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João Pernambuco realiza Mostra A Porta Aberta

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Retomada, do Totem, está na programação Foto: Fernando Figueiroa / Divulgação

Fred Nascimento e sua trupe prosseguem com a guerrilha pela arte e pelo teatro a partir da atuação na Escola Municipal de Arte João Pernambuco/PCR. Um dos resultados dessa ação pode ser conferido na 17ª Mostra A Porta Aberta – 2016.2, que ocorre de 12 a 16 de dezembro. A programação junta a produção de artes cênicas da EMAJPE, grupos e profissionais convidados. E consolida a parceria com o SATED-PE, que acompanha o desempenho dos formandos do Curso Profissional de Teatro na última noite do encontro.

A clássica narrativa da tradição oriental é o alicerce para a peça A Conferência dos Pássaros, de Peter Sís que abre a mostra nesta segunda-feira, às 16h. O exercício cênico desenvolvido na disciplina Interpretação 3, do Curso de Licenciatura em Teatro da Universidade Federal de Pernambuco, tem direção de Marianne Cosentino.

Ainda estão agendados para esta segunda-feira os espetáculos Mar e Placebo, encenado por Otacílio Júnior e Experimentos Brechtianos 1, dirigido por Júnior Foster. À noite será lançada a oitava edição da Trema Revista de Teatro, a Edição do Esquecimento. E a jornalista Tatiana Meira recebe homenagem da Mostra.

A principal atração da noite é a performance do Totem Retomada, fruto da pesquisa Rito Ancestral Corpo Contemporâneo, junto aos povos Pankararu, Xukuru e Kapinawá. O grupo entende a performance como ritual contemporâneo e desse mergulho nos processos ritualísticos das tribos leva para a cena questões como pertencimento, memória e identidade.

O espetáculo estreou no Trema Festival de Teatro, passou pelo Cirkula e participou da 1ª Mostra de Teatro Alternativo do Recife-Outubro ou Nada. Com direção de Fred Nascimento, Retomada conte no seu elenco com as performers Lau Veríssimo, Gabi Cabral, Gabi Holanda, Inaê Veríssimo, Juliana Nardin, Taína Veríssimo e Tatiana Pedrosa.

17º A Porta Aberta 2016.1 – Mostra de Artes Cênicas
De 12 a 16 de dezembro de 2016
Escola Municipal de Arte João Pernambuco/PCR
Homenagem a Tatiana Meira

PROGRAMAÇÃO
SEGUNDA 12/12
16H – A Conferência dos Pássaros
Texto Peter Sís
Lic. em Teatro-UFPE – Int.3
Dir. Mariane Cosentino

– Mar e Placebo
Experimento Coreográfico
Otacílio Júnior

17h – Curtas Cenas
Of. Teatro Adulto
Dir. Tatiana Pedrosa

17h – Experimentos Brechtianos 1
Básico de Teatro- 2ºper. EMAJPE
Dir. Júnior Foster

19h – Lançamento da oitava edição da Trema Revista de Teatro – Edição do Esquecimento
Homenagem à Tatiana Meira

19h30 – Retomada
Performance
Grupo Totem.
Dir. Fred Nascimento

TERÇA 13/12
9h30 Ombela
Texto do Tablado
Of. Inf. de Teatro e Of. Inf. de Musicalização-EMAJPE
Dir. Tatiana Pedrosa e Bruna

15hOmbela
Texto do Tablado
Of. Inf. de Teatro e Of. Inf. de Musicalização-EMAJPE
Dir. Tatiana Pedrosa e Bruna

17hO Caso do Recenciamento
Of. Inf. de Teatro – EMAJPE
Dir. Tatiana Pedrosa

17h30Curtas Cenas
Of. Teatro Adulto
Dir. Tatiana Pedrosa

19hO Segredo da Arca de Trancoso
Texto Luiz Felipe Botelho
Básico de Teatro – 1º per. EMAJPE
Dir. Givaldo Tenório

20hExperimentos Brechtianos 2
Curso Prof. de Teatro-2º per. EMAJPE
Dir. Júnior Foster

QUARTA 14/12
16hA Tarde dos Palhaços Adestrados
Lic. em Teatro-UFPE – 6º per.
Dir. Marianne Cosentino

16h30Quanto Pesa sua Bagagem?
Curso Básico de Teatro – 3º per.-EMAJPE
Texto Coletivo
Dir. Júnior Foster

17hFofocas
Curso Bas.de Teatro-1º per.-EMAJPE
Texto Coletivo do Tablado
Dir. Patrícia Barreto

19hPantone
Sonância em Cena
Curso Prof. de Teatro-2º per. EMAJPE
Dir. Gabriela Martinez

20hCabareth Valentin – (recorte)
Dramaturgia Bertold Brecht
Básico de Teatro-2º per.
Dir. Patrícia Barreto

QUINTA 15/12
16h – Grupo de Flauta Doce da EMAJPE
Curso de Música
Regência Prof. Rogério

16h30 – As Dez mais do Córtex Cerebral
Grupo Teatral do IFPE
Texto Cyrano Rosalén
Dir. Eduardo Bringuel

17h – Roda Espetáculo de Capoeira Angola
Mestre Jorge Augusto
Ayres Sales

19h – Através de Si
Básico de Teatro-3º per. EMAJPE
Texto Coletivo e colagem de diversos autores
Dir. Júnior Foster

19h30 – Viva La Vida – versão pocket performance
Coletivo Multus
Dramaturgia e direção Fred Nascimento

Peça inspirada na obra de Charles Bukowski. Foto: Fernando Figueiroa / Divulgação

Peça inspirada na obra de Charles Bukowski. Foto: Fernando Figueiroa / Divulgação

20h – Bukowski Blues Bar – 1º episódio
Curso Básico de Teatro-1º per.-EMAJPE
A partir da obra de Charles Bukowski
Dramaturgia e direção Fred Nascimento

SEXTA 16/12
19h – Bukowski Blues Bar – 2º episódio
Curso Prof. de Teatro-4º per. EMAJPE
A partir da obra de Charles Bukowski
Dramaturgia e direção Fred Nascimento

Todas as atividades são abertas ao público.
17º A Porta Aberta – 2016.1 – De 13 a 17 de junho de 2016
Escola Municipal de Arte João Pernambuco/PCR.
Av. Barão de Muribeca, 216 – Várzea – Recife – fone: 3355-4092 / 93 / 94.

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O rito ancestral do Totem

Retomada

Retomada inspira-se na força guerreira dos povos originários. Foto: Fernando Figueiroa

Retomada, espetáculo do Grupo Totem. Foto: Claudia Rangel

Espetáculo do Grupo Totem é dirigido por Fred Nascimento. Foto: Claudia Rangel

A potência do espetáculo Retomada se nutre da força guerreira dos povos originários do Brasil. Dignidade é a palavra de ordem para traduzir a reação das tribos do país aos ataques violentos e desproporcionais armados por ruralistas. O espetáculo/performance do Grupo Totem conjuga energia e beleza. Resistência política nos pés, nos corpos e gestos dos atuadores inspirados nos rituais indígenas. O melhor de todos os trabalhos da companhia. Assistimos à peça durante o Trema! Festival de Teatro e hoje o bando liderado por Fred Nascimento faz uma apresentação no Instituto Ricardo Brennand, às 17h, na abertura do Cirkula 2016, evento do Programa de Pós Graduação em Antropologia da UFPE.

A cobiça do “homem branco” é motivo do confronto por pedaços (às vezes imensos) de chão. Ainda no século 19 os ocupantes históricos foram expulsos. A Constituição de 1988 reconheceu os direitos das tribos, mas o processo de demarcação por parte do governo tem sido devagar, quase parando.

Ao contrário dos produtores rurais, que com o arsenal bélico e poder político, inclusive com representantes no Congresso para defender seus interesses, avançam a passos largos para expulsar os nativos e as ações violentas deixam sempre um saldo negativo para as tribos.

Os poderosos dos interesses do agronegócio, tão bem alinhados ao governo provisório, intimidam com violência genocida e buscam expulsar ilegalmente as diversas etnias de sua terra ancestral.

A iluminação, a música e o vídeo amplificam a voz da montagem

A iluminação, a música e o vídeo amplificam a voz da encenação

A montagem é resultado da pesquisa Rito Ancestral, Corpo Contemporâneo. A dimensão da ancestralidade foi encaixada na expressão corporal e cênica da peça. Para isso, a trupe participou de laboratório de imersão no contexto indígena de aldeias localizadas em Pernambuco entre as etnias Xucuru, Pankararu e Kapinawá. A teoria perpassa por formulações do antropólogo Victor Turner, em diálogo com Richard Schechner e no Teatro Ritual proposto por Antonin Artaud.

O senso de coletividade, dos elementos rituais, o respeito à Terra e às unidades da natureza transbordam nas várias coreografias do grupo. Resistência política e tradição alimentam os componentes do espetáculo em vigor ritual e mítico. É uma experiência intrigante acompanhar como espectador a combativa obstinação de vozes que não se calam sobre a terra arrasada.

As atrizes-performers Lau Veríssimo, Gabi Cabral, Gabi Holanda, Inaê Veríssimo, Juliana Nardin, Taína Veríssimo e Tatiana Pedrosa carregam no corpo, no olhar, na energia do gesto, na composição da cena uma ancestralidade feminina, em conexão com a Mãe Terra. É desse planeta e dessa substância que são configuradas as renovações do ato ritual. O espaço sagrado é celebrado no corpo físico, no som e na luz, na conotação metafísica e na magnificência que esse corpo expandido atinge o universo ao seu redor.

Retomada, com o Grupo Totem
Quando: 26 de julho de 2016, terça-feira, 17h
Onde: Instituto Ricardo Brennand
Quanto: Grátis. O acesso se dará mediante inscrição por email: comunica@institutoricardobrennand.org.br, indicando nome completo e CPF, no corpo da mensagem, e nome do espetáculo (Retomada – TOTEM) no título da mensagem.

FICHA TÉCNICA
Encenação: Fred Nascimento
Atrizes-performers: Gabi Cabral, Gabriela Holanda, Inaê Veríssimo, Juliana Nardin, Lau Veríssimo e Taína Veríssimo
Música original: Cauê Nascimento, Fred Nascimento e Gustavo Vilar
Direção de palco: Tatiana Pedrosa
Cenografia: grupo Totem
Figurino: grupo Totem
Maquiagem: grupo Totem
Designer de luz: Natalie Revorêdo
Vj: bio Quirino
Pintura corporal: Airton Cardin
Assistente técnico: Ronaldo Pereira
Fotografia: Fernando Figueirôa
Designer gráfico: Iara Sales
Preparador vocal: Conrado Falbo
Assessoria de imprensa: Beth Oliveira

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Totem ressignifica rituais indígenas

Retomada, como Grupo Totem. Foto: Fernando Figueiroa/ Divulgação

Retomada fala da luta pela terra, da alma coletiva, da ancestralidade. Foto: Fernando Figueiroa/ Divulgação

O Grupo Totem já está na estrada da performance há quase 30 anos. 28 para ser mais exato.  Muito antes da prática ser consagrada nas várias linguagens a trupe já estava no campo de luta, emanando energia vital pelo direito de minorias, da educação, dos povos originários, num enfrentamento político contínuo, visível ou invisível. A trupe dirigida por Fred Nascimento não trabalha com textos dramáticos, mas com processo de criação extraídos do corpo.  O espetáculo de teatro performático Retomada ganha uma apresentação nesta quarta-feira, às 20h, no Teatro Hermilo Borba Filho, como parte da programação do Trema! Festival de Teatro.

O procedimento para essa montagem começou em agosto de 2015. O coletivo enveredou pela  espiritualidade indígena. A primeira residência foi junto ao Povo Pankararu, no município de Tacaratu. Lá, a turma vivenciou com os indígenas a tradição do Menino do Rancho. Em Pesqueira praticou o ritual do Dia de Reis do povo Xucuru e conheceu melhor a história de luta e resistência dessa tribo e o episódio que abateu o cacique Xicão. Com os Kapinawás, próximo do município de Buíque, a turma interiorizou um jeito diferente de dançar o toré e sambada de coco. Também teve acesso a furna sagrada e colheu o sentimento de ligação dos indígenas junto aos encantados.

Foram experiências preciosas de intercâmbios culturais, alimentados por trocas rituais, performáticas e espirituais. A montagem é fruto final do projeto Rito Ancestral Corpo Contemporâneo, financiado pelo edital do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura).

vivenciar ritualísticas

O espetáculo capta a energia metafísica que emana dos rituais

O sagrado integra o cotidiano dos povos nas coisas mais simples. A relação é de respeito e as divindades são sempre consultadas. Mas como destaca o diretor do grupo, Fred Nascimento, a turma não reproduz os rituais das aldeias. O processo criativo captar a força, a energia metafísica que emana desses rituais e penetra os corpos contemporâneos.

As vozes ancestrais ecoam no presente. Além da questão mais transcendente, o teor político impregna a montagem. A luta pelo solo sagrado, o sentimento de pertencimento aquela terra inspirou a trupe a corporificar a sacralidade das terras indígenas e o sentimento de resistência.

A interlocução entre a ancestralidade e a tecnologia faz parte do método Totem de ser. Fred explica que a performance multimídia traça uma espécie de simbiose entre o físico, o sonoro, o espaço circundante e a metafísica, a fim de criar uma atmosfera ritual. “Através dos corpos expandidos das atrizes-performers, tomadas por suas personas, mostraremos simultaneamente o corpo contemporâneo e a alma coletiva dos povos, que os séculos de colonização não conseguiram anular”, adianta.

Atrizes do Grupo Totem

Atrizes do Grupo Totem

A pesquisa e a criação são coletivas, a encenação é assinada por Fred Nascimento, que também assina a trilha sonora da peça, em parceria com Cauê Nascimento. A iluminação de Natalie Revorêdo. No elenco estão Lau Veríssimo, Taína Veríssimo, Gabi Cabral, Gabi Holanda, Inaê Veríssimo, Juliana Nardin e Tatiana Pedrosa.

As atrizes-performers acionam o conceito de alma coletiva identificada nas aldeias. O termo foi desenvolvido nos estudos da performance e antropologia de Richard Schechner. Além de Schechner o coletivo buscou sustentação teórica nos estudos do professor, pesquisador brasileiro Cassiano Sydow Quilici e nas ideias do poeta Antonin Artaud, que defendia que o teatro deve ser “antes de tudo ritual e mágico”

SERVIÇO

Retomada
Quando: quarta-feira, 4 de maio, às 20h
Onde: Teatro Hermilo Borba Filho (rua do Apolo, 121, Bairro do Recife)
Ingressos: R$ 20 e R$ 10 (meia),
Informações: (81) 3355-3320

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