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Rumos Itaú Cultural quer compreender a produção artística pós-pandemia

Eduardo Saron e Valéria Tolon apresentaram novidades do Rumos 2023-2024

O edital Rumos Itaú Cultural mudou de perspectiva: o foco da edição 2023-2024, a 20ª do edital, será a criação artística. O anúncio foi feito durante uma coletiva de imprensa on-line realizada na manhã desta segunda-feira (31), com as presenças de Valéria Toloi, gerente do núcleo de Formação do Itaú Cultural, e Eduardo Saron, presidente da Fundação Itaú.

Desde 2013, o Rumos mantinha um formato aberto, recebendo propostas de todas as áreas artísticas e culturais e de modo bastante amplo, abarcando iniciativas de escopos  diversos, como catalogação, seminários, projetos de formação e criação, o que fomentava ainda a interseccionalidade entre as linguagens.

Já nesta edição, a ideia é priorizar a criação. O material de divulgação diz que não serão aceitos “Projetos que não tenham por finalidade ou resultado uma criação artística e/ou obra intelectual”, e explicita: “Na edição deste ano também não serão aceitos projetos ou propostas que tenham por finalidade a realização de cursos, oficinas, encontros, debates, palestras e seminários; programas, intercâmbios ou residências com o objetivo de estudo, aperfeiçoamento ou formação; mostras, exposições, festivais e feiras; rodas de leitura e saraus”.

Eduardo Saron explicou que há uma intenção da instituição de compreender a cena artística pós-pandemia: “Observando outros editais, a própria Aldir Blanc e a Lei Paulo Gustavo, elas estão dando conta de um universo bastante amplo e que bom que isso esteja acontecendo na nossa cena artística e cultural brasileira. Então, quando o Itaú Cultural se debruça é: onde a gente pode de fato fazer diferença? A nossa decisão foi colocar um foco maior, verticalizar a compreensão e poder ter um mapa dessa produção e desse pensamento artístico (pós-pandemia)”, conta.

Valéria Toloi apontou que já havia uma demanda grande de projetos de criação no Rumos e que, focando na criação, o edital aposta no processo. “É uma escolha também de dizer para esse artista que a gente está apoiando que ele tenha um momento para olhar o processo. Isso é raro hoje em dia: você ter um tempo dentro do lugar em que você precisa circular, mostrar o seu projeto, finalizar o seu projeto”.

Eduardo Saron, presidente da Fundação Itaú

Valores – Os projetos selecionados pelo Rumos vão receber até R$ 100 mil bruto. Não há uma definição de quantos projetos receberão o apoio. Na última edição do Rumos, lançada em 2019, 11.246 projetos inscritos foram examinados e 90 projetos passaram na seleção.

Ao serem questionados pelo Satisfeita, Yolanda? sobre os valores líquidos que seriam recebidos pelos proponentes, pessoas físicas e jurídicas, Eduardo Saron e Valéria Toloi disseram que não havia como definir uma regra geral. “A gente não tem como saber ou como quantificar com certeza qual vai ser o imposto, depende de uma série de fatores, Imposto sobre o Município, Imposto de Renda Pessoa Física, o regime da pessoa jurídica. Mas o que a gente diz é: se cerque de informações para que você tenha garantias de uma planilha muito clara e objetiva; mas, para os selecionados, aí a gente entra auxiliando cada caso de uma maneira específica”, explicou Valéria Toloi.

As inscrições para o edital estarão abertas entre 1º de agosto e 22 de setembro de 2023. Na primeira fase da seleção, 46 pessoas de todas as regiões vão avaliar os projetos, o que garante até quatro leituras por profissionais diferentes; na segunda fase, 20 pessoas, entre gestores do Itaú Cultural e convidados externos farão a seleção, o que garante que cada projeto seja lido por até 10 pessoas. Os critérios de seleção são singularidade, relevância e pertinência.

A partir desta terça-feira (1º), os gestores do Itaú Cultural vão participar da Caminhada Rumos, encontros com a classe artística que vão acontecer em todas as capitais do país e no Distrito Federal.

O encontro desta terça-feira será na sede do Itaú Cultural em São Paulo, na sala Itaú Cultural, das 20h às 21h30. Não é necessário reservar ingressos e a entrada está sujeita à lotação do espaço. O encontro será gravado e disponibilizado posteriormente no site do Rumos.

No Recife, o encontro será realizado no dia 8 de agosto, no Teatro do Parque, das 19h às 21h.

Confira o site Rumos Itaú Cultural 2023-2024.

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Corpo e poesia: Magiluth e Miró no teatro

Miró: Estudo Nº2 estreia em curta temporada no Itaú Cultural. Foto: Ashlley Melo

“A minha poesia, ela não é só a minha poesia, ela é o meu corpo.”
Miró da Muribeca em entrevista para a Trip TV

Giordano Castro, ator e dramaturgo do grupo Magiluth, do Recife, disse que já viu acontecer: “As pessoas pegarem o livro e alguém dizer, ah, mas tu tem que ver, bota o vídeo dele na internet. Caralho! Não, porra. Lê, caceta. Ele é foda e tal, mas a gente é finito. Ele morreu, a gente vai morrer, todo mundo vai. E o que vai ficar é o que o cara produziu. E obviamente era incrível ver a performance dele, mas isso era ele. E o que cabe ao Magiluth? O que vai caber a outra pessoa fazer?”, questiona.

Nesta quinta-feira, 20 de abril, o encontro entre o grupo de teatro pernambucano e Miró da Muribeca, poeta que andava pelas ruas do Recife vendendo os próprios livros e fazendo poesia do que via, vai estrear no Itaú Cultural. Miró: Estudo nº2 segue a trilha aberta por Estudo nº1: Morte e Vida, inspirada em Morte e vida Severina, de João Cabral de Melo Neto, que também estreou em São Paulo, em janeiro de 2022, no Sesc Ipiranga.

Mas, antes desses dois, tiveram também os trabalhos da sobrevivência, quando só dava para criar de dentro de casa e o corpo era materializado na imaginação de quem ouvia a voz dos atores em Tudo que coube numa VHS, Todas as histórias possíveis e Virá. E, se a gente puxar, o novelo vai longe, porque as coisas estão entrelaçadas e vão se desdobrando na trajetória de um grupo que permanece junto desde os tempos dos corredores do Centro de Arte e Comunicação da Universidade Federal de Pernambuco, em 2004, quando o grupo foi formado.

Se a principal pergunta de Estudo nº1 é “como montar uma peça de teatro?”, a pergunta evocada em Estudo nº2 é “como fazer um personagem?”, a partir da obra e da figura de Miró, que morreu em julho de 2022, aos 61 anos. “A gente tem uma perspectiva muito particular sobre personagem, sobre se colocar em cena. Não há uma investigação muito stanislavskiana ou aprofundada mesmo. É algo muito mais perto do jogo, do estado de presença, do que da ideia da própria figura”, conta Castro.

Miró escrevia poesia sobre a cidade, o amor, a violência e tudo que via. Foto: Ashlley Melo

O grupo pensou em montar uma peça a partir da obra de Miró em 2015, quando ocupava uma sala no Edifício Texas, no bairro da Boa Vista, região central do Recife, e passou a encontrar e conviver com Miró mais de perto. Em parceria com o diretor Pedro Escobar, chegaram a gravar alguns vídeos com poesias e mostraram ao cronista lírico do cotidiano, como se definia João Flávio Cordeiro da Silva, nome de registro de Miró.

O poeta, que sim, performava suas poesias de maneira única, disse algo que marcou os atores. “Nossa, eu gosto muito de ver os vídeos de vocês porque eu vejo a minha poesia e isso é muito forte. Sempre quando me dizem poeta, dizem que minha poesia é minha performance, como se uma coisa estivesse sempre ligada a outra e quando eu vejo vocês fazendo, eu não vejo a minha performance, eu vejo o meu texto, a minha poesia”, relembra Giordano Castro.

E ainda que palavra seja corpo, principalmente depois da morte de Miró, vincular sua poesia à sua performance não seria matar ou deixar morrer também a poesia? E o quanto a pecha de performático, que nesse caso carrega muitos julgamentos, como àqueles relacionados ao consumo de álcool, uma questão com a qual Miró teve que lidar principalmente depois da morte da mãe, pode reduzir ou restringir a obra em tantos âmbitos?

Se as coisas não mudaram (já que essa conversa com Giordano Castro foi no fim de março), você, espectador, pode esperar uma cena de 20 minutos, só com textos de Miró. “E vai ser uma cena de teatro”, avisa. “E a gente diz, velho, vê como é possível a poesia desse cara se transformar e ir para lugares além dele! Não, nós não vamos reduzir a poesia de Miró a ele mesmo”.

Miró: Estudo N°2, do Grupo Magiluth

Quando: de 20 a 30 de abril, de quinta-feira a domingo
Horário: Quinta-feira a sábado, às 20h; domingos e feriados às 19h
Quanto: Gratuito.
Ingressos: Para retirar ingressos com antecedência, é preciso acessar o site do Itaú Cultural. Os ingressos reservados valem até 10 minutos antes do início da sessão. Após esse horário, os ingressos que não tiverem o check-in feito na entrada do auditório, perdem a validade e serão disponibilizados para a fila de espera organizada presencialmente. A bilheteria presencial abre uma hora antes do evento começar para retirada de uma senha, que posteriormente pode ser trocada pelos ingressos de pessoas que não compareceram.
Duração: 90 minutos

Ficha Técnica:
Direção: Grupo Magiluth
Dramaturgia: Grupo Magiluth
Atores: Bruno Parmera, Erivaldo Oliveira e Giordano Castro
Stand in: Mário Sergio Cabral e Lucas Torres
Fotografia: Ashlley Melo
Design gráfico: Bruno Parmera
Colaboração: Grace Passô, Kenia Dias, Anna Carolina Nogueira e Luiz Fernando Marques
Realização: Grupo Magiluth

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Evoé, Zé Celso!

Zé Celso. Foto: Lilo Clareto / Divulgação

José Celso Martinez Corrêa é um grande farol da arte e da cultura. Arte como tradução de resistência e política. Essa figura febril e genial celebra 85 anos neste 30 de março e a fatia do Brasil que pulsa de afetos e revolução comemora sua existência.

Tudo o que se disser sobre Zé Celso é pouco. O ator, diretor, dramaturgo e fazedor da porra toda é grande demais. Ele já disse algumas vezes: “Sou uma entidade”. Respeitamos, admiramos, reverenciamos.

Sua presença ativa conexões cósmicas de amor e de ideias poderosas que vão na contramão de qualquer tipo de caretice. Esse artista de grandeza desestabiliza o establishment.

Surpreendente, dono de um sorriso debochado, figura incontornável do teatro brasileiro, criador febril, revolucionário libertário sexual. Idealizador e diretor da Companhia Teat(r)o Oficina Uzyna Uzona, em São Paulo.

Sua vida pulsa multiplicada em muitas artérias, em muitos corações que foram tocados por alguma faísca de suas labaredas. Evoé Ze Celso!

Logo mais às 19h tem comemoração no Sesc Pompeia com a estreia de Esperando Godot, direção do aniversariante do dia.

Vladimir (Alexandre Borges) e Estragão (Marcelo Drummond) Foto: Jennifer Glass

Até quando Esperar Godot?

Esperando Godot, peça escrita por Samuel Beckett, é um clássico da Literatura e do Teatro. Como um bom clássico é flexível e poroso para leituras na história. As personagens Estragão (Gogo) e Vladimir (Didi) estão suspensas no tempo e espaço. Sem perspectivas, elas aguardam a chegada de Godot, mesmo sem saber quem é ou o que é.

Composta no pós-Segunda Guerra Mundial, a peça segue sacudindo nossas inércias e amplificando a visão dos abismos ao redor. O espetáculo fica em cartaz no Sesc Pompeia, a partir de hoje, por três semanas.

Esperando Godot celebra também neste lindo 30 de março de 2022, os 85 anos de José Celso Martinez Correa, uma força da natureza, que assina a direção do espetáculo.

Depois da temporada no Sesc SP, a montagem segue para estrear noutro espaço erguido por Lina Bo Bardi, no terreyro eletrônico do Teat(r)o Oficina, no Bixiga.

As personagens Estragão (Marcelo Drummond) e Vladimir (Alexandre Borges) podem ser dois palhaços vagabundos que se acham na encruzilhada entre a paralisia e a tomada da ação. Enquanto esperam Godot, a dupla se depara com as figuras que passam pela estrada: Pozzo – O Domador (Ricardo Bittencourt), Felizardo – A Fera (Roderick Himeros) e O Mensageiro (Tony Reis), que traz notícias preocupantes.

O espetáculo carrega muitas simbologias para o Oficina: foi o último espetáculo de Cacilda Becker (1969), eterna inspiração para as gerações de artistas do Teat(r)o Oficina. Marca também a volta na direção de teatro de Zé Celso, depois de dois anos desde o isolamento social imposto pela pandemia. E também assinala a volta de Alexandre Borges num espetáculo da companhia, depois de quase 30 anos. Borges interpretou o Rei Cláudio na montagem de Ham-let, de Shakespeare em 1993, montagem que reinaugurou o Teat(r)o Oficina, com o atual projeto arquitetônico de Lina Bo Bardi e Edson Elito.

Zé Celso. Foto: Fernando Laszlo / Divulgação

Ações do Itaú Cultural

O fundador do Teatro Oficina, José Celso Martinez Corrêa, é festejado pelo Itaú Cultural com a disponibilização de conteúdo em diferentes formatos e em seus canais virtuais: fotos, vídeos, registros históricos e filmes. Além de material inédito com depoimentos de profissionais que que dialogam com ele no exercício cênico no Teatro Oficina Uzyna Uzona.  

Nessa ação, será possível revisitar o material referencial de sua obra no hotsite da Ocupação Zé Celso, https://www.itaucultural.org.br/ocupacao/ze-celso/,realizada em 2009; vídeos de Zé Celso em família https://www.itaucultural.org.br/vento-forte-ocupacao-ze-celso-2009 e trechos de espetáculos como Ham-let, de 1993, inspirada na obra de William Shakespeare https://www.itaucultural.org.br/ham-let-ocupacao-ze-celso-2009. Ou o longo depoimento que o artista  gravou sobre o homenageado pela Ocupação Nelson Rodrigues, em 2012, https://www.itaucultural.org.br/ze-celso-boca-de-ouro-ocupacao-nelson-rodrigues-2012, e a fala de como é representar uma peça deste dramaturgo https://www.itaucultural.org.br/ze-celso-como-representar-nelson-ocupacao-nelson-rodrigues-2012.

Estão acessíveis as fotos e o making off do ensaio fotográfico feito por Bob Wolfenson para a revista Continuum, antiga publicação da instituição, https://issuu.com/itaucultural/docs/revista_continuum_33 e o making off do ensaio, realizado no Teatro Oficina https://www.itaucultural.org.br/continuum-33-ensaio-fotografico-de-bob-wolfenson-com-ze-celso.

A plataforma Itaú Cultural Play, por sua vez, exibe o documentário Evoé! Retrato de um Antropófago, produzido em 2011 para a série Iconoclássicos, do Itaú Cultural, sob direção de Tadeu Jungle e Elaine Cesar e acessível gratuitamente em www.itauculturalplay.com.br. Tem ainda o verbete na Enciclopédia Itaú Cultural, traz amplo conteúdo sobre Zé Celso, em https://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa104235/jose-celso-martinez-correa.

Zé Celso conversa com o crítico teatral Nelson de Sá sobre as produções da companhia, sobre sua luta pela manutenção da sede, no Bixiga, em São Paulo, e a importância do teatro brasileiro para os tempos contemporâneos na série Camarim em Cena. O episódio está em https://www.youtube.com/watch?v=cd7VQKvGxd4&t=11s, a página do YouTube, e no site https://www.itaucultural.org.br/secoes/videos/assista-camarim-em-cena-ze-celso.

A matéria produzida especialmente para comemorar os 85 anos de José Celso Martinez Corrêa, publicada no site do Itaú Cultural, reúne conversas com profissionais do palco e dos bastidores da companhia, no Teatro Oficina. Tem falas, entre outros, do ator e autor Renato Borghi, um dos fundadores do Oficina; do ator Alexandre Borges, que volta a trabalhar com Zé Celso depois de 30 anos, do ator Elcio Nogueira Seixas, do ator, diretor e produtor Marcelo Drummond, integrante do Oficina desde 1986; da artista Marilia Geillmeister, que entrou para a companhia em 2011 e é a articuladora do Parque do Bixiga, e de Igor Marotti, videoartista do grupo desde 2013.

SERVIÇO

Esperando Godot, de Samuel Beckett
Onde: Sesc Pompeia – Rua Clélia, 93 – Água Branca, São Paulo, SP
Quando: 30, 31/03; 1º, 2, 3, 6, 7, 8, 9, 10, 14, 16, 17/04
horário: quarta a sábado, 19h. domingo, 17h. (15/04, feriado da Sexta-feira Santa, não haverá apresentação)
ingressos: R$ 40 (inteira), R$ 20 (credencial plena do Sesc: trabalhador do comércio de bens, serviços e turismo matriculado no Sesc e dependentes e meia: estudante, servidor de escola pública, + 60 anos, aposentados e pessoas com deficiência).
Duração: 3H30 (com intervalo de 15 minutos)
Indicação etária: 18 anos
Protocolos de segurança
Pessoas com mais de 12 anos deverão apresentar comprovante de vacinação contra COVID-19, evidenciando DUAS doses ou dose única para ingressar em todas as unidades do Sesc no estado de São Paulo. O comprovante pode ser físico (carteirinha de vacinação) ou digital e um documento com foto.
O uso da máscara é obrigatório em todos os espaços fechados da Unidade.

Esperando Godot – TEMPORADA NO TEATRO OFICINA
Quando: de 05/05 a 03/07, de quinta a domingo, às 20h
Onde: Teat(r)o Oficina Uzyna Uzona – rua Jaceguai, 520 – Bixiga, São Paulo, SP
ingressos:
quintas e sextas: R$ 60 inteira, R$ 30 meia (estudantes, aposentados, professores e artistas), R$ 25 moradores do Bixiga (necessário comprovante de residência)
sábados e domingos: R$ 80 inteira, R$ 40 meia (estudantes, aposentados, professores e artistas), R$ 35 moradores do Bixiga (necessário comprovante de residência)
venda online a partir de 12 de abril, terça-feira, às 14h.
https://site.bileto.sympla.com.br/teatrooficina/
duração: 3H30 (com intervalo de 15 minutos)
indicação etária: 14 anos

SERVIÇO
85 anos de Zé Celso Martinez Corrêa
No dia 30 de março (sexta-feira)
Conteúdo especial no site do Itaú Cultural www.itaucultural.org.br 

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Ciência versus religião:
um debate acalorado entre Freud e CS Lewis

Odilon Wagner, Claudio Fontana e Elias Andreato, atores e diretor de A Última Sessão de Freud. Foto: João Caldas Fº / Divulgação

Peça faz temporada no Itaú Cultural. Foto João Caldas Filho

Pelo que se sabe, Sigmund Freud (1856 – 1939) e o irlandês CS Lewis (1898 – 1963) nunca se conheceram. Mas o dramaturgo norte-americano Mark St. Germain deu um jeito desse encontro acontecer. Foi em 3 setembro de 1939, numa Londres prestes a receber os ataques aéreos alemães, dia em que a Inglaterra ingressou na Segunda Guerra Mundial. Os dois homens estavam no limite, sabendo que Hitler poderia bombardear Londres a qualquer minuto. Isso era algo aterrorizante para os dois personagens: o refugiado judeu de 83 anos que havia fugido da perseguição nazista na Áustria e o veterano da Primeira Guerra Mundial, de 40 anos.

Nesse encontro fictício, o pai da Psicanálise e o crítico literário debatem a questão de Deus, no espetáculo A Última Sessão de Freud, em temporada de 3 a 27 de março de quinta-feira a domingo, no Itaú Cultural. A montagem reúne os atores Odilon Wagner e Claudio Fontana, sob direção de Elias Andreato

O autor St. Germain se inspirou no livro Deus em Questão, de Armand M.Nicholi Jr, professor clínico de psiquiatria da Harvard Medical School. Na peça, o debate entre os dois intelectuais se move em torno dos argumentos de razão e crença. De um lado, a filosofia racionalista e ateia de Freud, do outro apologia cristã de Lewis.

O cenário é o consultório onde Freud – crítico implacável da crença religiosa – desenvolvia sua psicanálise e seus estudos. Os dois conversam de forma apaixonada sobre o dilema entre ateísmo e a crença em Deus. Lewis, renomado professor de Oxford, se apresenta como ex-ateu e influente defensor da fé baseada na razão.

A Última Sessão de Freud é um jogo de ideias. Mais além do conflito entre ciência e religião, os dois intelectuais expandem o embate por outros assuntos, como música, Hitler, relações humanas, morte e até a flatulência. Eles fazem piadas, se criticam mutuamente. Lewis recrimina Freud por ser obcecado por sexo; Freud caçoa da reverência de Lewis à autoridade. O diretor Elias Andreato apostou no poder da palavra nessa encenação. O debate promete.

A última sessão de Freud. Foto João Caldas Filho

FICHA TÉCNICA:
Texto: Mark St. Germain
Tradução: Clarisse Abujamra
Direção: Elias Andreato
Assistente de Direção: Raphael Gama
Elenco: Odilon Wagner (Sigmund Freud) e Claudio Fontana (C.S.Lewis)
Cenário e figurino: Fábio Namatame
Assistente de cenografia: Fernando Passetti
Desenho de Luz: Gabriel Paiva e André Prado
Trilha Sonora: Raphael Gama
Arte Gráfica: Rodolfo Juliani
Fotografia: João Caldas
Iluminador: Cauê Gouveia
Sonoplasta: André Omote
Coordenador Geral de Produção: Ronaldo Diaféria
Direção de produção: Claudia Miranda
Assistente de produção: Marcos Rinaldi
Diretor de palco: Tadeu Tosta
Contra-Regra: Vinicius Henrique
Mídias Sociais: Rodrigo Avelar
Assessoria de imprensa: Pombo Correio
Produtores Associados: Diaféria Produções e Itaporã Comunicação

SERVIÇO
A Última Sessão de Freud
Temporada de 3 a 27 de março (sempre de quinta-feira a domingo)
Quinta-feira a sábado às 20h, e domingo às 19h
Classificação indicativa: 12 anos
Duração: 90 minutos
Sala Itaú Cultural (Piso Térreo)
Capacidade: 156 lugares
Entrada gratuita
Reservas de ingressos pela plataforma Inti – acesso pelo site do Itaú Cultural
www.itaucultural.org.br

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Travessias – Como Permanecemos Vivas?
na programação do Itaú Cultural

Lu Favoreto. Foto Luciana Canton / Divulgação

Como já disse Lygia Clark, a arte é uma reserva ecológica das espécies invisíveis que habitam nosso corpo-bicho. Uma nascente inesgotável para os enfrentamentos.

Desde o começo da pandemia da Covid-19, os artistas foram forjados a se reinventar, criar outras possibilidades de existência. O projeto Travessias – Como Permanecemos Vivas? (primeiro Palco Virtual de Cênicas de 2022, do Itaú Cultural) investiga como as linguagens artísticas operaram como instrumento de cura do indivíduo e da sociedade durante a pandemia. A cura vista de forma ampla, como força de transformação e autoconhecimento, ressignifição, comunicação, empatia, expressão e imaginação.

O programa Travessias bate o tambor para questões bem urgentes, sobre a sobrevivência cultural durante a pandemia, numa pauta híbrida e multifacetada. Nos dias 22 e 23, e 29 e 30 (sábados e domingos), oito artistas de diferentes linguagens apresentam performances híbridas – entre gravações e momentos ao vivo – sobre como a arte revitalizou e transformou os artistas nos últimos anos. São eles: o artista visual Denilson Baniwa (AM), a artista da dança Lu Favoreto (PR/SP), a cantora Filipe Catto (RS), o autor João Silvério Trevisan (SP), o artista da dança Eduardo O. (BA), a dramaturga Onisajé (BA), a artista Marta Aurélia e a indígena multiartista Zahy Guajajara (MA). A transmissão é on-line é realizada em dois finais de semana, com performances e trocas ao vivo

O evento idealizado pelo ator, produtor e diretor Aury Porto e realizado pelo IC é gratuito, transmitido pela plataforma Duas performances são exibidas por dia, seguidas de uma conversa entre artistas e plateia. Os bate-papos são mediados pela dramaturga e psicanalista Cláudia Barral e por Aury Porto. Os ingressos devem ser reservados pela Sympla. Mais informações no site do Itaú Cultural www.itaucultural.org.br.

Denilson Baniwa. Foto Denilson Baniwa

João Silvério Trevisan. Foto Divulgação

Onisajé. foto Fabíola Nansurê

Edu-O. Foto Nei Lima

Denilson Baniwa é um artista amazonense, de Mariuá, Rio Negro, que desbravou caminhos para o protagonismo dos indígenas no território nacional. Artista antropófago, Denilson Baniwa apropria-se de linguagens ocidentais para descolonizá-las em sua obra. Lu Favoreto, artista da dança paranaense radicada em São Paulo, onde dirige a Cia. Oito Nova Dança. Atua como intérprete, coreógrafa, professora e orientadora corporal nas artes cênicas. O trabalho de cada um dos artista abre a programação no dia 22 (sábado), às 20h.

A cantora gaúcha Filipe Catto e a dramaturga baiana Onisajé são as convidadas do domingo, 23, às 19h. “Os conservadores estão tapando o sol com a peneira. Continuaremos aqui. Continuaremos nascendo e vivendo e criando. A sensibilidade das pessoas LGBTQIA+ sempre foi o que moveu o mundo das artes.”, já disse Catto em entrevista, ela que é uma artista trans não binária, compositora, artista visual, performer, produtora musical e designer que trabalha um cruzamento entre música e imagem.

Fernanda Júlia Onisajé só nasceu carioca mas é baiana por opção, encenadora-fundadora do Núcleo Afro-brasileiro de Teatro de Alagoinhas (NATA). Mestre e doutora em Artes Cênicas pelo Programa de Pós-graduação em Artes Cênicas (PPGAC) da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Onisajé é dramaturga e pesquisadora das religiões de matrizes afro-brasileiras com foco nas religiões de matriz africana.

O cruzo da segunda semana do Travessias (sábado, 29, a partir das 20h) reúne performances do artista baiano da dança e do teatro Eduardo O. e do romancista, contista, ensaísta, roteirista, diretor de cinema e dramaturgo João Silvério Trevisan, de São Paulo. Edu O. dirige o Grupo X de Improvisação em Dança e é co-fundador do Coletivo Carrinho de Mão. Trevisan é autor de vários livros, entre eles A idade de ouro do Brasil e Devassos no Paraíso – este, um estudo pioneiro sobre a homoafetividade no Brasil.

A cantora cearense Marta Aurélia e da multiartista maranhense Zahy Guajajara fecham a programação no dia 30. Marta Aurélia estuda a relação estreita entre vida e arte. Zahy compartilha os conhecimentos ancestrais, adquiridos em uma trajetória iniciada na aldeia Colônia, que fica na reserva indígena Cana Brava, onde nasceu.

SERVIÇO:
Palco Virtual – Cênicas
Travessias – Como Permanecemos Vivas?

22 de janeiro (sábado) às 20h
Denilson Baniwa e Lu Favoreto

23 de janeiro (domingo) às 19h
Filipe Catto e Onisajé

29 de janeiro (sábado) às 20h
Edu O. e João Silvério Trevisan

30 de janeiro (domingo) às 19h
Marta Aurélia + Zahy Guajajara

Itaú Cultural: www.itaucultural.org.br

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