dos territórios, apostas políticas e culturais dos festivais, articulações das intervenções públicas.

Moderador: Luiz Cláudio Cajaíba (PPGAC-UFBA)

Patrick Olivier – Professor associado à Universidade de Paris-Dauphine, diretor do Mestrado Profissional em Administração das organizações culturais – O posicionamento e o papel do Ministério da Cultura e da Comunicação em relação as iniciativas locais públicas ou privadas

Vitor Ortiz – Secretário Executivo do Ministério da Cultura – A presença do MINC nos festivais de teatro no Brasil

Nehle Franke – Diretora da Fundação Cultural da Bahia – A importância dos festivais para o estado da Bahia

Maria Rejane Reinaldo – Diretora do Programa de Formação do Festival Nordestino de Teatro de Guaramiranga (CE) – Festival Nordestino de Teatro de Guaramiranga – FNT: o Nordeste é o mundo. O mundo é aqui. Ou, afetos e impactos na cidade das flores.

Paulo Miguez – Professor, Coordenador do Programa de Pós-Graduação Multidisciplinar em Cultura e Sociedade (IHAC-UFBA) – Carnaval baiano: configuração contemporânea e desafios para uma política cultural.

17h30 – DEBATE COM PÚBLICO

NOITE – PROGRAMAÇÃO FIAC

25 DE OUTUBRO

10h – CONFERÊNCIA: As políticas culturais na França por Patrick Olivier, Universidade de Paris-Dauphine e Inspetor do Ministério da Cultura e Comunicação da França no qual dirigiu o serviço de inspeção entre 2007 e 2011.

11h30 – DEBATE COM O PÚBLICO MEDIAÇÃO DE PAULO MIGUEZ

12h30 – ALMOÇO

15h – MESA-REDONDA: Festival: qual estratégia para qual objetivo?

Moderador: Sérgio Farias (IHAC-UFBA)

Bernard Faivre d’Arcier – Presidente da Bienal de Lyon – O Festival de Avignon

Luciano Alabarse – Diretor do Porto Alegre em Cena – Poa em Cena: fronteiras cruzadas

Ricardo Libório – Diretor do Festival Internacional de Artes Cênicas da Bahia – Festival independente no Brasil, aventura e desespero.

Jean-Jacques Lemêtre – Maestro e compositor, membro do Théâtre du Soleil – A importância dos festivais de teatro na história do Théâtre du Soleil

Carlos Paiva – Superintendente de Promoção Cultural da SECULT/BA – Programa de apoio a projetos calendarizados – um caminho para a potencialização dos festivais em cultura.

Eliane Costa – Gerente de patrocínio da Petrobras – A política de patrocínios e a ação da Petrobras junto aos festivais de artes cênicas no Brasil

17h – DEBATE COM PÚBLICO

NOITE – 20h – PROGRAMAÇÃO FIAC

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Temporada do Théâtre du Soleil em São Paulo

Começou hoje a temporada do Théâtre du Soleil no Brasil. São Paulo é a primeira cidade a receber o espetáculo Os náufragos da Louca Esperança, com 15 apresentações, de hoje a 23 de outubro, de quarta a domingo, às 19h, no SESC Belenzinho (Rua Padre Adelino, 1.000, Belenzinho, São Paulo; fone: (11) 2076-9700). Depois, a trupe francesa segue para o Rio de Janeiro e Porto Alegre.

A temporada do espetáculo é uma realização do SESC/SP em parceria com o Festival Porto Alegre em Cena, o Espaço Tom Jobim (RJ) e a Fundação Internacional Teatro a Mil (Santiago–Chile) e conta com o suporte do Consulado Geral da França em São Paulo, do Instituto Francês, da Prefeitura de Paris e da Région Ile de France.

A montagem Les naufragés du Fol Espoir (Aurores), com encenação de Ariane Mnouchkine é inspirada no romance póstumo Os náufragos do Jonathan, de Julio Verne. Ambientado em 1914, às vésperas da Primeira Guerra Mundial, uma trupe fascinada pelo advento do cinematógrafo se aperta no sótão de um cabaré para rodar um filme mudo. A dramaturgia é assinada por Hélène Cixous e a trilha sonora original é executada ao vivo pelo músico e compositor Jean-Jacques Lemêtre.

O filme dentro da peça retrata a história de emigrantes que, no final do século XIX, deixam o País de Gales rumo à Austrália, mas encalham na Terra do Fogo, onde tentam forjar uma comunidade socialista.

A companhia Théâtre du Soleil, fundada em 1964, ocupa as dependências de uma antiga fábrica nos arredores de Paris. O espaço funciona como teatro, centro de pesquisa e residência artística para profissionais de diversas partes do mundo.

A encenadora Ariane Mnouchkine, que tem o processo colaborativo como base, deu entrevista coletiva sobre o Théâtre du Soleil e seu trabalho. As Yolandas não estavam lá, mas reproduzimos aqui a coletiva.

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