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Festival de Curitiba online celebra Antunes Filho

Jê Oliveira, Grace Passô, Christian Malheiros, Elisa Ohtake e Matheus Nachtergaele estão em $odoma \G/omorra

A peça Sodoma & Gomorra estava planejada para ser exibida no Festival de Curitiba, em março ou abril, como {tubos de ensaio I & II}, para inaugurar os processos criativos do espetáculo inédito. A pandemia parou (quase) tudo. Subverteu conceitos da arte e o teatro foi atingido em sua essência de presença. Voilà que teatro é (sempre foi) arte de resistência e subversão e reinvenção e desafios infinitos. O Festival de Curitiba pulsa em sua versão digital e realiza a transmissão ao vivo de Antunes Filho: $odoma \G/omorra, “que transcende as molduras convencionais do teatro”, pelas redes sociais do Festival de Curitiba e do Sesc-SP (parceira do projeto) neste domingo, dia 20 de setembro, as 21h30, gratuitamente.

Concebida e dirigida por Luiz Päetow, a peça pretende que o espectador tenha uma “fruição inesperada das artérias cênicas pesquisadas pelo visionário diretor Antunes Filho (1929-2019)” a partir de sua peça inédita Sodoma & Gomorra.

O ator, diretor e dramaturgo Luiz Päetow é autor de uma série de solos que investigam a essência no corpo, na voz e na memória. Implantou o Círculo de Dramaturgia no CPT-Sesc, e com Antunes Filho, idealizou o projeto Prêt-à-Porter, em 1998.

O projeto secreto Antunes Filho: $odoma \G/omorra (de 1998) foi imaginado e alimentado por Antunes em parceria com Päetow, mas nunca chegou a ser ensaiado.

Um texto “inacabado” foi entregue por Antunes a Luiz, no último encontro que tiveram, com a dedicatória: “Päetow, só você consegue encenar esta peça. Eu te amo! Antunes Filho”.

A obra foi reinventada e ganhou mais potência ao “investigar o nosso tempo neste espanto apocalíptico: pandemia e confinamento, dignos de Sodoma & Gomorra”. A dramaturgia de Päetow perfura passagens bíblicas escritas por Moisés (Gênesis) e João de Patmos (Apocalipse) para encontrar sinais contemporâneos

Uma sessão especial do projeto Teatro Vivo em Casa, com a peça Maternagem e a oficina Compor a Cena, com Paulo Moraes da Cia Armazém também estão na programação do Festival online, que segue até dia 24.

O Festival de Curitiba é patrocinado pelo Ebanx, Vivo, Uninter, Renault do Brasil, Continental, Banco RCI Brasil, Junto Seguros, Copel – Pura Energia, Sanepar, Governo do Estado e GRASP.

Ficha Técnica
Artistas participantes : Matheus Nachtergaele, Grace Passô, Christian Malheiros, Jé Oliveira, Elisa Ohtake.
Direção de fotografia : Julia Zakia
Edição e mapeamento de vídeos : Ivan Soares
criação, roteiro, produção e direção geral : Luiz Päetow
Duração: 30 minutos.
Classificação:

Programação:
19/09, às 20h – Teatro Vivo em Casa – Sessão Especial: “Maternagem”
20/09, às 21h30 – Antunes Filho : $odoma \G/omorra { TRANSMISSÃO } de Luiz Päetow”
21/09 a 24/09 das 20h às 22 – Curso “Compor a Cena”, com Paulo Moraes da Cia Armazém
*Todas as ações feitas de forma online e serão gratuitas.

Canais digitais do Festival de Curitiba
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Informações: falecom@festivaldecuritiba.com.br
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Qualquer desatenção… Pode ser a gota d’água

Gota D’Água {PRETA} atualiza peça de Chico Buarque e Paulo Pontes para falar das complexidades do Brasil atual. Com Jussara Marçal no papel de Joana e Jé Oliveira (ao fundo), como Jasão. De graça, no Itaú Cultural. Foto: Evandro Macedo / Divulgação

Gota D’Água {PRETA} atualiza peça de Chico Buarque e Paulo Pontes para falar das complexidades do Brasil atual. Com Jussara Marçal no papel de Joana e Jé Oliveira (ao fundo), como Jasão.
De graça, no Itaú Cultural. Foto: Evandro Macedo / Divulgação

Jasão, personagem de Eurípides, trai a palavra dada a uma divindade de que seria leal a quem garantiu suas conquistas. Cansou de Medeia e encheu-se de ambição por mais poder. A tragédia grega termina em vingança da mulher abandonada e atingida por uma dor que não suporta. A peça Gota d’Água (1975), de Chico Buarque e Paulo Pontes foi baseada na Medeia de Eurípides e no Caso Especial para TV Medeia: uma tragédia brasileira, de Oduvaldo Vianna Filho. A protagonista não é mais a feiticeira que usa de poderes sobrenaturais e tem parentesco com deuses do Olimpo. Joana é uma mulher do povo; trabalhadora, sofrida e que ama com devoção o sambista mais jovem, boêmio e pais de seus filhos.

A atriz Bibi Ferreira compôs uma Joana arrebatadora na montagem de 1975, numa interpretação marcante que ainda hoje ocupa o imaginário da gente de teatro e seus fãs. (É possível encontrar trechos de áudio e vídeo da atuação de Bibi na internet; é de tirar o fôlego).

Gota d’Água {Preta} – em cartaz de 8 e 17 de fevereiro, no Itaú Cultural – carrega a trama para a atualidade brasileira, reforçando aspectos políticos de que a traição de Jasão também foi de raça e classe. A cantora Juçara Marçal, vocalista da banda Metá Metá (que faz sua estreia como atriz), assume o papel da protagonista Joana, ameaçada de despejo do conjunto habitacional em que mora com os dois filhos.

A situação fica mais difícil para o lado de Joana quando o “seu” homem, Jasão resolve abandoná-la para casar-se com a filha justamente do influente proprietário da vila. O sambista rompe não só com a mãe de seus filhos, mas também com suas raízes, encantado com a perspectiva de ascensão social.

Creonte (Rodrigo Mercadante), pai da noiva Alma, é dessas figuras de espírito torpe (que aparecem cada vez mais nos postos de comando do Brasil desses tempos), poderoso e corruptor que explora, não só economicamente, as casas da Vila do Meio-dia e os desejos de seus moradores.

A direção de Jé Oliveira, que também faz o papel do sambista Jasão, leva ao palco a pulsação cotidiana das periferias e investe na sonoridade do rap e da MPB. Jasão é autor do samba que dá título ao espetáculo e ganha popularidade. A peça trabalha os elementos musicais das religiões de matriz africana – do candomblé e da umbanda. além de danças como o jongo.

Jé Oliveira, um dos fundadores do Coletivo Negro, encenou anteriormente Farinha com Açúcar, tendo por base a música dos Racionais.

Com elenco predominantemente negro, a encenação de Gota D’Água {PRETA} faz da atualização uma restituição racial. E das tranças da opressão investiga as complexas camadas do Brasil atual.

SERVIÇO

Gota D’Água {PRETA}
Estreia: 8 de fevereiro (sexta-feira), às 20h
Temporada: de 9 a 10 (sábado e domingo) e de 14 a 17 de fevereiro
De quinta-feira a sábado, às 20h; domingo às 19h
Onde: Itaú Cultural (Avenida Paulista, 149, Estação Brigadeiro do Metrô)
Sala Itaú Cultural (piso térreo) – 224 lugares
Acesso para pessoas com deficiência e interpretação em libras
Entrada gratuita
Mais informações:www.itaucultural.org.br
Duração aproximada: 160 minutos, com intervalo]
distribuição de ingressos
público preferencial: uma hora antes do espetáculo (com direito a um acompanhante) – ingressos liberados apenas na presença do preferencial e do acompanhante
público não preferencial: uma hora antes do espetáculo (um ingresso por pessoa)
Classificação indicativa: 14 anos

FICHA TÉCNICA

Direção geral, concepção e idealização do projetoJé Oliveira
Elenco Aysha Nascimento, Dani Nega, Ícaro Rodrigues, Jé Oliveira, Juçara Marçal, Marina Esteves, Mateus Sousa, Rodrigo Mercadante e Salloma Salomão
Assistência de direção e figurinos Eder Lopes
Direção musical Jé Oliveira e William Guedes
Concepção de dramaturgia musical Jé Oliveira
Texto Chico Buarque e Paulo Pontes
Banda Dj Tano (pick-ups e bases), Fernando Alabê (percussão), Gabriel Longhitano (guitarra, violão, cavaco e voz), Jé Oliveira (cavaco), Salloma Salomão (flauta transversal) e Suka Figueiredo (sax)
Canção original “Paó”, letra de Chico Buarque e Paulo Pontes, musicada por Juçara Marçal
Design e operação de luz Camilo Bonfanti
Design e operação de som Eder Eduardo e Keko Mota
Cenografia Júlio Dojcsar
Coordenação dos estudos teóricos Jé Oliveira, Juçara Marçal, Salloma Salomão e Walter Garcia
Design gráfico Murilo Thaveira
Assessoria de imprensa Elcio Silva
Fotos Evandro Macedo
Produção executiva Janaína Grasso
Realização Itaú Cultural
Produção geral Jé Oliveira

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